Carol
Checo à hora no celular pela décima vez, ainda faltavam duas pessoas para a reunião começar, eu sabia muito que Lucas era uma dessas, tento afastar o pensamento da mente e a outra pessoa eu não conhecia muito bem, sei que é uma garota, já a vi antes, uma garota bem simples e bolsista, claro.
Dou uma olhada na planilha na minha mão com os tópicos da reunião e do nada me pego pensando na minha conversa com a reitora Elena. Eu não a ameacei eu apenas...
- Carolina, eu sei que sua mãe é uma das nossas melhores contribuintes, sei que o anexo novo só foi construído graças às doações dela, mas não da para simplesmente colocar você a frente de um projeto desses. - Ela fala enquanto olha para mim por cima dos óculos amarelados dela.
- Reitora, eu sei que podemos chegar a um acordo.
– Carolina, tem veteranos tentando há meses conseguir ficar a frente de algo tão importante e grande, você é uma caloura isso vai levantar muitas perguntas!
– Não é por que sou caloura que isso me torna menos capaz de comandar esse projeto e reitora, eu realmente não aceito não como resposta.
Ela semicerra os olhos para mim. – Minha mãe com certeza vai ficar muito decepcionada em saber como a grande ajuda dela está sendo agradecida – Falo.
– Não se esqueça como você conseguiu entrar aqui, isso não é agradecimento suficiente? Rebate ela. Ok por essa não esperava.
- Mas não foi só uma ajuda, há anos minha família é generosa com esse campus e principalmente com senhora não é mesmo?
- Carolina, escute aqui...
A reitora se levanta da cadeira e põe as duas mãos na mesa, mas antes que ela continue a falar eu falo primeiro.
– Reitora Elena, é o seguinte, eu quero comandar esse projeto, e eu vou, não importa se eu vou precisar mover céus e terras para te tirar essa reitoria. Você sabe muito que minha família tem poder para isso. Podemos fazer isso do jeito mais difícil ou do jeito mais fácil. A escolha é sua. Sorrio.
Ela volta a se em sua mesa pega uma caneta e fica batendo levemente enquanto pensa. Eu consegui. Sei disso, a convenci, mesmo com meus blefes, jamais conseguiria se não fosse agora não iria pedir a ajuda do meu pai ou da minha avó seria vergonhoso, ainda mais que estou tentando provar para eles que sou capaz.
– Ok Caroline, você vai ser a responsável por esse projeto, mas saiba que se qualquer coisa der errado ou sair do controle eu vou me certificar que todos nesse campus saibam quem foi a responsável. Sei que a principal culpada seria eu por confiar uma coisa tão importante a alguém tão jovem e inexperiente, mas não tenha dúvida que quando souberem quem era a jovem responsável pelo projeto vão esquecer totalmente de mim e lembrar apenas de você e do seu sobrenome, pense bem nisso!
Concordo com a cabeça como confirmação e dou um leve sorriso para ela e saio da sala.
Assim que me levanto da cadeira a ouço me chamar.
- E Carolina, nunca mais ouse me ameaçar, ouviu bem?
Eu a encaro com o olhar mais duro que consigo reproduzir naquele momento, mesmo que suas palavras tenham arrepiado minha espinha.
- Então não fique no meu caminho, Elena.
- Chegaram.
Ouço Becca falar, quando olho para frente vejo Lucas e a garota entrando na sala, eles estavam juntos? Me pego fazendo várias perguntas em minha mente.
- Estão atrasados. Falo com a voz ríspida. A garota olha para o relógio no pulso dela.
– Dois minutos. Ela diz.
– O motorista estava procurando um lugar para estacionar. Lucas completa. Então eles realmente estavam juntos. De alguma forma isso me incomoda não dizer como exatamente, mas me incomoda. Dou as costas para ele e sigo para o centro da sala o ignorando completamente.
- É o seguinte, como vocês sabem, vamos organizar alguns projetos sociais, o primeiro será um projeto de danças em regiões marginalizadas e de pessoas em situação vulnerável e eu estou planejando alguns eventos para arrecadação de dinheiro e para apresentação do projeto que criaremos para os alunos e funcionários da universidade e também para toda a sociedade de Nova York. Alguma pergunta a fazer?
O garoto asiático que estava com o amigo na primeira fileira do auditório levanta mão.
- Vamos ter ajuda financeira do campus e do governo ou só doação?
- Ainda não discuti isso com a reitora, mas não precisa se preocupar com os recursos, acredito que os eventos vão ter o retorno suficiente.
- Sobre pontos na universidade, o projeto vai garantir pontos extras em alguma matéria? Vai também servir como um projeto extracurricular?
Quem pergunta agora é uma menina que estava à direita na terceira fileira.
– Vale ponto e conta como material extracurricular, mas não pode ser a única.
A reunião segue e tentamos fazer uma agenda de encontro para os próximos meses, é complicado por conta das aulas e acaba ficando um horário muitas vezes curto sobrando apenas os finais de semana com período mais longo o que é péssimo.
- Esse final de semana não consigo comparecer, tenho um compromisso. Lucas fala.
– Lucas é bom que você saiba que ISSO já é um compromisso. – rebato.
- Não é culpa minha se você não tem compromissos de verdade.
Nem Acredito o que acabei de ouvir. Olho para Lucas com um olhar matadorprestes a começar a falar, mas a menina que chegou com ele fala primeiro.
– E isso aqui não é um compromisso real para você? Ela pergunta.
– Não foi isso que eu quis dizer, claro que é, mas...
– Chega! Lucas, se você tiver com problema para conciliar sua agenda com o projeto, então é melhor você não continuar nele. Digo.
- Não! Não vai ser necessário, vou dar um jeito, estarei no primeiro evento no final de semana, se assim você desejar, chefe.
Reviro os olhos.
- Até parece, é sua responsabilidade. Nesse momento noto que estou falando demais, volto para o foco central da reunião.
– Durante essa semana o foco total será no primeiro evento para apresentar o projeto para toda a universidade.
- No que eu fui me meter?
Falo para Becca que caminha comigo pelo campus.
– Você começou super bem, qualquer um vê que você tem jeito para coisa.
Abro sorriso leve para ela.
– Não olha agora, mas tem alguém vindo em nossa direção. – Ela falando já sabendo que irei olhar, era Lucas. Viro-me pra Becca que já estava se afastando de mim, ela sabia quem era Lucas e sabia que eu o odiava. Que bela amiga.
- Oque você quer? Falo enquanto continuo a caminhar com esperança que ele não me siga, mas ele me segue. Reviro os olhos.
– Como hein? – Pergunta ele.
– Como o que? Pergunto de volta.
– Como você conseguiu ficar a frente de um projeto desse tamanho?
Eu sabia que muitas pessoas estavam se perguntando isso, a reitora me avisou que seria assim.
- Não é da sua conta Lucas.
- Essa resposta não cola para mim. Por que você está nervosa? Eu só fiz uma pergunta.
Lucas puxa o meu braço fazendo-me ficar mais próxima a ele, tão próxima que sinto seu hálito quente e vejo de perto seus olhos verdes que parecem penetrar minha alma.
- Você é muito intrometido! - Falo com a voz firme e puxo meu braço para perto de mim, não dou tempo para Lucas falar algo, rapidamente me afasto e entro no prédio dos dormitórios.
Corro direto para o meu quarto, entro fecho a porta e encosto nela, o que diabos aconteceu ali?