POV JADE PICON
Passamos uns minutos ali, comemorando, em nossa bolha. Gustavo, PA e Scooby também se aproximaram para parabenizar nosso amigo.
— Galera, agora vamos focar aqui! Já estamos invadindo a programação do jornal — Tadeu disse, fazendo todos se separarem.
Fomos nos ajeitando atrás da marca branca que passava pelo gramado. Eu estava abraçada com Bárbara e Brunna, nossa felicidade estava estampada em nossas caras.
— Rodrigo, meu líder! Preciso que você vá até à despensa e pegue a caixinha roxa com as pulseiras do VIP, além, claro, do seu colar.
Rodrigo foi e voltou correndo. O rapaz posicionou a caixinha no pedestal no meio do gramado, virado para nós. Colocou o colar do líder, que tinha a chave do quarto junto, e abriu a caixinha.
— Rodrigo, é o seguinte: temos 12 pulseiras. Uma, claro, é sua. Agora preciso que você dê as outras 11 para qualquer pessoa que está na casa, certo?
Rodrigo suspirou, de certa forma aliviado. Ele pegou todas as pulseiras e foi andando pelo gramado, na ordem.
— Eu vou dar as pulseiras para as pessoas de quem estou mais próximo, então vamos lá! Ironia ou não, todos do nosso quarto — ele disse, fazendo todos rirem — Bárbara, Jade, Brunna, Larissa, Eli, Eslô, Maria, Vinny, Lívia, Otávio e Laís.
Todos bateram palma. Nós, do quarto rosa, fizemos uma reverência, brincando com a situação. Arthur, Naiara, Tiago e Natália pareceram ser os únicos não tão contentes com a situação, logo se retiraram.
A produção pediu para que todos entrassem, e assim fizemos. Fomos para o quarto comemorar com ele, dançando e pulando.
— Gente, quero muito conversar com vocês antes de o quarto abrir!
Nós concordamos e nos sentamos, cada um em seu devido lugar. Me sentei ao lado de Lívia. Otávio estava do seu outro lado. Ela abraçou nós dois pelos ombros e nos puxou para ela.
Deitei meu rosto em seu ombro e passei os braços por sua cintura. Otávio apenas sorriu, olhando para nós, e começou a acariciar meus cabelos.
— Eu dei essas pulseiras pra galera aqui do quarto porque acredito que possamos ser um time! Todo mundo aqui se deu superbem e eu acho que temos esse diferencial em relação aos outros. O outro quarto já tem sub-grupos montados, então seríamos a maioria se jogássemos juntos. O que vocês acham?
Todos concordaram de primeira e, claro, eu não agiria diferente. Rodrigo apenas sorriu. Acho que ele não imaginava que seria tão fácil assim.
— Eu li no manual que além de mim, três pessoas podem subir comigo e dormir por lá. Primeiro eu vou levar Eli, Eslô e Laís, ok? — todos concordaram, eles eram os mais próximos do rapaz — E depois vamos montando outros grupinhos para ir conhecer o quarto. Acho que eles três subindo para dormir lá fica até melhor. Lívia e Jade podem dormir na cama de casal essa semana e o Otávio dorme na cama de solteiro que é o Eli.
Até me empolguei depois dessa. Jamais relutaria à ideia de dormir nessa cama de casal, até porque minhas costas estavam me matando no primeiro dia dormindo no chão.
Ouvimos o sinal sonoro que indicava que o quarto havia sido aberto. Os quatro correram para o segundo andar da casa, enquanto nós fomos para a sala esperar a transmissão começar. Eles nos mostrariam a reação dele entrando no quarto e as fotos de sua família.
Não demorou muito para que o grande telão nos mostrasse a imagem do quarto em tons de azul. Rodrigo estava ajoelhado, chorando com as fotos de sua família nas mãos.
Minhas lágrimas começaram a escorrer involuntariamente por minha face. Eu sentia falta da minha família. Principalmente do meu irmão. Do outro lado do sofá, Lívia também não estava muito diferente. Só não haviam lágrimas, era um olhar de tristeza. Eu sabia o por quê daquilo, e isso partia o meu coração.
Meus devaneios foram interrompidos por Bárbara, que se preocupou em limpar minhas lágrimas. Do outro lado, novamente, Maria abraçava Lívia. Bárbara percebeu para onde eu olhava e deu um sorrisinho sem graça, cúmplice. Ela chegou perto dos meu ouvido e falou:
— Se eu fosse você, ficava esperta! Tem gente de olho no teu ouro, Jadoca.
Bárbara deu uma piscadinha antes de se levantar e ir até Vinny, que também estava emocionado. Otávio e Brunna estavam sorrindo com a cena, mas logo vieram me abraçar também.
— Gente, vamos comer bem por uma semana! Tirem essas caras de tristeza e limpem essas lágrimas, titio Otávio vai fazer um lanche bem gostoso para todos vocês — o menino disse, arrancando sorrisos de todos — Lívia, bora reagir, princesa! — ele disse mais alto, puxando a garota do sofá.
Ela apenas riu e abraçou o amigo. Eles foram grudados até a cozinha e nós os seguimos.
— Jade e Bárbara, o chef vai preparar um lanche vegano para vocês. Tudo bem, madames?
Eu e Bárbara gargalhamos, mas concordamos. Me sentei entre Lívia e Brunna. Bárbara sentou do outro lado, junto com Larissa, Maria e Vinny.
Lívia ainda tinha um sorrisinho triste no rosto. Eu já sabia o motivo, mas não queria falar na frente dos outros. Uns cinco minutos depois de chegarmos à cozinha, ela disse que ia ao banheiro e não voltou mais. Eu já estava ficando ansiosa com sua ausência repentina, mas não queria levantar.
— Ei, Jade! — era Maria me chamando.
— Oi!
— Vai atrás da sua garota, por favor! Ela tá demorando e eu sei que você tá preocupada — ela disse, eu apenas franzi o cenho — Se você não for, eu vou. O que prefere?
— Isso é um desafio?
— Entenda como quiser! — ela disse, ameaçando levantar da cadeira.
Eu fui mais rápida. Levantei rapidamente, tirando gargalhadas dos outros que estavam por ali.
— E ela não é a minha garota! —Eu disse antes de sumir pelo corredor.
Passando pela sala, vi Natália, Douglas, Lina e Tiago conversando. Mandei um beijo para eles e saí em direção ao quarto.
Assim que abri a porta, vi um corpo encolhido, embrulhado pelo edredom, na cama de casal. Eu podia escutar soluços baixinhos. Me aproximei e sentei na cama.
— Ei, Alvarez!
— Me deixa sozinha um pouquinho, Jade, por favor!
Eu nada disse, apenas me aproximei mais. Deitei de lado, próxima, e comecei a acariciar o que presumi ser suas costas.
— Eu não vou sair de perto quando você mais precisar de mim.
Ela se virou e eu pude ver seus olhos vermelhos de tanto chorar. Era uma cena de partir o coração. Cheguei mais perto e deixei um beijo em sua testa, antes de limpar suas lágrimas com minha própria mão.
— Eu tenho certeza que a pequena ainda vai se orgulhar muito de você, sabia? Se é isso que tá te preocupando, pense que ela está sendo muito bem cuidada. Eu tenho certeza disso! — eu disse, começando a fazer um cafuné na garota mais velha.
— Só você sabe dela aqui dentro. Por favor, não conte para os outros. Não ainda, ok? — ela respondeu, me olhando. Eu fiz um sinal de assentimento e ela suspirou aliviada. Eu sorri e abri os braços, em claro sinal para ela se aproximar. E ela o fez.
Ela deitou sua cabeça em meu pescoço e me abraçou. Ficamos ali por um bom tempo. Senti seus lábios deixando um beijo estalado no local e me arrepiei. Sei que ela sentiu, pois logo soltou uma risada tímida.
Antes de se separar de mim, levantou a cabeça e me deu um beijo na bochecha. Eu apenas sorri.
— Você sabe que a Maya te adorou, né? E olha que ela nem entende as coisas ainda! — Lívia disse, se ajeitando na cama.
— Eu também adorei a pequena, é um bebê adorável! Inclusive, ela parece muito com você.
— Vou levar isso como um elogio, porque ela é o bebê mais lindo que eu já vi na vida! — ela respondeu, rindo.
— Você me entendeu bem então!
Vi suas bochechas ficarem rosadas rapidamente. Ela levantou e foi até sua mala, pegando três fotos polaroid. Ela se sentou na cama e me mostrou.
Na primeira, ela estava com seus pais e seu irmão, no que parecia ser um dia de Natal. Na segunda, ela segurava Maya em seu colo. A terceira foto mostrava a imagem da bebê com seu primo, Conrado, que, por acaso, é meu amigo.
— Você lembra desse dia? — Ela perguntou, apontando para a última foto.
— Sim, foi um dos melhores dias da minha vida! Aquela festa foi perfeita, e minhas companhias também.
Ela sorriu, largamente, e deixou as fotos debaixo de seu travesseiro, antes dando um beijo em cada uma. Depois, se levantou e estendeu a mão para que eu a acompanhasse.
— Minha barriga tá roncando, vamos!