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Acordo quando sinto alguém me chamando.
— Velitha, hora de acordar. Não vou passar o dia todo na cama de novo.
— Que horas são? — falo, ainda me sentindo sonolenta.
— São dez da manhã. Levanta, vamos correr e depois podemos almoçar em algum lugar.
— Estou com fome, não consigo correr de estômago vazio.
— Levanta que eu faço alguma coisa para você comer.
— Só vou levantar pela comida. — Falo ainda sonolenta. Quando entro no closet para chegar ao banheiro, ele está sem camisa, pegando outra no armário. — Se você não estivesse prestes a abrir a boca e estragar o momento, essa seria uma visão e tanto de manhã cedo. — Ele me surpreende ao parar na minha frente com a camisa em uma mão e, com a outra, fazendo o sinal de fechar a boca como se fosse um zíper. Ele sai sem dizer nada.
— Obrigada por não estragar minha ilusão. — Grito quando ele sai do quarto e o escuto rindo na cozinha.
Avisei meu pai onde eu estava e, na verdade, ele passou o final de semana com a namorada e nem percebeu minha ausência. Agora, eu teria um monte de coisas para responder quando chegasse em casa. Estava tendo um tempo tão calmo que era difícil pensar em sair do lado dele, mas eu sabia que o dia seguinte seria a realidade.
Depois do café, saímos para correr. Na Terra, as opções de exercício eram complicadas para aragonianos, devido à diferença de pressão e gravidade. Tudo era mais leve e fácil, então precisávamos nos esforçar muito mais.
Corremos por um longo tempo até que notei um restaurante interessante.
— Kae. — Falo, chamando a atenção dele. — Por que está me olhando de forma estranha?
— Essa é a primeira vez que você me chama assim.
— Você não gosta? — Falo, pegando o cardápio da mesa da calçada.
— Eu não disse isso. Podemos comer aqui se você estiver com fome.
— Estou sempre com fome. Então?
— Sim? — Ele fala, prestando atenção no cardápio.
— Tenho certeza de que eles conseguem servir legumes cozidos no vapor. — Falo, tirando o cardápio da mão dele. — Como as pessoas te chamam em Arafon?
— Alteza, capitão, doutor?
— Haha! Como sua família e seus amigos te chamam?
— Não tenho muitos amigos. Meu irmão mais velho me chama de Kae, meu primo também e minha mãe. Acredito que os demais conhecidos me chamam de Kaeron. Por quê?
— Se importa que eu te chame assim? Parece menos formal.
— Pode me chamar como quiser. Vou continuar te chamando de Velitha, eu gosto do seu nome.
Quando ele fala isso, simplesmente não sei como reagir. Ouvir ele falar meu nome, algo que já ouvi milhares de vezes, mas saindo da boca dele parece que tem algo a mais.
Estou há apenas um dia na casa desse cara e mal sei algo sobre ele, mas ainda assim sinto que o conheço desde que nasci.
— O que vai comer? — Ele pergunta.
— Nhoque e carne, e para te acompanhar, legumes. — Falo rindo. — Não cansou da comida daqui?
— Estranhamente, não. Acho que já me acostumei. A comida base é praticamente a mesma de Aragon. A diferença é que as preparações humanas são mais elaboradas.
— Sim, e mais deliciosas. Acho que vou passar fome quando tiver que voltar, não vou conseguir comer aquelas comidas sem graça. Além disso, preciso de muito mais comida lá para ingerir calorias suficientes e nem de longe é tão divertido quanto aqui.
Antes que eu possa continuar reclamando, o garçom anota nossos pedidos. Comemos nossa refeição conversando sobre amenidades e depois voltamos caminhando para o apartamento. Durante a tarde, continuamos assistindo à série do dia anterior, é claro, não sem uma discussão sobre de onde deveríamos começar, já que eu adormeci no meio do episódio.
— Ok, então espero que tenhamos um acordo. — Falo quando estamos prestes a ir dormir. — Nada de assistir à série sozinho, vamos sempre assistir juntos e sem spoilers.
— Se você dormir de novo no meio do episódio, vou espirrar água em você para que acorde e termine de assistir.
— Você não seria capaz.
— Me testa. — Ele fala. Eu realmente acho que ele seria capaz.
Eu sorrio, pensando em como ele pode ser teimoso às vezes.
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Acordo na segunda-feira com o Kae me chamando. São 6:30 da manhã e, como estou sem carro, ele vai me deixar no hospital antes de ir para o trabalho. Levanto e me arrumo. Quando chego na cozinha, ele já preparou o café da manhã para nós dois.
— Obrigada. — Falo e começo a comer.
— Vou me arrumar. Termine de comer que precisamos sair em dez minutos.
Kae me leva para o hospital. Uso as roupas que comprei, mas vou colocar a roupa do hospital antes de começar os atendimentos. Saio do carro, mas percebo que ele está saindo também. Ele está muito bonito, vestindo um terno azul escuro e gravata combinando.
— Obrigada pela carona. — Me viro assim que agradeço, mas ele me puxa e me abraça.
— Seu ex está ali dentro. — Ele fala no meu ouvido, ainda me abraçando.
— Tudo bem, não devo explicações da minha vida para ele. Além disso, você está apenas chamando a atenção do pessoal do primeiro andar. — Falo, indicando a janela que está começando a encher de pessoas. Imagino que todos já saibam do meu trágico término. Nunca vi um povo tão ávido por fofocas.
— Pode não parecer, mas adoro deixar as pessoas perplexas.
— Isso combina bem com a sua personalidade.
— Hora de terminar o show em grande estilo. — Assim que ele termina de falar, ele beija meu rosto, mas tão perto da minha boca que tenho certeza de que as pessoas estão pensando que nos beijamos. Em seguida, ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e me dá um daqueles sorrisos encantadores. Posso ouvir as garotas suspirando no primeiro andar.
— Que horas você sai?
— Perto das 18h, por quê?
— Bom trabalho. — Ele fala e me solta do abraço. Me viro para entrar no hospital e, nesse momento, ele fala em voz alta para que todos possam ouvir. — Querida? — Olho para ele perplexa. Quero rir dessa situação, mas sei que não devo. — Vou te buscar perto das 18h. Não esqueça de se alimentar direito. — Ele fala e me dá tchau com a mão. Retribuo o cumprimento e entro no hospital. Ele espera eu entrar para só então entrar no carro e partir.