Alyssa 🌻
Bernardo: Mamãe, mamãe, mamãe. - entrou no quarto e veio correndo na minha direção. - O papai chegou. - falou sorrindo.
Estávamos em uma das casas que o Touro tem espalhadas pelo Rio. Ele disse que aqui estaríamos seguras e que ninguém tinha conhecimento desse lugar.
Demorou um pouco para o Marcos me convencer disso. Deixar minha mãe, meu pai e meu irmão e todos da minha família desprotegidos, sendo que eu poderia fazer com que eles ficassem seguros também.
O Marcos falou uma coisa que ficou na minha cabeça durante todos esses dias, eu agora sou a família dele. Faço parte agora e para onde eles forem, eu tenho que ir.
Conversei com minha mãe antes de vir e ela disse que ele estava certa e que era melhor eu vir até mesmo por conta do Bernardo que já está muito apegado a minha pessoa.
Mas eu não queria isso, eu queria ficar ao lado das pessoas que me criaram e ao lado dos meus primos e do meu irmão, crescemos juntos e me separar deles é como se arrancasse um pedacinho do meu coração.
Estar aqui não estava sendo ruim. A família do Marcos é maravilhosa, a Jhe me acolheu como filha e a Mirele como uma irmã, mas sinto falta do abraço da minha mãe, das conversas com a Lívia, das brigas bobas com meu irmão, do carinho do meu pai. De todos eles sinto muita falta.
Suspirei fundo ao ver o Marcos entrar no quarto e o Bernardo pular nos braços dele. Estava sentada no sofá que tinha perto da janela do quarto.
Bernardo: Que saudades, papai! - abraçou forte o Marcos.
Marcos: Também estava, filho. Muita saudade. - beijou o rosto dele.
Bernardo: Quando vamos poder voltar pra casa? - perguntou.
Tá aí uma pergunta que queria uma resposta sincera. Quando poderíamos voltar? Eu estava com saudades de todos e não ter notícias deles me deixava maluca.
Eu estava sentindo uma coisa ruim no meu peito a alguns dias. Um aperto muito forte e por conta disso não conseguia dormir direito. Estava cansada, sentia meus olhos pesarem, mas não conseguia dormir.
Encarei o Marcos esperando ansiosamente pela resposta e ele, obviamente, percebeu meu olhar.
Marcos: Daqui a pouco, filho. - engoli o seco e voltei a jogar para a janela. - Ainda temos que resolver algumas coisas. - colocou o Bernardo no chão. - Vai lá fora brincar, quero falar com a Aly sozinho.
Bernardo entendeu, deu mais um abraço no Marcos e saiu fechando a porta do quarto.
Não olhei para o Marcos, apenas percebi se aproximando de mim até sentar no sofá também.
Marcos: É bom te ver também, Alyssa. - falou em tom de ironia. Não respondi, nem o olhei. - Não vai falar nada? Nem olhar pra mim?
Alyssa: Você quer que eu diga o que? - falei com a voz trêmula. O choro tava entalado na minha garganta. - Eu não queria estar aqui.
Marcos: Já te falei e você entendeu. - se aproximou mais e colocou a mão na minha perna. - Olha para mim, amor. Eu estou com saudades de você. - chegou mais perto e colocou o nariz na minha bochecha.
Alyssa: Eu não quero, Marcos. - falei.
E não consegui mais me conter. As lágrimas desceram de uma só vez e abracei forte ele.
Alyssa: Pensei que tinha acontecido alguma coisa com você. - falei em meio ao choro.
Marcos: Eu tô bem. Não chora. - alisou meus cabelos. - Mas tem uma coisa que preciso te contar.
Sai do abraço e ele me ajudou a enxugar as lágrimas. A camisa dele tava toda molhada e sorri sem graça.
Marcos colocou suas mãos em meu rosto e com muita delicadeza juntou nossos lábios. Foi um beijo bom, cheio de saudades e amor. Ele finalizou com três selinhos e enconstou sua testa na minha.
Marcos: Pegaram a Lívia e o Leonardo. - disse baixo. Era isso a coisa ruim que estava sentindo. Abracei ele novamente e mais lágrimas caíram. - BN tá no hospital e o Menor na UTI. - apertei mais ele no abraço.
Saber que todos eles estavam em perigo ou sofrendo risco de morte, me deixou mais agoniada ainda. Eu não queria ficar aqui, não queria ficar mais longe deles, queria estar ao lado deles quando chegasse alguma notícia ou quando saíssem do hospital.
Alyssa: Eu não quero ficar mais aqui, Marcos. - encarei ele. - Me leva com você.
Marcos: E te deixar sozinha correndo risco? Tá maluca, Alyssa? Estamos a dias pensando em como vamos tirar eles de lá e ainda não conseguimos chegar a um plano bom. Os caras são perigosos, Alyssa. Destruíram o Alemão e quase tomaram o morro. - meu coração de apertou mais. - Todos de lá estão bem. - se apressou para dizer. - Os únicos que estão no hospital é o BN e o Menor.
Alyssa: Mas eu não quero ficar aqui sem notícias. Quero ficar ao lado da minha mãe, da minha tia Lara. Imagina como ela está? O marido no hospital e os dois filhos sequestrados. Eu sei como é ficar em cativeiro, eu passei por isso ao lado do meu irmão também, Marcos.
Marcos: Eu sei, Alyssa. Mas nem sua mãe e sua tia estão no Alemão. Tito levaram elas para uma casa onde a Ana está. Elas também estão sem notícias e se for para lá vai ficar do mesmo jeito.
Alyssa: Pelo menos vou estar com elas. Eu amo sua família, Marcos...
Marcos: Nossa família. - me corrigiu. - Você faz parte dela agora. - suspirei.
Alyssa: Eu quero ficar perto delas. - insisti e ele negou com a cabeça. - Por favor.
Marcos: Entenda que é perigoso, Alyssa. Seu pai e seu irmão estão aliviados que você está aqui porque sabem que aqui é seguro e você lá com elas é uma preocupação a mais para os dois. Eles já estão com muita coisa na cabeça sem saber o que fazer para tirar o Léo e a Lívia de lá dentro.
Ele estava certo. Seria mesmo uma preocupação a mais e eles já estão muito sobrecarregados de tarefa. Nem imagino a confusão que deve estar a cabeça do meu irmão.
Ele só deve pensar na Lívia, no filho e no que pode fazer para poder salvar os dois do mal que os cercam.
Marcos: Tá entendendo? - balancei a cabeça. - Não gosto de ver você triste.
Alyssa: Não tem como ficar de outro jeito, não é, Marcos? Meus tios estão internados, meus primos sequestrados, o morro destruído e você no meio da guerra. Não dá pra ficar relaxada com tudo isso acontecendo e ainda mais só temos notícias quando vocês vêem para cá.
Marcos: Disse que é perigoso a gente conversar por celular, é mais fácil de rastrear.
Alyssa: Sim sim, já explicou isso. - suspirei.
Marcos: Só vim dar essas notícias para vocês. - se levantou.
Alyssa: Como assim? - olhei para ele. - Você já vai? - me levantei também. - Mas já?
Marcos: Vou daqui a pouco. Meu pai veio comigo e acredito que ele deve estar matando a saudade com a minha mãe e já que você não quer fazer o mesmo. - deu de ombros.
Alyssa: Deixa disso. - passei os braços pelo pescoço dele que sorriu. Marcos colocou suas mãos na minha cintura e apertou fraco. - Toma cuidado, amor. - pedi.
Marcos: Vou tomar em dobro. Agora eu tenho um motivo a mais para voltar para casa.
Alyssa: E qual seria? - Marcos alternava seu olhar entre minha boca e meus olhos.
Marcos: Você, né. - sorri. - Antes era só o Beni, agora tem você. Vocês dois são os meus motivos, a minha alegria e a minha paixão. Amo muito vocês. - sorri mais boba ainda.
Alyssa: Eu amo vocês. - colei nossos lábios.
Apesar de tudo que estava havendo, o Marcos conseguia me fazer esquecer de tudo e para mim, quando estava com ele só existia nos dois.
Ele tem esse poder de me fazer sorrir e de me fazer esquecer o mundo. Era bom esquecer um pouco os problemas e só aproveitar o momento com a pessoa que você ama.
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Um tempo depois do Marcos e o Touro já terem ido embora, o aperto no meu peito ficou mais arrochado. Era como se alguém estivesse dando um nó forte no meu coração.
Levantei rápido da cama e coloquei a mão no peito e não conseguia respirar. Sai do quarto e desci as escadas, na sala só estava a Jhe que olhou pra mim e viu que estava me tremendo toda.
Jhe: Meu amor. - colocou a mão encima da minha. - Tenta respirar. Presta atenção em mim. Expira e inspira. - puxei o ar e soltei devagar. Jhenifer fazia comigo e ficamos um tempo ali, até que finalmente me acalmei. - Tudo bem, meu amor. - me abraçou.
Alyssa: Não aguento mais essa agonia, Jhe.
Jhe: Vai passar, Aly. - alisou meus cabelos.
Jhenifer me puxou com cuidado para me sentar no sofá. Foi na cozinha e logo voltou com um copo de água.
Jhe: Você comeu alguma coisa? - neguei com a cabeça. - Fiquei ai, eu volto já com a comida.
Alyssa: Obrigada. - sorri e ela saiu.
Não ia tentar contrariar a Jhenifer, pelo que já conhecia, ela odeia isso e afinal de contas eu estava com fome.
Olhei pela porta de vidro que dava acesso a área externa da casa e vi a Juliana sentada em uma cadeira de praia alisando a barriga e conversando com ela.
Mirele: Ela está assim desde que soube que o Léo... enfim desde que soube. - levei um susto ao ouvir a voz dela e me virei para trás.
Mirele se sentou ao meu lado com o Theo no colo. Ele estava tão lindinho, cada dia mais parecido com o pai, era impressionante. Parece que a Mirele imprimiu uma cópia menor do Vinicius.
Alyssa: O que será que está de passando na cabeça dela?
Mirele: A palavra da vez é arrependimento. Quando o Marcos contou que armaram para o Léo beijar a menina, ela começou a chorar. Acho que ela está arrependida de não ter acreditado nele e de não ter escutado ele.
Alyssa: Eu sabia que essa história estava estranha. O Léo ama a Juliana e nunca vi ele tão feliz quando estava com ela.
Mirele: E ela também nunca esteve tão bem. - suspirou. - Eu sinto muito pelo morro, pelos seus tios... mas todos vão sair dessas. Marcos já te contou que quando a mamãe estava grávida dele, o meu pai ficou em coma? Quase que meu pai não viu o parto do Marcos, mas deu tudo certo no final. Todos, tanto do Vidigal, como foi Alemão já passaram por poucas e boas, mas no final tudo ficou bem. Você mesmo já foi vítima e está aqui. Vamos pensar positivo e ter fé que no final, tudo vai ficar bem.
Alyssa: Você está certa. Eu só estou um pouco assustada e com medo, mas sei que eles vão achar uma solução e o Léo e a Lívia vão sair bem.
Ela assentiu e me abraçou de lado. Brinquei com o Theo, que gargalhava gostoso.
Mirele: Você pode contar e desabar com a gente, Aly. Somos sua família também. - assenti.
Era bom ter pessoas ao lado que você pode contar com elas sempre e principalmente quando é sua família.
Estava tentando pensar positivo e é como a Mirele falou, foram tantas turbulências que passamos, acredito que essa seja só mais uma e que logo tudo vai se resolver. Eu confio!
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Esqueci de colocar no capítulo anterior, então colocarei aqui a foto do Pietro.
Pietro Mendes
17 anos
Filho da Aline e do VG
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(a caixinha de perguntas será respondida pelos personagens que forem escolhidos por vocês e de qualquer uma das histórias).