SOB A Proteção do Lobo

By elainevicelli3

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ESSA HISTÓRIANÃO ME PERTENCE É UMA ADAPTAÇÃO DOS PERSONAGENS 50 TONS. Anastácia cresceu na companhia dos hom... More

PRÓLOGO
personagens
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
capitulo 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31 Epílogo

Capítulo 14

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By elainevicelli3

Anastácia Stelle

Passei o restante do dia dentro do quarto. Sentia-me exausta,
física e emocionalmente, e ainda não podia acreditar em tudo o que
tinha acontecido.
Então era ele...
O cavaleiro que me salvava toda noite. Um misto de
vergonha e gratidão me preencheu. Ainda podia sentir seus braços
ao meu redor, protegendo-me com carinho. Um carinho que eu não
esperava, principalmente depois do beijo de ontem.
Um toc-toc leve chamou minha atenção.
— Posso entrar? — Ruth disse da porta.
— Sim, claro — falei, deitada em minha cama.
Ruth entrou logo em seguida, trazendo o almoço para mim. O
cheiro delicioso da comida de Judith preencheu o cômodo e meu
estômago roncou alto.
— Muito obrigada, Ruth — agradeci quando a mulher pousou
o almoço na mesinha do quarto.
— Fiquei sabendo que resolveu voltar a dançar. — Ela
pigarreou e um brilho intenso preencheu seus olhos escuros.
— Sim. — Sorri de lado com a lembrança que me trazia uma
sensação de liberdade indescritível. — Acho que no fim das contas,
não vai demorar muito para que a professora volte.
— Estou particularmente feliz com esta notícia, senhorita
Stelle. — Ela não me olhou nos olhos, mas notei o tom de voz baixo
e emocionado que Ruth, sempre tão durona, tentava esconder.
— Obrigada, Ruth, por nunca desistir de mim. — Suspirei.
— Coma tudo, senhorita e fique bem. Já é agradecimento o
suficiente. — E saiu sem voltar a me encarar. Sorri para a travessa

tampada sobre a mesa e pela primeira vez senti que começava a
ver um pouco de luz na escuridão que me cercava há três anos.
Tentei ler um livro depois que terminei o almoço, mas não
conseguia me concentrar. Bastava começar a ler para que meus
olhos se perdessem e minha mente voltasse ao exato momento em
que fui envolvida no abraço mais gostoso do mundo. Lobo tinha
cheiro de perigo, e gosto de perdição. Uma combinação que me
deixava quente a ponto de estremecer.
Abandonei o livro e fechei os olhos, desejando voltar àquele
instante, onde suas mãos firmes me envolviam como se eu
pertencesse a ele. Sua voz baixa sussurrando em meu ouvido ainda
me fazia arrepiar.
Naquela manhã ele não se importou com a etiqueta que tanto
zelava, pouco ligou para as regras que o afastavam de mim. Mal
raciocinei quando a música parou. Tudo que consegui fazer foi cair
no chão, fraca pela descarga de emoções que corria pelas minhas
veias. Minha mente estava confusa, obscura, meu coração doía
tanto que cogitei estar sofrendo um enfarto e quando imaginei que,
mais uma vez teria que lidar com aquilo sozinha, para minha
surpresa, Lobo entrou na minha dor. Ele tocou minhas feridas com
suas mãos e mesmo que ainda doessem, senti pela primeira vez
que não estava completamente sozinha com toda aquela aflição.
Soltei o ar entre os lábios, tentando ignorar o palpitar
estranho no meu peito. Um calorzinho insistente que me deixava
eufórica.
Meu celular tocou quando recebi uma mensagem. Alcancei o
aparelho e desbloqueei a tela. Comprimi os olhos quando vi que era
uma mensagem da tia Claire.
Não se esqueça que temos um jantar hoje, querida. Estou
levando um presente sensacional. Seu pai pediu a Ruth que
fizesse sua torta de maçã favorita, e a minha também :).

Sorri para o celular. Podia imaginar minha tia tentando
convencer Ruth a fazer aquela torta que, cá entre nós, era divina.
Nem conseguia me lembrar quando foi a última vez que
jantamos todos juntos. O que será que deu neles? O jantar já estava
marcado, mas torta de maçã e presentes surpresa?
Estreitei os olhos, já imaginando o que poderia ter
acontecido. A bocuda da Ruth deve ter contado a eles sobre os
episódios de terror noturno e da minha pequena ida à academia.
Ainda assim, não consegui evitar a faísca de alegria que
explodiu em meu peito. Papai estaria em casa de noite, disposto a
passar um tempo comigo. Revirei-me nos lençóis de seda e parei
olhando para o teto. Talvez fosse a chance perfeita para, quem
sabe, conseguir autorização para ir à festa de Carla no final de
semana. Aquilo seria perfeito.
O não eu já tinha, bastava agora buscar o sim.
A noite caiu e uma corrente fria se abateu sobre a casa.
Escolhi um vestido felpudo rosa claro e curto, mas bem quentinho.
Fiz alguns cachos nos cabelos e arrisquei marcar os olhos com um
sombreado preto que os destacavam. Corri até o espelho quando
terminei e gostei muito do que vi.
Estaria me enganando se dissesse que estava me arrumando
para jantar com meu pai e minha tia.
Na verdade, estava pensando nele. Ainda que soubesse que
aquilo era uma loucura.
Uma sensação estranha me incomodou quando me virei para
a porta prestes a sair e fiquei me perguntando onde estavam as tais
borboletas no estômago que sempre ouvia falar quando as
mocinhas ficavam nervosas nos livros de romance. O nervosismo
que estava sentindo mais parecia com uma dor de barriga, isso sim.
Desci as escadas olhando para todos os cantos e murchei
um pouco quando não vi Lobo por ali.

Será que aquele não era seu turno? Torci os lábios quando
percebi que talvez ele nem sequer me visse naquela noite.
Caminhei até a sala de jantar, onde uma conversa alta e
agitada acontecia. Ao que tudo indicava, eles já tinham chegado.
— Olá, minha querida! — Tia Claire me cumprimentou,
abrindo um gigantesco sorriso no rosto fino. Entrei no ambiente sem
muitas expectativas e corri até ela, jogando os braços ao redor de
seu pescoço em um abraço apertado.
— Que saudade, tia.
— Você está muito linda, filha — meu pai comentou e eu me
virei para ele.
— Obrigada, pai. É bom vê-lo depois de tanto tempo —
provoquei, sentando-me ao seu lado. Ele deu um sorriso fraco e
tocou a taça de vinho à sua frente.
— Ando trabalhando mais do que deveria e sinto muito por
isso — admitiu. — Prometo que em breve as coisas voltarão ao
normal.
— É o que espero. Mal o vejo e olha que de certa forma,
trabalhamos juntos — Claire mencionou com um largo e estonteante
sorriso.
Minha tia adquiriu parte das ações da empresa juntamente
com os novos sócios. Infelizmente uma parte ainda menor, pelo que
tinha entendido, do que o babaca do Foster possuía.
— Tia Claire, me conte, como andam as coisas no senado?
— Puxei assunto.
— Ah, querida, eu te entediaria com este assunto enfadonho.
— Brincou.
— A mim, entedia — meu pai sussurrou em minha direção e
recebeu um tapa no braço de tia Claire. Dei risada, feliz por
estarmos em família.
— Melhor que este assunto é o presente que tenho para
você. — Ela bateu palmas em frente ao rosto e levou a mão ao colo.
Só então vi uma caixinha prateada, com um pequeno laço da
mesma cor.
— Tia, não precisava. — Abri um sorriso enquanto pegava a
caixinha das suas mãos.

— Faz tempo que não te dou um presente. — Ela colocou as
mãos, que carregavam quatro anéis em cada uma, sobre a mesa.
Abri a caixinha, tomada de expectativa. Um par de brincos
reluziu assim que tirei a tampa. Eram duas pérolas, mas diferente
das que costumávamos ver por aí, elas não eram brancas ou cor de
gelo, e sim, muito pretas.
— São pérolas negras — papai disse, empolgado.
— De cada 100 pérolas produzidas na natureza, apenas uma
é preta. — Tia Claire completou, entusiasmada e só então me dei
conta da raridade dos brincos que estava segurando. — Elas são
formadas dentro da concha por camadas de Náctar...
— Nácar, querida — meu pai a corrigiu e deu um tapinha
carinhoso em sua mão sobre a mesa.
— Isto! — Rimos juntas. — Nácar.
— Estes brincos devem ter custado uma fortuna, tia. — Abri a
boca, surpresa.
— Nada que você não mereça. — Levantei-me e dei a volta
na mesa, abraçando-a com afinco.
— Muito obrigada, vou usá-los com sabedoria.
— Dizem que eles atraem positividade e energia, então, use-
os sempre — garantiu.
Passamos o restante da noite envolvidos em uma conversa
amena.
— Comprei um rancho no interior que você vai adorar,
Anastácia . — Minha tia comentou. — Um dia vou te levar lá para
conhecer e quem sabe, andar um pouco a cavalo.
— Adoraria, tia — falei super empolgada. — Nunca montei
um cavalo na vida. Seria uma experiência incrível.
— Acho que o ar do campo vai fazer muito bem a você,
querida. — Papai completou e eu sorri diante da sua calmaria. —
Soube que voltou a dançar — comentou casualmente e concordei
com a cabeça. — Fiquei extremamente feliz em saber disto, filha. —
Ele alcançou minha mão.
— Eu também, querida. — Tia Claire acariciou meu ombro.
— Chegou a hora de retomar minha rotina — comentei no
minuto em que Judith serviu a torta de maçã e percebi o quanto meu

pai parecia leve.
Talvez minha chance estivesse ali, bem debaixo do meu
nariz. Já fazia muito tempo que não encontrava meu pai de bom
humor, tinha que aproveitar a oportunidade.
— Papai, por falar em rotina, lembra da Carla? — Comecei e
notei que tanto a atenção dele, quanto a da minha tia se voltaram
para mim.
— Carla? — Ele crispou os olhos.
— Minha amiga — relembrei-o. — A de cabelos cacheados
e...
— Que sempre está envolvida em suas fugas? — Ele colocou
as mãos sobre a mesa.
— Sua memória está boa. — Tia Claire riu e notei que meu
pai segurou um sorriso. Aquilo era uma coisa boa. — O aniversário
dela está chegando e eu queria muito poder ir.
— O que está acontecendo aqui? — ele questionou sério,
inclinando-se sobre o pedaço da torta de maçã que foi servido em
seu prato. — Você está me pedindo para ir a uma festa? — Prendi a
respiração por um momento, já prevendo a negativa. — Desde
quando você me pede alguma coisa? Pular os muros está fora de
cogitação? Pensei que fosse tentar fugir. — Meu pai riu e pegou o
garfo, cutucando a torta logo em seguida. Soltei o ar, exasperada.
— As sombras que vivem atrás de mim não me permitem
sequer respirar sozinha. — Olhei para minha tia que observava a
conversa com interesse e voltei a atenção para meu pai, piscando
os cílios sem parar. Se não conseguisse convencê-lo por bem, só
me restava fazer um drama. Chorar e me jogar no chão, quem
sabe? — É uma festa importante, todos os meus amigos estarão lá
e eu sinto muito a falta deles, pai — disse sincera.
— Haverá mais festas como essas depois da fusão da
empresa e do lançamento do J.A.S, minha filha. Ainda é muito
perigoso... hum, prove a torta, Claire. Está magnífica. — Ele desviou
do assunto e enfiou mais uma garfada na boca.
— Pai... — chamei e cobri sua mão sobre a mesa com a
minha, ganhando sua atenção novamente. — Você reclama que não
respeito suas decisões, mas também não respeita as minhas.

— Filha, você sabe que...
— Eu tenho 23 anos, pai. Sou uma mulher formada e muito
inteligente. Sei que cometi alguns erros nos últimos meses e
mentiria descaradamente se dissesse que me arrependo do que fiz.
— Soltei num rompante. — Estou vivendo uma vida solitária dentro
destas paredes. Não posso ver os poucos amigos que tenho, não
posso estudar fora e mal tenho a companhia do meu próprio pai.
Então, sim, eu fugiria novamente se isso me trouxesse o pouco de
alegria, ainda que colocasse minha vida em risco. Mas estou
respeitando sua preocupação e com certeza também estou disposta
a seguir com os homens de preto no meu encalço, mas quero ir
nesta festa pai, é algo importante. E se quer que eu continue te
respeitando, preciso que faça o mesmo por mim.
Ele me encarou pensativo e fechou a mão em punho. Passou
os olhos pela mesa e torceu os lábios.
— Sabe por que me preocupo tanto, não sabe? — ele me
perguntou. — Toda vez que você sai por aquela porta eu tenho
medo de que nunca mais retorne, filha. — Sua voz diminuiu um tom
e pela primeira vez em anos, vi meu pai renunciar ao papel de
empresário durão e imbatível.
Seus olhos ganharam um tom cinza escuro sob a luz opaca
da sala e deixavam claro toda a insegurança por trás de cada uma
daquelas palavras.
— Você é minha Anastácia. Minha flor, minha joia. — Enlacei
meus dedos nos dele, emocionada por encontrar uma conexão que
não sentia há muito tempo. — Se eu te perder, perco tudo.
— Não vai me perder, pai — garanti. — O senhor não estava
se gabando por ter um Lobo no encalço da sua filha? Talvez seja a
hora de usá-lo. — Brinquei e arranquei um sorriso no rosto cheio de
vincos do meu pai.
— Ela está certa, Mason. É só uma festa e ela foi privada por
anos de ir a qualquer evento que não acontecesse entre estas
paredes. Conhecemos a Carla e, apesar de juntas elas terem
cometido uma sandice ou outra, sabemos que é uma boa garota.
Quem nunca cometeu tolices na juventude? — Minha tia saiu em
minha ajuda. — Deixe-a ir sob vigilância dos seus seguranças.

— Você está do lado de quem? — Meu pai estreitou os olhos
para ela e eu sorri, eufórica com a simples possibilidade de ele dizer
sim.
— Por favor, pai! — Choraminguei como se tivesse 10 anos
de idade.
— Não sei. De nada adiantou a equipe de segurança
quando... — Ele parou de falar e bem sabíamos a que se referia. Ao
dia da morte de Magnólia. Murchei imediatamente. Meu pai jamais
permitiria que eu me arriscasse daquela forma. Já estava quase
desistindo da ideia quando ele respirou fundo e se recostou na
cadeira.
— Talvez, haja um jeito que possa ser seguro.
— O que isso significa? — A ansiedade não me deixou ficar
calada.
— Que se... e somente se, Lobo achar viável a ideia que
tenho em mente, talvez você possa ir a tal festa. Mas sua amiga
traiçoeira também vai precisar colaborar.
Contive um grito de alegria que subiu para minha garganta e
balancei a cabeça consecutivamente.
— Tem certeza de que confia nesse Lobo? O homem parece
problema, já disse que deveria ter cuidado com ele. — Tia Claire
interveio. — Tenho ótimas indicações e podemos substituí-lo.
— Não — respondi enfática demais e recebi o olhar dos dois
sobre mim logo em seguida. — Quer dizer, ele é mesmo
insuportável. Mas meu pai demorou muito tempo para conseguir
alguém como ele. E se Lobo for garantir minha segurança na festa,
posso suportá-lo por mais um tempo.
— Anastácia  está certa. Lobo pode ser duro na queda, mas é
exatamente o que minha filha precisa, Claire. — Ah, pai... você não
faz ideia de como. — Ela precisa de alguém que saiba enfrentá-la.
Eu te amo, filha, mas você tem o gênio difícil, igualzinho ao da sua
mãe.
— E tem mesmo, mas é tão amorosa quanto. — Minha tia
completou com um sorriso maternal que me encheu de alegria.
Agora só me restava ter esperanças de que Lobo toparia
aquela pequena aventura. Meu destino estava nas mãos dele.

Lobo

Depois daquela manhã conturbada, pedi a Lyon que
assumisse meu posto na sala de vigilância e permaneci o mais
distante possível da casa. Após o impulso que tive quando vi Anastácia
chorando, percebi que estava aos poucos perdendo meu controle e
parte da minha compostura como guarda-costas naquele lugar e
aquilo era algo que eu não poderia permitir.
Vê-la dançar era impactante, excitante e porra, me fosse capaz de dançar sobre minha razão,
com aqueles saltos curtos e movimentos leves que me deixavam
louco. Não sabia o que aqueles olhos verdes tão profundos tinham,
que andavam me desestabilizando cada vez mais, mas sentia-me
disposto a lutar contra o que quer que fosse, mesmo sendo incapaz
de tirá-la dos meus pensamentos. Lugar que, pelo visto, ela
resolveu fazer morada.
Naquele momento, Anastácia  jantava com o pai e com a
senadora, que por algum motivo sempre que esbarrava comigo me
lançava um olhar que beirava o ameaçador.
Peguei-me imaginando como ela deveria estar feliz com a
presença dos dois, depois de dias sem vê-los direito enquanto
encarava um arbusto.
— Merda! — praguejei quando percebi que por mais que
tentasse esquecê-la, tudo que fazia era pensar nela.
— Espero que esse arbusto não tenha cometido nada grave
contra você. — Virei-me rápido ao ouvir a voz de Stelle  às minhas
costas. O homem me recebeu com um sorriso caloroso.
— Boa noite, Stelle . — Tentei ignorar o fato de que estava tão
focado pensando na filha dele que mal o notei se aproximando. — O
que faz aqui fora? — Olhei para a varanda clara e vazia às suas
costas.
— Preciso da sua opinião — revelou.
— Sobre?

Ouvi Stelle  explicar brevemente sobre os planos de Anastácia
de ir a uma festa da amiga e fiquei surpreso ao vê-lo cogitar a ideia.
— De acordo com ela, a casa da Carla é espaçosa, mas com
poucas entradas. Três no máximo. Há um jardim na entrada e um
estacionamento pequeno, subterrâneo. — Ponderei as hipóteses
diante do pouco que sabia.
— Preciso da planta do local para analisar os pontos de
perigo. Aparentemente é uma casa fácil de se fazer a segurança —
revelei e repousei a mão sobre a arma no coldre.
— Eu disse para Anastácia  que permitiria que ela fosse até a
festa se você conseguir garantir a segurança da minha filha naquele
lugar. Ninguém pode entrar portando nada suspeito. Armas, objetos
cortantes, nada. Você sabe qual é minha maior preocupação, mas
como já te disse, ela não. Minha filha não sabe qual foi o verdadeiro
motivo que tirou a vida de Magnólia. — Stelle  foi incisivo.
— Sim, me lembro. E concordo com o fato de poupá-la
destes detalhes. Ela só ficaria mais nervosa a cada passo que
desse fora deste lugar. É melhor que eu tenha essa preocupação,
não ela.
— Agradeço sua opinião acolhedora. — Ele sorriu
brevemente e voltou a seriedade. — Gostaria de te informar, em
absoluto sigilo, que minha noiva, Claire, deu a Anastácia  um par de
brincos de pérola negra. — Encarei-o, tentando entender em que
momento aquela informação se tornou relevante. — Entretanto, não
são brincos simples. — Ele apressou-se a dizer quando viu meu
rosto confuso. — Fazia um tempo que eu queria presenteá-la com
algo que pudesse ser rastreado, para sua própria segurança, mas
vindo de mim, ela logo desconfiaria, então pedi a Claire que
comprasse um exemplar em uma das nossas unidades, implantasse
o rastreador e a presenteasse. Vou garantir que Anastácia  o use em
todos os momentos, principalmente nesta festa. — Olhei para o
homem, pensativo, cogitando as probabilidades. — Também
teremos que contar com a ajuda da aniversariante, mas de acordo
com minha filha, ela fará o que for necessário. Você acha que
consegue garantir a segurança dela diante tudo isso?

Então aquele passeio estava exclusivamente dependendo da
minha autorização. Uma chama intensa reverberou em minha
mente, imaginando o quanto Anastácia  ficaria irritada se eu negasse
sua saída. Talvez aquela fosse a vingança perfeita para ficarmos
quites.
Sim, eu poderia simplesmente dizer não e mantê-la ali,
segura e irritada. Porém, mais do que furiosa, ela ficaria muito triste
e aquilo eu não queria de jeito nenhum. Teria que analisar as nossas
possibilidades e se houvesse alguma chance de levá-la em
segurança, eu o faria.
Ao que tudo indicava, com o passar dos anos eu acabei me
tornando um enfadonho sentimentalista.
— Posso garantir a segurança da senhorita Stelle , é um fato,
e seria capaz de fazê-lo, mesmo em ambientes desconhecidos —
garanti em uma voz robótica. — Mas preciso considerar o agravante
que temos nesta situação. — O homem endireitou a coluna num
piscar de olhos.
— Sim!
— Primeiramente, preciso que Anastácia  não conte a
absolutamente ninguém que pretende comparecer a esta festa —
comecei. — Quanto menos pessoas souberem, menos as chances
de sua presença chegar ao ouvido de quem estamos tentando
evitar. — Stelle  balançou a cabeça energicamente, concordando. —
Depois, contrate meia dúzia de seguranças a mais com a Holder
Security. Peça três homens e três mulheres. Não há vagas, mas
diga ao meu pai que foi um direcionamento meu e ele conseguirá
bons homens — ditei e levei a mão a maxilar, desenhando a barba
com os dedos e pensando nos detalhes. — Solicite também todo o
material de identificação de metal. Todas as saídas serão barradas,
usaremos apenas uma das três entradas da casa, por ali os
convidados deverão entrar e sair. Também revistaremos cada um
deles minuciosamente. A senhorita Stelle  estará proibida de ingerir
qualquer tipo de bebida diferente da que ela levar e que será servida
por um de nós. Manterei um atirador nas proximidades por garantia
e todos da equipe também deverão estar presentes, dentro da casa,
escoltando-a. Eu cobrirei a senhorita Stelle  de perto e garantirei que

nenhum estranho se aproxime dela, principalmente portando algo
que possa feri-la de alguma forma. Isso é tudo. Desta maneira,
conseguiremos ir à festa.
— Santo Deus do céu! — Stelle  soltou o ar, exasperado —
Tudo isso... — Ele sorriu, afetado e satisfeito. — Sabia que você era
eficiente. Obrigado, direi à Anastácia  que ela poderá ir à festa e vou
providenciar tudo que pediu. — Ele se virou, prestes a ir embora.
— Se me permite perguntar, Stelle. — Interrompi o homem
que se virou para mim sorridente. — Por que resolveu autorizar algo
deste tipo? Sei que sou capaz de protegê-la, mas diante de tudo
que está acontecendo, o que mudou?
— Estamos travando uma guerra, Lobo. Alguém está
tentando destruir minha família. Preciso que Anastácia  lute ao meu
lado e para isto, tenho que confiar nela e em você. — Meneou um
aceno pouco antes de sumir dentro da mansão, murmurando algo
sobre estar ansioso para contar a ela a novidade.
Voltei ao meu posto e comecei a traçar algumas rotas e
estratégias que poderiam ser úteis naquela operação quando
passos leves chamaram minha atenção, quase uma hora depois.
Virei-me para ver quem era e me surpreendi ao encontrar os
grandes olhos de Anastácia , verdes como uma joia preciosa. Eles
ficavam maiores e ainda mais vivos quando marcados pela
maquiagem preta que ela usava.
— Oi. — Timidamente, ela deu um passo em minha direção,
depois um outro. À medida que se aproximava ficava impossível não
a admirar.
Como alguém poderia se parecer tanto com um ser celestial?
O pensamento me veio à mente assim que coloquei os olhos
nela, vestida com uma roupa cheia de pelinhos rosa, como a maioria
das coisas que ela usava e, diferente das outras vezes que a
encontrei, Anastácia  estava irradiando uma felicidade que chegou a
atingir meu peito. Cada detalhe, da boca carnuda e desenhada que
criava um arco gracioso no centro, até o nariz empinado e rebelde...
a voz macia como sua pele. Tudo era perfeito.
— Senhorita Stelle . — Meus olhos desceram pelo rosto
delicado até pousar nos lábios chamativos e que me faziam pulsar

de desejo e me amaldiçoar ao mesmo tempo.
— Só queria agradecer pelo que disse ao meu pai. — Ela
uniu as mãos em frente ao corpo. — Se não fosse por você, não
teria a autorização dele para ir à festa da Carla.
Ela deu mais um passo tímido em minha direção. Havia tanta
coisa não dita pairando entre nossos olhares. O beijo repentino na
cozinha, o abraço quente e delicioso na academia de dança, a
vontade louca que sentia de agarrá-la bem ali, pouco me fodendo
com quem estivesse olhando.
— Não me agradeça. — Tentei soar o mais sério possível. —
Vou precisar da sua cooperação para que tudo dê certo, e claro, da
colaboração da aniversariante.
— Terá tudo que quiser. — Seus olhos repousaram em minha
boca e ela mordeu os lábios sutilmente, fazendo um incomodo
quente como o inferno se espalhar pelo meu corpo.
Anastácia  passou as mãos nos cabelos muito lisos e uma parte
escorreu para seu rosto. Quando me dei conta, já tinha levado os
dedos até a mecha macia e muito loira. Acomodei-a com cuidado
atrás da orelha e só então vi o brinco de pérola negra que Stelle
mencionou.
— É um brinco muito lindo. Combina com você. — Minha voz
surgiu baixa demais.
— Está dizendo que sou linda?
— Como se não soubesse.
— Ao menos nunca o ouvi dizer. Isto já é uma vitória.
— Para qual luta? — Ela deu um passo a mais em minha
direção. A mão repousou suavemente em meu peito. Desci os olhos
para os seus, controlando-me ao máximo para não tomar sua boca
ali mesmo, e quando Anastácia  abriu os lábios, tive a sensação de que
metade do meu mundo desabou em suas palavras.
— A que pode me fazer beijá-lo outra vez sem que fuja logo
depois. Quero poder senti-lo e por algum motivo penso que deseja o
mesmo. — Sua mão subiu mais, meu coração acelerado retumbava
contra o peito. — É esta guerra que quero ganhar, contra o que o
afasta de mim.

Segurei seu pulso com cautela e afaguei o interior da sua
palma com meu polegar enquanto nossos olhos trocavam faíscas
em um clima extremamente excitante.
— É melhor manter suas mãos leves longe de mim, Cristal —
provoquei, ciente de que ela não gostava nem um pouco do apelido.
— Posso acabar considerando sua ideia. — Ela estremeceu diante
do comentário e todo o seu rosto enrubesceu, assumindo um tom
vermelho delicioso.
— É-é exatamente isso que quero — gaguejou, confusa.
— Tem certeza? — Apertei mais seu punho, cercando-o com
minha mão. A imagem daquela mulher embaixo de mim, gemendo
meu nome até se perder, preencheu minha mente e tive que conter
o impulso violento de puxá-la para mim.
— Tenho sim — sussurrou e soltei seu pulso, antes que não
conseguisse mais fazê-lo.
— É melhor não brincar comigo, senhorita Stelle  — alertei. —
Sou um homem impaciente, como já deve ter notado. — Ela me
encarava com uma expressão estranha presa ao rosto, como se um
novo brinquedo estivesse bem diante dos seus olhos, mas ela não
sabia ao certo como brincar com ele. — É melhor entrar, eles devem
estar te esperando lá dentro.
— Sim, é verdade — disse e se virou para a mansão. —
Ainda torço para que um dia me chame de Anastácia . — Ela não se
virou para me encarar. — Gosto como meu nome soa em sua boca
— revelou e uma energia pragmática me sondou.
Ela não sabia... nem sequer fazia ideia de que seu nome
sondava meu subconsciente por cada maldito segundo do dia, unido
à vontade avassaladora de beijá-la a noite toda, dizendo aquele
nome lindo ao menos um milhão de vezes.
Mas aquele desejo desenfreado estava longe do meu alcance
tanto quanto o pequeno anjo que estava parado bem à minha frente.
— Boa noite, senhorita Stelle!
— Boa noite, Lobinho... — Touché.
Anastácia  desapareceu dentro de casa logo em seguida.

Continua...

Gente votem comentem para eu saber se vcs estão gostando da história.

Beijos.

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