Horror em Crying Village

By Gabs_Frey

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Leia o livro sua criatura curiosa e impaciente😈 More

1° Capítulo Prólogo:
2° Capítulo
3° Capítulo
4° Capítulo
5° Capítulo
6° Capítulo
7° Capitulo
8° Capítulo
9° Capítulo
10° Capitulo
11° Capítulo
12° Capítulo
13° Capítulo
14° Capítulo
15° Capítulo
16° Capítulo
17° Capítulo
18° Capítulo
19° Capítulo
20° Capítulo
22° Capítulo
23° Capítulo
24° Capítulo
25° Capítulo
26° Capítulo

21° Capítulo

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By Gabs_Frey


*;-;*✨ Obrigada por lerem! Não esqueçam dos votos e comentários!*;-;*✨*;-;*✨

Parte 2

Dominic diminuiu a luz da lanterna consideravelmente, até que o corredor estivesse quase na escuridão total. O trio andava devagar e com passos sincronizados, pisando em ovos. A tensão que emanava no ar era quase tangível. Ao dobrarem no corredor que ficava a esquerda, Nick apontou a lanterna para frente, porém, o corredor era enorme assim como todos os outros, e como todos os outros, a luz era escaça, nenhum dos três conseguia visualizar o que havia no final. Tudo o que viam a oito passos de distância era o escuro, o desconhecido. Freya soltou a respiração pela boca, que agora estava acelerada, ela não conseguia mais reprimir o medo.

Sky tinha ambas as mãos suadas, e seu coração martelava com rapidez dentro da caixa torácica. Dominic tinha adrenalina pura pulsando por todo o seu corpo, e por mais que estivesse começando a ficar com medo, seus sentidos gritavam para que ele continuasse, movido por isso, ele puxou a mão de Freya, caminhando e guiando os amigos com mais rapidez. Ela por sua vez, puxou a mão de Sky, que entendeu a deixa para andar mais rápido. Conforme caminhavam por aquela parte da mansão, todos os três começaram a se sentir observados, uma sensação de que havia pessoas dentro de cada cômodo por onde passavam.

Por mais que tivessem certeza de que todos aqueles quartos e corredores estivessem vazios, algo incômodo os alertava para irem embora. A luz da lanterna ainda não mostrava o fim do corredor, mas antes que chegassem lá, Freya sentiu arrepios no exato momento em que uma figura foi iluminada no chão daquele corredor. Os três pararam de andar, observando o que se encontrava a frente. Definitivamente a silhueta de uma mulher, porém pequena e esguia. Estava sentada, com a cabeça entre os braços, abraçando os joelhos, ao lado de uma porta. Usava um vestido branco de bolinhas, parecido com os que se usavam nos anos cinquenta. Seu cabelo era grande e ondulado, caindo ao redor dos ombros e das costas. Teria parecido uma pessoa comum, se sua pele não fosse de um branco doentio.

Freya percebeu, quando a olhou com mais atenção, que a figura era quase transparente, e de vez em quando desaparecia por milésimos de segundo, como uma tv sem sinal com chuviscos. Subitamente, a mulher levantou o rosto dos braços, como se tivesse se assustado, se encolhendo em uma posição defensiva. Neste momento, todos os três já estavam com tanto medo, que nem conseguiram falar nada. A imagem do rosto da mulher os deixou paralisados, sentindo que os pés estavam grudados no chão. Ela era jovem, e suas feições eram pequenas e delicadas. Seu rosto pálido estava banhado em lágrimas e sua expressão era confusa e amedrontada. Quando ela falou, Freya percebeu um ferimento de bala em sua têmpora esquerda, imediatamente segurando as mãos de Dominic e Sky com mais firmeza, para reprimir o medo.

— Quem está aí? Russell, é você?

A garota perguntou, olhando para o trio com esperança. Dominic, Freya e Sky deram um passo para trás em sincronia, mortificados. Surpreendente, a voz do espírito era normal, como a de qualquer outra garota por aí. Era uma pena que ela não fosse uma qualquer.

— Não... Hã... Russell não está aqui. Só estamos de passagem.

Nick explicou para o espírito da mulher, ele estava com a respiração irregular e a voz levemente trêmula. Sem conseguir se segurar, Freya sussurrou um "corram" para os amigos.

— Não! Por favor, fiquem! Me ajudem a procurar Russell, já faz um tempo que não o vejo, estou preocupada, por favor...

Freya encarou a pobre alma penada, que parecia tão desamparada, e por um breve momento sentiu compaixão. Aquele fantasma era diferente dos outros, parecia perdido e sem saber ao menos que já não tinha mais vida. Muito diferente do espectro que eles haviam avistado.

— Desculpe moça, mas realmente precisamos ir, tenho certeza de que Russell já está por perto.

Sky se desculpou com a fantasma, dando um passo para trás e puxando Freya junto, que também puxou Dominic. O espírito fez uma expressão de tristeza e voltou a chorar, dessa vez mais intensamente do que antes.

— Tudo bem, podem ir, todos vão, já estou acostumada. Eu o procuro sozinha, apenas avisem mamãe de que estou bem.

— Pode deixar, iremos avisar.

Freya prometeu, puxando os amigos para longe do espírito, que colocou a cabeça entre os braços, continuando um choro amargurado. Os três deram as costas para a assombração e depois de dez passos apressados, começaram a correr em sincronia. Dominic se questionou se a garota chorando era o mesmo fantasma que eles haviam visto no outro corredor, pois não parecia em nada ser o mesmo. Infelizmente sua pergunta foi respondida quando a luz da lanterna iluminou um fantasma três vezes mais pavoroso do que o anterior. Estava muito mais a frente, e passariam por ele se continuassem seguindo o caminho reto. Para sorte do trio, o caminho de volta os fazia dobrar o corredor oposto aquele, virando a direita. Freya soltou um grito assustado quando avistou aquele segundo fantasma.

Era uma mulher, ou pelo menos havia sido uma, usava um vestido longo azul claro, que estava com uma enorme mancha escura e vários furos na parte da frente, como se ela houvesse levado vários tiros, ou sido esfaqueada várias vezes. Era alta, com cabelos longos e lisos, que estavam bastante bagunçados, seu corpo era muito magro e até mesmo de longe se podiam perceber as marcas de maus-tratos, que ela deveria ter sofrido em sua vida passada. Sky quis sentir empatia, assim como havia sentido pela moça de vestido de bolinhas, mas o medo falou mais alto quando ele viu a forma com que aquele espírito os encarava. A expressão dela era vazia, mas ao mesmo tempo muito ameaçadora, o que serviu de motivação para que todos eles corressem mais rápido e dobrassem no corredor seguinte. Dominic olhou para trás e soltou um xingamento, é óbvio que eles estavam sendo perseguidos.

— Não olhem para trás! Não olhem para trás!

O mais velho ordenou em voz alta. Freya e Sky nem pensaram em desobedecer. Os passos ecoavam pelo corredor enquanto eles corriam, e naquele momento nenhum dos três se preocupava com o barulho que estavam fazendo, a preocupação era apenas uma: voltar para a biblioteca o mais rápido possível. Porém, quanto mais eles corriam, mais os corredores pareciam enormes e distantes uns dos outros. Mais uma vez, Dominic olhou para trás, pois queria saber quem estava em desvantagem ali, eles ou o fantasma. Obviamente eles estavam perdendo, e o espírito não estava nem correndo, seus passos eram calmos e lentos, então não fazia nenhum sentido ela estar tão próxima deles. No momento de desespero, tudo o que Dominic conseguia pensar era que a fantasma se teletransportava, o que era ainda mais assustador, pois se quisesse, poderia aparecer na frente deles a qualquer minuto.

— Já estamos chegando?

Sky perguntou, ofegante e com o desespero mais do que evidente na voz. Para a satisfação de todos, Freya concordou, indicando o próximo corredor, que já estava bem próximo. Quando ela viu uma luz, sentiu alívio, as portas da biblioteca já estavam bem ali. Era a salvação, o abrigo. A melhor parte era que ela já não sentia a presença do fantasma que os perseguia, mesmo sem ter olhado para trás, conseguia sentir. Agora já não sentia mais, talvez por pura sorte ou acaso, a assombração havia ficado para trás e desistido de os perseguir. Aos tropeços, os três entraram na biblioteca, praticamente arrombando as portas, que já estavam entre abertas, fazendo um tremendo barulho.

Na hora de trancar, o trio se atrapalhou com as mãos, pois todos tentavam girar a chave, dominados pelo medo. Quando por fim conseguiram, olharam uns para os outros, e por fim se permitiram pôr para fora tudo o que estavam sentindo. Se juntaram em um círculo, ainda perto das portas, se encarando com os olhos arregalados, mal acreditando no que haviam acabado de vivenciar. Freya começou a chorar, relembrando de tudo ruim que havia vivenciado com fantasmas durante sua vida, e Sky tremia tanto que se deixou cair no chão. Dominic respirava com dificuldade e também tremia dos pés a cabeça. Não sabia o que dizer ou fazer, tamanho era seu estado de choque. Ele observou a amiga se deixar cair no chão também, o choro dela soava tão desamparado e angustiante, que ele sentiu-se muito comovido.

É claro que ele também foi sentar no chão, a puxando para perto e a envolvendo em um abraço protetor. Ela se agarrou a ele, puxando Sky para se unir ao abraço, pois queria saber, ter certeza de que eles realmente estavam ali, depois de tudo. Os três se abraçaram com firmeza, e Freya se agarrou ainda mais aos amigos.

— Vocês estão bem? Não estão machucados? Está tudo bem?

Ela perguntou preocupada enquanto tocava os rostos de Dominic e Sky com as mãos trêmulas. Apesar de não estarem nada bem, eles concordaram com a cabeça, para deixá-la menos preocupada.

— Está tudo bem, fique tranquila.

Nick disse segurando o pulso dela com cuidado e afagando seus cabelos ao mesmo tempo. Ela respirou fundo, tentando se acalmar. Mas bem naquele momento os três pularam de susto ao ouvir uma voz que não era de nenhum deles vindo de algum lugar de dentro da biblioteca.

— Estudando, não é mesmo?

Imediatamente todos eles olharam para frente, de onde a voz havia tido origem. Não foi difícil avistar o garoto sentado na poltrona que ficava perto da lareira. Os olhos de Freya quase saltaram das órbitas e seu coração começou a bater muito rápido dentro do peito. Ela entrou em desespero pois eles haviam acabado de serem descobertos com a boca na botija, e não fazia idéia de como iria esconder o que estava acontecendo ali.

— Alef...

Ela disse soando como uma pergunta confusa e surpresa. Dominic e Sky encararam o garoto com expressões semelhantes de surpresa, sem saber o que fazer.

— Eu não sabia que vocês estudavam andando pelos corredores da minha casa, ajuda na concentração, Freya?

Ele perguntou sarcasticamente, levantando da poltrona e caminhando até eles com passos firmes, o rosto tomado por indignação e raiva. Freya perguntou-se mentalmente como ele sabia que eles supostamente estavam estudando. Pelo fato de estarem sentados no chão, todos tiveram que olhar para cima, na direção de Alef, o que era extremamente humilhante. Freya não conseguiu encará-lo, não com os olhos cheios de lágrimas, ela olhou para as próprias mãos que estavam no colo, engolindo em seco. Não iria falar nada, pois não havia nada a ser falado. Ele os havia descoberto, e nenhum argumento poderia mascarar aquilo, pois o que estavam fazendo era mais claro do que água cristalina. Tudo o que restava para ela era ficar calada e ouvir as reclamações de Alef, até porquê ela era a errada ali, a intrusa, então deveria compreender a indignação de seu jovem anfitrião, afinal a casa era dele e ele tinha toda a razão de ficar bravo por ter encontrado três desconhecidos vagueando pelos corredores de sua mansão no meio da madrugada.

— Estávamos tentando encontrar o caminho de volta para o quarto dela mas...

Dominic começou a elaborar uma explicação, porém foi interrompido por Alef, que não o deixou terminar a frase.

— Ah, minha nossa! Você espera mesmo que eu acredite nisto, Dominic Jones?

Nick piscou, decidindo não falar mais nada, pois sabia que ele sentia a mentira saindo por seu lábios. Realmente não havia nada a ser feito, a não ser se submeterem aos esporros de Alef.

— Eu já sabia que você era inconsequente, Freya, mas não ao ponto de trazer estranhos para a minha casa para... Para fazer o quê exatamente?! O que vocês estavam fazendo?? Me fale!

Ele ordenou, começando a falar em voz alta, indignado. Se fosse em qualquer outra situação, em qualquer outro momento, ela teria levantado e gritado de volta com ele, mas ainda estavam em um estado de choque muito profundo, e só o que fez foi se encolher diante do tom de voz dele, que já eram praticamente gritos.

— Eles não são estranhos, são meus melhores amigos...

Ela se defendeu, em um tom de voz baixo, quase inaudível.

— Decidiu isto do dia para a noite não é mesmo?

Ele perguntou ironicamente, colocando as mãos nos quadris, a pose perfeita da insatisfação em pessoa. Sem ter forças para discutir ou argumentar, ainda mais no estado em que estava, Freya apenas surpirou, tombando o rosto no peito de Dominic, que lhe abraçou de forma protetora, já esperando para lhe oferecer conforto.

— Cara, eu sei que você está chateado, e é totalmente compreensível,mas vamos ter uma conversa civilizada. Freya não está em condições de discutir, na verdade nenhum de nós está. Então, por favor, não seja agressivo com ela.

Nick pediu, com a voz baixa, tentando se controlar, pois até ele ainda estava muito abalado. Alef encarou os três jovens adolescentes que estavam à sua frente, todos muito assustados, pálidos e parecendo muito pequenos, e tudo o que conseguiu sentir foi raiva incontrolável. Eram todos uns idiotas inconsequentes que não mereciam compreensão da parte dele.

— Seu grande imbecil! Tudo o que eu mais quero é continuar gritando com vocês até não poder mais! Você têm o mínimo de noção do quão grave foram suas ações?! Porra, eu deveria ligar para a polícia agora mesmo!

— A polícia não! Por favor, tudo menos isso! Se meus pais ficarem sabendo disso vão ficar decepcionados comigo!

Sky pediu a Alef, desesperado, o tom de voz suplicante. O garoto mais velho semicerrou os olhos para ele, o fazendo engolir em seco.

— Para sua grande sorte, minha família não suporta se envolver em polêmicas, mas isto não vai ficar assim, vocês não podem simplesmente invadir a minha casa sem permissão e saírem ilesos. Isso é um absurdo e uma tremenda falta de respeito.

Alef declarou, dando as costas para os três e caminhando até a mesa de estudos que ficava no centro da biblioteca. Freya observou que ele usava uma calça de algodão cinza escura e uma blusa de algodão branca. Seus cabelos estavam bagunçados como sempre, mas sua aparência indicava que ele não havia dormido, o que a fez se questionar se ele já não desconfiava de tudo. Quando o garoto apanhou o telefone que ficava em cima da mesa de estudos, e começou a discar, ela franziu o cenho preocupada. Não fazia a menor idéia de para quem ele estava ligando, mas ficava se sentindo um pouco melhor sabendo que a polícia não seria envolvida.

— O que você está fazendo?

Ela perguntou para ele, sem conseguir conter a curiosidade. Alef bufou, colocando o telefone no ouvido e não se dando o trabalho de respondê-la. Estava com tanta raiva daquela idiota inconsequente, que no momento não suportava nem olhar diretamente para ela sem querer começar a gritar novamente. O telefone chamou apenas três vezes antes que a pessoa do outro lado da linha atendesse. Freya, Dominic e Sky aprumaram os corpos, prestando atenção para descobrirem de quem se tratava. Porém, como Alef estava um pouco afastado, não conseguiram identificar de quem era a voz que havia atendido com um "alô" abafado.

— Pai, eu sei que está muito tarde, mas preciso que venha até a biblioteca agora mesmo... — Ele deu uma pausa para ouvir o que Louis diria, encarando os três que ainda estavam no chão, agora lhe observando com os olhos arregalados e bocas abertas de medo e surpresa. — Eu sei, eu sei. Vou lhe explicar tudo quando chegar aqui, apenas venha rápido, por favor.

Ele não esperou por mais respostas antes de colocar o telefone no gancho, apoiando as mãos espalmadas em cima da mesa e encarando os três com uma expressão nada satisfeita. Amedrontada, Freya se desvencilhou do abraço de Nick, mas ainda não estava pronta para levantar do chão, então ficou lá mesmo enquanto o questionava.

— Porquê Louis? Meus pais vão... Eu nem sei o que eles vão fazer quando ficarem sabendo disso.

Alef abriu um sorriso sem expressão para ela.

— Deveria ter pensando em seus pais antes de tudo isso.

A voz dele era fria e cortante como gelo, e suas palavras carregavam uma realidade tão dolorosa que ela se calou, completamente envergonhada. Encarou o chão de madeira, se sentindo muito idiota e culpada. Odiava o fato de Alef ter razão, não havia pensado em Charlie e Daphne, e no quanto eles ficariam decepcionados quando descobrissem. Não havia pensado em seu anfitrião, e nem em como ele perderia toda a confiança e apreço que tinha por ela. Não havia nem mesmo pensado em Dominic e Sky, e nas consequências que seus amigos também iriam enfrentar.

Fora egoísta ao pensar apenas em si mesma e em seus medos, por mais que agora suas suspeitas tivessem sido confirmadas, o que era muito assustador e preocupante, ela estava extremamente arrependida e sabia que nada do que fizera valera à pena. Com isso, ela voltou a chorar, novamente se recostando no peito de Dominic em busca de conforto.

— Me desculpem, a culpa é toda minha, eu não deveria ter arrastado nenhum de vocês para minhas idéias malucas e problemas pessoais.

Imediatamente Sky envolveu sua mão direita com as próprias mãos, apoiando a cabeça em seu ombro e ficando o mais próximo que podia para lhe transmitir apoio.

— Não se desculpe, e não jogue a culpa de tudo para si mesma. Afinal, também estamos aqui, e também estávamos desde o começo do plano, até a execução. Concordamos com tudo, você não está sozinha, somos todos culpados e vamos assumir nosso erro, juntos até o final.

Ele disse, deixando um beijo em seu ombro, tentando ao máximo encorajá-la, por mais que ele mesmo estivesse com medo do que iria acontecer e com muita vontade de chorar. Ela soluçou, fungando e agradecendo em voz baixa enquanto erguia a mão esquerda para afagar seus cabelos. Ambos sorriram tristemente um para o outro. Dominic envolveu a amiga em um abraço solene, fazendo carinho em suas madeixas, limpando suas lágrimas com os dedos polegares, segurando seu rosto entre as mãos e beijando o alto de sua cabeça. Não havia mais nada a ser dito, e tudo o que restava aos três era esperar a chegada do dono da mansão, e a bronca que com certeza levariam.

Alef encarava o trio com uma sombrancelha arqueada de indignação, mas sentia uma pitada de satisfação ao ver o quanto eles estavam amedrontados, e tudo o que conseguia pensar era "bem feito", era mais do que merecido estarem com medo depois do que fizeram. Sem paciência para ficar assistindo todo o drama que estava sendo desenrolado a sua frente, ele revirou os olhos e foi sentar-se em uma das poltronas que ficavam perto da lareira. Após 15 minutos, que pareceram nunca passar para Freya, as portas da biblioteca foram abertas e Louis adentrou o espaço. Ele usava uma calça de cetim preta, um robe também preto de algodão e pantufas cinzas nos pés. Seus cabelos estavam desgrenhados de uma forma que nunca ficavam, o deixando muito parecido com o filho, e seu rosto ainda estava levemente inchado de sono.

Nas mãos segurava uma jarra de água gelada e dois copos de vidro. Com o cotovelo ele fechou as portas enquanto Freya, Dominic e Sky se levantavam do chão e ficavam um ao lado do outro, impassíveis. O homem caminhou até a mesa de estudos, deixando a jarra e os copos em cima da mesa. Ele ajeitou os óculos no nariz enquanto sentava-se em uma das poltronas, perto de Alef.

— Ora, mas o que temos aqui?

O homem perguntou cruzando as pernas e semicerrando os olhos para os três adolescentes. Freya não conseguia nem olhar nos olhos de Louis, tamanha era a vergonha que sentia. Seu coração estava quase saindo pela boca, e ela começou a tagarelar várias desculpas pois não podia evitar falar muito quando estava nervosa.

— Tio Louis, saiba que nada disso foi minha intenção. Eu agi de forma inconsequente e imatura, mas estou extremamente arrependida! Lhe juro por tudo o que é mais sagrado que eu jamais pensaria em fazer coisas sem o seu consentimento e eu...

Ela começou a despejar informações para cima do homem, gesticulando freneticamente com as mãos, mas foi interrompida por Alef.

— Os três disseram que iriam estudar, mas venho na biblioteca buscar um livro no meio da noite, e os encontro perambulando pelos corredores, com certeza enfiando o nariz onde não são chamados.

Freya se sentiu observada pelo garoto, sabia que ele estava a encarando enquanto falava, mas daquela vez não retribuiu. Ela fez uma cara feia olhando para os próprios pés descalços e fechando as mãos ao lado do corpo. Sabia que estava errada, mas como sempre aquele idiota não estava facilitando em nada a sua vida.

— Por favor, filho, eu gostaria de ouvir o relato vindo de Freya, já que era ela quem estava andando por aí às... — Ele olhou para o relógio na parede para conferir a hora. — Três e vinte da madrugada. Pode falar, querida.

Ela engoliu em seco, mas antes que tivesse a chance de falar algo, Dominic deu um passo a frente, tomando a situação para si.

— A culpa foi minha, senhor Green! Fui eu quem deu a idéia de andar pela sua casa em busca de fantasmas, sabe, com todas aquelas histórias sobre assombrações, eu queria investigar para saber se era tudo verdade! E eu convenci Freya e Sky a me acompanharem, não os culpe, a culpa é toda minha!

Louis observou a veemência nas palavras do garoto, colocou o cotovelo no braço da poltrona e apoiou o rosto na mão esquerda abrindo um pequeno sorriso de divertimento. Freya cobriu o rosto com as duas mãos, resfolegando insatisfeita, já deveria saber que seu melhor amigo, com toda aquela personalidade gentil e cavalheiresca, iria querer assumir a responsabilidade de tudo. Sky cruzou os braços e começou a roer as unhas da mão direita, ficando ainda mais nervoso do que já estava.

— Ora, Dominic, acho muito nobre de sua parte querer levar toda a culpa para si, mas eu sei que não foi nada disto que aconteceu — Louis disse semicerrando os olhos novamente. — Freya, meu bem, se não se importa, eu gostaria que continuasse a explicação. Sabemos que isto tem mais haver com você do que com eles.

As palavras dele carregavam tanta certeza, que Dominic perguntou a si mesmo se mentia tão mal assim. Naquele momento, ela levantou o olhar e encontrou os de seu anfitrião já lhe observando. Sua boca se abriu de tanta surpresa, a forma convicta com que ele havia falado sobre ela ser a mais importante ali, como se soubesse sobre suas particularidades envolvendo fantasmas, a fazia pensar se seu pai havia contado algo para o amigo. Ela pensou em como começaria a explicar aquela situação, pois tudo tivera um início muito antes de ela chegar a cidade.

— Acredite em mim... É... É muito mais complicado do que parece ser, tio Louis.

Disse para ele, sua voz diminuindo gradativamente. O homem suspirou e levantou-se de onde estava sentado, caminhando até a mesa de mogno e enchendo um dos copos de vidro com água. Ela o observou pensando em como ele havia sido atencioso ao trazer a água mesmo não sabendo que eles estavam lá.

— Aqui, beba isto, você está muito nervosa, vai lhe fazer bem.

Ofereceu a ela, estendendo o copo de água em sua direção. Ela engoliu em seco, apertando as mãos em punhos com muita força, extremamente relutante, mas por fim caminhando até ele. Sua mão direita ainda tremia consideravelmente, e acabou derramando algumas gotas no carpete. Louis a observava com uma expressão calma e passível, e quando ela deu uma pausa depois de ter bebido praticamente todo o conteúdo do copo em três grandes goladas, ele esticou o braço e afagou a bochecha dela com o polegar esquerdo. Aquele toque, tão gentil e carinhoso, a fez se acalmar parcialmente, pois significava que seu anfitrião não estava bravo com ela, o que tornava tudo mais fácil. Quando Louis a ofereceu um sorriso com o canto dos lábios, seu nervosismo diminuiu cinquenta por cento.

— Não estou aqui para lhe julgar, agora que já me acordou, causando todo esse alvoroço, não me importo nem um pouco de sentar e ouvir suas explicações.

Ele disse cruzando os braços e sentando na beirada de mesa de madeira. Freya deu uma breve olhada para trás, para onde seus amigos estavam, e percebeu que eles a encaravam com preocupação, ela acenou uma vez com a cabeça, para indicar que estava tudo bem. Em seguida virou-se para o homem a sua frente, segurando o copo com firmeza e decidindo que contaria toda a verdade, desde o começo, nos mínimos detalhes e sem omitir nada. Em um pico de coragem e sinceridade, ela revelou toda a verdade para Louis. Ela sabia que se ele fosse qualquer outro amigo de seu pai, ela mentiria veementemente até não poder mais. Porém, confiava nele, ele havia lhe transmitido confiança desde o primeiro momento, era compreensivo e gentil, e ela tinha certeza de que ele era o único que não pensaria em interná-la num hospício.

Durante todo o relato, ele permaneceu atento a cada detalhe, ouvindo tudo com muita seriedade, e não a interrompeu em momento algum. Lá atrás, Dominic e Sky também ouviam com atenção, completamente indignados e tristes pois não imaginavam que a amiga havia passado por tudo aquilo. Ela contou quando suas visões e fantasmas começaram a lhe atormentar, e como tentou esconder dos pais até não aguentar mais, pois eles enfim perceberam que seus gritos no meio da noite eram aterrorizados demais para serem causados apenas por pesadelos. Contou quando as visões dos fantasmas começaram a aparecer a luz do dia, em lugares como a escola, e como perdeu todos os seus amigos do dia para a noite, pois todos tinham certeza de que ela havia ficado completamente louca.

Contou como era receber olhares de julgamento por todas que a conheciam, e em como era difícil saber que seus pais também perderam amigos. Ela confessou como era conviver com a culpa todos os dias, de uma coisa que simplesmente não conseguia controlar. Contou como Charlie e Daphne se esforçavam para que ela tivesse uma vida normal, e como um pedaço dela morria todos os dias sempre que os via tristes e melancólicos pelos cantos por terem recebido mais uma proposta de colocá-la em um manicômio. Louis havia mudado a expressão de seriedade para uma de piedade e compreensão, conforme Freya chegava ao fim de suas explicações. Ela não queria a pena dele, mas continuou explicando tudo mesmo assim.

Explicou porquê seus pais resolveram mudar de cidade e largar tudo o que haviam construído ao longo dos anos, simplesmente porque a amavam muito, e preferiam abandonar tudo ao invés de a largarem em um hospício como se fosse um animal que precisava ser afastado da sociedade. Por fim, ela revelou ao anfitrião suas esperanças de parar de ver os fantasmas quando chegasse a Crying Village, mas que infelizmente isto não havia acontecido.

— No início, na primeira vez em que escutei, eu achava que era só coisa de minha cabeça, que meus fantasmas haviam voltado para me perseguir, porquê antes de vir embora, eles me avisaram que viriam atrás de mim, então eu tinha certeza de que eram eles. Mas naquela noite, ouvi gritos femininos implorando por socorro no andar de baixo. Me pareceram tão reais que nem pensei duas vezes antes de descer para oferecer ajuda, a quem quer que estivesse pedindo. Mas não consegui, Alef apareceu e me impediu dizendo que não havia ninguém para ser salvo, eu até tentei ir até lá, mas ele me empurrou e me trancou dentro de meu próprio quarto...

Ao contar aquilo, ela finalmente olhou para ele, com uma expressão de remorso. Ele retribuiu seu olhar tranquilamente, indicando que não se arrependia nem um pouco do que fizera. Em relação aquele relato, Louis levantou as sobrancelhas, surpreso.

— Bem, creio que as intenções de meu filho eram boas, ao trancá-la em seu quarto.

O homem disse, virando a cabeça minimamente para o lado, em direção a Alef, mas sem realmente olhar para trás. Freya se segurou para não dizer que as intenções dele eram todas, menos boas, quando a deixou em cativeiro tendo uma crise de pânico. Respirando fundo, ela continuou contando sobre a segunda noite, a noite em que realmente teve certeza de ter ouvido um fantasma no quarto de seus pais. Quando ela narrou todos os detalhes para Louis, do objeto sendo arrastado no chão e do grito de outro espírito, poderia jurar que ouviu ele murmurar um: "Benedict". Ela ignorou aquele detalhe, poderia ter sido só uma impressão. Quando finalmente terminou de contar tudo, ela o encarou por vários segundos com preocupação evidente no olhar. Teve medo do que ele faria a seguir, teve medo de como iria reagir, teve medo de que ele contasse tudo aos seus pais. Mas Louis sendo Louis, a surpreendeu, como sempre fazia.

— Olhe Freya, garota, o que você e seus amigos fizeram não foi certo. Invadir uma propriedade alheia, minha casa, dessa maneira, foi uma grande falta de respeito e responsabilidade. Principalmente da sua parte. Eu confiei em você, deixei que recebesse Dominic e Sky na minha mansão, você sabe há quanto tempo eu não recebo desconhecidos aqui? Justamente para evitar este tipo de situação... Então você me vêm e me faz esse tipo de coisa, sinceramente, eu não esperava esse comportamento de você.

Ao ouvir tudo aquilo, Freya baixou o rosto e não conseguiu segurar as lágrimas que começaram a escorrer por seu rosto. Ela se sentia muito culpada por ter traído a confiança de Louis, a pessoa que mais a fazia se sentir confortável naquele lugar. O peso de saber que o havia decepcionado doía muito, ela preferia ter levado um tapa no rosto do que ouvir o tom de decepção na voz dele. Mas sabia que estava errada e que merecia ouvir tudo aquilo e muito mais.

— Mas ainda assim, eu entendo seus motivos, e fico feliz que tenha sido sincera comigo, se tivesse mentido para mim, eu iria saber, tudo seria muito pior e eu nunca mais iria confiar em você. Os fins não justificam os meios, mas dessa vez irei deixar passar porque sei que suas intenções não eram ruins e maldosas. Você só estava assustada não é mesmo?

Ele perguntou para ela, que estava chorando de cabeça baixa. Ela fungou, limpando o rosto molhado com as costas das mãos, além de arrependida se sentia envergonhada por chorar na frente de seus amigos e de Alef. Ela fungou mais uma vez e concordou duas vezes com a cabeça.

— Sim, tio Louis, o medo me fez agir de maneira inconsequente. Me desculpe, eu não queria que nada disto tivesse acontecido. Me perdoe por ter andado por sua casa sem sua permissão e ter induzido meus amigos a me acompanharem. Lhe prometo que nunca mais farei algo como esse novamente... Estou muito envergonhada e nem sei mais o que lhe dizer, sei que desculpas não são o suficiente, mas estou pedindo do fundo do coração que me perdoe.

Ela suplicou com a voz embargada, torcendo a blusa do pijama freneticamente, a expressão amedrontada enquanto esperava o veredito do homem que lhe observava em silêncio. Ele respirou profundamente, tirando o óculos do rosto e limpando as lentes na manga do robe. O tempo em que ele passou apenas limpando o objeto em silêncio pareceram uma eternidade angustiante para ela. Freya queria logo saber o que ele iria fazer a respeito de sua situação e não suportava a idéia de que ele deveria estar super desapontado.

— Bem, acredito em suas palavras. E não precisa se preocupar, eu a perdôo e saiba que não guardo rancor. Você é uma boa menina e gosto muito de você, errar é humano e portanto não irei envolver seus pais nisto. Sei que não fará isto novamente, portanto já podemos finalizar esse inquérito pois preciso acordar cedo para trabalhar amanhã. Quanto a vocês meninos, também podem dormir tranquilos, não irei envolver os pais de vocês dois. Vamos apenas esquecer que tudo isso aconteceu.

Alef bufou insatisfeito, resmungando um: "Só pode ser brincadeira". Se ouviu, Louis agiu como se não tivesse escutado nada. Freya soltou a respiração que estava prendendo, e sentiu Dominic e Sky fazerem o mesmo, aliviados.

— Obrigado senhor Louis, estou muito envergonhado, todos nós estamos. Não sei nem como lhe agradecer...

Nick começou a dizer, mas Louis descartou suas desculpas com um aceno de mão.

— Não precisa se desculpar garoto, todos vocês já estão perdoados. Tudo o que quero que façam agora é voltar para o quarto, para dormirem e ficarem quietos, por favor. Amanhã é terça-feira, todos vocês têm aula e exatamente menos de três horas para dormir, precisam acordar cedo. Vai ficar tudo bem. Vamos, eu os levo de volta para o quarto.

Louis os chamou, levantando da mesa e amarrando o robe ao redor do corpo com mais firmeza. Naquele momento, Alef, que havia permanecido calado durante toda a conversa e com a expressão fechada desde seu resmungo insatisfeito, bufou novamente de forma descontente, levantou-se da poltrona e se dirigiu até a parte de cima da biblioteca com passos pesados.

— Alef...

Louis o chamou, mas sem obter resposta. O homem suspirou balançando a cabeça tristemente. Freya observou o garoto desaparecer por entre os corredores de prateleiras do andar superior, e sentiu uma pontada de satisfação pois sabia que ele estava frustrado por não ter conseguido o que queria.

— Ele só está chateado pois com certeza esperava que eu os punisse de alguma forma. Quando se trata de nossa casa, ele é muito cuidadoso, com certeza ficou muito insatisfeito com o que fizeram, ele é assim desde criança, odeia receber visitas por aqui. Esse meu filho... Sempre tão territorial. Mas não importa, ele está rodeado de livros, ficará bem. Agora vamos, vamos.

O homem disse, colocando uma mão na costa de Freya e a conduzindo para fora da biblioteca junto com Dominic e Sky. Eram quatro e meia da madrugada, e no caminho de volta os adolescentes esfregavam os olhos e bocejando preguiçosamente. Ela se sentia segura andando pelos corredores com Louis, de uma forma interessante, e nem pensou em espíritos com ele andando ao seu lado. Por mais que os corredores ainda estivessem todos escuros, ela nem ao menos sentiu medo, e quando percebeu já estava em frente ao seu quarto. Ela virou-se para seu anfitrião enquanto os meninos entravam para dentro do quarto. Ele a observou com um olhar gentil e carinhoso. Ela cruzou os braços e franziu o cenho, vacilante.

— Não... Não está com raiva de mim, não é tio Louis?

Ele abriu um sorriso cansado, negando com a cabeça.

— Não pequena, depois de hoje percebi que não consigo sentir raiva de você. Mas não se aproveite disso para tacar fogo na minha casa, por favor.

Ela soltou uma risada, que ele acompanhou enquanto estendia o braço e bagunçava seus cabelos.

— Descanse. Sei que está querendo me perguntar muitas coisas e obter muitas respostas, porém agora não é a hora. Tudo virá no momento certo, confie em mim.

Freya concordou, ele tinha razão. Aquele dia já havia sido intenso o bastante, ela poderia muito bem esperar por respostas. Tudo o que precisava agora era descansar pois estava exausta.

— Tudo bem. Desculpe o incômodo e obrigada por tudo.

Ela disse para ele. Ele se despediu acenando perto da porta. Dominic e Sky acenaram de volta para ele, sem jeito depois de todos os ocorridos. Freya suspirou fechando a porta depois de ele já ter ido embora. Os meninos a encararam sem acreditar em tudo o que havia acontecido. Ela suspirou se recostando na parede e cruzando os braços depois de ter fechado e trancado a porta.

— Bem, eu descobri as respostas para minhas perguntas. É claro que, ainda estou no escuro quanto a algumas questões. Mas Louis me disse que tudo vai vir no momento certo, estou contando com ele para me responder o que ainda não sei. E o mais importante, me responder porquê essa mansão é tão mal assombrada, tenho certeza de que coisas ruins aconteceram aqui... Com certeza eles devem ter sido amaldiçoados.

Os três se olharam por alguns segundos sem dizer nada, o peso das palavras dela fazendo com que todos eles tivessem calafrios de medo.

— Pelo menos agora sabemos que as histórias eram reais... A mansão da família Green realmente é assombrada. Descobrimos da pior maneira, mas pelo menos descobrimos.

Dominic relembrou, soltando uma risada sem graça enquanto coçava a nuca. Sky estremeceu esfregando os braços.

— Eu acho que nunca mais vou dormir direito depois do que aconteceu hoje, e depois de tudo o que vi.

O garoto disse amedrontado, ainda se aquecendo. Freya bocejou cansada, dizendo:

— Não quero mais falar disso por agora, foram muitas coisas para uma noite. Vamos dormir, hoje já é outro dia e vamos poder sentar e discutir tudo com calma.

Os meninos concordaram enquanto começavam a caminhar em direção aos lugares onde haviam dormido anteriormente, mas ela os impediu na mesma hora.

— Esperem! Se não for pedir muito, será se vocês podem dormir junto comigo? Sei que pode parecer bobo, mas ainda estou morrendo de medo.

Os dois pararam de andar, Dominic sorriu para ela de forma encorajadora enquanto Sky soltava uma risadinha, corria e se jogava na cama, se enroscando nos lençóis e desaparecendo no meio dos travesseiros. Freya sorriu com afeto diante do jeito fofo do amigo.

— Acho que nunca vou ser capaz de te negar nada.

Nick confessou para ela.

— Eu me sinto adorável sabendo disso.

Ela esperou até que ele deitasse na cama para poder desligar a luz. É claro que, com os traumas recém adquiridos, apenas a luz que vinha da varanda não seria o suficiente para que os três dormissem em paz. Por isso, ela ligou o abajur que ficava do lado direito de sua cama. Depois de já ter deitado confortavelmente, entre Dominic e Sky, ela se aconchegou e suspirou satisfeita, finalmente confortável no meio deles.

— Nem imagino o que meu pai diria se nos visse dessa forma aqui e agora.

Ela disse de uma maneira divertida.

— Ah, eu não acho que seja nada demais — Sky disse dando de ombros. — Veja bem, eu sou gay, Nick não gosta de você de uma forma romântica, e nem você dele, então não vejo maldade alguma em dormirmos juntos.

Freya abriu a boca e sorriu diante daquela revelação. Era quase tangível que Sky era gay, ela sempre desconfiou, mas agora tinha certeza. A notícia a faria dormir em paz.

— É verdade — Dominic concordou, afastando uma mecha de cabelo com delicadeza do rosto de Freya e esticando o braço para afagar os cabelos de Sky. — Eu acho que amigos dormindo juntos deveria ser mais normalizado pela sociedade.

— Concordo com vocês, deveríamos fazer isso mais vezes.

Todos concordaram enquanto sorriam uns para os outros. Eles passaram mais um tempo conversando e soltando risadas abafadas vez ou outra. Dominic conduzia assuntos diversificados, e parecia que nada realmente havia acontecido enquanto eles sorriam e falavam sobre o dia a dia até por fim conseguirem pegar no sono, um sono pesado, porém leve ao mesmo tempo. Suas respirações eram sincronizadas, e haviam dormido todos abraçados, e aquele abraço significava, mesmo sem terem dito em palavras, que não importava o que acontecesse, sempre iriam se apoiar dali para frente.

XXX

Espero que gostem, não esqueçam de comentar🗣️, votar⭐e compartilhar 🔄, é importante pra mim e pra o crescimento do livro!!!

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