𝙁𝘽𝙄 𝘼𝙂𝙀𝙉𝙏𝙎

By upsllanziotti

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Se alguém te abordasse um certo dia dizendo que serviria como Agente Secreto do FBI, você estaria disposto a... More

Prologue
Chapter One: Welcome to Beverly Hills
Chapter Three: Who is Tim Scam?
Chapter Four: There's been a mistake

Chapter Two: Teen Heart

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By upsllanziotti

Ouça a música para uma experiência melhor

A empregada deu duas batidas na porta.

— Srta. Scam?

— Que foi? - respondeu sonolenta.

— É segunda-feira, e a senhora tem aula.

— Eu sei, Dina - bocejou — Pode ir agora!

— Acontece, que você está atrasada - a garota abriu os olhos rapidamente — Não ouviu o despertador tocar?

— Não, eu... - agarrou o celular que estava sobre o criado ao lado do abajur — Droga, Dina - bufou irritada — Não são nem 7 ainda.

— Mas, você caiu feito um patinho - riu, e logo recebeu uma travesseirada.

— Eu vou voltar a dormir por mais 5 minutos, por favor, não me acorde - ordenou, virando de lado.

— Tudo bem, então posso dispensar o Sr. Martin?

— O quê? O Jeremy está aqui? - a mulher fez que sim com a cabeça — Por que não me disse antes? - se vestiu o mais rápido possível.

— Certo, irei preparar algo para a senhora comer antes de ir.

Quando conferia se estava todos os materiais na bolsa, ouvira mais três batidas na porta.

— Será possível? - resmungou — Pode entrar, Dina!

— A senhora precisa de alguma coisa?- notou a voz da empregada um tanto diferente.

— Jeremy! - exclamou, indo o receber com um abraço apertado.

— Dina, me deixou subir. Soube que sua vó está doente.

— É, minha mãe vai passar praticamente um mês na Flórida - disse com os dedos alisando o abdômen do rapaz.

— Agora não, Mandy - retirou as mãos da moça que deslizavam até os botões da calça.

— Por quê? - murmurou em sua orelha.

— Porque a porta está aberta, e nós precisamos ir para a escola - abriu um sorriso.

— É incrível como consegue acabar com o clima - revirou os olhos — Deixe-me pegar minha bolsa.

— E, você e seu pai?

— O que que tem? - fitou o parceiro.

— Vocês estão se dando bem? - notou a expressão de desdém no rosto da namorada — Quer dizer, agora vocês passarão mais tempo juntos.

— Você sabe que eu e meu pai mal nos dirigimos a palavra - apertou o passo para o corredor, parando em frente a uma cômoda repleta de artefatos antigos — Dina, quem me criou enquanto papai esteve ocupado com o trabalho, e mamãe esbanjando dinheiro no spa em Malibu. Pelo menos, consegue ter o mínimo de empatia com a vovó - abaixou a cabeça, evitando o olhar de pena do companheiro.

— Ei - tentava tirar a tensão da garota, esfregando os palmos, do braço ao antebraço — Não pode dizer que seu pai nunca tentou se aproximar, você negava todas as propostas de passeios ou viagens.

— Sempre no tempo dele... - passou a língua nos lábios exausta da conversa — Podemos mudar de assunto? Falar da minha família é irritante.

— Claro, desculpa... - a seguir, Dina aproximou-se.

— Srta. Scam, fiz aquele suco de abacaxi com hortelã que adora - observou, Martin — Acompanhe ela, Jeremy - pediu carinhosamente — Aproveitem que acabou de sair uma fornada de biscoitinhos de polvilho.

           Do outro lado de Beverly Hills...

— Até mais tarde, tia - despediu, após ouvir o ônibus escolar estacionando em seu bairro. Eram só 3 quarteirões à escola.

                       ❀ Clover Price

Sentei-me na primeira poltrona sorridente. Acho que nunca me diverti tanto, como nesse sábado que passou. As meninas, Sam e Alex, me ajudaram na compra dos materiais, isso, tornou a tarde ainda mais divertida. Desde então, venhamos nos comunicando por mensagem. Durante o percurso, escutaria " Die Young " da icônica Kesha em meu ITunes, transmitindo o som ao meu fone sem fio.

                 ✏ Samantha Summers

Era questão de 20 passos do meu prédio até o colégio Beverly Hills. Podia avistar os estudantes chegando aos poucos, e que todos estavam muito bem vestidos. Eu estaria muito simples para um ambiente como aquele?
Veja bem, peguei a primeira cacharrel preta
de malha que encontrei, uma calça skinny básica e os pares de all star desgastados super confortáveis, precisava imediatamente de uns novos.
No instante que pisei na entrada, tive a intuição que todos me encarasse, como se viesse de outro planeta.

— Sam? - virei todo o meu corpo congelada, e deparei com Alex — Desculpa, se te assustei - riu.

— Não, imagina - balancei a cabeça — Eu estava um pouco desconcertada. Mas, ver um rosto conhecido tornou a situação menos constrangedora.

— Tem razão, as pessoas são um tanto intimidadoras.

— SAM, ALEX! - Clover, enfim nos encontrara, no tempo que se esquivava das multidões de alunos — UFA! Pensei não sair viva de lá.

— Todos parecem tão entusiasmados com o primeiro dia de aula - analisou, Alex.

— Não só com isso - afirmei — Olhem! - indiquei as duas pessoas chegando em um conversível vermelho, prestes a serem devorados pela aglomeração — Espera, aquela não é a garota do shopping?

— Sim, é ela mesma - Clover fechou a cara — A tal da Mandy, e aquele garoto é o namorado.

— Achei um gatinho - comentei.

— Eles parecem ser bastante admirados por aqui - declarou a latina. Sem um pouco de paciência, Clover deu de ombros.

— Vocês vem? - indagou.

Alex e eu, nos entre olhamos.

— Claro - respondi — Preciso organizar o meu armário.

As aulas começavam as 7:30, significava que tínhamos alguns minutos livres. Nossos armários por coincidência eram um do lado do outro, o que facilitava as nossas conversas.

— Puts, minha primeira e segunda aula, é no terceiro andar - emitiu com os olhos no horário — É minha deixa, meninas.

— Encontra com a gente no almoço, Clover?

— Pode crer, vejo vocês lá!

                   ❀ Clover Price

Já deveria imaginar que a Mandy estudaria nessa escola, era óbvio. Contanto, tentarei deixar os acontecimentos de sábado para trás, todos passam por dias ruins e acabam agindo no impulso.
Chegando por fim no segundo andar, eu teria mais algumas escadarias para subir.

— Carambolas, por que não construíram um elevador? - resmunguei.

— Veja pelo lado bom, ajuda a perder umas calorias - uma pessoa surgiu nas minhas costas, e dei um salto pequeno para trás quando reconheci o jovem loiro de 1.80, que estava como acompanhante da Mandy— Foi mal chegar assim, estou indo para o terceiro andar.

— Ah, tudo bem - falo com a voz trêmula, mas, tentei me recompor — Eu também estou indo, minha primeira aula é literatura.

— Está brincando? - se expressou surpreso — Eu também - pensou por um segundo, a começarmos a subir os degraus — Nós já não se vimos?

Eu não sabia onde enfiar a minha cara, decerto, ele não tinha tido uma boa impressão de mim, por ter afrontado sua namorada.

— Hãm...? - não tinha ideia do que dizer.

— Mas, é claro - algo surgiu em sua mente — Foi no shopping.

— Ha Ha - rio de nervoso — Pensei que não se lembraria.

— Você foi corajosa em enfrentar a Mandy, poucas pessoas tem uma atitude parecida.

— Obrigada? - era estranho, ele não se sentiu repugnado por ter destratado sua namorada em frente aos amigos? — Eu agi sem pensar, não devia ter tirado conclusões precipitadas, ela não tinha nada a ver com o acidente do café.

— Mandy é complicada, e sei que ela passa dos limites, só que nunca faria algo assim - defendeu — Deve ser obra das suas seguidoras, que deduzo ter sido de propósito - travou o maxilar — Acho que não nos apresentamos, eu sou o Jeremy - estendeu a mão.

— Clover! - retribuo o gesto, quando nossos olhares se cruzam pela primeira vez de um jeito bizarro. Eu não podia me sentir atraída por alguém comprometido.

— Vamos, pessoal - salva pelo gongo, a professora guiava os alunos até a sala — Entrando!

As duas horas passaram em um piscar, possivelmente o acontecimento mais cedo, não passou de um surto, acho que a aula dinâmica da Srta. De Paulo abafou a situação.

— Não imaginava que era tão bom como Romeu - admiti sorrindo, quando partíamos rumo a saída.

— Eu e a Mandy, encenamos muitas vezes em peças da escola - explicou — Você pega o jeito, sabe? - deu uma piscadela travessa — Também não imaginava que fosse craque em biologia - participamos juntos da segunda aula com o professor Vishwakumar.

— Confesso que sempre tive facilidade - mordi o lábio inferior, envergonhada.

— Cof Cof - Mandy, forjara um pigarro ao nos ver.

— Mandy, oi - deu lhe um selinho — O que faz aqui?

— Querido, nós iríamos almoçar juntos. E, resolvi te fazer uma surpresa - redirecionou para mim em seguida.

 — Ah, essa é a Clover - me apresentou — Sei que não tiveram uma boa interação aquele dia no shopping, mas podem recomeçar.

— Que seja, eu sou a Amanda - estendeu a mão como se estivesse sendo obrigada a me cumprimentar, se quer abriu um sorriso. Com isso, retribuí o gesto.

— Vou deixar vocês sozinhos - saí de mansinho, podia sentir o olhar de Mandy grudados em mim, quando me retirava do local.

                   Enquanto isso no térreo...

Alex e Sam, se encontravam depois de uma manhã de aulas no corredor dos armários.

— Alex, oi - falou empolgada — Como foi as aulas do 1° turno?

— Um pesadelo - bufou, guardando os livros — Duas aulas consecutivas de física, me diga se há algo pior que isso!

— Eu gosto de física - Alex, bateu a porta do armário pasma — Se tiver disposta, posso te ajudar em alguma atividade que está com dificuldade.

— Valeu, Sam - sorriu agradecida — Acho que vou fazer minha inscrição para a equipe de futebol feminina.

— Quer que eu e Clover, guardemos um lugar para se sentar conosco?

— Pode ser, vejo vocês em alguns minutos!

— Sobre o que falavam? - Clover, se dirigiu a Sam, no momento que destrancara o armário.

— Ah, nada de novo - sorriu sem mostrar os dentes — Alex, foi se inscrever para a equipe de futebol - refletiu — Já pensou em alguma atividade extracurricular?

— Pensei no clube de auto-costura, e você? - em laçou o braço pelo pescoço de Sam, caminhando até o refeitório.

— Estou pensando em entrar para o clube de robótica.

— Então, é seu dia de sorte - apontou a mesa dos membros do clube de robótica ao lado direito em frente a uma janela.

— Meu Deus! Eu não imaginava que o clube teriam alunos tão gatinhos - pontualizou, Sam.

— É Beverly Hills, meu anjo - afirmei — Vai nessa!
             

                ꕥ Alexandra González

      No instante em que coloquei os pés no gramado, pude observar as jogadoras se aquecendo, e as líderes de torcidas sendo comandadas por uma garota morena, alta, de cabelos encaracolados, com a tonalização, castanho escuro, que me devolvera o olhar e um sorriso simpatizante.

— Posso ajudar? - a treinadora notara minha presença.

— Gostaria de me juntar ao time - continuou —...na minha antiga escola, eu ocupava a posição de atacante.

— Assine aqui, por favor - entregou a caneta, para que deixasse minha assinatura na prancheta — Agora se junte as outras garotas.

— Certo, professora!

— Bom, garotas... - prolongou — hoje vamos fazer uma breve demonstração, mas a partir de semana que vem, pegaremos firme para valer - avançou, andando em círculos — Esse ano teremos a competição feminina e masculina entre as escolas, Beverly High contra Malibu High, e espero ver um esforço de sua parte - parou a nossa frente — Vejo alguns rostos antigos e novos, com um potencial gigante. Então, preciso saber se estão dispostas a dar tudo de vocês nesses três meses?

— Sim, professora! - falamos em coro, determinadas.

— É assim que se falam, vamos começar! - apitou.

                ✏ Samantha Summers

Após falar com uns meninos do clube de robótica, sentei-me com Clover em uma mesa no canto do refeitório para almoçar. Estava presente no cardápio de hoje: almôndegas com purê de batata, e de sobremesa, gelatina colorida. Ao nosso lado, estava Mandy e o namorado, com uma de suas seguidoras, rodeados de jogadores de futebol, acompanhados da equipe do podcast escolar.

— Não sei o que eles tem de tão interessantes - resmungou, Clover — De onde eu venho, eles seriam tratados como qualquer um - voltou a atenção para a comida — Mas, quem sou eu para julgar. Não tenho o que de me orgulhar.

Fitei-a intrigada, não queria parecer invasiva em perguntar algo que se sentisse desconfortável, preferi permanecer calada.

             ꕥ Alexandra González

Logo depois da pequena partida, nos redirecionamos a área de alimentação.

— Ei? - uma garota me alcançou — Eu vi a sua jogada lá fora, é muito boa.

— Obrigada - senti minhas maçãs corarem, acabei de receber um elogio da capitã das líderes de torcida.

— Eu sou a Britney!

— Alex! - ambas sorrimos.

 — Tem um lugar no almoço?

— Na verdade, combinei de sentar com umas amigas - indiquei as garotas no canto.

— Ah, sim. É compreensível que queira se juntar as novatas.

— Elas foram as primeiras pessoas que tive contato desde que cheguei em Beverly Hills...

— Não me leve a mal, mas elas foram as mesmas garotas que insultaram uma das minhas amigas nesse sábado no shopping central de Beverly Hills - engoliu seco — Apenas tome cuidado com certas amizades, e se caso quiser sentar com a gente, saiba que tem um lugar te esperando.

— Eu agradeço - sorri sem graça, quando Britney se inclinou para se despedir, dando-me um beijo de relance na extremidade da boca, antes se juntar aos colegas.

Sem reação, abanquei ao lado direito de Clover.

— Que bicho te mordeu? - perguntou Sam, com um sorriso desconfiado.

— Britney - deixei escapar lentamente.

— O quê? - Summers, deu um salto para trás, assustando Price, que por pouco não deixara sua bandeja ir para o chão.

— Acho que me expressei errado - respirei fundo — Eu fui fazer minha inscrição para o time da escola, e uma garota...

— Uma garota? - Clover, tinha um sorriso malicioso nos lábios.

— Bom, ela é capitã das líderes - o globo ocular de Sam e Clover, pareciam saltar para fora, no tempo que me embolava —...o que eu quero dizer...

— É que se sentiu atraída por ela - Clover, acrescentou com um ar de impaciência — Eu sabia que você jogava no outro time, srta. Alexandra González - mexeu as sobrancelhas.

— Como? - interroguei confusa.

— Tenho um ótimo radar para localizar pessoas da comunidade LGBTQIA+.

— Se a Clover não dissesse, nunca iria supor - Sam, retirou o plástico que conservava a gelatina — Costumo ser bem lenta - deu uma colherada no alimento gelatinoso — Então, você é...

— Lésbica - admiti — Meus pais tiveram uma pequena dificuldade em aceitar no começo, mas logo conseguiram lidar, buscando apoio profissional.

— Isso é bom - Clover, apreciou — Algumas pessoas não tem essa sorte - se encontrou pensativa —...mas, e essa garota? Se falaram? Nós a conhecemos?

— Sim, nós se falamos - replicou — Estávamos a pouco conversando no corredor, e ela me deu um beijo.

— Um beijo! - Summers, exclamou de queixo caído.

— Foi mais um beijo de despedida acidental.

— Parece que alguém está afim da capitã - falou a loira, me fazendo cócegas.

— Eu não quero me iludir - respirei fundo — Talvez Britney, só esteja sendo legal. Não quero pagar de chacota, sendo a lésbica apaixonada na garota hétero.

— Só há um jeito de descobrir - Clover se endireitou na cadeira —...perguntando para ela!

— Mas, eu não posso chegar para ela e dizer: Oi, Britney! Qual a sua sexualidade? - abri um sorriso falso.

— Não estou falando para ser direta, chama ela para sair.

— Não faço a mínima ideia de como farei isso - espiei Britney por cima do ombro sem contar que ela perceberia que estivesse olhando — Droga - murmurei, retornando para frente.

— O que foi? - questionou, Sam.

— Ela percebeu que estamos falando dela - apoiei a cabeça sobre os braços em cima da mesa.

— Espera, a garota que está afim é uma das amigas da Mandy? - interpelou sem que nos ouvisse. Balancei a cabeça positivamente.

— Britney, me explicou sobre o atrito que tiveram no shopping...

— E ela também disse que teve culpa no incidente do café da Sam?

— Não, mas não acho que faria algo de propósito - refleti — Deve haver alguma explicação.

— Meninas, podemos deixar esse acontecimento para trás? - Sam parecia ter superado, enquanto Clover ainda tinha um pé atrás com Mandy e suas amigas — Não vamos deixar nos abalarem.

— Certo, eu só quero dizer que até o Jeremy alertou sobre as seguidoras - um silêncio repentino tomou conta do ambiente.

— Jeremy? - as garotas perguntaram em sincronia.

— O namorado da Mandy - especifiquei —...fazemos literatura e biologia juntos - joguei uma parte do cabelo de lado, uma maneira de me tranquilizar — Não quero fazer a cabeça de vocês, só quero se cuidem, principalmente você, Alex - devolvi um olhar comovente a Price — Se gosta mesmo da Britney, eu sugiro que seja você mesma.

— Não quero entendia-lá - resmunguei — Não sei nem como chegaria nela - ouvimos o alarme para nós direcionarmos a sala de aula.

— Por que não aproveita o momento? - Clover, me fitou.

De fato, todos estavam agitados, acho que ninguém presenciaria o meu papel de trouxa.

— Beleza, eu vou - levantei da cadeira, com as pernas trêmulas, caminhei até Britney que estava prestes a sair do refeitório — Oi!

— Oi, Alex! - ela parecia contente em me ver,  ou só estava sendo receptiva.

— Eu estava pensando... - reparei estar apreensiva.

— Ouça, Alex. É estranho eu a convidar para ir comigo ao cinema depois da escola? - travei, ela tinha realmente me pego de surpresa.

— C-claro - gaguejei — Quero dizer, eu aceito ir com você ao cinema - não queria parecer nervosa, contanto, eu nunca consigo disfarçar quando estou afim de alguém.

— Legal... - pensou algo — Sobre o que ia me falar?

— Na verdade, eu também ia te chamar para fazer alguma coisa depois do expediente.

— Nossa, desculpa por ter te cortado - tampou a boca envergonhada.

— Não sinta, você fez um bom trabalho - consenti — Eu certamente teria me enrolado toda - não conseguia parar de sorrir, meu rosto estava imobilizado.

— Alex? - despertei rapidamente — Você estava em uma outra dimensão, não é? - rimos — Me espera na saída?

— Sim, claro!

Isso foi embaraçoso, como vou passar a maior parte da tarde sem gaguejar, falar alguma coisa idiota, ou pior, sem fazer uma cara típica de serial killer que vai devorá-la.
Se recomponha, Alexandra González. Seja você mesma como a Clover disse, seu primeiro encontro que não é encontro, não pode ser tão ruim.

                    5 horas mais tarde...

Dois ingressos, por favor! - Britney, pediu a moça da bilheteria. No tempo que comprava um balde de pipoca, um refrigerante extra grande, suficiente para nós duas, com uma barra de cereal vegana — Pronto, vamos para os nossos lugares? - examinou o balde — Não pediu manteiga? -  arqueou uma das sobrancelhas.

— Eles não tem manteiga vegana, então pedi sem - deve ter sido uma má ideia — Eu posso pedir uma com manteiga...

— Não, Alex - impediu, segurando minha mão direita delicadamente — Eu preciso realmente perder alguns quilos, acho que você fez bem.

Ao chegarmos em nossas poltronas situadas na terceira fileira, no centro da sala escura. Não havia quase ninguém, o lugar estava praticamente vazio.

— Você já assistiu esse filme antes... - resolvi puxar assunto — Como é o nome?

— Crush: Amor Colorido - respondeu suavemente — Na verdade, foi a Jayme que indicou para mim e Mandy - afirmou, comendo um pouco da pipoca — É sobre
uma jovem artista que é forçada a se juntar à equipe de atletismo de sua escola, e usa isso como uma chance de ficar próxima da garota por quem está apaixonada. Porém, seu coração resolve lhe pregar uma peça - era uma coincidência ou uma direta do universo? — Mandy, não gosta de comédia romântica, acha meloso demais - riu.

— E você?

— Gosto, ainda mais romance sáfico - não era o momento exato para perguntar sobre sua sexualidade, e quebrar o clima —...acho que é o tipo de gênero que traz uma originalidade ao mundo em que vivemos. Os streamings poderiam investir nesse meio.

— Concordo - eu gostava de a ouvir falando, estava disposta a conhecer melhor.  Todavia, o filme começou, e teríamos de ficar em silêncio para não sermos expulsas do cinema.

Decerto modo, senti que Paige Evans e eu não éramos tão diferentes, ambas somos aquelas típicas garotas não-popular, interessadas justo na garota que é muito areia para o nosso caminhãozinho, e tem três amigos que tentam o máximo elevar nossa autoestima, mas que você mesma sempre se puxa para baixo.
Os tópicos que nos diferenciam é sobre estar em um triângulo amoroso, o auge do clichê americano. Mas, que no final a protagonista escolhe a não óbvia.

— Então, o que achou do filme? - Britney, se virou na poltrona.

— Eu achei ótimo - opinei — Paige e AJ tem uma química muito admirável.

— Curti também - por quê eu tinha impressão de um " mas " ? — ...mas, não vou negar, gostaria que a Paige fosse fim de jogo com a Gabriela, ela era tão sexy - chacoalhou o busto — Não sei como alguém a resistiria.

— Você resistiria? - interroguei curiosa.

— Não - respondeu decisiva, nesse segundo as luzes foram acesas na nossa cara — Melhor irmos!

— Pois é - digo me levantando, os minutos passaram tão rápido, porém, gostaria de ter tido mais tempo ali sentada no conforto da poltrona assistindo o filme repetidas vezes ao lado dela — Britney - a garota se vira, quando chegamos na saída, avistando o enorme museu de Beverly Hills.

— Fala - era a minha chance de dizer o que sentia, não podia ir para a casa com as palavras matutando na cabeça. Quando minha língua está a desenrolar e conseguir formar uma frase, um rapaz encapuzado se esbarra em nós, levando a bolsa de Britney.

— EI, VOU CHAMAR A POLÍCIA - gritou, infelizmente o garoto não deu a mínima. Não vi outra alternativa, ao invés de alcança-lo — ALEX, O QUE ESTÁ FAZENDO?

— Espere aí, não posso deixar se safar - foquei no garoto que entrou em um beco na rua paralela ao shopping. O lugar não tinha saída, me pergunto como teria desaparecido. No entanto, minhas dúvidas foram respondidas, quando o mal-encarado me surpreende com um golpe nas costas, não eram movimentos profissionais, e ele não era páreo para mim.

Botei para jogo todas as minhas habilidades de karatê. Deveria imaginar que a criminalidade consegue estar presente até em Beverly Hills.

— Você não vai desistir de lutar, né? - dou um sorriso zombeteiro.

— Eu não recebo ordens de put#s que nem você -  não aceitando a derrota, ficou de pé com dificuldade, armando um soco que falhara miseravelmente. Resgatei a bolsa, mas não pude deixar de notar a câmera apitando e se movendo para um lado e para o outro. A cidade era monitorada, não obstante, com uma péssima segurança.

— Alex - Britney, me apanhou ofegante — O que aconteceu?

— Não tem com o que se preocupar - entreguei-lhe a bolsa.

— Como conseguiu?

— Digamos que eu dei um jeito nele!

— Oh, meu Deus! - bradou assustada ao ver o homem desmaiado — Ele morreu?

— Não, Britney - ri — Ele só está desmaiado, por isso temos que sair daqui!

— Então, vai me contar como deu um trato naquele cara? - demandou com um sorriso sedutor durante a caminhada.

— Não quero parecer metida, mas conquistei a faixa preta - sorri de cabeça baixa.

— Você luta karatê? - confirmei, contorcendo a boca e virando os olhos — Não acredito, que máximo!

— Jura?

— Sim, espera até eu contar para as minhas amigas...

— Não - cortei-a em seu momento de euforia.

— Por que não?

— Porque aí elas irão espalhar para toda escola, e vai parecer como se estivesse me gabando - prorroguei — ...eu jamais pensei que um dia usaria uma dessas habilidades, e espero não usar de novo. Karatê, é uma atividade que me encontrei como maneira de expressão, tanto mentalmente como fisicamente para manter o interior em  equilíbrio - nossos olhares instantaneamente se encontraram — Apenas, prometa não dizer nada.

— Está bem, eu prometo - tirou o celular da bolsa, deslizando a tela de bloqueio — Parece que tem um uber por perto, vou pedir para que nos leve em casa — podia sentir Britney chateada, e isso me atormentava, não queria que a noite terminasse assim.

— Ei, Britney - toquei em sua pele macia graciosamente para se focar no que tinha a dizer — Pode parecer estranho, porque não faz tanto tempo que nós nos conhecemos...

— Eu também gosto de você - era como se Britney soubesse a todo tempo o que estava a pensar.

— Uau, você realmente me pegou agora - falo brincalhona — Eu não sei como isso funcionaria, mas a gente poderia ir com calma.

— Eu apoio - mordeu os lábios inferiores, com as mãos deslizando pela minha silhueta — Posso te beijar? - senti um calor correndo pelas minhas veias, e o coração acelerado.

— Pode - cochichei em sua orelha lhe causando um arrepio.

Britney, inclinou levemente a cabeça, roçando seus lábios aos meus, contornando com a língua em minha boca, os olhos abertos, guardando na memória todas as sensações do rosto dela. Ela respirou profundamente, antecipando o beijo e toda a tempestade de prazer que sentiria. Bem ali, em uma rua praticamente deserta, aconteceu um momento que podemos descrever, como: mágico.

                         ғɪᴍ ᴅᴏ ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ

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