"Foi adicionado na equação do caos que está envolvendo as duas Coreias, um tsunami. Que está indo em direção às cidades litorâneas, não sabemos o que está causando tanta catástrofe. O exército irá evacuar a cidade em 45 minutos. As pessoas que estão em albergues serão levados primeiro. Crianças, mulheres e idosos, terão preferências.
Temos como guia o Capitão Kim. Ele estará liderando seu batalhão para o lado sul da cidade de Seul. Pedimos ordem e respeito. Estamos em estado de emergência.
Aqui é o jornal coreano da manhã. Que todos os Deuses nos protejam!"
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Horas antes!
(Ponto de vista, Taehyung.)
"ALERTA TSUNAMI!"
De repente o mundo ficou em câmera lenta. Os barulhos altos estavam abafados e eu sentia minha cabeça pesar. Estava me sentindo tonto, não sabia o que fazer.
Olhei para o lado vendo Namjoon e Jimin com olhares apavorados se segurando na mesa de ferro da minha sala e se protegendo dos móveis que rodavam para lá e para cá. Eu precisava agir, precisava fazer alguma coisa, ou todo mundo morreria. Alto e ensurdecedor o alarme soou. Alto o suficiente para a cidade inteira ouvir.
Então, as coisas ficaram calmas e em puro silêncio, tão quieto e assustador. Aos poucos o mundo voltou a sua velocidade normal em minha visão embalada pelo medo. Engoli em seco, sentindo todos os músculos do meu corpo completamente tensos e doloridos.
—Tae... Taehyung, vamos! Temos que ir. CAPITÃO!
Pisquei atordoado com os chacoalhões e encarei Namjoon na minha frente. Ele tinha um semblante assustado e um corte no supercílio, que sangrava um pouco.
Sai do meu estado de torpor e pânico, finalmente me dando conta que sou o capitão e eles precisam de minhas ordens para agirem. Levantei do chão e um pouco perdido, caminhei até a porta do escritório vendo o caos que o campo do exército se tornou.
— PREPAREM OS CAMINHÕES! RÁPIDO, NÃO TEMOS TEMPO. QUERO SETE AVIÕES DE CARGA, ABASTECIDOS. CINQUENTA CAMINHÕES GRANDES E OITO CAMINHÕES BLINDADOS.
Logo todo o meu batalhão, sendo 100 homens, estavam correndo para seguir o que lhes foram mandado fazer. Corri para um caminhão, não tardando em ligá-lo para aquecer e então começar a abastecê-lo. Checando os pneus e condições de locomotiva. Caberia no máximo 30 pessoas ali dentro. Com cinquenta caminhões e pelo menos dois aviões, daria conta de evacuar o lado sul inteiro.
Enquanto o combustível entrava no tanque, avistei o capitão Min.
Corri até ele.
— Vou cobrir o lado sul da cidade. — Informei ao Min.
— Vou ficar com o leste. — Respondeu. Antes que eu pudesse dar as costas, Yoongi segurou meu braço.
— Cuide dele, não o perca de vista.
— Jamais!
Assentimos em um acordo não dito e então nos separamos novamente. Sobre quem eu não deveria perder de vista. Jimin, meu melhor amigo e irmão adotivo mais novo de Yoongi. Em hipótese alguma eu deixaria meu baixinho preferido em risco de vida.
— Capitão! — O soldado Chen, bateu continência em respeito a mim - dois dos sete aviões pedidos, não será possível voar. Motores comprometidos pelo tempo não usado.
— Garanta pelo menos três deles. Teremos que levar mantimentos e armamento.
— Sim, senhor! — Chen bateu continência e saiu correndo em direção aos aviões.
— Capitão Kim, detalhes da situação — exigiu o Major Choi.
— Vou cobrir a área do sul, o Min irá cobrir o leste. Não sei como estão as outras áreas. Estou com cinquenta caminhões cargas, oito blindados e três aviões, também de cargas. - Disse tudo, sem parar de checar os detalhes do caminhão. Enrolei uma corda grossa e joguei dentro do automóvel grande.
— Vou ver sobre o norte e oeste.
Assenti em concordância. Depois de ter checado todas as condições do caminhão, entrei nele dando partida, para preparar a fila que seria e a ordem.
— QUERO OS OITO TENENTES DESSE BATALHÃO EM COMUM ACORDO. SERÃO COMO O CHEFES DE CADA GRUPO SEPARADOS POR MIM. TEREMOS QUE COBRIR A MAIOR PARTE DO SUL, POSSÍVEL. TENENTE KIM NAMJOON, SOLDADOS PARK JIMIN, KIM MINSOO, PARK BOGUM, PARK SEOJOON E PARK HYUNGSIK, SERÃO DA MINHA EQUIPE.
Disse em volta alta para que o grupo de 100 homens ouvissem bem. Separei os outros grupos, determinando quantos caminhões eles levariam e qual área seria de cada responsabilidade. Sempre deixando claro a preferência, em crianças, mulheres e idosos. E caso a parte se houvesse feridos e se fosse feridas fatais ou quase. Caso contrário não seria prioridade por enquanto. Mas todos seriam salvos.
Os primeiros caminhões seriam em especial para crianças e mulheres.
Eu e minha equipe de seis pessoas, ficamos responsáveis por passar nos albergues improvisados pela presidência e policiais. Cada um com um caminhão. Quando finalmente me pus a dirigir em direção ao primeiro albergue, meu peito se apertou. Quando menos percebi as lágrimas desceram com força. Eu não tinha a mínima ideia de qual albergue minhas mães estavam.
Eu estava morrendo de preocupação com elas, se estavam bem, se estavam feridas e assustadas. Eu só queria estar com elas e abraçá-las. Mas não era justo, eu precisava ajudar todos, afinal essa é minha função como capitão do exército. Proteger aqueles que não podem se proteger sozinho.
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"Hora que o alarme soou na cidade!"
(Ponto de vista, Jungkook.)
Me agarrei a Hyun. Eu estava tremendo de medo, por mim, pelo meu filho e pela quantidade de pessoas que já estavam desabrigadas.
Quando os terremotos começaram, tudo começou a desabar em cima de nós. As lojas do segundo e terceiro andar do shopping tiveram seus vidros estourados. As duas mulheres na minha frente, choravam e rezavam enquanto abraçadas. Elas se machucaram feio quando um pedaço do vidro do teto caiu. Os estilhaços foram diretos para as pernas delas, que agora sangravam. Hyun chorava, desesperado. Eu não conseguia acalmar meu filhotinho e isso estava me matando.
— Shhh, tá tudo bem, meu amor, tá tudo bem. Papai está aqui.
— Papai... - ele chorava sentido e assustado. Isso era mais doloroso do que os vidros que caíram nas minhas costas. Fui o escudo de proteção a ele, então todos os vidros caíram em minhas costas, pernas e braços. Graças a isso, Hyun não se machucou. Então tudo bem me machucar um pouco.
O barulho alto da chuva, as coisas caindo por toda parte e então o alarme alto e apavorante soou.
!ALERTA TSUNAMI!
Alguns minutos depois, tudo ficou em perfeito silêncio. Terremoto, chuva, ou coisas caindo, parou. Tudo parou.
Não demorou muito para as pessoas começarem a gritar e correr para todos os lados ao perceberem o que estava acontecendo.
— PAPAI!?
Ouvi o grito de Hyun e foi aí que percebi que algumas pessoas que passaram correndo por nós, acabaram nos derrubando e nos separando. Levantei com aflição procurando meu filho. O encontrei no colo de Kim Somin. Ele gritava assustado e me chamava, seus olhinhos vermelhos pelo choro e o rosto banhado de lágrimas.
Suspirei aliviado, mas não segurei o pranto de choro em puro pavor. Corri até os três, peguei Hyunjun nos braços o apertando contra meu corpo.
— Vamos ficar juntos — disse Hyuna.
— Logo o exército aparece. Meu filho logo estará conosco. E então iremos sair daqui — acrescentou Somin e Hyuna concordou.
Eu assenti. Nos esprememos contra um sofá, que serviu de proteção contra o pânico de centenas de pessoas, presas em um único shopping, caindo aos pedaços.
De fato, não demorou muito para que uma voz grave e potente soasse nos altos falantes do prédio.
"Aqui é o capitão Kim, somos do exército coreano e estamos com caminhões do lado de fora. Pedimos que crianças, mulheres e idosos tenham preferências. Estamos armados e não toleramos falta de respeito e tumultos. Quero ordem ou usaremos a força. Se forem respeitosos, todos serão salvos."
O capitão concluiu e eu entrei em desespero.
— Nosso menino — as mulheres sorriram orgulhosas.
Mas eu estava tremendo muito. Eu não podia me separar do Hyun. Não... não. Comecei a chorar e o apertar contra mim, sem saber o que fazer... ele chorava, confuso com tudo isso, implorava para sair dali e o barulho parasse, ele queria ir para casa, eu também queria ir para casa. Mas nessa altura do campeonato, duvido muito que tenha algo da nossa casa inteiro. Eu não conseguia fazer nada para acalmá-lo, só o abraçar forte contra mim e o beijar.
Quando pensei em começar a andar em direção a saída, outra onda de terremoto começou e então o alarme novamente. Senti todo o meu corpo gelar ao ouvir a voz de uma mulher soar, em alto e bom som para toda a cidade.
"Alerta vermelho!
Alerta Tsunami!
Um tsunami a 500 mil quilômetros da capital de Seul.
O exército coreano, junto ao governo, está evacuando as urbes. Por favor, dirijam-se ao centro de Seul.
Lembrem-se, crianças, mulheres e idosos têm preferências.
O capitão Kim pede ordem e respeito.
Repito, Seul está em estado de emergência!"
E a ordem e respeito foram para o caco. O caos se instalou no shopping e o pânico, pavor, desespero, era só isso que se via.
As pessoas choravam e gritavam em completo pânico. Juntando tudo isso, ainda havia o terremoto que estava aumentando a frequência, e novamente a voz grave soou.
"Temos 45 minutos antes do tsunami alcançar a cidade, se não haver ordem e respeito, não haverá sobreviventes."
— VAMOS! — Gritou Hyuna.
Começamos a correr da forma que dava por causa dos tremores fortes, até que paramos.
Um pedaço do teto caiu, dessa vez com ferragens, prendendo Somin no meio delas, uma perna esmagada pelo cimento da parede. Hyuna gritou em pavor e eu apertei Hyunjun contra mim. Estava confuso entre continuar correndo para nos salvar ou ajudá-las.
— VOCÊ TEM QUE IR HYUNA, VAI LOGO! SAIA DAQUI. — Gritou Somin, com o rosto banhado em lágrimas.
— Eu nunca te deixaria, meu amor, nunca! — Encostou a testa na da esposa.
— Nosso TaeTae, Hy... ele vai ficar sozinho — as duas mulheres choravam e se abraçavam do jeito que dava. Dei um passo para continuar meu caminho.
Parei.
Não consegui.
— Vai Hyuna, leva o Hyun. Eu tiro ela daqui, logo estaremos atrás de vocês. — Entreguei meu filho em seus braços. Chorei, e me esforcei muito para não gritar de dor, ao ver meu menino em pânico.
Vi Hyuna correr com meu filho dos braços e Hyun gritando.
— PAPAI! PAPAI! VEM PAPAI! 'PU FAVO, PAPAI! MEU PAPAI!
As mãozinhas dele me chamando me quebraram. Suspirei quando perdi ele de vista no meio da multidão. Olhei para Somin e assenti determinado.
— Vamos lá. Está sentindo alguma dor?
— Nas pernas — gemeu de dor.
— Vou tentar levantar isso, você consegue me ajudar? — Ela assentiu em meio ao choro. Eu também estava chorando. Por muitos motivos. Os tremores aumentaram e eu finalmente tirei o bloco de cimento de cima da perna dela. Não parecia quebrada, apesar de inchada e roxa. Tirei os ferros com dificuldade de cima dela. Fazendo uma força que eu não tinha.
— Vamos! — Gritei.
Começamos a correr, e eu sorri quando finalmente avistei a porta de longe, estávamos muito longe ainda. Mas se corrermos bastante, nós conseguimos. Em alguns minutos estarei com Hyun nos braços e tudo isso será apenas um pesadelo do passado. Meu sorriso aumentou e de repente, tudo parou...
E dor, muita dor...
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Taehyung e os outros seis homens de sua equipe. Estavam dando conta das pessoas desorientadas e apavoradas. Ele queria que tudo terminasse logo. O capitão Kim, só queria abraçar suas mães e suspirar aliviado por finalmente ter finalizado esse pesadelo. Olhou em volta e nada delas ainda. Já estavam no último albergue, sua preocupação aumentava a cada minuto.
— 35 minutos, capitão!
Taehyung assentiu e estava pronto para dar as ordem e partirem. Quando sentiu sua perna ser agarrada. Olhou para baixo e viu um menininho. Uma criança, que chorava em desespero.
— 'Pu favo! é meu papai, salva meu papai, ele é tudo o que eu tenho 'senho, salva meu papai, 'pu favo!
Taehyung olhou em volta e viu Hyuna correndo em sua direção, suspirou meio aliviado.
—Tae, é o pai dele. Ficou para ajudar Somin. Filho, o que pode ser feito?
— O que houve com a mamãe? — Perguntou aflito e pegou Hyun no colo.
— Caiu umas barras de ferro nela, ele ficou para ajudá-la.
Taehyung engoliu em seco e viu o quanto Hyun estava em pânico e tremia nos seus braços.
O garotinho era pequeno, mas era esperto, sabia que homens como aquele homem que o segurava - e secava suas lágrimas - vestiam verde, eram homens que protegiam. Sabia que ele salvaria seu papai.
— Eu vou entrar, tenente, se eu não voltar em 25 minutos, vocês devem ir sem mim.
— Mas capitão... Tae! — Choramingou preocupado.
— Sem mas. Isso é uma ordem! — Ordenou sério, com a voz potente do capitão que era. — 25 minutos e então devem partir. Estará no comando até eu voltar.
Bateu no ombro do melhor amigo e sorriu para tranquilizá-lo, apesar de estar morrendo de medo.
— Seja um bom capitão na minha ausência, tenente e cuide daquele ali — apontou na direção de Jimin. Que auxiliava alguns idosos a entrar no caminhão. Namjoon negou incrédulo — Também cuide desse garotão valente — Entregou Hyunjun ao Kim. — Se cuide irmão.
Caminhou até Hyuna e a abraçou.
— Já já eu volto.
Antes mesmo de separar o abraço, viu Somin correndo na direção dos dois, ela mancava, mas parecia bem.
— É o Jungkook, ele ficou para trás. Uma placa de metal e muitas ferragens caíram em cima dele, corri o máximo que pude. Ele me salvou, não pode morrer, ele não pode deixar o Hyun...
Abraçou o filho e a esposa enquanto chorava de desespero e dor.
Taehyung se afastou das duas, deixando um beijo na testa de ambas. Elas sabiam exatamente o que ele iria fazer, mas não podiam impedir. Ele era assim e o amavam demais.
— Amo vocês!