Marido Por Contrato [CONCLUÍD...

By suuh_suuh_

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Início 17/04/2023 *-* Finalizada 29/06/2023 *-* História de minha autoria __ Um contrato favorecendo as duas... More

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By suuh_suuh_

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Estava sentado no sofá, com os olhos perdidos na tela preta da tv desligada. Eu tinha feito Lisa dormir e agora estava aqui, tentando achar coragem de ir falar com minha... mãe.

Eu tinha um misto de sentimentos em me referir a ela desse jeito, mas não era sentimentos ruins. Não, não era.

Logo sinto o sofá se mover e quando desvio os olhos, vejo Karen um pouco afastada sentada ao meu lado.

Engulo a seco e encaro seus olhos com um pouco de receio e vejo que ela está da mesma forma.

Eu não sabia muito bem por onde começar, e acho que ela também não.

Vejo o movimento da sua garganta onde ela engolia a seco com dificuldade. Logo ela desvia os olhos para suas mãos que estavam sobre seu colo.

Ela estava sem jeito em estar ao meu lado?

Eu não queria que ela ficasse assim.

Eu queria que as coisas voltassem a ficar como antes.

Na verdade não.

Eu quero que ficasse melhor do que antes.

Respiro fundo e ganho coragem de começar essa conversa.

-Me desculpa pela forma que falei com você? - peço e vejo seus  olhos chegar nos meus - Eu não tenho a mínima ideia do que você passou. E já fui te julgando. - falo e ela permanece em silêncio - Eu não estou chateado, por você ser minha mãe. Não. - falo e me sento um pouco para o lado, próximo o suficiente para segurar em suas mãos que estavam geladas - Muito pelo contrário. - dou um leve sorriso - Agora entendo algumas manias que tinha, que era idêntica as suas. - falo e arranco um sorriso seu - Eu só... Eu só não consigo engolir o porque de não ter me contado antes!

Karen pisca algumas vezes e me encara seriamente.

-Você não imagina quantas vezes eu me segurei para não te falar a verdade. Que você era meu filho! - ela diz e sinto meu coração dar um solavanco.

Aquelas palavras que saíram da sua boca me fizeram sorrir entre as lagrimas que nem percebi estar soltando.

-Então porque você não o fez!?

-Talvez por medo. - ela diz dandonde ombros e abaixa seu olhar - Eu também sabia que você amava e ama Isabel, como sua mãe. E tive receio de você odia-la ou me odiar.

-Isso não iria acontecer.  - dou um leve aperto em suas mãos - Eu não seria capaz de odiar Isabel, por ter me dado amor e me criado com tanto carinho. E nem odiar você, por estar sempre ao meu lado. Mesmo não estando em uma posição que realmente merecesse, como minha mãe! - sorrio - Minha mãe!

Repito e seus olhos se encontram com os meus e vejo eles banhados de lágrimas. Assim que ela pisca as lagrimas escorrem por suas bochechas.

Sem mais, a abraço tão apertado que tive medo de machuca-la.

Se eu pudesse morar naquele abraço eu o faria. Eu já abracei ela tantas vezes, mas agora era diferente. Era o abraço da minha mãe!

-Eu te amo tanto filho! - ela diz e se afasta colocando as mãos em meu rosto - Meu menino! - ela diz e sorrio quando ela começa a distribuir beijos em meu rosto.

Me senti uma criança novamente.

-Eu te amo, mãe! - falo e sinto meu coração aquecido - Obrigado por sempre estar ao meu lado.

-Não me agradeça por isso. - ela acaricia meu rosto - Eu não aguentaria ficar longe de você. Eu estou tão orgulhosa do homem que se tornou.

-Mas a partir de agora dona Karen. - estreito meus olhos - Você não vai mais trabalhar pra mim. Você está sendo demitida.

Falo e seus olhos se arregalam.

-O-o que? Como assim? - ela estava assutada - Eu já tenho uma idade e, só trabalhei para sua família! Como vou achar outro emprego? - ela realmente estava com medo de ficar desempregada.

-Não vai. - falo simplesmente - Você foi demitida como empregada e admitida como minha mãe. Então, nada de trabalhar mais pra mim. Eu me sentiria muito mal com isso.

-O que quer dizer? - ela diz aflita.

-Que agora como membro da família, você irá ser tratada como merece.

-Mais eu já sou muito bem tratada filho! - ela me chama novamente de filho e meu coração da aquela errada na batida.

Será que seria sempre assim que ela me chamasse de filho?

-Você merece mais. - sorrio levemente - Eu quero compensar todos esses anos.

-Shawn, não precisa. - ela balança a cabeça negando.

-Eu insisto. Deixa eu fazer isso por você mãe!? - puxo ela pra mim e a abraço. Sinto seus braços em minha volta e ela encosta a cabeça em meu peito - Por favor? - peço e mesmo relutante ela afirma balançando a cabeça.

Sorrio e deixo um beijo no topo da sua cabeça.

Ficamos abraçados por um tempinho, e logo escuto a porta ser aberta e desvio meus olhos até lá, e vejo meu pai entrando com um olhar de cão abandonado. Pena que isso não me atinge.

-Pai, o que você quer? - pergunto ao me afastar do abraço quentinho da minha mãe e me levanto.

-Filho, por favor me escuta!? - ele junta as mãos em frente ao peito.

-Pra que? Pra me contar mais mentiras? - fuzilo ele com o olhar.

-Não. - ele nega - Chega de mentiras. - ele diz e em seguida sorri - Vejo que está tudo resolvido!? - seus olhos vão atrás de mim, onde Karen estava.

-Sim. - falo sério - Eu e minha mãe nos resolvemos. Agora se me dá licença... - falo e aponto para a porta dando a entender que não queria ele em minha casa.

-Porque me tratar assim? - ele diz sentido - Eu sou seu pai!

-Eu estou te tratando melhor do que merece. Acredite em mim. - falo sem paciência.

-Olha, eu preciso te falar...

-Só, sai da minha casa! - interrompo ele - Eu não quero escutar mais nada que venha de você!

-Mas filho...

-Mas nada. Sai!

Vejo seus ombros subirem e descerem mostrando sua respiração funda, ele estava a ponto de se virar para sair, quando a porta novamente é aberta e dessa vez que entra, foi minha mãe quer dizer, Isabel.

Reviro os olhos e levo as mãos ao rosto.

Preciso me lembrar de trancar a porta.

Ela para ao lado do meu pai e cruza seu braço junto com o dele, e fica me olhando apreensiva. Com medo de levar um esporro.

-Tá tudo bem? - ela pergunta receosa e só consigo afirmar balançando a cabeça - Você nos perdoou? - ela pergunta.

-É melhor irmos! - meu pai diz - Já está tudo resolvido. - ele se vira e tenta puxar ela, mas foi em vão pois Isabel logo se aproxima de mim.

-Olha filho, eu sei que o que fiz foi errado... - ela toca em meu braço - Mas foi pelo seu bem! A gente sabia que ela não te merecia!

-O que? - como ela podia falar isso da minha mãe? Como ela não merecia?

-Eu e seu pai, não queriamos que você sentisse o mesmo que sentimos...

-Do que tá falando? - comecei a ficar confuso ainda estávamos falando da minha mãe?

-Isabel por favor... É-é melhor a gente ir. - vejo uma raridade, meu pai gaguejar. Ele era sempre firme em suas palavras.

Mas suas palavras não fizeram efeito, pois minha mãe, Isabel continuou a falar.

-Perder um filho é doloroso demais e, e eu não estava pensando direito. - franzo minha testa não entendendo nada - Eu não queira fazer aquilo filho! - ela falava rápido gesticulando com as mãos - Se você realmente ama ela eu posso, quer dizer nós podemos - ela olha para amei pai - Nós podemos falar com o juiz e fazer ele desconsiderar a decisão.

Juiz? Isso tem a ver com a minha esposa?

-Como assim, desconsiderar? - eu encaro minha mae esperando ela continuar - Mãe, o que a senhora fez?

-Voce sabe filho, teu pai te contou! - ela diz olhando para amei pai - Não me peça para repetir, porque me sinto muito envergonhada.

-Não. Ele não me contou nada. Mais você vai me contar o que tá acontecendo. - travo minha mandíbula - E vai ser agora!

Com um olhar assutado ela encara meu pai, que se pudesse sairia correndo do meu apartamento.

-Você veio aqui pra contar pra ele Manuel! - minha até diz o repreendendo.

-Eu não consegui! - ele da de ombros.

-Dá pra alguém me falar que merda tá acontecendo? - chamo a atenção dos dois.

-É sobre a garota. - meu pai diz.

-A Camila? O que vocês fizeram? - o questiono já ficando enfurecido.

-É... - meu pai abria e fechava a boca e não dizia nada. E isso estava me deixando impaciente.

-Filho, eu achei que aquela garota estava te usando... - minha mãe começa a dizer com um tom de culpa.

-Me usando? - solto um riso forçado - E eu fiz o que com ela, heim? - abro os braços - Nós dois estávamos nos usando. Nós dois ganharíamos algo em troca desse relacionamento falso. Nós dois nos apaixonamos. Mais que merda!

-Filho eu não sabia... E-eu fiz pelo seu bem.

-O meu bem é ela. - falo de cara fechada - Eu a amo e vocês não tinha o direito de fazer nada contra isso. Vocês não tinham o direito de fazer eu ficar longe da mulher da minha vida!

-Eu posso falar com o juiz... - meu pai diz.

-E vai resolver? - sorrio triste - Ele é o juiz pai. Ele deu uma ordem pra ela nunca mais entrar no nosso país, você acha que é fácil inverter isso?

-Eu vou tentar filho. Se for necessário eu faço o impossível pra você ter sua esposa novamente e nos perdoar por tudo o que te fizemos. E principalmente, para você poder viver ao lado dela junto com o bebê de vocês!

Meu pai pareceu se arrepender no mesmo segundo após dizer certas palavras. Eu fiquei tentando raciocinar o que eu tinha escutado, e se tinha escutado bem.

Viver ao lado dela junto com o bebê de vocês?

-Bebê? - repito.

-N-nós já vamos indo, não é Manuel!? - Isabel se vira e tenta puxar meu pai com ela.

-VOCÊS NÃO VÃO A LUGAR ALGUM! - me exauto.

-Calma querido. - sinto a mão da minha mãe tocar meu braço e olho vendo os olhos castanhos tentando me passar calma.

Sentia meu rosto queimar e provavelmente estava vermelho de tanta raiva que sentia no momento.

Eu realmente tinha escutado isso? Eu tinha escutado certo?

-Conta logo Isabel! - meu pai rendido pede - Acaba logo com isso

Isabel intercala o olhar entre todos na sala e não vê outra alternativa a não ser contar exatamente o que tinha acontecido.

E a cada palavra que ela me dizia eu ficava com mais ódio ainda.

Como eu não percebi o monstro que essa mulher se tornou?

-Voce não pode tá falando sério!? - meu peito subia e descia a procura de ar - Ela... A Camila estava... PORRA, ELA TÁ GRÁVIDA!?

Me levanto com as mãos a cabeça e ando de um lado a outro no apartamento.

-Você não tinha o direito de fazer isso Isabel! - Karen diz chocada com o que acabou de ouvir.

-VOCÊ É UM MONSTRO MÃE! - grito em plenos pulmões e ela se assusta com minha ação - Como que você pode fazer isso!?

-Eu não tinha a intenção.

-A não tinha? - sorrio debochado - Você é ridícula. Vocês dois!

-A gente queria seu melhor filho.

-Conta outra. Voces nunca quiseram o meu melhor. Eu. - aponto pra mim - Eu sempre fiz de tudo para chamar a atenção de voces e mostrar que eu também era capaz. Desde novo, eu sempre via vocês tratando minha irmã de um jeito e eu, de outro totalmente diferente. Eu sempre soube que era capaz de um dia ser suficiente. Eu sabia que daria conta de comandar essa empresa. Mas você sempre me tratou com diferença!

-Eu nunca duvidei de você filho... - meu pai diz.

-Duvidou sim. Duvidou e ainda duvida. - abaixo o tom de voz - Um exemplo tá acontecendo aqui, agora. Vocês não acreditaram na minha palavra, que eu tinha encontrado o amor da minha vida. E olha só... Vocês obrigaram ela a fazer algo que nos separou.

-Não venha colocar toda a culpa na gente. - Isabel diz sem paciência - A gente jogando um balde de água não iria fazer a fogueira se apagar Shawn. Vocês estavam muito mal naquela audiência e qualquer um que olhasse de fora, iria ver que não tinha jeito.

Realmente. Ela tinha razão.

Mas eu tinha esperança.

-Mas uma criança muda tudo! - falo.

-Será? - ela arqueia as sobrancelhas.

-Olha. Eu quero que vocês sumam daqui e só apareçam quando resolver essa merda toda. E eu sei que vocês conseguem, já que tem vários contatos né!? - deixo meus olhos em meu pai que desvia o olhar.

-Eu vou tentar falar com o j... - ele diz

-Você não vai tentar. - falo firme - Você vai! Você vai fazer o juiz tirar essa liminar para eu poder viajar. E quando isso acontecer pai, pode apostar que vou largar essa empresa, o dinheiro e essa vida boa. Eu faço de tudo e o que for, pra ficar ao lado da minha esposa e do nosso bebê.

-Sério filho? - minha mãe me olha com um sorriso nos lábios - Eu não acredito que você vai largar sua vida, pra viver com uma garota que provavelmente não tem nem onde cair morta!

-Lava a sua boca pra falar dela! - aponto o dedo e caminho até ficar próximo a ela - Você não tem nem noção do que ela passou nesse país. Ela teve que ralar e muito pra poder se alimentar, ter um lugar pra morar e ainda ajudar os pais. Ela lutou e eu pretendo lutar ao lado dela. Então sim, mãe. Eu não quero mais seu dinheiro. Se você quiser deixar pra Lisa, pra quando ela for adulta, tudo bem. Ela é sua neta e você tem o direito de fazer isso. Mas até lá, eu vou trabalhar para sustentar minha família. Agora por favor... - falo intercalando o olhar entre os dois dando a entender que eles fosse embora.

Assim que eles se vão, me deixo sentar no sofá e me acomodo com minha respiração ainda alterada.

-Filho? Você tá bem? - Karen diz e se senta ao meu lado.

-Não. - pisco meus olhos tentando se livrar das lágrimas mas é em vão - Meu Deus! - levo as mãos a cabeça - Ela deve ter ficado apavorada! - falo imaginando como Camila ficou ao dizer que estava grávida e ter que passar por tudo isso sem me falar absolutamente nada.

-Camila é uma garota forte. Você sabe disso querido.

-Mas ninguém é forte o tempo todo. - nego - Eu não quero perder isso mãe! - as lagrimas voltam - Eu não quero perder ela tendo os enjoos. Nem os desejos, que vou fazer questão de realizar todos, até os mais loucos. - eu sorrio entre as lagrimas - Eu quero ver nosso bebê dar o primeiro chute em sua barriga. Quero ver o seu parto e estar lá pra ela. Eu não posso perder isso.

-Você não vai meu amor. Seu pai tem contatos, e ele vai fazer isso, por você.

-Será? - falo duvidando.

-Ele pode não demonstrar mas ele te ama filho. Eu tenho certeza que ele quer sua felicidade.

Ela diz e faço algo que a muito tempo não fazia.

Me deito com minha cabeça pousando no colo da minha mãe.

Ela começa a mexer em meus cabelos e acariciava minhas costas tentando me acalmar enquanto o choro vinha compulsivamente.

Eu queria fechar meus olhos e acordar só quando tivesse tudo resolvido. Mas infelizmente não é assim que funciona.

Quando abri meus olhos, estou ainda deitado no sofá e minha mãe já não estava mais ali comigo. Me levanto e me sento no mesmo sentindo minha cabeça latejar.

Levo a mão até lá e massageio minhas temporas fazendo uma leve careta em seguida.

Chorar até pegar no sono não é bom.

Vou até meu quarto, tomo um banho e assim que saio vou até a mesa de cabeceira e pego um comprimido em minha gaveta tomando em seguida com a ajuda de um copo de água. Me sento na cama ainda com a toalha enrolada em minha cintura acompanhado do meu celular.

Vejo as horas e eram quase 19 horas. Me surpreendo que dormi praticamente a tarde toda. Sendo que na noite anterior tinha dormido por muito tempo. Na verdade igual a todos os dias passados.

Se eu não estava chorando, estava pensando e se não tava fazendo nenhum dos dois, estava dormindo. Era assim resumidamente meu dia a dia.

Eu ficava péssimo em saber que nesses dias deixei minha filha de lado. E tenho certeza que apesar de pequena, ela sentiu.

Mas pretendo reverter isso. Ainda mais agora que ela vai ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha.

Só de pensar nisso abro um sorriso largo.

Entro no aplicativo de mensagem e fico encarando seu nome e nossas conversas na tela. Vejo também diversas fotos que mandavamos um para o outro. E ali fico morrendo de saudades, querendo ela do meu lado agarradinha comigo.

Penso se devia deixar ou não mais um recado.

Eu diariamente ligava, mandava mensagem, deixava recados. Mas nunca obtive resposta.

Nunca.

E isso me deixava mais preocupado ainda.

Quando menos percebo, meu celular já estava na orelha e só o som dele chamando, se fazia presente.

Como de costume, ela não atende e logo a ligação cai na caixa postal. E resolvo deixar mais um recado.

-Oi amor? - falo as primeiras palavras e já sinto minha garganta se apertando - Estou aqui te deixando mais uma mensagem. - dou um leve sorriso - Eu sei, e tenho esperanças que você ainda vai escuta-las. - encaro o teto e pisco algumas vezes tentando segurar o choro -  Hoje eu descobri algo maravilhoso. Eu sei que provavelmente você iria fazer algo especial para me contar mas, tiraram isso de você. Tiraram isso da gente! - fico um tempo em silêncio mas login volto a falar - As coisas vão se resolver. Eu só peço que tenha um pouco de paciência e logo eu vou estar aí, do seu lado. Da onde eu nunca deveria ter saído. - meu lábios tremem - Nossa família não vai ser destruída, eu não vou permitir isso. Te amo e até breve.

Deixo o celular ao meu lado e sinto meu peito doer.

Eu não podia ficar aqui esperando a boa vontade dos meus pais de resolverem essa merda toda. E pensando assim, me levanto rapidamente, procuro uma roupa a vestindo, e em seguida pego uma mala.

Ali, naquela mala coloco somente o necessário para alguns dias, e após ficar tudo pronto, saio do quarto.

Passo no quarto da minha filha e lhe dou um beijo, e digo a ela que logo estou de volta.

Ao sair, me dirijo as escadas. Quando chego na sala me assusto com a voz da minha mãe logo atrás de mim.

-Querido onde vai? - me viro e encaro ela - E pra que essa mala?

-Eu não posso ficar aqui sem fazer nada. - coloco a mala no chão e respiro fundo.

-O-o que? - ela dá uns passos se aproximando.

-Vou atrás dela. - digo e ela arregala os olhos.

-Mas filho, você não pode sair do país!

-Eu preciso pelo menos tentar. - falo - Eu não posso ficar aqui enquanto ela está lá, sozinha e com medo carregando nosso bebê. - falo apreensivo e me aproximo levando a mão em seu rosto - Me deseje sorte? - peço a ela.

Karen estava apreensiva. E eu sabia que ela tinha medo que desse algo errado e eu complicasse mais ainda as coisas. Mas eu vou enlouquecer se ficar aqui de mãos atadas. E ela me conhecia tão bem, que sabia disso.

-Boa sorte, meu amor. - nos abraçamos - Se cuida, promete?

-Prometo. - sorrio, beijo sua testa, pego minha mala e vou até a porta sendo acompanhado por ela - Eu volto logo.

Após deixar mais um beijo no topo da sua cabeça, sorrio para minha mãe e vou até o elevador com ela ainda me deu olhando.

Assim que entro, aceno pra ela e aperto o andar da garagem.

Ao chegar no estacionamento pego meu carro e sigo até o aeroporto, torcendo para conseguir uma passagem de emergência.

Eu precisava manter minha confiança de que daria tudo certo.

Teria que dar tudo certo.

...

Eu caminhava as pressas tentando desviar das pessoas naquele aeroporto.

Eu empurrava a mala ao meu lado enquanto meus olhos buscavam o local correto para comprar a passagem. Assim que visualizo, acelero o passo e chego até lá.

-Oi, eu quero uma passagem. - chego encarando a moça ruiva ali sentada do outro lado do vidro.

-O senhor precisa aguardar na fila para ser atendido. - ela diz educadamente.

-Fila? - pergunto com a testa franzida e ela aponta as minhas costas, e quando me viro meus ombros caem ao ver a quantidade de gente ali - Você não pode abrir uma exceção? - eu pergunto a ela com uma cara de cão abandonado. Vai que cola.

-Desculpa senhor. - ela diz e nega.

-Tudo bem. - respiro fundo derrotado e vou até o fim da fila.

Quase meia hora depois eu era o próximo a ser atendido. Eu já estava inquieto e quase fazendo um buraco no chão de tanto que andei de um lado a outro.

Assim que o senhor estava prestes a sair da cabine 2, que era onde eu estava anteriormente, eu passo da demarcação no chão e caminho em direção a moça.

-Oi boa tarde. Posso ajudar? - ela diz educada e sorri provavelmente se lembrando de mim.

-Eu preciso de uma viagem para Cuba. O mais rápido possível.

Falo e ela digita algo em seu computador. Segundos depois ela me olha e me dá uma esperança.

-Tem um avião em duas horas.

-Ótimo. É esse mesmo. - falo sorrindo.

-Seu passaporte por favor. - ela me pede e entrego meu passaporte. Ela volta a digitar mas estranhei a cara que ela fez - Só um minuto. - ela pede e se levanta.

Dois minutos depois ( sim, eu contei ) ela volta e se senta no mesmo lugar.

-Algum problema? - pergunto estranhando, já que nunca vi eles fazerem isso.

-Só um minuto senhor. Tivemos uma queda de servidor. - ela diz novamente super gentil - Pode se sentar e aguardar não vai demorar muito.

-Tá. Tudo bem. - fico confuso mas obedeço.

Eu estava sentado e observo ela pegar o telefone e levar a orelha. Ela começa uma conversa e hora ou outra ela me olhava.

Para não criar paranóias, pego meu celular e fico rolando meu dedo na tela vendo fotos e mais fotos. Minhas, da Camila, da Lisa e da Karen. Minha família.

-Senhor Mendes? - escuro uma voz imponente se dirigir a mim.

Quando olho vejo um homem alto, um pouco mais alto que eu e ele tinha mais dois seguranças atrás dele.

-Sim. - guardo meu celular no bolso da calça e me levanto - Vocês são? - questiono, já que eles sabiam meu nome e eu não fazia ideia de quem eram.

-Sou tenente Xavier, somos da polícia do aeroporto. Você pode nos acompanhar? - ele diz e dá sinal com a mão.

-Pra onde. - arqueio as sombrancelhas e me levanto.

-Só nos acompanhe senhor.

-Pra onde? - volto a repetir mas não tenho resposta.

Logo um dos homens que parecia segurança fica ao meu lado e segura em meu braço. O outro pega minha mala e começam a andar me levanto junto com eles.

Para não arranjar confusão, decido acompanhá-los.

Fomos pra uma sala afastada do saguão do aeroporto e lá me interrogaram. E foi lá que descobri que tinha um mandato que me proibia de viajar em qualquer aeroporto dos Estados Unidos.

-Está entendido senhor Mendes? - diz o tenente Xavier - Se pegarmos o senhor tentando embarcar mais uma vez enquanto estiver em medida judicial, o senhor será preso.

-Tudo bem, eu entendi. - falo e em seguida sou liberado.


Paro em frente aquele paredão de vidro e observo os aviões decolando e pousando, imaginando que poderia estar dentro de um deles. Depois de longos minutos, uma coisa me chamou atenção.

Era um avião bimotor que tinha acabado de pousar.

Assim que ele para no local adequado, vejo 5 pessoas saírem e se dirigirem ao aeroporto. Acompanho eles com o olhar e assim que encontro eles no saguão me aproximo.

-Oi, licença? - me aproximo e toco em seu ombro lhe chamando atenção.

-Oi. - diz o rapaz com boné de abas curvas de um time qualquer.

-Eu vi que vocês acabaram de pousar, e queria saber o quanto você cobra pra me levar em Cuba?

-Sem chances. - ele nega - Estamos indo pra outro caminho.

-Vai, todo mundo tem um preço. Qual o seu? 5 mil dólares? Eu pago!

Vejo os olhos dele brilharem mas logo ele volta a negar.

-Cara, não dá. Desculpa.

-10 mil? 50? - começo a me desesperar, aquela era minha única chance.

-Eu preciso da grana, mas eu não posso. Eu estou com mais um pessoas e não depende só de mim.

-Nem por 100 mil? - falo minha última oferta, já que ainda tinha dinheiro.

-Meu avião é pequeno, e o tanque também. Desculpa amigo. Por mais que eu quisesse, não vai rolar. - ele diz e dá um tapinha em meu ombro - Eu ainda quero ficar vivo e não ter meu corpo encontrado no mar aberto.

Dito isso ele volta a andar me deixando parado no meio do saguão.

-Droga! - ralho comigo mesmo e a passos largos saio do aeroporto cuspindo fogo.

Durante o caminho até meu carro, tento ligar para Isabel mas, não sou atendido. Faço o mesmo com o celular do meu pai e também, nada.

-Oi pai? Tem algo pra me dizer? Já foi falar com o juiz? Me responde o mais rápido possível. - falo deixando minha mensagem gravada e desligo.

Destravo o alarme e levo minha mão até a maçaneta mas antes de abrir a porta escuro me chamarem. Quando me viro me surpreendo com quem vejo.

-Ana? - estreito os olhos ao ver minha prima - O que faz aqui? - falo seco sem emoção alguma.

-Vim te ver priminho. - ela sorri e se aproxima o suficiente para deixar um beijo no canto da minha boca.

Eu tentando ser o mais cordial e não sendo grosso, coloco minhas mãos em seus ombros e a afasto.

-Olha, eu não quero vistas. E muito menos as suas. - falo e vou até o porta malas onde abro e coloco minha mala.

-Credo Shawn. Pra que me tratar assim. - ela faz um bico nos labios se fazendo de santinha.

-Pra que? - arqueio as sombrancelhas - Então me diz pra que dizer que tivemos um envolvimento? Uh? - fico encarando ela e ela deve ter se ligado no que eu estava falando.

-É por isso? - ela dá com as mãos - Olha confesso que fiquei feliz em saber que seu relacionamentos era falso. Você poderia ter me dito, aí poderíamos aproveitar mais do que aproveitamos.

Ela tenta se aproximar e leva as mãos em meus ombros, mas logo a afasto.

-Para com isso. Eu amo minha esposa.

-Para Shawn. - ela sorri - Não precisa mais fingir.

-Eu não estou fingindo. Eu amo a Camila e nada e nem ninguém vai mudar isso.

-Você tá falando sério? - agora foi a vez dela arquear as sombrancelhas.

-Muito. Como nunca antes. - falo e me recordo do som da sua risada e isso me faz abrir um sorriso - Eu a amo, e vamos ter um filho, ou... Ou uma filha. - falo e meu riso se abre mais ainda só de pensar em ter mais uma menina.

-Nossa.

-Ela me mudou. E eu não me arrependo disso. Então por favor, eu não quero mais contato com você. - falo e vou em direção a porta do meu carro mas antes de abrir ela me impede.

-Não precisa disso também. - ela dá de ombros - Eu não sabia que você estava apaixonado. Mas vou respeitar isso. - ela ergue a mão - Prometo. - ela sorri e eu aceno com a cabeça dando um voto de confiança - Agora eu acabei de chegar na cidade, me leva pra algum lugar pra beber e achar uma transa pra hoje a noite.

-Você não tem jeito. - sorrio.

-Quem sabe um dia eu tome. Igual a você. - ela dá uma piscadinha e corre dando a volta no carro e entrando.

...

Quando abro os olhos, sinto minha cabeça explodir.

Eu não devia ter bebido tanto ontem.

Me sento na cama e levo as mãos em direção aos meus olhos que doíam também. Movimento a cabeça de um lado a outro sentindo a dor se mover conforme eu movia meu pescoço.

Ainda no escuro devido o blackout da cortina, me sento na cama e coloco os pés pra fora e uso minhas mãos para procurar a gaveta. Assim que acho pego a cartela de comprimidos e tomo um com a assistência da garrafa de água que não saia do lado da minha cabeceira.

Respiro fundo ganhando coragem de levantar e consigo. A passos lentos vou até a cortina e abro, me arrependendo no minuto seguinte.

Aperto meus olhos assim que a claridade invade meu quarto e rapidamente fecho as cortinas.

-Merda! - ralho e vou até o banheiro.

Entro debaixo da água quente e perco longos minutos ali. Ao sair visto minha Boxer e também uma calça cinza de moletom, que era a favorita da minha amada Camila.

Ao lembrar dela sinto meu peito doer.

Eu estava morrendo de saudades

Saio do banheiro e vou em direção a porta onde ficava o interruptor. Eu precisava de uma camisa pois o clima estava um pouco gelado. Mas, assim que acendo as luzes meu coração para.

Olho para a cama e ela estava ocupada. Sim, ocupada por uma mulher e porra, essa mulher não era a minha.

-Apaga essa luz pelo amor de Deus. - a voz rouca da minha prima invade o quarto - Minha cabeça tá explodindo! - ela diz e puxa a coberta para cobrir sua cabeça.

Em choque e sem pensar, apago a luz como ela tinha mandado e saio do quarto. Cego, desço as escadas e chego a cozinha.

Puxo uma banqueta e me sento na ilha da cozinha. Deixo meus cotolevos apoiados na ilha e levo as mãos ao rosto.

-Filho? Tá tudo bem? - minha mãe pergunta e sinto ela a minha frente do outro lado da ilha.

-Não. - falo sentindo minha garganta se apertar - Acho que fiz uma merda, e das grandes.

Abaixo minhas mãos e vejo seu olhar apreensivo sobre mim.

Se isso realmente aconteceu, Camila nunca iria me perdoar.

Ser you later

Até o próximo...

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