POV RAFA
-Deus não dá asa cobra, além de gostosa é uma boa mãe. –Bianca estava entre eu e Fernanda, e eu quase não acreditei nas palavras dela. –Era só uma chance e um copo d 'água.
-A noção passou longe. – Quando eu liguei eu já havia dito.
-Até onde eu sei a chefinha é solteira. – Ela se virou dando um gole no drink. – E eu também, então nada me impede.
Ela saiu rebolando me deixando de queixo caído, que garota ousada, quem ela pensa que é? Fernanda também sorria desacreditada, acho que pensamos o mesmo sobre essa Bianca.
-Quem é essa sem noção? – A loira perguntou balançando a cabeça.
-E bota sem noção nisso. – Ela deu os ombros indo em direção a Gizelly e ao meu filho.
Era muito estranho ver Fernanda e Bianca arrastando asa pra Gizelly, me lembrou o nosso tempo de faculdade, senti a mesma sensação de quando as meninas ficavam em cima dela. Tentei não ficar pensando nisso, afinal nós duas já não temos mais nada. Achei melhor ir buscar algo pra beber e aproveitar a festa, logo mais Deborah viria me buscar.
Me juntei a Juliette e Vih, a secretaria de Gizelly, a garota era divertida e não tirava o olho de Talles, Juliette eu rimos do péssimo gosto dela pra homens, não sei o motivo, mas eu simplesmente não simpatizo com ele, ainda tenho educação em respeito ao Márcio. A festa rolava e eu não conseguia tirar os olhos de Gizelly, Bianca não desgrudava, até mesmo Fernanda não era tão incisiva assim, pelo visto elas estavam se divertindo, pois o tempo todo elas riam de alguma coisa, revirei os olhos e voltei ao assunto com as meninas.
-Tá tudo bem, Rafa? – Juliette perguntou depois que eu bufei pela décima vez.
-Sim. – Respondi ainda olhando as duas, agora Bianca brincava com o meu filho que estava em cima da mesa. – Eu só não gosto do meu filho com qualquer um.
-Relaxa, a Bia é de boa. –Vitória respondeu sorrido. – Ela também tem um bebê, a coisinha mais fofa.
-Verdade, vi ele no instagram. – Juliette disse olhando pra mim. – Daqui uns dias Theo e ele viram amiguinhos.
-Ou irmãos, a Bia não para de falar da chefinha. – Senti minhas bochechas ficarem vermelhas com o comentário de Vitoria, só de imaginar isso meu corpo reagiu.
-Com licença meninas, já está passando da hora do Theo sair do sol. – Me levantei apressada indo até a mesa que Gizelly estava.
Não ia deixar meu filho nas mãos de qualquer uma, eu não gosto, mesmo que seja qualquer amiguinha de Gizelly.
-Gizelly? – A chamei ao chegar próximo a ela. – Acho que está na hora da mamadeira dele.
-Me desculpe Rafaella. – Ela se virou pra mim. – Eu já ia levá-lo, mas me empolguei na conversa.
-Traz a mamadeira, que ela toma aqui com a gente. – Bianca entrou na conversa mesmo sem ser chamada. – Né, meu gatinho?
-Acho melhor não, ele já tomou sol demias. – Tentava não transparecer a minha vontade de mandar Bianca calar a boca. – Vamos, filho?
Dei os braços, mas o Theo parecia não se importar, chamei novamente e ele se virou pra Bianca dando os bracinhos pra ela. Revirei os olhos pegando ele mesmo assim, ele resmungou, porém logo se calou. Até ele resolveu testar minha paciência.
Levei ele pra onde não estava batendo sol, dei a mamadeira com o leite e ele tomou tudo, meus olhos ainda estava em Gizelly, que agora dava atenção a Fernanda, as duas pareciam mais entrosada, a loira tinha um cuidado com ela, vi quando ela trouxe uma água pra Gizelly e ainda passou protetor solar na mãe do meu filho. Olhando a cena, me fez pensar que poderia ser eu ali, nós duas cuidando do nosso filho, conversando com nossos amigos, mas ela me abandonou no altar, ainda não sei o motivo, mas me abandonou.
-Oi Rafa. – Talles se aproximou com seu sorriso debochado de sempre. – Ele tá lindão, nem parece filho da estranha.
-Oi Talles. – Não respondi o comentário sobre Gizelly.
-E ai, namorando muito? – A pergunta me fez encara-lo incrédula.
-Eu já avisei que não quero você perto do meu filho. – A voz rouca de Gizelly surgiu atrás do primo. – Eu não quero que ele respire nem o mesmo ar que você
-E quem vai me impedir? – Ele gargalhou e Gizelly cerrou os punhos. – A mãe dele normal, não se importa.
-Se você não sair daqui, eu vou quebrar sua cara. – Ela foi pra cima dele, mas eu impedi.
-Gi, calma. – Pedi segurando o Theo com uma mão só. – Talles, você pode me dar licença?
-Só porque você tá pedindo com jeitinho. – Ele piscou e Gizelly tentou ir pra cima de novo. – A gente ainda não terminou isso, estranha. Quero ver você partir a minha cara.
-Não vale a pena. – Segurei o braço dela fazendo ela encarar o gesto.
-Tenho vontade de matar esse desgraçado. – Ela respirava de forma intensa.-- Me desculpe, é que eu fiquei cega com ele tão próximo ao Theo e a você.
-Ele só veio me cumprimentar. – Ela acenou com a cabeça. –Você está bem?
-Sim, vou voltar pra mesa do meu tio. – Eu ainda tinha a mão em seu braço, só me toquei quando Gizelly desfez o contato.
-Eu já estava indo até lá, mas o mocinho aqui precisa trocar a fralda. – Gizelly sorriu pro nosso filho.
-Vamos então, eu te ajudo com isso. – Concordei e saímos depois que ela pegou a bolsa do Theo.
Chegamos no espaço família que ficava ao lado do banheiro, posicionei o Theo na mesa e Gizelly pediu pra fazer a tarefa, ela parecia amar fazer aquilo e eu me sentia feliz por ela criar esses laços com meu filho. Me sentia mais leve com a proximidade dela, foram tantos meses evitando contatos, no máximo nos víamos de longe quando ela pegava o Theo com meus pais, me toquei que eu estava sendo imatura, ela e eu temos um filho e precisamos ter uma relação amigável.
-Prontinho, meu bebê tá lindo e cheiroso. – Fiquei viajando na cena que nem me toquei quando ela terminou.
-Você faz isso com tanta pratica. – Ela sorriu com meu comentário.
-Eu amo, não abro mão dessas coisas. – O Theo prestava atenção no que ela dizia como se entendesse. – São momentos assim que me deixam feliz em ter escolhido o meu filho.
Meu coração quase transbordou de alegria, os olhos dela brilhavam e eu sei que o amor que ela sente por ele é incodicional. Ficamos ali na nossa bolha, não sei explicar o sentimento, só sei que estava gostando de ter ela tão próxima.
-Vamos? – Ela chamou e saímos juntas.
-Te achei chefinha, achei que tinha ido embora sem me dar tchau. – Bianca saia do banheiro feminino.
-Viemos trocar o Theo. – Gizelly respondeu simpática e eu revirei os olhos ao lado.
-Gizelly, me dá ele aqui? – Pedi meu filho, e ela passou ele pro meu colo. – Vou pra mesa, com licença.
Me afastei deixando as duas por lá, essa Bianca sabe ser inconveniente, como pode alguém não ter noção de nada? Me livrei dos pensamentos quando Márcio me chamou pra mesa dele, onde Fernanda, Mariza e um outro homem estavam conversando.
O papo rolou animado, eu tentava participar do assunto, mas não entendia nada sobre engenharia, Fernanda e eu estávamos deslocadas no assunto então passamos a conversar sobre os gostos do Theo, no meio da conversa Gizelly se sentou ao lado de Fernanda entrando no assunto.
-Doutora Gizelly, seu filho é lindo. – Everaldo, o engenheiro disse brincando com o Theo. – Bela família você tem aqui.
O comentário fez o silêncio se instalar por alguns segundos, Marcio limpou a garganta e Gizelly me olhou sem jeito, seus olhos já não brilhavam e um nó se formou na minha garganta.
-Elas não estão juntas. – Foi Fernanda quem respondeu, fazendo o homem olhar espantado.
-Me desculpe, é que vocês duas parecem sintonizadas. – Gizelly deu um sorriso fraco.
-E a luta, Gi? – Marcio mudou de assunto bruscamente ao observar o clima tenso da mesa.
-É hoje, mas eu não me sinto preparada. – Eu sabia que Gizelly entrou na academia, mas não sabia que ela estava lutando. –Arthur insistiu para que eu fosse.
-Mas você devia ter ido. – Me endireitei na cadeira interessada no assunto. – Eu assisti seu treino, você está bem.
-Ando sentindo fisgadas nas costelas. – Ela respondeu tranquilamente me fazendo lembrar do prontuário. – Preciso me cuidar antes.
-Melhor mesmo. – Marcio respondeu e eu senti vontade de chamar ela pra conversar, mas fomos interrompidos com o organizador da festa trazendo o bolo.
Cantamos um parabéns animado, Márcio tinha um sorriso feliz ao lado do filho e da esposa, Gizelly não quis entrar no meio dele, e eu percebi que ela segurava o choro, sei que não é fácil pra ela, que a saudade aperta de vez enquando, senti penalizada e levei o Theo até ela, que abriu um sorriso beijando o cabelinho dele.
Partiram o bolos, Marcio agradeceu pela presença e já estava dando a minha hora, Deborah estaria aqui em poucos minutos, andei pela festa despedindo de alguns convidados, o Theo já deve estar cansado, quando fui pegar ele com Gizelly, vi que ela e Fernanda conversavam de uma forma mais íntima, a loira tinha as mãos no rosto de Gizelly e depois deixou um beijo em sua testa. As duas parecem estar juntas e parecem felizes. Nos despedimos indo encontrar Deborah que já estava na portaria.
-Oi meu amor! – Ela me deu um beijo rápido depois que prendi o Theo na cadeirinha. – Como foi a festa?
-Foi boa. – Respondi desanimada. – Como foi o plantão?
-Foi bom. – Ela respondeu me fazendo rir.
Seguimos pra casa sem conversar muito, meu pensamento estava longe, pensei em tudo o que eu vivi hoje, em todas as sensações que Gizelly me fez sentir, até o ciúmes. Acontece que não faz sentido isso, e agora eu preciso focar no meu futuro.
-Sabe que eu lembrei de uma coisa? – Deborah chamou minha atenção. – Você não respondeu meu pedido!
-Eu aceito! – Respondi de supetão fazendo ela abrir um enorme sorriso.
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Ciúmes???