Antonella caminhava em passos rápidos até a cabana no meio do mato. Merle Dixon se encontrava em seu quarto apertado com apenas uma pequena janela com pouca passagem de luz.
Ele estava organizando suas pílulas enquanto brincava com o seu cigarro ainda não aceso em seus dedos ágeis que há três meses atrás, brincava com o clitóris de Antonella.
A moça deu três toques na porta velha dos Dixon. Daryl se levanta do chão gelado e sujo da pequena sala largando sua crossbow no chão e atende a porta que rangiu ao abrir.
──Olá. ──Antonella com um sorriso educado, cumprimenta o Dixon que assente.
──Bom dia.
──Hum, por acaso ──A moça tentava ver por dentro da casa, nervosa.── Merle Dixon est--
──Merle! ──O homem a cortou, a fazendo dar um pequeno pulo de susto pelo grito.── É pra você.
──Olá, docinho. ──Merle se escorou na porta, olhando a mulher de cima a baixo.── Você engordou.
──Estou grávida. ──Antonella diz seca e direta.
──Bom pra você. O que eu tenho a ver com isso?
──Você é o pai. ──O sorriso ladino de Merle se desmanchou, mas logo se reabriu novamente.
──Muito engraçado, docinho. ──O homem soltou uma risada sem humor.── O que veio fazer aqui? Quer ir para o quarto? ──Ele passa sua mão pelo braço da mulher, que recua irritada.
──Estou falando sério. Você é o pai de uma menina. Não ligo se não quiser assumir. Só quero que saiba. ──Antonella deu dois passos para trás.── Até, Merle Dixon.
──Qual vai ser o nome? ──Ela se vira para ir embora com a mão na barriga.
──Amélia. Amélia Becker.
──Amélia Becker Dixon. ──Antonella sorriu vitoriosa e seguiu seu caminho.
Cinco meses se passaram e Amélia estava nos braços de sua mãe. Mas Antonella não tinha Amélia em seus planos. Antonella coloca seu vestido vermelho bordô e seu sobretudo preto junto de uma bota preta com salto e surgiu caminho para a casa dos Dixon com Amélia em seus braços.
──Ei, meu amor. ──Antonella parou uns 2km longe da cabana.── Eu te amo. Muito. Eu sei que o que eu vou fazer é errado. E eu sinto muito por isso, de verdade. Mas eu não tenho outra saída. ──Antonella colocou dois envelopes vermelhos no cobertor da garota que começou a chorar tocando suaa mãos nas bochechas rosadas de sua mãe que derruvava lagrimas silenciosas.── O papai vai cuidar bem de você. Você vai ficar bem. Eu prometo.
Antonella juntou sua testa com a da filha e logo depositou um beijo em sua testa. Ela limpou suas lágrimas e colocou um sorriso no rosto.
Se aproximando da mesma porta velha de meses atrás, ela dá três toques na porta. Desta vez, a porta foi atendida pelo pai da criança.
──Merle. ──Antonella suspirou.── Preciso que fique com a sua filha. Só por esta noite. Não tenho mais ninguém para deixar ela.
──Amélia? ──O homem apontou para a bebê que diminuiu o choro e a mãe assentiu.── Quando você volta?
──Até amanhã de manhã no máximo. ──Ela sorriu aliviada e colocou o bebê no colo do homem que analisou o rosto de sua filha desconfiado.── Cuide bem dela.
──Claro, docinho. ──Merle a segurava desajeitadamente.── Cuidarei muito bem dela.
E assim, Merle Dixon fica responsável pela criança pelo resto de sua vida. Ou talvez não.
── Essa vadia! ──Merle gritava na sala, enquanto Amélia chorava nos braços de Daryl, que tentava a acalmar.── Deixou a criança comigo e sumiu!
──Não grite, Merle. Está assustando a garota!
──Foda-se a garota! ──Merle chegou mais perto de seu irmão.── É, Foda-se ela. Vou a colocar em um Orfanato!
──Ficou doido?! ──Daryl se levantou do sofá num pulo.── Você não pode fazer isto com sua filha!
──Se você se importa tanto assim, fique com ela! ──Merle abriu a porta da frente, se preparando para sair de casa.── A adote e será toda sua. Mas se não, vou a jogar em um Orfanato.
O Dixon mais novo hesitou. Ele deveria adotar a filha de seu irmão, ou deixar ele abandonar sua sobrinha?
──Então agora, ela é minha filha! ──Daryl gritou para seu irmão.── A criarei como minha e ela ficará!
Merle fez uma careta de raiva e saiu batendo a porta. Daryl se joga no sofá percebendo o que fez. Agora ele é pai. Uma vida está sob sua responsabilidade. O homem suspirou e jogou sua cabeça para trás.
──Papai! Papai! ──Amélia gritou de cima de uma árvore para seu pai.── Por que o Tio Merle não quis vir com a gente?
──O Tio Merle não está feliz hoje, Laranjinha.
──Mas hoje é meu aniversário! ──Ela diz com um sorriso de orelha a orelha.── Não é legal ficar triste em aniversários, é deprimente.
──Ele acordou com dor de cabeça. ──Daryl coloca sua crossbow nas costas e vai até a árvore que a garota está com um esquilo na mão.── Venha, vamos voltar. Está na hora de você tomar suas pílulas.
Amélia pulou nos braços de seu pai, que soltou uma risada fraca.
──Nossa, você tá ficando pesada. ──Sua filha passou seus bracinhos pelo pescoço do pai.── Este ano, tenho um presente diferente pra você.
──O que é Papai? ──O homem abriu a porta da frente e jogou a garotinha no sofá.
──A sua mãe te mandou uma carta para você abrir no seu aniversário de onze anos. ──Ele disse sem empolgação.
──Sério?! ──Amélia se endireitou no sofá.
──Muito sério! ──Daryl abriu um armário tirando um envelope vermelho de lá, junto com três tubinhos de remédio.── Abra quando quiser, Laranjinha.
Ele a entregou a carta e os remédios e saiu da cabana. A garota colocou uma pilula de cada em sua boca e engoliu. Amélia analisou o envelope e logo o abriu, ansiosa. Daryl sempre a disse que sua mãe teve de viajar a trabalho, sem previsão de volta.
Na carta a mãe dizia por que não podia ficar com a menina, o por que que ela havia viajado para Los Angeles por uma proposta de emprego numa festa para adultos, chamada Evie's Night. A Garota corria seus olhos pela carta.
Seus olhos pararam em uma parte em específico. "O tio Daryl com certeza deve estar sendo muito legal com a minha menina." Como assim tio Daryl? Não era papai? E por que ela se referiu ao seu tio Merle como papai? Será que ela havia se confundido?
Não, impossível. Amélia entendeu o que aconteceu. Seu pai, ou melhor, Daryl, havia mentido para a garota sua vida inteira. E seu pai verdadeiro também.
Amélia com lágrimas nos olhos vai até seu quarto que dividia com Daryl, pegou sua mochila e roubou dinheiro de seu pai biológico. Na sua mochila colocou três vestidos, cinco shorts, seis blusas, duas saias e quatro casacos. Junto também de sua adaga, algumas bombinhas, todos seus remédios e seus itens de higiene.
Ela calçou suas botas velhas e desgastadas junto de sua capa de chuva e pegou alguns salgadinhos no armário, colocando tudo na mochila, e saiu em rumo a sua mãe, pela chuva.
Depois de dois dias de viagem com um homem chamado Paul ── um estranho que ela conheceu na estrada, ela o apelidou de Jesus pela sua aparência ── Amélia conseguiu chegar em Los Angeles sem ser sequestrada ou morta.
Parada em frente a boate Evie's Night, a garota consegue distrair os seguranças e entrar na balada jogando umas bombinhas na rua.
A luz negra da boate choca Amélia. Ela nunca ouviu falar de luzes escuras que podem fazer tinta néon brilhar. A Garota percorre seus olhos por todo o lugar, procurando alguém que pudesse a ajudar a achar sua mãe.
──Oi. Você pode me dizer onde a... ──Amélia se aproxima de um homem que estava no open-bar.── Antonella Becker?
──Quem deixou você entrar? ──O homem pergunta ríspido.
──Eu preciso saber onde ela está. Aí eu prometo que nunca mais vai precisar me ver. ──Ela estendeu seu mindinho fazendo cara de choro.
──Está no camarim. Se algum homem te ver, fuja. ──Ele ignorou o mindinho da garota e pegou uma garrafa de whiskey.── E você nunca me viu.
──Nunca te vi. ──Amélia assentiu repetindo.── Obrigada!
Ela correu em direção a qualquer lugar que podia ser o camarim.
Até que ela achou. A garotinha parou uma das mulheres que estavam saindo de lá.
──Oi moça. Você sabe onde está Antonella Becker?
A moça apontou para uma mulher de cabelos castanho claro sentada em uma cadeira, passando seu batom vermelho..
Amélia caminha em direção a ela e da três toques de leve em seu ombro.
──Mamãe? ──Antonella se vira confusa. Quando vê sua filha, dez anos mais velha, seus olhos se enchem de lágrimas, mas ela não solta nenhuma.
──Amélia? O que está fazendo aqui, meu amor? ──A mulher a abraça fortemente.── Você cresceu!
──Mamãe, o papai mentiu pra mim. A minha vida inteira. ──O sorriso da mãe desaparece e ela logo puxa sua filha para se sentar em seu colo.── O papai de verdade é o tio Merle?
──Sim, meu amor. Eu achei que você soubesse disso.
──Eles me falaram que o Daryl é meu pai. A minha vida inteira eu achei que ele era meu papai verdadeiro. Mas ele não é. ──Antonella puxa sua filha para outro abraço apertado.── Posso morar com você?
──O que? ──A mulher se afasta na hora.── Minha filha, não tem como você vir morar comigo. E o seu pai? E o tio Daryl?
──Merle não é o meu pai.
──Tudo bem, meu amor. Ele não é seu pai. O Daryl é. Ele te criou. ──A mulher assentiu.── Mas eu não posso te ter em casa. Eu volto tarde, passo o dia fora, não consigo te sustentar. O seu pai vai cuidar melhor de você.
Amélia se levanta do colo de sua mãe e saiu correndo. Ela sai da boate e se senta na calçada.
Grunhidos foram ouvidos de todos os lados. Amélia pegou sua adaga do seu bolso e a apontou para frente.
Zumbis começaram a morder pessoas e a as comer. A garota saiu correndo para qualquer lugar que não tivesse perto deles.
Ela pulou um muro de uma casa e viu uma família ser devorada. Ela deixou uma lágrima escapar e sentiu dois braços segurando seus ombros.
A sua adaga voa de sua mão e a garota começa a lutar contra o zumbi que tentava a morder a qualquer custo.
Então, Amélia vê uma espada cortando a cabeca do zumbi, fazendo sangue espirrar em seu rosto e sua blusa. O zumbi para de se mexer e fazer barulho e cai no chão, morto.
Atrás dele uma menininha de cabelos castanho claro aparece com a espada que cortou sua cabeça em mãos.
──Obrigada. ──Suspirou aliviada.
──De nada. ──Ela estendeu sua mão livre.── Sou Diana Abbink.
──Amélia. Amélia Dixon. Onde estão seus pais?
──Onde estão os seus?
──Bom, minha mãe me rejeitou e meu pai mentiu pra mim, ele não é meu pai de verdade. Meu tio que é.
──Eles foram babacas. E eu não gosto de babacas. ──Diana disse com uma cara de brava.── Meus pais viraram estrelinha. Eu moro em um Orfanato. Bom, morava. Achei essas duas espadas escondidas em uma casa.
Ela mostrou outra espada que estava em sua cintura.
──Uau. ──Amélia disse observando a espada, encantada.
──Quer pra você? Aí a gente tem espadas combinando!
──Ótima ideia! ──A Garota retirou a espada da cintura e entregou a Amélia que assentiu.
──Para onde vamos? Aqui não é seguro.
──Para Atlanta. Tenho que encontrar meu pai. ──Elas começaram a caminhar para fora do quintal da casa.
──Mas aonde fica Atlanta? ──Diana parou, fazendo Amélia parar também.
──Ixi! Como vamos para Atlanta? ──Ela se virou para dua amiga.
──Já sei! Vamos pedir carona!
──Você ficou doida? E se alguém querer nos matar?! ──Amélia sussurrou a última parte.
──Ai a gente tem duas espadas!
──Legal! Vamos!
Elas foram em busca de algum sobrevivente para pedir carona.