Shawn Mendes
Depois do dia em que descobrimos Samantha Stellman como uma integrante do maldito grupo, não tivemos mais ideias alguma de como descobrir mais algum envolvido. Na verdade, estamos quebrando a cabeça tentando encontrar algum suspeito que fosse.
Uma pista, qualquer pista. Embora Ross ainda diga que Samantha ainda tenha algo a dizer, não sei forma nenhuma de retirar essa informação dela. Estamos em uma encruzilhada que anda me estressando muito. Tantas coisas para lidar: Buscas diárias por Hailee, essa situação do grupo e Austin atormentando todos na escola.
Mas sobre isso, Cameron anda movendo os pauzinhos. E caramba, garoto foda!
— No que tanto pensa, meu filho? — Mamãe se senta no sofá só meu lado, passando a assistir Game of Thrones comigo.
Senhora Mendes é uma mulher gentil na maior parte do tempo em que passamos juntos, o que não é muito, mas ainda não a perdoei por ter colocado a Camila para fora de casa daquela forma. E eu ainda não me perdoei por não ter feito nada para ajudar. Ultimamente ela tem dormido na do Cameron ou na casa do Ross. Sim, estranhamente ela tem dormido na casa do Ross e começo a desconfiar que os dois tem alguma coisa.
Ignoro a pergunta da minha mãe. Pode até ser uma atitude birrenta, mas o que ela fez com a Camila foi mais do que errado. Ela ignorou totalmente o quão errado é o que eu fazia com a Camila, sendo que eu tinha total ciência e tomei aquelas decisões deliberadamente. Não fui obrigado a transar com ela, apenas fui e fiz por que eu quis. A partir do momento em que ela penaliza a Camila e não a mim, está ignorando o meu lado errado.
Passou passou apenas por eu ser seu filho e expulsou a própria sobrinha de casa, também tomou os bens dela.
Minha mãe apenas me encarou, esperando uma resposta, só que quando finalmente entendeu que ela não viria, tornou a olhar para a televisão. O olhar dela se tornou sério de mais, para quem simplesmente aceitou o meu silêncio, mas não dei muita bola. Uma hora ou outra, ela tornaria a tocar nesse assunto, então eu estaria pronto para finalmente falar.
O meu nível de estresse está tão alto que capaz de brigarmos feio. Tão feio, que as consequências poderiam resultar na minha expulsão de casa e por enquanto é melhor que eu continue aqui. Eu estou pegando todo o dinheiro que consigo e ajudando Camila, também dou comida. É mais inteligente que eu permaneça aqui, mesmo sentindo vontade de me libertar do ninho de vez.
Sonho com o dia em que finalmente me veria livre das amarras dos meus pais, e seria só Cameron e eu.
Minha mãe resmungou algo parecendo insatisfeita e começou a falar outra vez:
— Sei que ainda está bravo pelo o que aconteceu — ela me olhou, ainda esperando alguma palavra da minha parte, mas não dei o gostinho para ela. — E tudo bem, até por que ela é sua prima... Mas tem de entender que garotas como ela só aprendem dessa forma.
É, vai rolar uma briga feia aqui.
Me levanto um pouco revoltado com os argumentos dela. Me encarando surpresa, ela também se levanta e me segue em direção a cozinha.
— Em todos esses anos em que agi como a porra de um delinquente, você e o papai não me expulsaram. Nunca fizeram uma menção sequer a me dar uma punição, por menor que fosse. — a olhei. — Mas Camila, ah, essas vocês puniam por tudo. Era o mártir da casa, sempre sendo culpada de todo o azar que vocês tinham... E vejamos, você expulsou ela por fazer sexo comigo, mas o que você me fez? Passou mil panos na minha cabeça, como se eu realmente fosse o correto dessa situação toda, quando na verdade, estive tão errado quanto ela.
— E você queria que fizessemos o quê, me filho? Expulsar vocês estava fora de questão, pois é nosso filho.
— Os meus tios, os pais da Camila morreram e ao invés de vocês cuidarem da criança, vocês sempre trataram como um fardo! Na primeira oportunidade que vocês tiveram, colocaram ela para fora de casa e ainda roubada tudo o que era dela!
Meu grito ecoou pela casa como um rugido e dei graças a deus por meu pai não estar em casa.
— Quanto drama! Nós criamos a garota, ela comeu de nossa comida e usufruiu se nosso dinheiro — ela deu alguns passos em minha direção e apontou o dedo em meu rosto. — E como ousa acusar sua própria de mãe de roubar?
— Ah, vai apelar para a sua autoridade, agora? Óbvio! Até por que, ser minha minha mãe te isenta de ser acusada de algum crime. Crime esse que você cometeu. E quer saber? A Camila e eu, crescemos sem nenhum pingo de afeto de vocês e por isso, que começamos essa forma doentia de relacionamento. Encontramos um no outro, aquilo que faltava em vocês: amor!
Minha mãe deu um berro, como se não suportasse a ideia de ouvir aquilo, e então me deu um tapa no rosto:
— Depois de tudo que fizemos por você, é assim que retribui... Com acusações e grosserias.
— Roubar minha prima e depois expulsar ela de casa? Realmente, fez muito! A senhora é uma pessoa podre e o papai é muito pior, a diferença é que ele não disfarça o mal caratismo dele como boas intenções, igual a senhora.
Ela deu um tapa em meu rosto outra vez e dessa vez eu já não conseguia conter minhas lágrimas. Apenas mordi a parte inferior dos meus lábios, e comecei a sair de casa. Meus passos foram impedidos por ela, que agarrou meu braço e me puxou de volta. Não fui brusco, apenas puxei a mão dela e me soltei:
— Shawn, volte aqui agora! — correu atrás de mim, mas eu já tinha saído pela porta. — Se você estiver saindo, você não entra mais nessa casa. Ouça bem o que eu estou...
— Pouco me fodendo, mãe.
Seus olhos se arregalaram em surpresa e eu apenas virei para continuar andando.
Estou com a cabeça tão cheia, mas tão cheia que não ouvi o celular tocando no meu bolso, até o oitavo toque, quando peguei o celular e vi o número de Cameron na tela. Atendi e logo a voz dele invadiu meus ouvidos, mas não no tom calmo, e sim com desespero:
— Shawn, você viu o Zayn na escola, hoje? — Suas voz estava ofegante.
— Não, baby, o que aconteceu? — Paro de andar e me concentro só no que ele tem a dizer.
— Ele não aparece em casa tem dois dias. Ninguém falou ou viu ele tem um tempo, Shawn. O que aconteceu com meu irmão?!
— Ei fica calmo, entendeu? A gente vai encontrar seu irmão, mas... Eu posso passar aí na sua casa?
— Sim, claro!
Me despeço dele e começo a apertar o meu passo. Preciso de algum lugar para ficar por esses dias e talvez Cameron seja a minha solução.