Era uma vez, há muito, muito tempo...
Bela e a Fera, rei e rainha de Auradon, isolaram os vilões e seus filhos em uma ilha. Sem sinal de Wi-Fi. Sem saída. Para sempre.
Certo dia, Mal saiu em busca do Olho de Dragão a pedido de Malévola. Evie, Jay e Carlos resolveram acompanhá-la. Mal tinha a intenção de usar o feitiço do cetro em Evie, para fazê-la dormir por mil anos e colocar em prática seu esquema mais maligno de todos e provar para sua mãe que podia ser tão má quanto ela.
Mas, inesperadamente, no momento em que eles encontraram o cetro, Mal por impulso impediu a filha da Rainha Má de tocar no objeto. Depois disso, elas se tornaram amigas.
Um dia, em uma sala de aula em Dragon Hall, Mal não conseguia prestar atenção em Lady Tremaine, pois não parava de olhar para Evie. Do outro lado da sala, a princesa também encarava Mal, que sorria de volta para ela. E isso se repetia no refeitório, na praça, e em todo lugar.
Era uma noite fria, e Evie estava em seu quarto, escrevendo em seu diário. Ao final da folha, ela desenhava um coração vermelho, quando de repente, ouviu um barulho, seguido de um grito:
— Evieee! — Rainha Má abriu a porta. A menina escondeu o diário rapidamente debaixo do travesseiro e pegou um espelho de mão.
— Te chamei para o jantar três vezes, mas você não sai desse quarto!
— É que... — Evie procurou uma desculpa em seu cérebro, o mais rápido possível — Eu estava retocando a minha maquiagem.
Rainha Má encarou a filha por alguns segundos. Então, sorriu.
— Essa é a minha filha. — Ela disse, orgulhosa.
Se passaram algumas horas, e todos dormiam tranquilamente. Mal aproveitou e saiu, discretamente.
Enquanto isso no Castelo do Outro Lado, Evie estava em seu quarto, pemteando os cabelos enquanto pensava em Mal, quando ouviu alguém chamar pelo seu nome.
— Evie! Evie!
Ela foi até a janela e viu Mal. Então, desceu e abriu a porta.
— Oi... Desculpa se estou incomodando... Eu só queria saber se você está bem.
— Não está não! De jeito nenhum! — Evie sorriu. Ela estava muito feliz em ver a amiga. — Mas por favor, não faça barulho para não chamar a atenção da minha mãe.
— Por que não saímos então?
— Agora?
— Sim. Nossas mães estão dormindo, então nem vão saber.
— Tem razão. Mas para onde vamos?
— Sei lá... Podemos apenas caminhar por aí sem rumo.
Mal e Evie caminhavam pela Ilha. Elas foram até uma praça. Era uma noite fria e o lugar estava calmo e vazio. Elas sentaram-se em um tronco de árvore que estava no chão, e começaram a conversar.
— Olha... Me desculpe pelo o que eu fiz com você. Fiquei tão irritada por você ter convidado a Ilha inteira para aquela festa, exceto eu, que não percebi o quanto você é incrível.
— Sua mãe deve ter ficado uma fera quando você voltou para casa de mãos vazias. A minha quase teve um ataque quando me viu suja e desarrumada daquele jeito — Evie gargalhou — Mas eu não me importei.
— Verdade... Ela disse que eu sou uma...
— Decepção — Elas falaram em uníssono, abaixando a cabeça.
Então, trocaram olhares. Elas se encararam por alguns segundos e depois deram risadas.
Uma hora depois, Evie e Mal estavam agarradas uma na outra. Evie fazia cócegas na amiga.
— Chega! — Mal exclamou, dando risadas, mesmo gostando daquilo. — Acho melhor voltarmos. Nossas mães podem perceber e sentir nossa falta.
— Tem razão. Nos encontramos de novo amanhã?
— E por que não? — Mal sorriu
— Até amanhã então!
No dia seguinte, Mal e Evie se encontraram e foram juntas para Dragon Hall. Ao final da aula, elas se sentaram a uma mesa no refeitório.
Carlos e Jay apareceram.
— Mal! Evie! Estão sabendo da novidade?
— Vai ter uma festa hoje a noite, na casa da Ginny Gothel. É o aniversário dela! E nós fomos convidados! — Ele disse, animado, enquanto entregava os convites a elas.
Mais tarde, Mal desenhava em seu caderno quando ouviu alguém chamar:
— Mal! Desça aqui!
Ela desceu e abriu a porta. Era Evie. Evie notou que a amiga não parecia pronta para uma festa.
— Você não vai?
— Você sabe que eu não gosto de festas, Evie. Principalmente depois de... Você sabe.
— Águas passadas, Mal. Já falei pra esquecer isso! Vamos! Não vai ter a mínima graça ir a um lugar sem minha melhor amiga.
— Tá bom, tá bom. Mas só porque você vai.
Evie sorriu.
Elas caminharam até a casa de Ginny Gothel. Entraram e logo viram seus amigos, Jay e Carlos, que pareciam estar se divertindo.
— Olha só quem está aqui! — Disse Jay, olhando para Mal. — Achei que não gostasse de festas.
— E não gosto. Odeio festas. — Mal fez uma careta.
Nesse momento, uma VK sem querer estourou uma bexiga bem atrás de Mal, que pulou e virou-se rapidamente, colocando as mãos na cintura e a encarando com um olhar ameaçador. A menina de cabelos negros ficou com medo e correu para longe.
— Só estou aqui por um motivo. — disse Mal. Ela olhou para Evie e deu um pequeno sorriso.
— Vamos dançar! — Jay sugeriu.
Eles dançaram por bastante tempo, até que se cansaram. Até que Evie parou:
— Preciso ir ao banheiro.
— Pode ir, eu espero. — Disse Mal, pacientemente.
Evie lavava as mãos e retocava a maquiagem, quando ouviu um estrondo e uns gritos. Alguns minutos depois, quando voltou para a festa, Mal havia sumido.
— O que está acontecendo aqui?
Jay encolheu os ombros. Carlos olhava assustado para a aniversariante, que estava coberta por um líquido verde e gosmento e muitas penas, que grudaram em todo seu corpo e cabelo. As crianças em sua volta gargalhavam.
— Você me paga, Mal! — Ela gritou, furisosa. — Isso não vai ficar assim!
Evie estava confusa. Ela pegou uma toalha e ajudou Ginny Gothel a se limpar. Depois, saiu a procura de Mal. Ela encontrou a amiga do lado de fora, sentada tranquilamente em um banco, com um sorriso malicioso no rosto.
— Mal? O que está fazendo aqui? E você pode me explicar o que aconteceu lá dentro?
Mal começou a rir.
— Eu contei uma piada? Não estou vendo graça. — A princesa insistiu.
— Você perdeu, Evie. — Mal continuava a rir — A festa estava tão chata que eu fiquei entediada. Aproveitei que Ginny estava distraída para fazer mais um de meus truques malignos. Foi tão divertido!
Evie soltou uma risada e sentou-se ao lado de Mal.
— Você não tem jeito.
Mal levantou-se.
— Para onde você vai agora?
— Já volto. Só vou roubar alguns doces da festa.
Minutos depois, Mal voltou com as mãos cheias de guloseimas, e as dividiu com Evie.
Elas comeram tudo o que puderam.
Evie estava com o rosto sujo de chocolate. Mal logo percebeu.
— Seu rosto está um pouco sujo.
— Onde? — Evie perguntou, enquanto tentava se limpar.
Mal se aproximou — Aqui — ela passou a mão no rosto da amiga, limpando a sujeira.
Evie ficou vermelha.
De repente, viram um flash de luz que piscou rapidamente. Elas acharam estranho e começaram a olhar em volta, para saber se havia alguém por perto, mas não encontraram ninguém. A única coisa que conseguiam ouvir era o barulho e a música da festa, que estavam bem altos. Quase toda a Ilha estava lá.
No dia seguinte, Mal tomava o café da manhã quando Malévola chamou sua atenção:
— Maaaaal! Você pode me explicar o que foi aquilo?
— Do que você está falando, mãe?
— Você acha que eu não fiquei sabendo, mocinha? Eu vi aquela foto.
— Que foto?
— Você e a filha da Rainha Má estavam juntas, grudadas, agarradas! Pareciam até... Como se diz mesmo? A... A.. Apaixonadas, eca! — Ela falou, sentindo nojo daquilo. — Você sabe que não tem espaço para amor em seu coração! Isso é para os fracos! E além disso, ela é a filha da Rainha Má! Aquela que se acha rainha da Ilha só porque usa uma coroa na cabeça e tem Rainha em seu nome! — Ela gritou com ódio.
Mal ficou espantada. Em seguida gargalhou:
— Você pirou, mãe? Quem falou em amor? Eu nem sei o que é isso, e nem quero saber. Eu e Evie somos apenas amigas. Quer saber? Estou indo. Vou pra escola. Tchauzinho. — Mal colocou sua mochila preta sobre o ombro e saiu, acenando para a mãe.
Enquanto isso, no castelo do Outro Lado...
— EVIEEEEEE! — A Rainha gritou, furiosamente, entrando no quarto da filha.
— Você pode me explicar o significado disso? — Ela mostrou uma foto, onde dava para ver claramente que Mal e Evie trocavam olhares apaixonados e a filha da pior vilã da Ilha limpava o rosto da princesa carinhosamente.
Evie ficou paralisada. "Mas como?" ela pensou. "Será que ela nos seguiu?"
— Eu... Eu... Eu... — Evie não conseguia falar. Estava tão nervosa que sua voz não saía de maneira alguma. — Ela é minha amiga! Não há nada de mais nisso!
— Mas justo a filha da Malévola? Eu odeio aquela mulher! Se eu ver você perto daquela garota mais uma única vez, você vai voltar a estudar aqui e não vai mais sair desse castelo!
— Mas, mãe...
— Sem "Mas"! — A mãe de Evie gritou e saiu do quarto, fechando a porta com força.
Evie foi para a escola. Ela entrou na sala e sentou-se em uma carteira ao fundo, ao lado de Carlos. Logo, entrou uma multidão de alunos empurrando e gritando uns com os outros. Em seguida, entrou uma única estudante, que fez com que todos ficassem em silêncio, apenas com seu olhar cruel e o barulho de seus passos.
Mal sentou-se na frente, ao lado de Jay. Ela observou toda a classe, procurando por Evie. Tentou chamá-la, mas a princesa escondeu o rosto atrás de um livro e fingiu que não ouvia. Para ela, era como se Mal nem estivesse ali. Ela ficou muito triste por isso, mas sabia que se fosse vista junto com Mal, iria voltar a ter aulas no castelo, e
não estava a fim de mais um castigo.
Ao final da aula, todos saíram da sala. Mal se aproximou de Evie:
— Evie? Está tudo bem? Você não falou comigo hoje, e nem sequer olhou para mim desde o começo da aula.
Evie fingiu que não ouviu e saiu de perto. Ela estava prestes a sair da sala, quando Mal barrou a passagem. Ela não deixaria Evie sair até que falasse pelo menos uma palavra.
— Evie! Eu te fiz uma pergunta!
— Deixe-a em paz, Mal! — Carlos falou.
— Ela não vai a lugar nenhum até explicar o que está acontecendo!
— Está bem... Eu confio em vocês. Minha mãe descobriu que estávamos juntas ontem na festa, e me proibiu de falar com você. Agora, por favor, deixe-me ir antes que mais alguém nos veja aqui. Senão vocês não irão me ver nunca mais.
Evie foi embora, chorando. Mal ficou triste.
Mal foi até o banheiro. Ao sair do toalete, se encontrou com Evie, que saía do outro ao lado. Elas lavaram as mãos. Depois trocaram olhares tristes.
— Quer dizer que não podemos mais sair juntas? — Mal perguntou.
Evie olhou para os lados, para saber se havia mais alguém por lá. Então, fechou a porta.
— Foi o que a minha mãe me disse. Ela ficou furiosa.
— Na verdade, a minha também ficou sabendo. Mas como?
— Boa pergunta... Ei! Lembra de quando estávamos naquela festa e vimos um flash de luz de repente?
— Sim, mas... Você não tá pensando que...
— Sim, acho que naquele momento alguém tirou uma foto, bem quando você limpava o meu rosto. Me pergunto quem fez isso.
— também não sei, mas quando eu ficar sabendo e colocar as minhas mãos nessa pessoa... — Mal falou, irritada, em um tom ameaçador.
— Mantenha a calma, Mal! Isso só pode piorar a situação. E se uma de nossas mães o mandou fazer isso? O que importa é que estamos juntas agora e para sempre. Mesmo se eu ficar de castigo, nunca desistirei de você.
— Eu também. — Mal olhou para Evie com um sorriso e voltou a lavar as mãos, enquanto a amiga olhava para o espelho trincado e retocava a maquiagem.
— Porque nossas mães se odeiam tanto? — As duas perguntaram em uníssono. Em seguida, olharam uma para a outra e soltaram risadas.
— Fica difícil quando as duas querem ser rainhas da Ilha.
— Mas a minha mãe É uma rainha!
— E a minha é a pior vilã do mundo.
— Mas se estivéssemos no lugar delas, eu iria preferir reinar junto com a minha amiga. — Evie sorriu e agarrou o pulso de Mal. A filha da Malévola aproveitou para empurrá-la contra a parede, a encarou por alguns segundos e por fim a beijou.
Nesse momento, alguém abriu a porta. Era Mad Maddy, uma velha amiga de Mal. Ela viu as meninas agarradas trocando beijos, e ficou boquiaberta. Então, correu para fora do colégio. Evie empurrou Mal para longe dela imediatamente.
— Eca! O que você está fazendo? — Ela reclamou, com nojo daquilo, enquanto lavava a boca.
— Eu... acho que gosto de você, Evie. Não consigo ficar longe de você por muito tempo e não paro de pensar em você nem por um minuto.
— Eu também gosto de você, Mal. É minha melhor amiga, e isso nunca vai mudar. Se depender de mim, nossa amizade nunca irá acabar.
— Sim — Mal colocou a mão na cabeça, confusa. — Acho que você tem razão. Devo estar maluca. Nem sei o que é amor de verdade.
— Agora preciso ir — Evie falou, enquanto caminhava até a porta. — minha mãe está me esperando.
Ela abriu a porta e foi embora. Mal olhou para o seu reflexo no espelho e soltou uma risada. "Amor... Mas que loucura". E saiu, como se nada tivesse acontecido.