Há cada dois passos que eu considerava dar pra trás, eu andava mais um pra frente contra a minha vontade. Me livrar desse desejo guardado no meu inconsciente é uma das partes mais difíceis.
Não estar nem a seis polegares de distância daquela porta cheia de borboletas penduradas - ou seja lá o que estava fazendo as flutuarem como se fossem de verdade - parecia errado, eu estava buscando o errado, mas eu quero sair daqui. Não quero?
Por que não consigo me mexer?
Mas isso já fazem cinco anos, que mal pode fazer?
— Sam, você mais do que ninguém deveria saber que não é tão fácil assim. Quero que leve isso a sério, como eu nunca levei. – Escuto a sua voz falhar.
— Você sabe que todo mundo ao seu redor te apoia, certo? Não precisa ter medo.
— Eu não tenho medo do que as pessoas vão pensar. Tenho medo do que eu sinto e principalmente de como eu vou me sentir ao admitir em voz alta pra mim mesma. – Ela suspira. — Cara, já faz uns 4 ou 3 meses que eu tô tentando evitar tudo isso. Quer dizer, não é justo com ela, é? – Ouço a sua voz abaixar o tom aos poucos, como se tivesse se tocado do que estava falando.
Ela?
— Como assim "ela", Lili? De quem você tá falando?!
— Aí, que droga. Eu sou muito burra mesmo! – Consigo ouvi-la bufar. — Da sua melhor amiga, é dela que estou falando.
-- Mas o que- — Eu e Sam reagimos em uníssono. Me toco de que falei alto o suficiente para que escutassem. O silêncio reina.