Oi, lobinhos!
LANCEI UMA FANFIC LARRY COM O LOUIS COMO JACK FROST! SE CHAMA ENQUANTO A NEVE CAIR E ESTÁ NO MEU PERFIL! Não percam o Louis congelando o narizin do H!
AVISO RÁPIDO: vocês estão esquecendo de comentar. Os ulimos dois chapies mesmo enormes, não tem nem a metade dos comentários. Sei que vocês leem na sede, mas lembrem-se que eu faço com carinho e esperando a reação de vocês. Isso ajuda a engajar bastanta a fanfic, principalmente o voto e também deixa a autora feliz. Não esqueçam de comentar e votar, por favor!
Capítulo sem correção. Me desculpem qualquer erro.
Leiam com "Running Up That Hill" depois da cena da briga do Louis.
Tenham uma boa leitura, y'all.
"Visitei o inferno esta manhã. Tinha mais corações lá do que eu imaginei. Todos quebrados."
— Mukowski.
LOUIS WILLIAM TOMLINSON - P.O.V
Minha respiração parecia mais curta do que realmente estava. Eu sentia todos os poros do meu corpo clamando em ansiedade e ódio.
Uma raiva descomunal.
Desviei minhas lumes para a porta de entrada que recebeu das leves batidinhas e logo em seguida uma mulher baixinha, os cabelos negros assim como seus olhos abriu a porta.
Tentei segurar o rosnado, mas foi em vão ao quebrar o quinto copo de vidro que ficava por muito tempo em minhas mãos.
— Sr. Tomlinson — convocou com receio, chocada com meu estado.
Meus olhos deviam estar negros, como os do meu lobo, por isso me obriguei a respirar fundo e me concentrar.
— Todos estão lá embaixo. Te esperando.
— Muito obrigado, Glória.
— Por nada — sorriu sem jeito. — Quer que eu chame uma enfermeira para cuidar da sua mão?
Encarei os meus dedos que gotejavam o líquido rubro que abraçava o tecido do tapete em um pinga pinga incessante. Não tinha sentido a dor, e mesmo se estivesse, era a única coisa que me mantinha na linha para não explodir.
Ao ouvir seu pigarro, reparei que não tinha respondido a sua simples indagação.
— Não há necessidade. Estou descendo.
— Ok — confirmou ainda receosa, parecendo lembrar de algo quando retornou ao batente da porta. — Harry saiu da ala de emergência.
Soltei um suspiro que mal sabia que estava preso. Pisquei repetidas vezes, sentindo que a cada tentativa, meu peito endurecia mais no que parecia ódio primitivo.
Não, não era ódio como se estivesse moldado com um grupo de incentivos irritantes que me deixou assim. Eu não estava destilado a esse sentimento como se o motivo fosse completamente banal e compreensível.
Eu estava em estado de fúria.
Minhas mãos tremiam, meus olhos mantinham-se nos tons negros, minha postura assemelhava-se a um cão enviado do inferno.
— E como ele está?
Sua boca comprimiu no que parecia uma careta de desalento antes de pronunciar a devida resposta:
— Os médicos estão esperançosos que limparam todo o veneno e conseguiram chegar a tempo, mas...
— Mas?
— Há uma grande probabilidade que esse veneno tenha paralisado os membros inferiores de Styles. Estão esperando o laboratório chegar com o resultado, porém conseguiram concluir que era de uma cobra rara que deixa as vítimas paralíticas. Quem envenenou o Sr. Styles, queria lhe deixar literalmente em estado de invalidez.
Mordi a parte interna da bochecha, assimilando toda a informação despejada na minha cara de uma vez só.
— Sr. Horan encaminhou ele para o quarto que aceita visitas. Ele está estimando que o Sr. Styles acorde daqui uma hora e podemos movê-lo para o jatinho.
— Certo. Obrigado, Glória.
— Se tudo que pediu estiver feito, posso questionar uma coisa, Sr. Tomlinson?
Ergui a sobrancelha, curioso. O seu tom deixava brechas de que seria uma pergunta um pouco particular e indesejada, por isso minha pose de líder se instaurou mais rápido do que pude prever.
Ela pareceu perceber, ficando mais nervosa ainda.
— O Viúva Negra é um homem inteligente. Ele não ganharia nada atacando o Sr. Styles dentro de um simples restaurante. E se fosse mesmo ele, então dentro da nossa própria facção existe um delator em alto nível. Não recebemos nenhum recado do Viúva, e acredito que o Sr. pense como eu no final disso tudo. Existem outras pessoas querendo matar Harry.
Eu já tinha chegado nessa conclusão, porque não fazia o menor sentido que tenha sido o Viúva. Ele era bem estratégico em seus ataques e sabia que me atingir naquele momento, era completamente inútil.
Harry era meu soulmate. Se machucasse ele, me machucaria.
— Eu não entendi qual a pergunta, Glória. Só ouvi um monte de suposições.
— Bom, se é tão claro assim que não foi o Viúva, pode ser que algum dos ômegas que se rebelaram possa ter tentado envenenar.
— Infelizmente ou felizmente, meu marido é o queridinho da Ordem — suspirei longamente, sacudindo os cabelos com força.
— Exatamente. Ele é o favorito, Sr. Tomlinson. Você é o mais temido. Pense que ômega que não tentaria envenenar você para ficar com ele.
Estagnei, finalmente entendendo a linha de raciocínio.
Tentaram... me envenenar?
— Harry deve ter tido o azar de comer o prato que era seu. Ou ele sentiu o cheiro de veneno antes e o instinto lupino dele foi te proteger. Eu não sei.
— Não senti cheiro de veneno. Estava totalmente mascarado.
— Pense nisso. Eu... realmente gosto do Sr. Styles. E vejo como vocês dois se amam e-
— Nós não nos amamos — interrompi por birra, porque detestava como tinha ficado óbvio que eu estava caído por ele. — Nos toleramos.
Glória, por sua vez, riu disfarçadamente.
— Imagino que uma pessoa que só tolere outra, teria quebrado 5 copos de vidro na parede e um na mão de pura frustração. E que teria organizado uma reunião de emergência para descobrir quem teve a audácia de tocar nele. Faz completamente sentido.
— Vou mandar Lottie te demitir, Srta. Sabichona — ameacei sem realmente falar sério e a beta levantou as mãos em rendição.
— Eu ouço tanto essa ameaça da Srta. Tomlinson. Nem parece que eu trabalho há vinte anos para essa família. Bom, já tomei muito do seu tempo. A facção lhe espera lá embaixo.
— Certo. Mais uma vez, obrigado pela paciência.
— Vocês Tomlinson são sempre tão dramáticos — revirou os olhos, saindo porta afora enquanto reclamava algo sobre o genes da minha família.
Passei no banheiro do escritório do meu pai só para lavar as mãos e emendei de qualquer jeito uma gaze que tinha dentro do kit de primeiros socorros. Ajeitei minha jaqueta e molhei um pouco dos meus cabelos, tentando manter a minha compostura.
Meu lobo parecia prestes a perfurar a minha pele, e sendo sincero, eu estava tentado a deixar.
Assim que cheguei ao saguão principal, todos os seguranças e espiões que trabalhavam naquela noite estava lá. Inclusive Lauren, a expressão totalmente aborrecida.
Sua perna já tinha voltado a mexer-se tranquilamente, apesar de algumas vezes a alfa fazer uma careta quando exercia força demais. Pela sua clara expressão de ódio, ela poderia acabar com todos ali por terem tocado em Harry.
— Sr. Tomlinson. — Bateram continência, parecendo tremer na base ao ver meu evidente estado alterado.
Tinha esquecido que meus olhos ainda estavam naquele tom fúnebre de preto.
— Vocês devem saber o porque eu convoquei essa reunião. Styles foi envenenado e se encontra em estado crítico na ala médica — grunhi, o coração batendo cada vez mais rápido.
Sem Harry ali, meu lobo dificilmente se controlaria com um laço tão frágil.
Bati os coturnos no chão, produzindo um som tão característico de um verdadeiro tenente. Estufei o peito, sem me dar ao trabalho de mudar a cor dos meus olhos para algo que não fosse sinistro, encarando fixamente os soldados.
Um deles delatou. Apenas eles sabiam da localização.
— Eu não sei porquê ou como, a comida do meu alfa foi sabotada. Tampouco me importo se foi designada a mim o veneno. Só quero saber, se algum de vocês, fez a burrice de delatar — vociferei, as veias embaixo do meu olho saltando.
Meu lobo praticamente implorava para sair para fora e matar todos, contudo, eu precisava ser racional.
O silêncio perdurou solenemente por todo aquele recinto, nem mesmo a respiração eu consegui ouvir.
— VAMOS, PORRA! Se ninguém disser, eu vou deduzir que foi todo mundo. E Deus tenha piedade da alma de vocês, porque eu não vou ter.
— Sr. Tomlinson, pelo amor de Deus, eu juro que-
Um alfa começou a falar, porém meu facão foi rápido em parar exatamente perto da sua jugular. Perto demais para fazer um corte que o faria engasgar no próprio sangue.
De longe, ouvi um rezando um terço e tive vontade genuína de rir.
Me virei lentamente, tornando todo o meu rosto com as veias roxas e amareladas do meu lobo, sentindo toda a fúria gritante dentro de mim.
Eu iria degolar um por um.
— Não adianta rezar, Watson. Até mesmo o seu Deus sabe que não deve entrar aqui — cuspi sarcasticamente.
Ainda com o facão apontado na garganta do soldado, sem pretensão de tirar, fixei meu olhar na ômega que se tremia dos pés à cabeça.
Caminhei até ela, tocando seu queixo com aspereza, provando de seu terror com certo júbilo. Sempre seria deleitoso ver o medo dentro das bolotas com lágrimas salgadas fazendo sua poça.
Tão humanos. Tão fracos.
— Vocês mexeram em algo importante para mim. Talvez algo que vocês não saibam sobre a família Tomlinson, mas nós não costumamos perdoar — ciciei com a voz comedida de um tom tão indolente, provando a real essência do meu poder. — Ainda mais no que diz respeito a mim.
Ouvi um choro, notando que era de uma das ômegas mais novas, devia estar entrando em vigília pela primeira vez naquela noite.
Estalei a língua, caminhando até ela que colocou a mão ao redor da barriga por reflexo.
— Eu estou grávida, por favor...
— Veneno. Quero saber onde você estava hoje mais cedo, antes do atentado — exigi praticamente rosnando, a fazendo retomar um passo para trás.
Fui mais um até ela, até que nossos narizes se tocassem.
— Se ninguém assumir a porra da culpa e começar a abrir o caralho da boca, eu vou matar a grávida primeiro!
Era um blefe, logicamente, mas naquele estado eu estava para fazer de tudo para vingar o meu alfa.
Mais uma vez, um silêncio perdurou por longos dois minutos. Ninguém nem ousou abrir a boca, e sinceramente, eu tinha perdido a paciência.
— Vocês pediram para conhecer o Diabo. Não adianta rezar depois.
Eles fizeram uma feição de que não entendiam, até eu afastar um passo e me concentrar no meu lobo. Senti a pele revestindo meus trajes de roupa e a mim, e logo em seguida as quatro patas estava na minha frente.
Eu, enfim, estava transformado como um verdadeiro cão infernal.
— SR. TOMLINSON, por fa-
Não pensei muito ao engolir a cabeça do alfa que atreveu-se a abrir a boca para pedir misericórdia, escutando o som dos ossos se quebrando dentro da minha boca e a baba escorrendo juntamente ao sangue.
O cheiro metálico se impregnou na mansão tão característica pelo aspecto vitoriano, causando um horror em quem estava observando tudo aquilo.
Até mesmo Lauren.
Alguns tentaram correr, porém eu fui ágil em trazer de volta pelas pernas. No entanto, não feri mais ninguém. Não pretendia matar todos meus soldados daquela noite, só que abrissem a boca.
— EU FALO! EU FALO! Pelo amor de Deus, eu falo, só deixa ela sair — implorou um alfa, parecendo acabado, encarando a ômega grávida. — Deixa ela sair que eu conto tudo.
Fechei os olhos, focando na minha forma humana e voltando aos poucos. Meus olhos permaneciam nas mesmas cores negras, e iria ser assim até que eu tivesse certeza de quem eu iria me vingar.
Estalei o pescoço, pondo meus facões de volta nas costas e arrumando o coldre da arma que caiu durante a transformação.
— Ela só sai dependendo do que você disser.
— Mas como eu vou saber que você não vai fazer nada?
— Não saberá — sorri maliciosamente, o fitando tremer dos pés à cabeça.
E então, parecendo ser o maior ato de estupidez do século, um dos soldados se atreveu a apontar a arma para mim.
— Você vai soltar esse facão agora! Você é só um ômega! — exclamou insistentemente em meu ouvido, me causando agonia profunda.
Odiava essa droga de voz.
Lauren ameaçou a dar um passo para frente, porém eu ergui o dedo impedindo que prosseguisse.
Fingi que estava obedecendo, derrubando o facão no chão e fazendo menção a colocar as mãos na cabeça, virando de costas e sentindo sua arma colar na minha cabeça.
Ninguém ao menos respirava.
E, então, eu gargalhei. Genuinamente.
— Do que você está rindo, porra? — inferiu o alfa, totalmente medroso.
Eu ao menos sabia o nome dele, e nem fazia questão, até porque cadáveres não costumavam ter importância.
Me virei de frente para a arma, derrubando com uma rasteira ele no chão e chutando o objeto para longe que disparou perdido uma bala no teto. Sem ter como se defender da rapidez do golpe, eu pisei em sua traqueia com força, escutando o seu urro de dor que me deleitou os ouvidos.
— Na próxima vez que você erguer essa maldita voz para um ômega, certifique-se que ele esteja jogado e morto no chão. Porque vai que você tromba com alguém como eu, que além de ser o chefe, sou a porra de um lobo assassino?
Peguei meus facões, rodando nas mãos e fazendo questão de que o corte fosse o suficiente para arrancar a cabeça do alfa.
Sorri de lado ao sentir os respingos, voltando a minha visão para os soldados que estavam congelados de choque e horror.
— Isso até que está ficando divertido. É Resta Apenas Um? Vou ter que matar um por um?
O alfa que se atreveu a dizer que iria contar, com as mãos tremendo, se aproximou de mim.
— Sr. Tomlinson, foi uma ordem direta dos meus superiores. Me pediram para colocar na comida do Sr. Styles, mas não me disseram que era veneno. Não tinha cheiro de veneno. Nos contaram que era um remédio que ele tomava e que era para deixar na mão do chef. Me desculpa. Nunca foi minha intenção feri-lo! Eu estava seguindo ordens.
Analisei sua resposta corporal, tendo o infortúnio ao perceber que ele estava falando a verdade. Realmente não sabia que era veneno quando forneceu.
Essa informação só deixou meu lobo mais puto, e contendo um último ato de barbaridade, eu quis ele que sentisse a dor que eu senti ao ver minha metade quase morrendo. Eu queria machucar sua ômega e seu futuro filho, para que ele sentisse como a sensação era terrível.
Apertei mais forte o cabo da adaga, me preparando para isso, quando escutei brevemente em meu consciente:
"Não, Louis. Não faça isso."
Parecia a voz aveludada que mexia com as minhas estruturas, bem sonolenta, mas ainda sim era o meu alfa.
Ele estava bem. Ele estava bem.
"Você não é seu pai, meu amor. Ele não fez nada de errado. Se você erguer essa lâmina, consolidará o ódio de seus seguidores. Ninguém atrai ninguém com punhos de aço, e eu já tentei te ensinar isso várias vezes. Eu não gosto de governar estripando, porque simplesmente não funciona. Você torna sua facção um muro frágil. Os conquiste pela sua honra."
Tive vontade de rir, porque eu parecia mais um mercenário do que realmente um líder que prezasse por tais preceitos bobos.
"Louis, pela primeira vez na vida, escute alguém que não quer te usar."
Aquela frase tinha me desmontado por inteiro, e sem perceber, eu larguei o facão e me afastei de todos eles.
Parecendo engolir terra úmida, acalmei toda a minha energia ao ouvir a voz do meu alfa depois de um baita susto daquele. Eu ainda estava coberto de sangue, querendo esganar quem fez isso, mas iria dá-lo um voto de confiança.
— Certo. Me entregue quem passou a mensagem e a cápsula do veneno. E você, gradividinha, está suspensa até que essa criança nasça — ditei firmemente. — Estão dispensados.
Eles praticamente correram para longe de mim e eu me permiti desmoronar assim que a única pessoa que tivesse sobrado tenha sido Lauren.
Ela analisava perfeitamente a minha postura, sussurrando com a voz bem rouca:
— Você o ama. — Ela não parecia feliz com essa constatação.
Não respondi, em partes porque não sabia se era amor e outras porque tinha medo da resposta.
— Não sinto um tom de felicidade na sua voz.
— É que essa equação é tão complicada. Nunca achei que você pudesse deixar um pouco sua crueldade para enxergar Harry.
— Não sei como aconteceu. Só... me rendi.
— Seu coração sempre foi dele para fazer o que quisesse. Você só não sabia disso ainda — sorriu lamentosa, sentando ao meu lado.
Seus lábios estavam roxos e a expressão de pânico parecia ter lhe carimbado. Lauren deitou em meu ombro, pegando minha mão e chorando silenciosamente.
Eu sabia que devia estar doendo quase ter perdido um irmão.
— Ele é tudo o que eu tenho. Ele e Taylor. Sempre foram tudo o que eu tive.
— E você ainda o tem.
— Louis, eu... — soluçou dolorosamente. — Eu estou tão perdida. Minha mente está tão confusa nos últimos dias. Isso vem desde que pisei naquela maldita boate.
— Como assim?
— Não queria preocupar Harry com isso. Ele sempre está tão focado em solucionar esse caso, só que recentemente algo não está batendo. Minhas memórias estão confusas.
Franzi o cenho, fitando seus olhos verdes tão selvagens.
— Acho que estou ficando louca, mas... Eu não me lembro de ter chegado até Sodoma. Eu só me lembro de que precisava proteger Íris, não necessariamente o porquê. Só que ela era minha parceira, mas não lembro de ter tido o imprinting.
— Lauren...
— E quando eu penso nisso, minha mente embaralha. Eu já fiz uma bateria de exames para saber se tinha algum problema no meu lóbulo temporal, na área do hipocampo ou qualquer lesão. Nadinha.
— Então é psíquico. É realmente muito estranho que você não soubesse que a Íris não tenha morrido de primeira, e mais ainda, que você tenha sobrevivido a morte dela. Sem contar que depois, você ao menos sofreu. Eu dilacerei ela na sua frente e você não fez nada.
Lauren parecia em estado catatônico, como quem tentasse verbalizar e se situar em um tempo espaço muito confuso.
— E se vocês nunca tivessem o imprinting? E se ela tentasse lhe fazer crer isso?
— Não faz sentido.
Fazia para mim, porém permaneci quieto.
— O que seria capaz de trazer suas memórias de volta? — Cogitei a meditação guiada, mas precisaria de Styles. — O que fizeram com você?
— Louis, o mais importante a ser perguntado, é: o que eu fiz durante os meus momentos apagada?
***
Harry estava dormindo quando eu fui lhe ver depois de toda a correria para limpar seu organismo.
Ele ao menos respirava sem fazer um barulho estranho e meu peito endureceu. Eu precisava descobrir quem tinha feito aquilo.
Eu precisava vingar a integridade do meu alfa.
— Você fica bonito até doente, tchutchucão — sorri fraco, entrelaçando nossos dedos. — Você é o mais forte de nós dois, precisa acordar.
Ele ao menos mexeu um músculo.
— BUH! — gritei alto, esperando que ele levasse um susto e me xingasse.
Nada.
— Qual foi, você quieto assim não tem graça. Você precisa acordar para me lembrar que eu sou um péssimo... sei lá o que nós somos, e me dar um beijo daqueles que só você sabe — insisti, totalmente manhoso.
Deitei meu queixo em seu peito, o assistindo ligado aquele tanto de fios e pensando se alguma vez, em algum momento, eu senti tanto medo.
Medo do imprevisível. De o perder.
Eu sentia medo de tudo, mas a única coisa que eu sempre corri, naquele exato instante, eu não tinha mais medo.
— Eu te amo — sussurrei com um suspiro. — Eu estou fodido. Completamente fodido. Porque eu já te amo, Harry, e não acho que tenha mais volta.
Nada. O nada me respondia.
— Pelo amor de Deus, minha doce criatura, acorda. Me bate. Me xinga. Só acorda para mim. Abre seus olhos, me afaga em seus braços e deixa eu sentir que a vida pode ser mais doce com você ao meu lado.
A mesma resposta de sempre. O nada.
— Alguns podem achar que eu sou a pior pessoa do mundo, e talvez eu seja, mas você me faz sentir como se eu fosse só mais uma alma solitária perdida. Você me achou, Luz, e eu te abracei. Só volte para mim. Não sei ser Trevas sem você, Luz.
A frustração me engolia por completo, porque nada fazia meu coração doer mais do que o ver daquele jeito. Sentir aquela dor estava me deixando à beira do colapso.
— Eu mal acabei de descobrir que tinha um coração e ele já é seu. Isso deveria ser algum tipo de crime.
Ri sufocado com as lágrimas, beijando seus dedos largos e sem a ausência de seus anéis tão charmosos.
— Não é justo que tenham me dado uma amostra do paraíso só para me condenar ao inferno depois.
Nada. Simplesmente a mesma feição vegetativa.
— Eu deveria ter te escutado antes. Deveria ter te levado aos museus que você goste, escutado as músicas que você tanto falava e o visto plantar mais. Deveria ter dito mais vezes que você estava bonito e não parado por medo.
A frequência cardíaca dele parecia tão baixa. Tão sem vida.
Nem mesmo no laço eu poderia sentir sua vitalidade. Ela se esvaía com o tempo.
— Eu deveria ter tirado tempo para ter te amado mais. Me desculpe. Não costumo ser tão tagarela assim, mas é que eu sinto que meu tempo está acabando.
Harry parecia uma pedra. Nem mesmo um aperto nas mãos geladas eu sentia.
— Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.
Soprei quantas vezes eu podia, porque ele ainda estava ali. Sobrevivendo, mas ainda estava ali. Meu alfinha que custou para me ensinar sobre ser paciente e sobre liderar com inteligência.
— Se eu pudesse voltar no tempo...
Não terminei a minha fala, desistindo de toda aquela baboseira de falar com gente que ao menos estava consciente.
Nem pelo laço eu o senti. Não como antes.
— Você sussurrou no meu ouvido mesmo ou eu que imaginei o que você diria? — perguntei a mim mesmo, negando por fim. — Preciso ir, Styles. Você já me monopolizou demais.
Ri sorriso, beijando sua testa com doçura, sentindo as lágrimas escorrerem lentamente pela minha bochecha.
Me afastei de seu corpo, decidido ir até a porta e procurar vestígios do filho da puta, antes que Harry fosse movido ao jatinho e nós fôssemos a Nova York.
Precisava ter a certeza que quem é que fosse, ficasse em Londres. De preferência morto.
— Louis! — convocou Lottie, parada no batente da porta do escritório de nosso pai, a feição de pânico. — Vem cá.
Andei até a alfa, tentando entender o motivo do alarde. Ela me puxou com força para dentro do lavabo, trancando a porta e me silenciando com suas mãos em minha boca.
Ela começou a usar língua de sinais para se comunicar sem som, me fazendo franzir o cenho.
— Acho que sei quem é que envenenou Harry.
— Quem? — gesticulei de volta.
— Qual a única pessoa do mundo que despreza totalmente sentimentos humanos e que possa interferir na manipulação?
Não. Não podia ser.
— Ele não...
— Pense! Ele viu como você defende Harry. Você ajoelhou perante a ele. Se lembra que ele te ameaçou com veneno no jantar antes de partir para o México.
Meu pai... não seria capaz de machucar o homem que eu amo a esse ponto. Seria?
— Não, Lottie. Papai não seria capaz de fazer isso!
— Ele já fez. Se duvida, ligue para ele. Vasculhe o quarto dele. Você achará o veneno.
— Como pode ter tanta certeza?
Ela parecia meio cabisbaixa ao responder:
— Seus olhos brilham quando você olha para Harry. Um brilho perigoso de quem possa ter vontades próprias.
Eu sempre amei meu pai.
Desde que me conheço por gente, sempre lutei para ter sua atenção voltada para mim. Me esforcei em escolas, em trabalhos, em missões e até mesmo tentei em outras áreas como amorosas.
Eu fui a cópia perfeita. Eu fui o filho preferido.
Por que ele não me amava de volta?
— Se ele fez isso mesmo, quer dizer que papai nunca...
— Nos amou.
Aquela esperança, ínfima e idiota, de que era só um pai querendo o melhor para o filho. Mas eu vejo Desmond.
Eu vejo os pais dos meus amigos da faculdade, eu via os pais pelos arredores e nenhum deles se igualava ao meu. Me acostumei a receber pouco de seu amor, achando que talvez fosse o suficiente.
Só que nunca é o suficiente.
O vazio ainda dilacerava, porque porra... eu era só uma criança.
Eu sempre fui só a porra de uma criança.
Sempre tive que me recorrer a super-heróis, criar aquela bolha de proteção e apoio que eu nunca tive.
Eu me acostumei com os socos, com as palavras violentas e até mesmo com a forma que me machucava. Para mim, amor é proteção. Amor é mesmo que machuque, passar por cima dos sentimentos se isso fosse lhe proteger.
Mas com Harry, o amor não dói.
O amor não machuca. O amor não me deixa em crises de pânico e choro, com medo de ser repreendido.
O amor cuida.
E com essa determinação, eu peguei meu celular e disquei o número descartável de meu pai, escutando os toques repetidos.
A voz grave ainda me dava o mesmo calafrio.
— Louis, filhote!
— Papai — funguei, porque eu me sentia tanto a criança de seis anos com medo. — Por quê?
— Do que está falando?
— Por quê?
Eram tantos porquês, tanta fúria, tanto ódio que eu guardei por anos e acobertei com a parede maciça de aço dentro de mim.
Mas não dá para conter a represa. Só torna os muros mais frágeis.
— Terá que ser mais explícito.
— Sabe que eu o amo, e mesmo assim você tentou o matar. Por quê? Sabe que estava me machucando quando tocou nele.
— Que suspeitas mal fundadas são essas? Não há como—
— Eu te amei. Tudo o que eu fiz, a minha vida inteira, foi te amar. E tentar ter esse amor de volta. Você fodeu comigo e com a minha vida. Todas as vezes que eu precisei de você, nunca esteve lá. Eu nunca fui nada além de um soldado para você.
— Por isso. Styles lhe tornou num fracote com sentimentalismo.
— Pai, a única coisa que ele fez foi me fazer perceber que eu não estou morto.
Um silêncio sepulcral veio do outro lado, e eu pouco me importei pelas minhas lágrimas.
— Eu era só uma criança — sussurrei cansado. — Eu só queria ter o que todos tinham. Eu só quis você, pai. E você me arruinou.
— Louis...
— Por quê? Eu nunca fui o suficiente? Por que eu? Por que eu nunca posso ter o que os outros têm?
— Não fale assim. Eu te salvei da miséria.
— Para me enfiar na desgraça.
Ele não respondeu, porque não tinha o que fazer.
— Você o envenenou.
— Sim — afirmou. — Mandei um dos seguranças sabotar a comida. Não lhe causará nada além de um breve susto. Para você aprender que...
— Eu estou farto de você. — Limpei o catarro que caía e as lágrimas com a manga da camiseta, observando minha irmã no cantinho chorando junto. — Eu não suporto mais isso.
— Do que está falando?
— Os dias que você me usou acabaram. Você tocou no meu alfa. Você ameaçou a minha família.
— EU SOU SEU PAI!
— Infelizmente.
Desliguei o celular, fitando a parede branca daquele lavabo. A mármore reluzia em meio a toda aquela opulência e eu fechei os olhos.
Mesmo depois disso, esgotado, eu ainda me importava. Eu sempre aprendi que se importar era ruim e doloroso, mas mesmo queimando como brasa, eu me importo tanto.
Só nunca foi um tipo confortável de amor.
Pela primeira vez na vida, eu senti ódio e desprezo o suficiente para matar meu próprio pai.
Ali, jogado ao léu, sem esperanças no amor e com todo o peso do meu futuro surrando as minhas costas, eu orei.
Eu orei pela vida do amor da minha vida. Sem poupar nenhuma lágrima daquilo.
Não rezei para Deus, tampouco para o Diabo. Rezei para mim mesmo. Rezei para que meu corpo seja forte, porque minha alma estava tão despedaçada.
E fiz o melhor que se pode fazer com o amor:
Deixei ele morrer.
NOTAS DA AUTORA: Dedico este capítulo a todos que tiveram que crescer como o Louis.
Que tiveram que crescer como eu.
Até em breve, cariños!