Beth foi ao seu apartamento, alimentou ao Boo, e se dirigiu ao escritório só depois de meio-dia. Não tinha fome, e trabalho durante a hora da refeição. Ou ao menos tentou fazê-lo, porque, na realidade, não pôde concentrar-se muito e ocupou a maior parte de seu tempo mudando papéis de um lugar a outro em seu escritório.
Butch lhe deixou duas mensagens durante o dia, confirmando que se reuniram em seu apartamento ao redor das oito.
Às quatro decidiu cancelar seu encontro com ele.
Não podia sair nada bom daquela reunião. Não tinha intenção de entregar o Wrath à polícia, e se pensasse que El Duro ia ter alguma consideração com ela porque gostava e porque estariam em seu apartamento, mentiria a si mesma.
Apesar de tudo não enterraria sua cabeça na areia. Sabia que a chamariam para interrogá-la. Como não iriam fazer? Enquanto Wrath fosse um suspeito, ela estaria no ponto de mira. Precisava conseguir um bom advogado e esperar que a citassem na delegacia de polícia.
Ao voltar da fotocopiadora, olhou por uma janela. O céu do acaso era plúmbeo, e tinha uma tormenta no denso ar. Teve que afastar a vista. Doiam-lhe os olhos. E aquela moléstia não desapareceu piscando várias vezes.
De volta a seu escritório, tomou duas aspirinas e chamou à delegacia de polícia procurando o Butch. Quando Ricky lhe disse que estava suspenso temporáriamente, pediu para falar com José, que veio ao telefone imediatamente.
_ A suspensão do Butch. Quando aconteceu? _ perguntou ela.
_ Ontem pela tarde.
_ Vão despedí-lo? _ Extraoficialmente? É provável. Então o detetive não apareceria por sua casa depois de tudo.
_ Onde está, senhorita Beth? _ perguntou José.
_ No trabalho.
_ Está mentindo? _ Sua voz soava triste, mais que polêmica.
_ Revisa seu identificador de chamadas. José lançou um longo suspiro.
_ Tem que vir à delegacia de polícia.
_ Sei. Pode me dar algum tempo para conseguir um advogado?
_ Acredita que vai necessitar de um?
_ Sim.
José soltou uma maldição.
_ Tem que se afastar desse homem.
_ Chamarei você logo.
_ Ontem à noite assassinaram outra prostituta. Com o mesmo modus operandi.
A notícia lhe causou uma certa inquietação. Não sabia o que tinha feito Wrath enquanto esteve fora. Mas o que poderia significar para uma prostituta morta.
Ou duas.
A ansiedade a dominou fazendo palpitar suas têmporas.
Mas não podia imaginar ao Wrath degolando a uma pobre mulher indefesa para logo deixá-la morrer em um beco. Ele era letal, não perverso. E embora agisse fora da lei, não acreditava que seria capaz de matar a que não o tivesse ameaçado. Sobre tudo, depois do que tinha acontecido a seus pais.
_ Escuta, Beth _ disse José.
_ Não preciso lhe dizer o que representa essa situação. Esse homem é nosso principal suspeito de três homicídios, e a obstrução à justiça é um delito muito grave. Vai ser muito difícil, mas terei que colocar você entre grandes.
_ Ele não matou a ninguém ontem à noite. _ Seu estômago deu um salto.
_ Então admite que sabe onde está. Tenho que desligar, José.
_ Beth, por favor, não o proteja. É perigoso...
_ Ele não matou a essas mulheres.
_ Essa é sua opinião.
_ Foi um bom amigo, José.
_ Maldita seja. _ Adicionou um par de palavras mais em espanhol.
_ Consegui esse advogado rápido, Beth.
Desligou o telefone, pegou sua bolsa e apagou o computador. A última coisa que queria era que José fosse procurá-la em seu escritório e a levasse algemada. Precisava ir a sua casa, recolheu algumas roupas e reunir-se com o Wrath o mais rápido possível.
Talvez pudessem partir juntos. Poderia ser sua única oportunidade, porque em Caldwell, cedo ou tarde, a polícia os encontraria.
Assim que pisou na rua Trade, sentiu um nó no estômago, e o calor lhe roubou toda a energia. Quando chegou ao seu apartamento, pôs água gelada em um copo, mas quando tentou bebê-la, seu intestino se retorceu. Possivelmente tinha algum vírus intestinal. Tomou dois antiacidos e pensou no Rhage. Poderia tê-la contagiado com algo. Deus, os olhos a estavam matando.
Em embora soubesse que tinha que recolher suas coisas, tirou a roupa de trabalho, colocou uma camiseta e uma calça curtas, sentou-se no sofá. Só queria descansar um momento, mas uma vez que se acomodou, sentiu que não poderia voltar a mover o corpo. Preguiçosamente, como se os condutos de seu cérebro estivessem obstruindo-se, pensou na ferida de Wrath. Não havia dito como a tinha feito. E se tinha atacado à prostituta e a mulher se defendeu.
Beth pressionou as têmporas com os dedos quando uma onda de náuseas fez fluir bílis em sua garganta. Via luzes se mexendo ante seus olhos.
Não, aquilo não era uma gripe. A estava matando uma enxaqueca monstruosa.
Wrath marcou de novo o número de telefone.
Era óbvio que Tohrment estava usando o identificador de chamada e não queria responder.
Diabos. Detestava pedir perdão, mas queria colocar este assunto sobre a mesa, porque ia ser muito, espinhoso.
Levou consigo o celular à cama e se recostou sobre o travesseiro. Queria chamar a Beth só para escutar sua voz. Tinha pensado que poderia afastar-se tranquilamente depois de sua transição? Com muita dificuldade podia permanecer longe dela durante um par de horas.
Deus, estava louco por essa fêmea. Ainda não podia acreditar que tinha saído de sua boca quando fazia amor. Logo tinha finalizado a ladainha de elogios chamando-a de sua leelan antes de que partisse.
Era hora de que o admitisse. Provavelmente estava se apaixonando.
E se por acaso isso não fosse suficiente, ela era meio humana. Mais também era filha de Darius.
Mas como podia não adorá-la? Era tão forte com um caráter que competia com o seu. Pensou nela enfrentando a ele, lhe fazendo refletir sobre seu passado. Poucos teriam se atrevido, e ele sabia de onde tinha tirado seu valor. Quase podia jurar que seu pai tivesse feito o mesmo.
Quando suoou seu telefone, abriu a tampa.
_ Sim.
_ Temos problemas. _ Era Vishous.
_ A acabo de ler o jornal. Outra prostituta morta em um beco. Sangrada.
_ E?
_ Entrei na base de dados do forense. Em ambos os casos morderam o pescoço das fêmeas.
_ Merda. Zsadist.
_ Isso é o que estou pensando. Repeti-lhe mil vezes tem que deixar isso. Tem que falar com ele.
_ Está noite. Diga aos irmãos que se reúnam comigo aqui um pouco antes. Vou-lhe dizer umas coisas na frente de todos.
_ Bom plano. Assim o resto de nós teremos que liberar seu pescoço de suas mãos quando protestar.
_ Ouça, sabe onde está Tohrment? Não consigo encontrá-lo.
_ Nem ideia, mas passarei por sua casa antes da reunião, se quiser.
_ Faz. Terá que vir esta noite. _ Wrath desligou. Maldita seja. Alguém ai ter que colocar uma focinheira em Zsadist.
Ou uma adaga no peito.
Butch estacionou o carro. Na realidade não acreditava que Beth estivesse em seu apartamento, mas de todos os modos foi até a porta do vestíbulo e apertou o interfone. Nao obteve resposta.
Surpresa.
Deu a volta por uma lateral do edifício e se meteu no pátio traseiro. Já tinha escurecido, assim ver as luzes apagadas foi desalentador. Afagou as mãos e se inclinou contra a porta trilho de vidro.
_ Beth! Oh, Por Deus! Santo céu!
Seu corpo estava de barriga para baixo no chão. Tinha tentado alcançar o telefone sem consegui-lo. Suas pernas estavam colocadas torpemente, como se tivesse estado retorcendo-se de dor.
_ Não _ atingiu o vidro.
Ela se moveu ligeiramente, como se tivesse escutado. Butch se dirigiu a uma janela, tirou um sapato e atingiu fortemente o vidro até que se quebrou e se fez pedacinhos. Quando se esticou para alcançar o fecho, cortou-se, mas não lhe importava se perdia um braço para chegar a ela. Introduziu-se no interior, derrubando uma mesa ao equilibrar-se para diante.
_ Beth! Ouve-me?
Ela abriu a boca, moveu-a lentamente, mas sem emitir som algum.
E procurou sangue e não achou nada, assim que a colocou cuidadosamente de barriga pra cima. Estava tão pálida como uma lápide, fria e úmida, apenas consciente. Quando abriu os olhos, pôde ver suas pupilas totalmente dilatadas.
Ele estedeu os braços, procurando marcas. Não havia nenhuma, mas não ai perder tempo lhe tirando os sapatos e olhando entre os dedos dos pés.
Abriu a tampa do seu celular e marcou o 911.
Para ouvir a operadora, não esperou a saudação protocolar.
_ Tenho uma provavelmente overdose de drogas.
A mão de Beth se moveu vacilante, começou a mover a cabeça. Estava tratando de afastar o telefone.
_ Criança, fica quieta. Eu cuidarei... A voz da operadora o interrompeu:
_ Senhor? Ola?
_ Me leve a casa de Wrath _ gemeu Beth.
_ À merda com ele.
_ Perdão? _ disse a operadora.
_ Senhor, pode me dizer o que aconteceu?
_ Overdose de drogas. Acredito que é heroína. Suas pupilas estão fixas e dilatadas. Anda não vomitou...
_ Wrath, tenho que ir junto ao Wrath.
_ Mas recupera o conhecimento intermitentemente... Nesse momento, Beth se levantou bruscamente do chão e lhe tirou o telefone das mãos.
_ Vou morrer...
_ Claro que não! _ gritou ele.
Ela o segurou pela camisa. Tremia-lhe o corpo, o suor manchava a parte dianteira de sua camisa.
_ Necessito dele.
Butch o olhou fixamente aos olhos.
Equivocou-se. Isto não era uma overdose. Era um suicídio.
Negou com a cabeça.
_ Criança, não.
_ Por favor. Necessito dele. Vou morrer. _ De repente, ela se dobrou em posição fetal, como se una onda de dor a tivesse partido em dois. O celular caiu de sua mão, fora de seu alcance.
_ Butch... por favor.
Merda. Tinha mau aspecto. Parecia moribunda.
Se a levasse a uma sala de emergência, podia morrer pelo caminho ou enquanto esperava tratamento. E a metadona servia para superar uma crise, não tirar um viciado de uma overdose. Merda.
_ Me ajuda.
_ Maldito seja _ disse Butch.
_ Onde está? Wrath.
_ Avenida? Ela assentiu.
Butch não tinha tempo para pensar. Carregou-a em seus braços e atravessou o pátio traseiro.
É óbvio que ia prender a esse bastardo.
Wrath cruzou os braços e se apoiou contra a parede do salão. Os irmãos se agruparam a seu redor, esperando a que ele falasse.
Tohrment tinha vindo, embora desde que tinha atravessado a soleira com Vishous tinha evitado olhar ao Wrath aos olhos.
Bem _ pensou Wrath. _ Faremos isso em público.
_ Irmãos, temos dois assuntos a discutir. _ olhou fixamente no rosto de Tohrment.
_ ofendi gravemente a um de vocês. De acordo com isso, ofereço ao Tohrment um rythe.
Tohrment sobressaltou-se e prestou atenção. O rosto dos irmãos estavam igualmente surpreendidos.
Tratava-se de um ato sem procedentes, e ele sabia. Um rythe um essencialmente duelo, e a pessoa a quem se oferecia escolhia a arma. Punhos, adagas, pistolas e correntes. Era uma forma ritual de salvar a honra, tanto para o ofendido como para o ofensor. Ambos podia ficar purificados.
A comoção na residência não tinha sido provocada pelo ato em si. Os membros da irmandade estavam bastante familiarizados com o ritual. Dada a sua natureza agressiva, cada um deles, em um momento ou outro, tinha ofendido de morte alguém
Mas Wrath, apesar de todos seus pecados, nunca tinha oferecido um rythe. Porque de acordo com a lei dos vampiros, qualquer um que levantasse um braço ou uma arma contra ele podia ser condenado a morte.
_ Diante destas testemunhas, quero que me escute _ disse em voz alta e clara.
_ Absorvo das consequências aceita? _ Tohrment baixou a cabeça. Levou as mãos aos bolsos de sua calça de couro e moveu lentamente a cabeça.
_ Não posso atacá-lo, meu senhor.
_ E não pode me perdoar, não é assim?
_ Não sei.
_ Não posso culpá-lo por isso. _ Mas desejou que Tohrment tivesse aceitado. Necessitavam um desagravo.
_ Oferecerei de novo em outra ocasião.
_ E sempre me negarei.
_ Assim seja _ Wrath lançou ao Zsadist um olhar escuro.
Agora, a respeito de sua maldita vida amorosa.
Zsadist, que tinha permanecido atrás de seu gêmeo deu um passo à frente.
_ Se alguém deitou com a filha de Darius, foi você não eu. Qual é o problema agora?
Um par de irmãos murmuraram maldições baixas.
Wrath deixou as presas a mostra.
_ Vou passar isso por alto, Zsadist. Mas só porque sei o quanto você gosta que o atinjam e não estou de humor para fazê-lo feliz. Ergueu-se no caso do irmão se equilibrando contra ele.
_ Quero que acabe com esse assunto das prostitutas. Ou pelo menos, faz limpeza quando terminar.
_ Do que está falando?
_ Não necessitamos esse tipo de publicidade. Zsadist se girou a olhar ao Phury, que disse:
_ Os cadáveres. A polícia os encontrou.
_ Que cadáveres?
Wrath sacudiu a cabeça.
_ Por Deus, Zsadist. Acredita que os policiais vão passar por cima de duas mulheres sangradas em um beco.
Zsadist avançou, aproximando-se tanto que seus peitorais se tocaram.
_ Não sei uma merda de tudo isso. Me cheire. Estou dizendo a verdade.
Wrath respirou fundo. Captou o aroma de indignação, um cheiro picante no nariz como se alguém tivesse orvalhado desodorizador de limão. Mas não havia ansiedade, nem nenhum subterfúgio emocional.
O problema era que Zsadist não só era um assassino de alma negra, mas também um mentiroso muito hábil.
_ Conheço-o muito bem _ disse Wrath suavemente.
_ Para acreditar em uma palavra do que diz.
Zsadist, começou a grunhir, e Phury se moveu rápido, envolvendo um grosso braço ao redor do pescoço de seu gêmeo e arrastando-o para trás.
_ Tranquilo, Zsadist _ disse Phury.
Zsadist agarrou o punho de seu irmão e se soltou de um puxão. Estava com muito ódio.
_ Um destes dias, meu senhor, vou A...
Um ruído parecido uma bala de canhão contra um muro o interrompeu.
Alguém estava dando furiosos golpes na porta principal.
Os irmãos saíram do salão e foram em grupo ao vestíbulo. Seus pesados passos se viram acompanhados pelo som das armas sendo desencapadas e engatilhadas.
Wrath olhou o monitor de vídeo instalado na parede. Quando viu a Beth no braços do policial, lhe cortou a respiração. Abriu de repente a porta e segurou seu corpo quando o homem entrou apressadamente.
Aconteceu, pensou. Sua transição tinha começado. Notou como o policial tremia de ira quando o corpo de Beth mudou de braços.
_ Maldito filho de uma cadela. Como pôde lhe fazer isto? Wrath não se incomodou em resposta. Embalando Beth entre seus braços, passou a passos largos através do grupo de irmãos. Pôde sentir sua estupefação, mas não podia deter-se e dar explicações.
_ Ninguém exceto eu matará ao humano _ ladrou.
_ E ele não sairá desta casa até que eu volte.
Wrath se apressou a entrar no salão. Empurrou o quadro para um lado, e correu escada abaixo tão rápido como pôde. O tempo era essencial.
Butch observou ao traficante de drogas desaparecer com Beth; sua cabeça oscilava à medida que se afastava e seu cabelo parecia um sedoso estandarte arrastando-se atrás deles.
Durante um momento, ficou completamente imóvel preso entre a necessidade de gritar ou chorar.
Que desperdício. Que horrível desperdício.
Logo escutou como a porta se fechava atrás dele. E se deu conta de que estava rodeado de cinco bastardos mais perversos e enormes que jamais tinha visto.
Uma mão aterrissou em seu ombro como uma mão bigorna.
_ Você gostaria de ficar para jantar?
Butch elevou a vista elevou a vista. O sujeito usava uma boina de beisebol
e tinha uma tatuagem no rosto.
_ Você gostaria de ser o jantar? _ disse outro que parecia uma espécie de modelo.
A irá invadiu ao detetive, retesando seus músculos, dilatando seus ossos.
Estes meninos querem brincar? _ penso.
_ Bem. Vamos dançar.
Para demonstrar que não tinha medo, olhou a cada um diretamente nos olhos. Primeiro aos dois que tinham falado, depois a um relativamente normal colocado atrás deles e a outro sujeito com uma extravagante juba a espécie de cabelo pelo qual as mulheres pagariam centenas de dólares em qualquer salão de beleza.
E logo estava o último homem.
Butch observou atentamente seu rosto cheio de cicatrizes. Uns olhos negros lhe devolveram o olhar.
Com este tipo _ pensou.
_ Terá que tomar cuidado.
Com um movimento brusco, livrou-se da mão no ombro.
_ Me digam algo, meninos _ pronunciou lentamente as palavras.
_ Usam todo esse couro para excitar mutuamente? Quero dizer, todos vocês gostam dos pênis?
Butch foi arrojado contra a porta com tanta força que seus ossos rangeram.
O modelo proximou seu rosto perfeito do detetive.
_ Se fosse você, tomaria cuidado com sua boca.
_ Para que me incomodar se você já se preocupa com ela? Agora vai beijar-me?
Um grunhido estranho saiu da garganta daquele sujeito.
_ Está bem, está bem. _ o que parecia mais normal avançou uns passos.
_ Retrocede, Rhage, vamos relaxar um pouco. Passou um minuto antes que o figurino o soltasse. _ Nos tranquilizaremos _ murmurou o senhor Normal, dando um tapinha nas costas de seu amigo antes de olhar ao Butch.
_ Faça um favor a si mesmo e fecha a boca.
Butch deu de ombro.
_ O lorinho morre por me colocar as mãos em cima. Nao posso evitá-lo.
Rhage se dirigiu ao Butch de novo, enquanto o senhor normal colocava os olhos em branco, deixando livre seu amigo para agir.
O murro que chegou a altura do queixo lançou a cabeça de Butch para um lado. Ao sentir a dor, o detetive deixou voar sua própria irá. O temor pela Beth, o ódio reprimido por aqueles malvados, a frustração por seu trabalho, todo encontrou saída equilíbriou-se sobre o homem, maior que ele e o derrubou.
O sujeito se surpreendeu momentaneamente, como se não tivesse esperado a velocidade e a força de Butch, e este aproveitou a vacilação. Atingiu Lorinho na boca, e logo o segurou pelo pescoço.
Um segundo depois, Butch se encontrou deitado sobre suas costas com aquele homem sentado sobre seu peito.
O tipo agarrou o rosto de Butch entre suas mãos e apertou. Era quase impossível respirar, e Butch resfolegava procurando ar.
_ Talvez encontre a sua esposa _ disse o tipo.
_ E transe com ela um par de vezes. O que parece.
_ Não tenho esposa.
_ Então vou transar com sua noiva.
Butch tratou de tomar um pouco de ar.
_ Tampouco tenho noiva.
_ Assim se as fêmeas não querem saber nada de você, o que o faz pensar que eu sim?
_ Esperava que se zangasse.
Os enormes olhos azuis eletrônico se entrecerraram.
Têm que ser lentes de contato _ pensou Butch.
_ Ninguém tem olhos dessa cor.
_ E por que queria que me zangasse? _ perguntou o Lorinho.
_ Se eu atacá-se primeiro _ Butch tratou de colocar mais ar em seus pulmões.
_ Seus moços não nos teriam deixado brigar. Me teriam matado primeiro, antes de poder ter uma oportunidade com você.
Rhage afroxou um pouco a opressão e riu enquanto tirava de Butch, sua carteira, as chaves e o telefone.
_ Sabem? Agrada-me um pouco esse grandalhão _ disse o tipo.
Alguém clareou a garganta.
O Lorinho ficou de pé, e Butch rolou sobre si mesmo, ofegando. Quando levantou a vista, pareceu-lhe que sofria alucinações.
De pé no vestíbulo havia um pequeno ancião vestido de preto, sustentando uma bandeja de prata.
_ Desculpem, cavaleiros. O jantar estará pronto em uns quinze minutos.
_ Ouça, são esses os crepes de espinafre que eu gosto tanto? _ perguntou o Lorinho assinalando à bandeja.
_ Sim, senhor.
_ Uma delícia.
Outros homens se agruparam ao redor do mordomo, agarrando o que lhes oferecia, junto a uns guardanapos, como se não quisesse que caísse nada ao chão.
Que diabos era isso?
_ Posso lhes pedir um favor? _ perguntou o mordomo. O senhor Normal assentiu vagarosamente.
_ Traz outra bandeja destas delícias e mataremos a quem você queira.
Sim, imagino que o tipo em realidade não era normal. Só parecia.
O mordomo sorriu como se tivesse comovido.
_ Se forem sangrar ao humano, teriam a amabilidade de fazê-lo no patio traseiro?
_ Não há problema. _ O senhor Normal introduziu outro crepe na boca. _ Maldição Rhage, tem razão são deliciosas.