Boa sorte com esse capítulo.
Pra quem não se sente confortável, os próximos tem descrição de cenas de violência, então quem não quiser ler, pula direto para o último.
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04:00 AM, 1 de setembro de 2019 - domingo
A euforia havia começado a dominar o galpão. Uma multidão de pessoas andava de um lado para o outro com caixas, armas, roupas e papéis, esbarrando uma nas outras e correndo contra o tempo. Em duas horas, estariam deixando o lugar e caminhando para o destino final, para o objetivo que tinham trabalhado por quase dois meses.
O medo de que nada desse certo era imenso, mas a esperança parecia ter o dobro de tamanho. Sage já estava no prédio onde se encontrariam antes de invadir o lugar, ele estava preparando tudo e garantindo que a polícia não chegasse tão rápido. Com a ajuda de alguns federais corruptos, eles tinha acesso às frequências de rádio militares e civis e também tinha acesso a todo o protocolo que seguiam em casos de assaltos e ataques de grande porte, sabendo assim, exatamente como prolongar e instaurar o maior caos que conseguisse.
A FDN estaria praticamente vazia, pelo cronograma que o maioral conseguiu, haveria um total de vinte pessoas no prédio todo, dos quais dois seriam os zeladores e o restante, guardas.
Wednesday se encontrava desesperada, procurando por seu comunicador em todos os lugares: não lembrava onde havia o colocado e, pior, com a movimentação de pessoas era possível que alguém tivesse pego por engano. Seu corpo se alivia ao ver a pequena caixinha preta com um fio transparente em cima de sua mala, com certa violência ela pega o aparelho e o coloca, garantindo assim que não fosse o esquecer.
Enid estava calmamente ajudando todo o seu grupo a carregar as coisas, havia levantado mais cedo (na verdade sequer pegou no sono) e já estava pronta quando todos acordaram. Suas malas estavam arrumadas, ela já tinha seu comunicador colocado, assim como sua roupa tática e sua balaclava estava em seu bolso, iria colocá-la apenas na hora de agir.
A dupla não se encontrou até o horário de partida, estavam se vendo apenas no carro que iriam.
O cansaço era evidente em ambas, elas sabiam que o sono não foi uma opção na noite passada, apesar do dia cheio de serviço que tiveram. No carro, os grupos iam misturados, pelo fato de que se separariam na construção de fachada na frente da agência. O caminho até lá, foi silencioso e apreensivo, nem mesmo Harvey ou Ashton disseram uma palavra.
Ao estacionarem nos fundos do prédio vazio, a ansiedade começou a crescer dentro de todos: realmente iria acontecer, poderia dar certo, poderia dar errado, nada era impossível.
- Antes de irmos - Ashton disse depois de desligar o motor - podem achar tolo ou contraditório, mas nós sempre fazemos uma pequena oração antes de cada missão, pedindo proteção um ao outro. Se puderem, gostaria que se juntassem à nós.
As duas se encaram antes de dar as mãos e fecharem os olhos. Harvey rapidamente ora um pai nosso e faz uma pequena prece pedindo proteção a todos os colegas de missão e especialmente para as três figuras que estavam no carro consigo. Depois de finalizar, os quatro descem do automóvel, colocando as máscaras e os coletes, indo em direção à entrada dos fundos do edifício.
Lá dentro, aos poucos a aglomeração aumentava, mostrando cada vez mais pessoas encapuzadas e protegidas por capacetes e seja lá o que mais usassem. Os times eram separados por pequenos detalhes:
O de invasão, usava capacetes, coletes e proteções de cotovelo, joelho e canela;
O responsável por hackear o banco de dados, usava coletes e todos tinham maletas com algo dentro;
O de proteção carregava escudos, além da mesma roupa e acessórios que o time de invasão;
E por fim, o de resgate carregava uma pequena maleta (um kit de primeiros socorros), um escudo e usava uma máscara de gás, com uma balaclava por baixo.
Até agora, nenhum deles portava armamento ou algo do tipo, receberiam ali.
- Bom dia - Sage entrava no lugar com um sorriso no rosto - seis e quinze. Às sete começamos com a distração. Enquanto isso, irão distribuir o armamento e irei recontar o plano enquanto conferem as armas e os comunicadores, certo?
Em uníssono, todos respondem.
Enquanto o homem falava sobre o plano, cada um recebia armamento e munição o suficiente para o que parecia ser uma guerra.
O time de resgate recebia quatro pistolas, dois rifles de assalto, quatro granadas de fumaça e outras quatro de dispersão;
O time de proteção e invasão recebiam três pistolas, três rifles de assalto, cinco granadas de fumaça e cinco de dispersão, além de duas facas.
Obviamente toda a roupa foi pensada para o carregamento de tais coisas, nos coletes haviam dois espaços para as pistolas e cada um tinha dois coldres no cinto. Os rifles tinham uma corda tática para carregamento e tinham um lugar para ficarem presos quando não estivessem sendo usados.
Sete horas no relógio: era agora ou nunca.
A distração evitaria que a polícia chegasse antes, então do outro lado da cidade, um incêndio de proporções absurdas havia começado há algum tempo e, pelo rádio que portava, Sage havia recebido a confirmação de que todas as unidades de polícia, bombeiros e a maioria das ambulâncias já estava a caminho do local.
O alarde estava feito: canais de notícia cobriam o misterioso incêndio, obtendo depoimentos de moradores próximos e da própria polícia, que dizia já ter uma lista de suspeitos a qual estavam analisando. Era ridícula a forma como mentiam para o povo, eles haviam acabado de chegar ao local, como teriam uma lista de possíveis autores do ato em menos de dois minutos de observação?
Obviamente aquilo era pra não deixar o pânico se estabelecer pela cidade e pelo pequeno bairro onde havia ocorrido. O fogo havia começado em um armazém perto de uma floresta e, de acordo com os policiais, uma bituca de cigarro era a causa de todas a chamas que engoliam as árvores e as pequenas casas abandonadas em volta do lugar.
Com certeza um fogo avassalador provinha de uma coisa minúscula.
Com isso, o caminho estava livre.
Pela porta dos fundos, o time de invasão se dispersa, vindo de outros lugares para garantir que o prédio que haviam acabado de usar não seria alvo de suspeitas tão cedo.
Wednesday comandava o grupo pelo comunicador, perguntando posições e andamento dos grupos que foram dividos.
- Grupo um falando, grupo dois em posição?
- Grupo dois na escuta, em posição aguardando sinal.
- Grupo três?
- Grupo três na escuta, aguardando instruções.
- Grupo quatro?
- Grupo quatro na escuta, prontos.
- Certo. Se derem de cara com algo que não conseguem resolver ou aguentar, chamem alguém pelo rádio. Vamo botar pra foder.
Seguindo o plano, o grupo um, o de Wednesday, lidera o caminho, estourando as portas da frente enquanto o grupo dois entrava pelo fundo da construção.
Os grupos restantes apenas serviam de reforço por enquanto.
- Quatro, pela direita, três pela esquerda.
Com um estrondo alto, os funcionários que estavam dentro do local se assustam e os guardas ficam em alerta, mas antes mesmo que pudessem agir, viram uma multidão de pessoas encapuzadas e armadas até os dentes invadirem o saguão principal, gritando para que ficassem quietos e abaixassem as armas.
A partir dali, já não tinha mais volta.
A adrenalina consumia os invasores a cada segundo que passava. Seria uma sensação agradável se não fosse pelo terror e medo estampados no rosto dos guardas e do zelador na recepção.
- VAI PRO CHÃO, PORRA! - Addams gritava a plenos pulmões.
Os dois guardas se abaixam depois de jogar as armas na direção da figura que havia acabado de gritar, enquanto o zelador apenas desaba em choro, se ajoelhando.
- Por favor, não me matem! Minha neta faz nove anos hoje, prometi levá-la ao cinema - seus soluços faziam o corpo da mulher estremecer.
- FICA QUIETO E DEITA NO CHÃO! - um dos encapuzados ao lado dela grita a tirando de seus pensamentos.
- Grupo três, o andar de cima é de vocês - ela sequer espera por confirmação - banco de dados e proteção, agora é com vocês.
Em poucos segundos, mais e mais pessoas entram no lugar, com armamento pesado e maletas, indo para o andar de cima.
- Olhos e ouvidos abertos - dessa vez, o líder do segundo grupo dizia - nos fundos tudo sob controle.
- Hora de se espalhar - os corpos começam a se mover com a ordem da mulher, que se posiciona na porta do elevador - se lembrem, atirem apenas quando necessário. Sem desperdicio de balas e sangue inocente.
Sage ouvia tudo pelo rádio que tinha, estava orgulhoso por ter conseguido por pura sorte ter Wednesday no time de ataque. Odiaria desperdiçar o conhecimento da menor em resgate, afinal, ela sabia muito bem comandar.
Enquanto o homem esboçava um sorriso, Enid estava tremendo de nervoso, tentando vetar seu subconsciente de qualquer imagem ou pensamento ruim.
Um barulho ensurdecedor ecoa pelo rádio, a tirando de seus pensamentos e fazendo seu corpo congelar: uma explosão, seguida por vários disparos.
- Grupo três, informações - a morena ouvia os tiros ecoarem pelo saguão onde estava.
- Tem mais gente que o esperado, precisamos de reforço - uma voz gritava por entre os disparos.
- Grupo um, comigo - Wednesday começa a subir pelas escadas, não usaria o elevador por motivos óbvios.
Ao ouvir aquilo, o corpo de Enid que antes estava em estado de choque, se enrijece completamente enquanto mais e mais disparos são ouvidos pelo comunicador: o plano havia começado a sair dos eixos.