Não é novidade para ninguém que Marco havia problemas em casa, mas era curioso o fato de ninguém saber como ele se mantém calmo em qualquer situação como brigas, injustiças, entre outra situações como essas.
Nem mesmo Jean, a pessoa que o acompanha desde os seus 4 anos de idade, até que um dia, ele e mais de 600 pessoas descobriram a tática de Marco para se manter calmo em qualquer situação de raiva.
Era a formatura de terceiro ano deles, era pra ser perfeito, divertido. Todos esperaram anos para finalmente sair da escola e seguir seu caminho, como aquele dia tão esperado seria estragado?
Ele seria, de uma forma horrível.
Marco estava estranho aquele dia, estava muito calmo, meio zonzo, e não conseguia prestar atenção em nada.
Ele estava em uma mesa no canto, ninguém entendia porque alguém que sempre foi extremamente inteligente e sempre sonhava com sua formatura estava tão desligado com a mesma.
E quando Jean foi chamá-lo para dançar na pista, tendo esperança de finalmente se declarar para a pessoa que sempre amou, se surpreendeu vendo que Marco literalmente capotou em cima da mesa, como se tinha acabado de desmaiar lá mesmo.
Nenhum dos parentes de Marco estavam na mesa, estava apenas ele, bom, ele e suas alucinações.
Na hora de Jean foi levantar a cabeça de Marco para ver o que havia acontecido com ele, saia espuma da sua boca, e suas pupilas estavam dilatadas, o que desesperou Jean.
— QUE PORRA É ESSA, MARCO - Jean soltou um grito desesperado e bem alto, fazendo várias pessoas se reunirem para olhar a "fofoca".
Não demorou muito para chegar mais pessoas para checar o que estava havendo com o moreno, e quando descobriram, chamaram uma ambulância de imediato.
— O QUE ESTÁ ACONTECENDO? O QUE Á NO MEU FILHO? - A mãe de Marco chegou gritando após ver tantas pessoas envolta da mesa que alugou para a formatura, e alguns enfermeiros locais envolta de Marco.
— Senhora, seu filho está tendo uma overdose, estamos tentando manter tudo em ordem enquanto ela ainda está vindo. - Na mesma hora chegou a ambulância.
O local inteiro estava olhando os paramédicos carregando o corpo de Marco para dentro da ambulância, e saindo com a maior velocidade.
Apenas a mãe de Marco o acompanhou, seu pai continuou no local, até porque não havia espaço na ambulância para o dois.
Jean estava paralisado, ele presenciou a pessoa que passou quase a vida inteira junto quase morrer na sua frente.
— Overdose? Como ele teve uma overdose? Será que ele... mas então... é por isso que ele sempre foi tão... calmo?? - Agora tudo fazia sentido na cabeça de Jean. Seu amigo sempre foi super meigo e calmo, mas chegou a um ponto que Marco se tornou muito mais calmo que o normal, e continuou assim por muito tempo, e agora, finalmente Jean entendia o porque.
— Ei Jean. - Jean estava processando os acontecimentos, até que sentiu uma mão tocar em seu ombro, quebrando totalmente seu transe.
— Você quer um copo d' água? não foi fácil o que você presenciou. - Connie olhava para Jean com pena, como se quisesse abraçar ele para ver se o ajudava. — Se quiser, eu e Sasha te acompanhamos.
— Eu... - Jean não conseguia formular uma frase direito sem repensar na cena. — Eu aceito. - O acastanhado se levantou se apoiando no ombro de Connie.
— Você quer um pedaço de bolinha de queijo? - Sasha cortava um pedaço de sua comida, e entregava a Jean, sem ao menos saber a resposta do garoto.
— Sim quero. - Jean pegou o pedaço de Sasha, e colocou o pedaço inteiro de uma só vez na sua boca. — Obrigado, Sasha.
— Disponha! - A morena abriu um sorriso feliz, já que estava satisfeita por estar conseguindo ajudar seu amigo.
Connie e Sasha acompanharam Jean para ele beber água, não que ele precisasse, mas ele precisava de um apoio emocional naquele momento, e os dois estavam dispostos a dar.
A formatura continuaria até as 5 da manhã, mas por conta do ocorrido, decidiram encerrar naquele horário mesmo.
Estavam todos muito aterrorizados para continuar dançando e bebendo com uma música eletrônico altíssima, como se nada tivesse acontecido.
Jean e sua mãe pediram um Uber para voltar a casa, e durante o caminho na falaram uma palavra sequer.
A mulher entendia o nervosismo do filho, então queria esperar até a hora que ele acordar, para ver se ele queria conversar sobre o ocorrido.
Ao chegar em casa, Jean tirou seu sapato no hall, foi para seu quarto, tirou sua roupa, e se jogou na cama para dormir.
Não queria olhar para aquela roupa, então decidiu que iria dormir apenas de cueca, já que não tinha força nenhuma no momento para se levantar e pegar um pijama ou algo do tipo.
E assim se resumiu a noite de Jean: olhar o celular de 5 em 5 segundos para ver se recebia alguma mensagem de Marco. Repensar o momento que levantou a cabeça do amigo e se parou com ele tendo uma overdose. E, se acabar de chorar achando que a culpa foi sua por Marco ter usado drogas.
Ele demorou tanto para dormir, que quando foi olhar para a sua janela, reparou na fresta dela, que estava saindo um raio de sol que tem quando os dias amanhecem.
E essa foi a cota para Jean perceber que precisa tentar dormir. E finalmente conseguiu.