— Ainda sem frequência cardíaca. — Era a terceira vez que eu ouvia Heyoon dizer aquilo, enquanto ajoelhada ao lado do corpo imóvel de Any ela limpava as lágrimas entre massagens cardíacas desesperadas na surfista.
Meu corpo enrijece, de modo instantâneo. Uma pontada de dor se alastra por meu peito, lesionando algo em mim o qual havia ficado em um estado de dormência quase interminável durante anos, até eu lembrar de sua existência, ali naquele momento. Levei o olhar para o rosto da garota morta ao lado de Heyoon, tão lentamente que meu espanto consegue se aprofundar mais por minhas entranhas. Ali, notei que mesmo deixando de lado todos os motivos que me chateavam em Any Gabrielly para conseguir trazê-la de volta à superfície, com um pouco de dificuldade, havia acontecido algo de errado. Havia acontecido algo muito errado.
Me desesperei, em silêncio.
Eu deveria ter custado menos do meu tempo no banho assim que terminei de malhar. Eu deveria ter pego uma rota mais curta no trajeto até aqui. Eu deveria não ter parado na floricultura em que Heyoon me pedira enquanto vínhamos até a praia, nem tê-la ajudado a carregar alguns jarros para a mala do meu carro. Eu não deveria ter ficado por horas observando plantas, opinando sobre onde cada espécie deveria ficar nos ambientes da casa de Jeong. Eu poderia ter estado aqui quando Any quis entrar no mar, eu poderia orientá-la, dizendo que como não haviam salva-vidas a este horário e as ondas estavam gigantes, ela precisaria estar segura em terra firme. Eu deveria ter sido mais rápido enquanto arrancava a minha camisa do meu corpo e corria para o mar, não deveria ter visto as ondas gigantes e lembrado dos meus traumas. Eu não deveria ter me desesperado enquanto gritava seu nome a todos os pulmões até minha garganta doer, como forma de achar em meio ao tanto de espuma sobre a água.
Eu deveria ter feito mais por ela. Eu deveria.
Mas, eu cheguei tarde. Tarde demais.
Encontrei-a em meio aos corais abaixo da água. Sua expressão tão serena me deu a vã idéia de que existia sim algum resquício de vida dentro do seu ser. Mas não. Toda a serenidade era a causa nítida de algo o qual não havia mais a mínima possibilidade de existir.
Eu tirei Any Gabrielly do fundo do oceano morta. Em meus braços, quando senti seu peso, só pensei em o quanto ela me detestaria em saber que estávamos tão próximos. E, enquanto seguia até a faixa de areia com as pernas bambas e o coração acelerado, desejei com todas as minhas forças para que ela reagisse e gritasse comigo. Eu pedi aos sussurros que Any abordasse, olhasse nos meus olhos e mandasse eu me afastar o mais rápido possível.
Aquilo, de alguma forma inexplicável arranca do meu peito algo que, de modo irreparável se transforma em uma espécie de dor, sem explicações evidentes. Talvez, os soluços de Heyoon somados ao barulho das ondas fosse uma mistura confusa, que, me fazia encarar o rosto pálido de Any Gabrielly morta no chão.
Ela estava morta.
Eu culpava os meus esforços, eles não foram o suficiente para trazer Any com vida até a faixa de areia naquela praia.
Meu peito agia rapidamente, como se existissem diversas explosões repentina ali, contidas pela caixa torácica. Enquanto eu pedia aos céus que pudessem transferir cada batida do meu coração para o seu corpo, deixando-nos em sintonia, me aproximo rápido de Any.
— Está tudo bem, está tudo bem. — Sem fôlego, afirmei para Heyoon, na vaga tentativa de me convencer daquilo.
— Faz alguma coisa! — Heyoon grita em desespero. Não tento acalmá-la, porque nem mesmo eu estava calmo naquele instante.
Eu continuava assustado, mas me ajoelhei ao lado de minha amiga. Minhas mãos estavam trêmulas, enquanto o impasse de o que realmente fazer me deixou sem escolhas.
Me inclinei até certo ponto onde eu conseguisse deixar meu rosto perto ao de Any e tapo a minha respiração por um segundo, notando num modo doloroso que de suas narinas não saia nada. Entendi que aquele era um motivo a mais na minha lista de opções, opções essas que eu usaria para para mudar aquilo. Tapei seu nariz, embora não saísse nenhum indício de oxigênio dali e, acreditei que a dor o qual eu sentia se apagaria da minha memória assim que eu a trouxesse de volta, ou tentasse até minhas forças se acabarem.
Respirei fundo, grudei minha boca na dela rápido, para que não houvesse arrependimentos. A textura de sua boca era macia, tinha o gosto salgado do oceano e meu peito treme com a sensação de seus lábios gelados contra os meus. Tive um curto tempo para imaginar como seria a sensação de tela com vida daquela forma, com os lábios grudados aos meus, por isso, depositei todo o ar dos meus pulmões até que eu visse seu peito elevar-se. Heyoon se afastou, permitindo-me tomar seu posto anterior e, mesmo com as mãos trêmulas, consegui fazer massagem cardíaca na garota imóvel.
30 massagens, inicialmente foram poucas demais. O coração dela ainda não batia. Eu encostei meu ouvido em seu peito, pus meu rosto próximo ao seu e, novamente, nada havia acontecido como um passe de mágica.
30 se tornaram 60, tendo um trajeto pausado por mais uma vez em que encostei minha boca na sua. Só me desesperei ainda mais quando notei que no final de tudo, eu me aproximava das 120 massagens.
— Por favor, Any... — Suplico num sussurro, perto de seu ouvido enquanto depositava uma carícia breve na bochecha, como se além da vida, nossas almas estivessem alinhadas e devidamente conectadas para que nós nos comunicássemos. — Você não pode ir ainda, porra!
Ouvi Heyoon soluçar, dizendo que não haviam mais chances de aquilo ter um outro rumo, a não ser, a aceitação de que Any havia partido. Ela havia partido fazendo o que amava.
Mas, eu lembrei que Any amava pintar telas em branco, admirar o céu, estar envolvida de pessoas que a amam, de aproveitar a vida da melhor forma possível. A vida de Any não acabaria ali, pois, aquela fase era como uma tela em branco, o qual eu faria de tudo para que fosse tingida até não existir um espaço vazio.
Por fim, soprando o ar para dentro de seu corpo um ultima vez, me tranquilizei apenas quando notei que um espasmo instantâneo aconteceu em uma parte determinada de seu corpo. Assustado com a reação que ela teria caso me visse ali, com a boca grudada na dela, eu me afastei rapidamente, sentando na areia como se fosse o maior vitorioso do mundo. Ouvir um suspiro aliviado de Heyoon só confirmou que aquilo havia mesmo acontecido.
Any havia retornado, tossindo toda a água presa em seu estômago para se sentar.
Eu fechei meus olhos e agradeci a quem quer que seja aquele que a trouxe de volta, de volta para mim.
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M
alibu - Dias atuais.
Eram pouco mais de 00 horas e, lembranças claras de minha noite adentravam-me o cérebro.
Eu poderia dizer que a realização de um sonho se encaixava perfeitamente no momento atual, não de modo que fosse referindo-se aos poucos a toda a minha noite perfeita com Any ou de como as formas em que ela me fez sentir vivo me deixaram completamente realizado. Sobretudo, a ideia de que eu havia encontrado um complemento para meus últimos dias me dava satisfação, semelhante a de correr milhas em um deserto e encontrar uma imensa fonte de água cristalina no meio de um local semiárido, onde não existe esperanças.
Era ótimo ter Any Gabrielly de modo carnal para mim, contudo, tê-la tão entregue ao momento após isso tinha um significado ainda maior para mim.
Eu não me movia enquanto sentia a ponta de sua caneta vagar pela extremidade da minha pele, embora sentisse alguns pontos do meu corpo sentindo cócegas e outros adormecidos pelo tempo que eu havia passado naquela mesma posição. Seu rosto era o ponto fixo dos meus olhos, fazendo as coisas em torno de nossa bolha social, além das sensações que faziam meu coração tremer parecerem tão fúteis e idiotas. Seus cabelos estavam presos em o que já foi um rabo de cavalo há minutos atrás com alguns cachos caindo para o lado oposto onde ele havia posto as madeixas sobre os ombros. Seu olhar repleto de afinco, fixava-se com toda a atenção precisa nos gestos de suas mãos e, sua respiração calma soava sincronizada com seus atos. Sentada sobre mim, essa era a forma de mantermos nosso contato naquele instante e admirar seu rosto ter um significado mais íntimo.
Eu não sentia medo de perdê-la, porque eu a tinha sob proteção, bem aqui comigo e, ouvir sua respiração me trazia paz.
Meu peito, como chamas que destroem a matéria até se tornarem cinzas, pareciam usar das brasas que, após uma drástica explosão, se espalhavam pela atmosfera para refazerem meu coração após isso e assim, ele pudesse explodir uma outra vez. A cada batida. Ter Gabrielly em segurança me deixava entregue à explosão contínua de sentimentos fortes e avassaladores, principalmente quando tudo o que eu mais queria era realmente estar ali com ela.
Acaricio a pele macia de suas coxas e gosto de sentir a região sob meu toque, o que me faz lembrar do momento que toquei a área pela primeira vez na noite passada.
O pensamento como vento soprando em brasas anteriormente em chamas, acende o calor do meu corpo quando um arrepio delimita minha espinha. Continuou a pressionar o polegar ali, até que resolvi levar minha mão para seus quadris e apertar de leve, porque, minha mente me dizia que eu precisava senti-la pela milésima vez na noite se fosse preciso.
Nem o tecido da camiseta ou o short que ela havia posto após tomarmos banho juntos não me possibilitou sentir a temperatura de sua pele, o que me fez detestar a existência de tantas camadas de roupas assim. Mas nem mesmo sentindo a temperatura ou a firmeza da sua estrutura agora me passam a mesma ideia que eu tive anteriormente, quando eu segurava-me na região, no momento em que eu ia fundo dentro dela algumas vezes durante a noite.
— Por que está me olhando assim? — Questiona a mulher mais bela do universo, esboçando um sorriso tímido.
Suas bochechas coram pela quinquagésima vez naquela noite e, eu aprecio assim como notei aquilo pela primeira vez, quando Any teve seu primeiro orgasmo naquela noite e tentava recuperar a estabilidade dos pulmões. Eram nuances diferentes, contudo, admiráveis da mesma maneira.
Sorri sem notar, ponderando nas linhas de seu rosto uma frase concreta, mesmo que em minha mente houvesse apenas um rio de pensamento confusos e fluídos demais para serem postos a ponta da língua.
— Estou vendo o quão sortudo eu sou em ter a mulher mais linda do mundo comigo — afirmo, meu tom é rouco e baixo, o que tensiona os músculos de Any. E, saber que, assim como eu respondo imediatamente aos seus toques ou ao tom de sua voz suave, gostei de notar que nesse quesito havia reciprocidade entre nós.
— Eu odeio seus elogios repentinos. — Intervém ela, soltando um risinho curto.
— Bom, eu odeio você ser alguém insanamente linda demais e jurar que não merece receber todos os elogios do mundo a qualquer instante — eu rebato.
— É. Pensando pelo lado Beauchamp da coisa, eu realmente nasci para ser adorada — Gabrielly suspira as palavras, eu me sento deixando a coluna ereta e posso sentir o cheiro de seu sabonete ainda emanar de seu corpo, mesmo nós tendo saído de um banho repleto de espuma e orgasmos há bastante tempo.
Me aproximo mais, agora abraçando-a com força. Um sorriso ladino se instala nos lábios carnudos de Any, lábios esses que são meu ponto de partida para fora de órbita, os mesmos lábios que eu transferi uma parcela da minha força interior, com pedidos sérios para que ela voltasse a usá-los mais vezes em sorrisos genuínos.
— Eu gosto muito de como me sinto segura ao seu lado, não no modo de que você me protege, até porque, eu não acho isso...
— Você não consegue me elogiar sem destilar uma crítica após fazer isso?
— Eu não ia criticar você. Estava prestes a concluir minha fala dizendo que a minha segurança vem do meu interior. Porra, eu não sei explicar. — Suas emoções e gestos vão oscilando entre tantas nuances, até que param em dúvidas nítidas.
— Perdão por julgar você — ponho um cachinho rebelde que brigava com seus cílios à medida que ela piscava atrás de sua orelha e, milagrosamente, analisar seu rosto me trás uma paz absoluta.
— Isso é a segunda coisa que você sabe fazer de melhor, aliás — conta perto dos meus lábios e, pelo sorriso pervertido que transfigura seu rosto, tenho noção que minhas próximas palavras seriam usadas contra mim a qualquer instante.
— E qual é a primeira coisa? — Sigo o fluxo tramado por Any.
— Você é um deus do orgasmo, sabia?
Selo meus lábios aos dela.
— Quanto a isso eu tenho minhas dúvidas.
— Você nunca...?
— Se me toquei? — Ela concorda com a cabeça. — Talvez...
— Já se tocou pensando em alguém, Josh?
— Quer saber se eu já bati uma pensando em você? Seja direta, Any Gabrielly.
Ela revira os olhos e me dá um tapinha de leve no ombro.
— Você é tão pervertido...
— Oh! Como se fosse eu quem levantou essa pauta. — Ela pisca algumas poucas vezes.
— Eu estou com fome, você também? — muda de assunto rapidamente. Eu preciso de quase um minuto para racionar bem minhas ideias.
— Um pouco. Comi alguns canapés naquela droga de jantar executivo que a Heyoon nos meteu.
Any sai de cima de mim, tomando o lugar vazio da cama. O calor de seu corpo era como mantra sobre as minhas ações e meus ideais e, não tê-los comigo para me lembrar a cada segundo de que ela estava ali, me fazia sentir algo semelhante a perder a alma do próprio corpo em sã consciência.
Nós havíamos trocado os lençóis da cama há pouco e, brigamos feio quando eu não soube encaixar o elástico do lençol mais fino no colchão. Por um lapso de tempo, eu parei e olhei para o rosto de Gabrielly irritada, fazendo o resto do trabalho sozinha e me perguntei como seria divino aprender a forma certa de encaixar o elástico do lençol no colchão, imaginei nós dois em uma vida a dois, onde ela facilmente se irritaria com coisas fúteis e eu a abraçaria pelas costas até que sua marra de brava se desfizesse em meus braços.
Any era exatamente tudo o que eu mais queria no mundo para ter comigo diariamente e, pensar num futuro com ela, congelou meu estômago de um modo incrivelmente bom.
— Por que veio até aqui?
— Porque eu estava preocupado — eu suspiro, lembrando que a causa maior para ter alarmado-me foi Joalin chegando sozinha no local do jantar.
A desculpa da vez foi fadiga, mas eu sabia que certamente, o motivo de Any não ter ido ao jantar foi o desânimo que a assolava na questão de não ter tido um bom desempenho no campeonato hoje, graças a minha ideia maluca de deixá-la a parte dos assuntos sérios que cercavam a equipe.
Deve ser desmotivante achar ser a causa de algum problema, viver sua vida veemente bem enquanto as cegas um turbilhão de coisas acontece e, assim que eu soube sobre a nova descoberta de Any, somei em instantâneo a nossas últimas conversas.
— Droga, todo o meu tesão me fez abrir as pernas antes de pensar que você foi um babaca comigo nos últimos dias — ela dispara, fechando os olhos em descontentamento.
Engulo seco, pois o meu pavor em levantar aquele assunto ao decorrer da noite havia tomado um formato várias vezes maior.
— Eu te devo um pedido imenso de desculpas — inicio.
Any suspira, creio que, assim como eu, toda aquela situação havia chego ao estopim, atingindo lugares elevados do cansaço.
— Eu não quero discutir com você outra vez, não quero te afastar e saber que a culpa foi minha. Então, me perdoe por ser o maior filho da puta do mundo com você — volto a falar, segurando firme sua mão bem menor que a minha.
Any leva o olhar até o meu, à medida que ponderava em seu silêncio. Não lhe cobro nada, espero que ela pense o suficiente para depois falar.
— Eu odeio ter pensado que estava sendo usada por você, assim como odeio a porra do meu coração por não fazer as coisas que eu sinto por sua pessoa sumirem. — Conta, séria e um tanto raivosa.
Eu senti vontade de rir, mas me contive. O motivo estava ali, bem diante dos meus olhos e eu não sei o motivo que me fez suspeitar de qualquer outra coisa no mundo, até mesmo dos meus próprios defeitos.
— Eu, usando você? — Ironizo.
Any confirma com a cabeça, sem titubear e eu sorrio.
— Eu não menti quando dei a entender sobre não planejar nada disso. Mas, você foi em disparada a melhor coisa que me aconteceu nos últimos anos — Digo isso olhando suas orbes incrédulas. — Eu não sei mais viver sem todo o seu jeito grotesco de reagir a mim, nem mesmo sem os seus beijos, seu cheiro, seu sorriso... Any, meu coração é completamente seu, desde o dia em que te trouxe do fundo do mar até a superfície. Eu amo a forma como as coisas se colidiram perfeitamente e o destino usou o caminho mais tortuoso e estranho para unir nós dois.
— Amor, se você tivesse noção do turbilhão que o mar dos meus sentimentos se tornou assim que eu te conheci, nunca falaria que eu te usei. Mas, eu me culpo por não ter dado indícios de um sentimento dentro de mim — respiro fundo, para continuar em seguida: — E, francamente, o mar dos meus sentimentos pode ser confuso, mas eu tenho uma certeza desde aquele fatídico dia... Eu surfaria todas as ondas complicadas que são a do amor por você, Any Gabrielly. Surfaria uma segunda ou uma terceira vez.
— Josh... — A voz dela sai trêmula.
— Eu te amo tanto que me preocupa às vezes tudo o que meu coração sente.
Ela arregala os olhos e eu engulo seco, notando o que eu falei.
— Puta merda. — Falamos juntos.
— Você acabou de se declarar para mim? Tipo, para mim mesmo? — Ela pergunta.
— Eu te amo, ma déesse. Eu te amo muito. — Eu falo, tirando um peso de quinhentos quilos das costas.
O amor é de certa forma uma liberdade, figo que arde sem se ver, matéria de surpresas e contradições, dúvidas e incertezas. Isso é o melhor de saber que ama alguém, se sentir livre, como se pudesse encostar o céu, mesmo com os pés fincados em chão firme. Eu demorei tanto para encontrar alguém que apagasse o meu passado e levasse adiante minhas metas de vida. Eu me imaginava agora, vivendo um futuro brilhante, duradouro e que com certeza seria repleto de felicidade. me via vivendo ao lado de Any, talvez até amanhã, daqui uns meses ou num para sempre e depois, quem sabe.
Uma lágrima rola por seu rosto e eu a beijo, beijo como nunca beijei antes, beijo a boca da mulher que eu amo com a mesma felicidade que me atingiu assim que a vi retornar a vida. O universo me deu um nova oportunidade de ser feliz me devolvendo Any e, eu não pensaria duas vezes antes de agarrá-la em meus braços e beijar seus lábios diversas vezes.
— Eu também amo você, capitão. Muito, muito mesmo. — Ela encosta a testa na minha.
— Ótimo, já que nós nos amamos e confessamos isso, chegamos na parte onde eu arranco toda a sua roupa e transamos loucamente em todos os locais possíveis — recebo mais um tapinha de reprovação no ombro.
— Nós fizemos isso antes. Está na cara que não somos um casal convencional. — Assume.
— Quer dizer que somos um casal? —
— Droga, eu não sei. Joshua, nós destruímos todos os paradigmas de um relação com todo o nosso trajeto confuso.
— Podemos alinhar isso depois, um passo de cada vez — digo com calma, para tentar aliviar a sua mente, que assim como a minha, poderia estar funcionando a mil por hora.
Era tão novo para mim pensar que eu e Any estávamos juntos em um momento íntimo discutindo sobre nossa relação.
— Por falar em depois, o que nós vamos fazer agora? Eu acho que nunca cheguei tão longe em algo sólido entre duas pessoas. — Comenta, com as mãos nervosas ao gesticular.
— Isso é óbvio, nós ficaremos juntos. —
— Para sempre?
— Tudo indica que sim, eu não vou te deixar partir outra vez.
— E se existir mesmo um depois do para sempre?
— Eu estarei lá, segurando a sua mão. Para sempre e depois, com você — sussurrando contra seus lábios, lhe roubo um sorriso sutil.
— Para sempre e depois com você. — Confirma Any, ao concluir nossa conversa.
Eu a deitei sobre a cama com o coração palpitando de felicidade, enchendo todo seu rosto de beijos, até que ela começa a gargalhar em histeria.
Meus esforços para ser minha melhor versão por conta dela estavam valendo a pena, afinal. Sei que, não se resolve ou se apaga uma causa do passado dessa forma e, com certeza, estarei disposto a me explicar de uma forma mais clara, sobre a minha dificuldade em me relacionar com pessoas, ou até mesmo esclarecer coisas que deixei passar batido na minha breve declaração.
Any não merecia menos que alguém que amasse cada suspiro seu, alguém que desse valor a cada batida de seu coração, alguém que entendesse o real motivo para ela viver intensamente os últimos dias. E, por ora, enquanto eu vivesse, mesmo tendo meus dias contados, eu amaria cada detalhe daquele mar repleto de turbulência.
E, ultrapassar todas as ondas do amor, seria meu sacrifício diário. Um lembrete de que eu faria tudo por ela.
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Escrevi esse capítulo entre uma colherada e outra no meu intervalo de almoço na escola, por isso ele deve estar num nível baixíssimo de uma qualidade duvidosa. Mas, ele vêm como forma de agradecimento ao Josh e a Any por me proporcionarem as melhores lembranças no mundo, mesmo achando o fatídico dia de hoje uma facada no peito.
Ao longo do tempo, WOL me proporcionou muitas descobertas, muitos aprendizados, muitas amizades que seguram firme minha mão até hoje e, é claro, você que lê. E, tudo isso graças a Beauany!!
Me sinto realizada em escrever esse momento histórico, algo que vai além dos números de leituras, votos, comentários... Eu realmente sinto que consegui chegar onde queria.
Amo isso aqui demais. Amo você que está lendo isso aqui demais, e eu te agradeço por tanto.
— beijão da taiça.