Rebecca Blake
Tom bate a porta do escritório quando sai para atender o celular, o som forte me faz sobressaltar, estou ofegando, minha respiração pesada e meu corpo dói e formiga por toda parte, precisando que ele continue a me tocar, necessitando que ele dê alívio a isso que sinto, alívio a isso que ele fez comigo.
Me levanto do sofá e corro até a porta, colo meu corpo contra a madeira branca, fecho os olhos e ouço sua voz. Meu intuito não é escutar sua conversa, eu apenas preciso estar tão próxima a ele quanto puder, apenas sentir a presença dele, ouvir sua voz mesmo sem saber o sobre o que ele está falando, e por mais que eu esteja concentrada apenas em seu tom de voz que faz maravilhas dentro de mim, a próxima palavra me tira do transe, porque eu simplesmente já a ouvi antes por esses mesmos lábios.
— É melhor que essa maldita submissa seja muito parecida com ela. — ele diz e parece bravo.
Sobre o que é isso? Teria a possibilidade de ter algo a ver comigo?
— Não consegui verificar o e-mail ainda, mas irei analisar as opções. — Tom diz depois de alguns segundos em silêncio, provavelmente escutando quem quer que esteja na linha com ele.
Meu coração acelera com adrenalina, a curiosidade me faz trancar a porta a correr até seu notebook em cima da mesa. Abro e clico no ícone do e-mail que já está aberto em uma página direcionada por um link. Levo uma mão a boca para conter um soluço e outra mão ao coração para massagear a dor que o conteúdo me causa.
ENCONTRE EXATAMENTE O QUE VOCÊ PRECISA, AQUI.
O nome do site é Meu Desejo Perfeito e na capa há a imagem de um homem com uma máscara preta cobrindo o rosto e uma roupa social sexy, com as mangas dobradas até os cotovelos e um chicote sobre o ombro. Há descrições de vários serviços de namoro, encontro, sexo casual e uma aba preta escrito em letras maiúsculas BDSM. Eu sei o que significa essa sigla, como eu já disse, sou uma leitora de romances eróticos. O que Tom disse liga a esse termo, então clico na aba preta e sou direcionada para uma página com uma caixa branca no meio e uma pergunta em cima.
QUAL A SUA TORÇÃO?
E mais embaixo na mesma página, outra caixa branca com outra pergunta.
AINDA NÃO SABE? CLIQUE E DESCUBRA.
Impulsionada pela curiosidade, clico na caixa branca e aparece outra página.
RESPONDA A ESTE TESTE E DESCUBRA SUA TORÇÃO.
O senhor Parker está procurando por esse tipo de coisa? Ele tem uma torção? Agora ligando uma coisa na outra, ele provavelmente é um dominador. E está procurando por uma submissa? E com quem ela tem que ser parecida? Seria comigo? Ele precisa de outra mulher parecida comigo para continuar resistindo a mim.
O pensamento faz meu peito doer ainda mais e lágrimas encherem meus olhos, mas as pisco de volta, não tenho tempo agora. Com as mãos tremendo, fecho as páginas que abri, excluo rapidamente o histórico e deixo tudo do jeito que estava. A maçaneta da porta girando me faz correr para longe da mesa dele para destranca-la.
Estou uma bagunça nervosa, eu sei disso, e não é somente pelo que aconteceu antes dele sair, mas agora também pelo que ouvi e vi. Eu quero chorar, me sinto tão idiota agora que nem consigo olhar para ele, apenas vou até o sofá, pego minha bolsa e tento fugir, mas sua mão em meu braço me segura.
— Rebecca. — ele me chama, seu tom de advertência, como um pai repreendo sua menininha.
Mas eu não olho para ele, estou de costas e não irei suportar se olhar seu rosto. Irei cair.
— Estou indo para casa. — falo, segurando o tremor em minha garganta.
— Precisamos falar sobre o que aconteceu aqui. Novamente. Isso não pode continuar acontecendo... — eu arranco meu braço do seu aperto, ainda sem me virar, porque simplesmente não posso manter a postura.
— Isso não pode continuar acontecendo, isso é um erro, você é mais velho do que eu, pai da minha melhor amiga, colega do meu pai, meu professor. Você iria repetir isso mais uma vez, certo? — eu dou um leve sorriso fraco, mas que dói até para mim ouvir.
Não há humor. Estou com raiva dele porque eu estou aqui me entregando de bandeja e ele está simplesmente procurando outra mulher, quando eu sou exatamente o que ele precisa, por causa dos malditos motivos que faz estarmos juntos ser considerado errado por ele.
— Olhe para mim. — sua voz ordena, meu corpo, minha mente, tudo em mim, quer obedecer.
— Estou indo para casa. Até amanhã senhor Parker. — gaguejo, precisando ir para o mais longe possível dele agora, porque meu corpo quer obedecer a todas as duas ordens, exceto ficar longe dele.
Estou quase alcançando a porta quando uma mão agarra meu pescoço por trás e me gira, estou agarrada ao seu grande corpo agora, sou tão pequena em seus braços, eu adoro isso, eu adoro ele ser tão grande e me sentir delicada em seu corpo. Me sinto protegida, como se aquela necessidade de proteção que sinto, desaparecesse magicamente nesses braços e nada mais no mundo importasse, porque eu sei que com ele estaria segura.
— Eu disse para olhar para mim. — sua voz está logo acima da minha cabeça e sua mão ergue meu queixo para cima.
Fecho meus olhos, ainda determinada a não olhar nas profundezas azuis de seus olhos que me farão desabar e querer ser acolhida como uma garotinha pelos braços da mesma pessoa que me fez isso.
— Me deixe ir, por favor. — peço, sussurrando — Se você vai me falar a mesma coisa de sempre, que isso não pode acontecer, tudo bem, eu quero ir para casa.
Eu não vou dizer para ele em voz alta que isso me magoa.
— Por que não quer me olhar nos olhos? — ele pergunta, algo em seu tom parecendo ofendido.
Então ele segura meu pescoço, dando um leve aperto que me faz abrir os olhos. Ele gosta disso. Do controle. E eu gosto de ser controlada. Seria essa minha torção? Eu sou uma submissa? Mas é tudo somente por ele. Eu nunca me senti assim a menos que seja pensando nele.
Uma batida na porta faz Tom diminuir o aperto em meu pescoço e eu consigo me afastar, abro a porta e vejo um homem que eu nunca vi antes, ele é quase da altura de Tom, não tanto, seus cabelos caem sobre os ombros e seu rosto parece o de um modelo do Pinterest. Ele é muito bonito e parece ter a mesma idade do senhor Parker.
— Com licença. — passo por ele para sair.
Meu celular toca dentro da bolsa quando estou no corredor, pego o aparelho, agradecendo por ver o nome de Sophia na tela.
— Ei. — atendo.
— Ei, vamos estudar lá em casa hoje? Depois podemos tomar algumas doses de vodka.
— Estarei lá. — respondo sem precisar pensar — Horário de sempre?
— Sim. Leva um biquíni. Piscina a noite? — ela parece animada.
— Claro. — respondo.
Desligo a chamada e chamo um carro para ir para casa quando meu celular toca novamente e o nome do meu pai aparece na tela, aperto na tela para atender, esperando que ele tenha boas notícias sobre nossa situação financeira.
— Oi. — eu falo.
— Rebecca, eu recebi a ligação da diretoria da escola sobre o pagamento das mensalidades do segundo semestre. — fico apreensiva quando ele dá uma pausa — De jeito nenhum vou conseguir dinheiro a tempo.
Meu estômago fica frio.
— O que? — exclamo.
— Minhas opções estão diminuindo, estou tentando de tudo. Eu poderia pedir dinheiro a qualquer um dos meus amigos mas isso me exporia e eu seria preso, além de envolve-los na minha bagunça, o que eu não quero, nosso nome é importante. Estou sendo investigado por fraude, mas ninguém pode saber disso, posso confiar em você? — meu pai pergunta.
Minha boca fica seca e a preocupação consome meu peito, uma sensação ruim se aloja em meu estômago.
— Pai. — passo uma mão pelo rosto — Tudo bem, eu não quero manchar o nosso nome também. — respondo.
Adicione falida e com o nome na lama para a lista que mantém Tom resistindo a mim.
— Mas... E então? E minha faculdade? Pai, você tinha reservado esses recursos para mim... — o acuso.
— Filha... — ele lamenta — Talvez, você terá que- — eu o corto, sabendo o que ele vai dizer.
— Não. De jeito nenhum. — balança a cabeça.
— Deixar a faculdades é uma possibilidade e você tem que aprender a lidar com isso, filha. — a voz do meu pai é suave, não combinando com o absurdo que ele está falando para a própria filha.
— Não? É o meu futuro, pai! Você quem escolheu esse curso para mim porque eu iria cuidar dos negócios da família ao seu lado. — estou quase gritando quando percebo.
Coloco a mão sobre os lábios e corro para entrar no carro que vejo estacionando, percebendo que é a mesma placa que apareceu no aplicativo.
— E o que você vai fazer então? Estou tentando, porra! — ele se irrita — Estou dizendo que estou ficando sem opções, não estou brincando sobre isso, Rebecca. Eu também não queria ter gastado o dinheiro que eu mesmo reservei para sua faculdade, mas aconteceu e você é adulta agora, precisa compreender isso. Liguei para te dizer que não crie expectativa sobre o próximo semestre. — meu pai desliga antes que eu possa dizer qualquer coisa.
Durante todo o caminho para casa, lágrimas deslizam pelas minhas bochechas. Por tudo. Por Tom. Meu pai. A faculdade. Eu terei mesmo que trancar o curso? Somente ontem, meu pai demitiu mais alguns empregados e empresa está decaindo a cada dia. Eu não sei como meu pai conseguiu fazer isso, ele não me deixa participar de nada e somente diz que ele está tentando resolver. Eu encaro minha unhas através das lágrimas, eu preciso fazer a manutenção no salão, mas estou com medo do cartão de crédito não passar. Farei um teste em algum lugar antes.
Penso no outro motivo do meu estado de espírito. Tom é um homem solteiro, sexy, lindo e nós não temos um relacionamento. Mesmo sabendo de tudo isso, que não tenho o direito de ficar com ciúmes, o pensamento dele tocando em outra mulher faz uma sensação doente tomar meu peito. Ele é meu. Meu. Uma mulher também não pode ser possessiva com seu homem? Porque eu serei capaz de cometer qualquer loucura para que ele se dê conta disso.
Olaaa ❤️
Espero que tenham gostado do capítulo ❤️❤️
Me perdoem pela demora nas postagens dos capítulos, algumas leitoras reclamaram que eu demoro demais para atualizar, mas prometo que vou tentar postar com mais frequência.
Votem e comentem, por favooooor ❤️❤️