Bianca olhava com preocupação para Xavier, seu amado, enquanto cuidava dele com todo o cuidado e carinho. Ele estava visivelmente doente, sofrendo com uma febre alta e tossindo incessantemente. A gosma preta que escorria de seu nariz e boca indicava que algo estava seriamente errado.
Era um momento difícil para o casal, pois Xavier havia revelado recentemente sobre a doença hereditária que assolava sua família. A maioria dos seus parentes havia falecido prematuramente, geralmente na faixa dos trinta e poucos anos. Xavier, com apenas 21 anos, já estava vivendo com o peso dessa herança sombria.
A preocupação de Bianca aumentava a cada dia, sabendo que o tempo era um inimigo implacável. Ela temia pelo futuro de Xavier e pelas consequências que a doença poderia trazer para ambos. Além disso, Xavier sentia a pressão de seu pai, que provavelmente estava enfrentando o mesmo destino, à beira da morte em seu leito.
Enquanto Bianca continuava a cuidar de Xavier, um misto de amor e angústia tomava conta de seu coração. Ela desejava poder fazer mais, encontrar uma cura ou uma maneira de prolongar a vida de Xavier. Mas no momento, tudo o que podia oferecer era seu apoio e amor incondicional.
Enquanto Bianca permanecia ao lado de Xavier, segurando sua mão e tentando aliviar seu desconforto, ela pensava nas decisões que estavam pela frente. Xavier sabia que, de acordo com a tradição familiar, já deveria ter tido um herdeiro para dar continuidade à linhagem. O peso dessa responsabilidade pesava sobre ele, especialmente agora que seu pai estava tão debilitado.
Em meio à tristeza e à incerteza, Xavier encontrava forças para sorrir ao ver o cuidado e o amor de Bianca. Ele sabia que havia encontrado uma parceira verdadeiramente especial. No entanto, ele também sentia a pressão crescente para assumir suas responsabilidades e garantir a sobrevivência da linhagem familiar.
Enquanto o sol brilhava lá fora, Bianca olhou profundamente nos olhos de Xavier e perguntou: -Por que você ainda não teve uherdeiro…? Por que não encontrou outra pessoa? Você sabe que eu não posso gerar filhos! Você sabe que eu não nasci em um corpo feminino!
Xavier respirou fundo antes de responder:
-Eu quero viver cada dia ao seu lado, Bianca. Quero construir um futuro juntos, mesmo que seja contra as expectativas da minha família. E se eu tiver a chance de ser pai, quero que seja porque escolhemos, não por obrigação, mesmo que você não possa gerar…eu adoraria adotar uma criança com você ou até mesmo ter um cachorro…
O olhar de Bianca se encheu de emoção e ela abraçou Xavier com ternura, prometendo estar ao seu lado, não importasse o que o destino reservasse.
Bianca sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando Yoko entrou abruptamente na sala dos curandeiros. Ela imediatamente se pôs de pé, com uma expressão de surpresa e preocupação estampada no rosto.
-Princesa Yoko, o que você está fazendo aqui? Saia imediatamente! - pediu Bianca com firmeza, temendo que a presença de Yoko pudesse complicar ainda mais a situação.
No entanto, Yoko sorriu de forma enigmática, parecendo satisfeita consigo mesma.
-Ah, Princesa Bianca, não precisa se preocupar. Eu já sei sobre a maldição de Xavier. Ouvi ele contando para Wednesday no poço, eles falam alto demais - provocou ela com um olhar de superioridade.
Bianca sentiu uma mistura de raiva e desconfiança, não sabendo ao certo quais eram as intenções de Yoko. Ela se aproximou de Xavier, segurando sua mão com firmeza, e disse: -Não importa o que você ouviu, isso é um assunto pessoal e não é da sua conta. Saia agora.
Yoko soltou uma risada irônica e balançou a cabeça.
-Oh, Bianca, você sempre foi tão ingênua. Acredita mesmo que pode esconder algo tão importante de mim? Mas não se preocupe, eu não vim aqui para causar problemas. Pelo contrário, tenho uma solução para vocês
Bianca olhou desconfiada para Yoko, mas a esperança começou a brilhar em seus olhos. Ela ansiava por uma solução para a maldição que assombrava Xavier e sua família. Ainda segurando a mão de Xavier, ela se virou para ele e sussurrou: -Xavier, talvez seja uma chance... Devemos ouvi-la.
Xavier olhou para Bianca, seus olhos expressando uma mistura de ceticismo e relutância. Ele não queria soltar a mão de Bianca, mas sabia que a busca por uma cura era de vital importância. Com um suspiro resignado, ele concordou, balançando a cabeça levemente.
Bianca antes de se afastar e deu um beijo na testa de Xavier e seguiu para fora da sala com Yoko. Seu coração estava cheio de esperança e apreensão, sem saber ao certo o que Yoko tinha em mente. Mas ela estava disposta a ouvir qualquer possibilidade que pudesse trazer uma luz para a escuridão que cercava Xavier.
Enquanto caminhavam pelo corredor, Bianca observou Yoko de soslaio, esperando que ela revelasse seu plano.
Yoko observou Bianca com um olhar perspicaz e um sorriso sutil nos lábios.
-Princesa Bianca, você sabe muito bem que não há vitória sem sacrifício. E essa situação não é diferente. Eu posso te mostrar a verdade, mas cabe somente a você decidir se acredita ou não.
Bianca franziu a testa, demonstrando sua impaciência.
-Yoko, você sabe que eu odeio enigmas. Por favor, deixe de rodeios e me diga logo o que você está propondo.
Yoko soltou uma risada, apreciando a impaciência de Bianca. Ela se aproximou um pouco mais e sussurrou:
-Bianca, você já conhece a fonte. A árvore ancestral que mantém os dragões vivos. E ela possui um fruto, um fruto capaz de conceder qualquer desejo.
Os olhos de Bianca se arregalaram de surpresa. Ela se lembrava das histórias sobre a árvore e seu fruto mágico, mas nunca pensou que fosse uma possibilidade .
-Você está dizendo... que o fruto da árvore poderia curar Xavier?
Yoko assentiu, seu sorriso se tornando mais sério.
-Sim, exatamente. E é aí que entra minha proposta. Ajude-me a coletar informações sobre a localização da fonte. Acredito que com a nossa colaboração, podemos chegar até lá e você poderá obter o fruto para curar Xavier.
Bianca olhou para Yoko com desconfiança.
-Por que eu deveria acreditar que você me deixaria ficar com o fruto? Como posso confiar em suas intenções?
Yoko manteve seu olhar firme, demonstrando seriedade.
-Bianca, eu não tenho nenhum interesse pessoal no fruto. Você não entenderia meus verdadeiros objetivos, mas posso assegurar que não são relacionados ao poder do fruto. Minha única preocupação é ajudar Xavier e, de certa forma, ajudar você também.
Bianca ainda estava cética, mas a esperança de curar Xavier era mais forte. Ela assentiu lentamente.
-Tudo bem, eu aceito a sua proposta. Mas ainda quero saber como podemos encontrar a localização da fonte. Isso parece impossível.
Yoko suspirou, preparando-se para revelar algo que poderia parecer absurdo.
-O que vou dizer agora pode parecer impossível, mas acredito que você seja inteligente o suficiente para entender. Bianca, os dragões têm a habilidade de se transformar em humanos. Enid Sinclair, a namorada de Wednesday, é um dragão disfarçado.
Bianca arregalou os olhos, incapaz de acreditar no que estava ouvindo.
-Um dragão? Enid Sinclair?
Yoko assentiu, compreendendo a incredulidade de Bianca.
-Sim, Bianca. Wednesday sabe disso, e até mesmo Xavier tem conhecimento, embora esteja muito debilitado para entender a situação por completo.
Bianca sentiu uma onda de choque percorrer seu corpo. Aquela informação virou seu mundo de cabeça para baixo. Ela havia se aproximado tanto de Enid, confiando plenamente em sua amizade. Agora, Yoko estava afirmando que Enid era um dragão traidor da humanidade.
-Mas... por que Wednesday não nos contou antes? E por que Xavier sabe disso? - Bianca perguntou, sua voz trêmula.
Yoko suspirou, consciente de que a verdade era difícil de ser aceita.
-Wednesday tem suas próprias razões para não ter revelado isso antes, está presa na luxúria de seu envolvimento com a dragoa, cega, ela é nossa inimiga agora. Sobre Xavier, eu tive um certo desentendimento com o mesmo. Infelizmente, sua condição de saúde o impede de compreender completamente a situação, eu acredito.
Bianca sentiu-se tomada por uma mistura de confusão e decepção. Ela se lembrava dos momentos compartilhados com Enid, das risadas e das confidências. Agora, tudo parecia uma farsa.
-Como podemos confiar em alguém que traiu sua própria humanidade? -Bianca murmurou, mais para si mesma do que para Yoko.
Yoko colocou a mão no ombro de Bianca com empatia.
-Eu entendo sua angústia, Bianca. Mas, neste momento, temos uma escolha a fazer. Podemos permitir que a humanidade continue sendo atacada ou podemos usar essa informação a nosso favor. Você é a responsável por fiscalizar os quartos reais, você tem a chave do quarto de Wednesday…entre lá e procure alguma pista sobre a localização da fonte.
Bianca olhou nos olhos determinados de Yoko e suspirou. Por mais difícil que fosse confiar em alguém que havia ocultado sua verdadeira identidade, ela sabia que não poderia desistir da chance de salvar Xavier.
-Está bem, Yoko…- disse Bianca, sua voz repleta de resignação. - Vamos fazer isso.
[...]
Bianca hesitou por um momento diante da porta do quarto de Wednesday. Ela se questionou se deveria ou não invadir a privacidade da ex-amiga, mas o rosto doente de Xavier surgiu em sua mente, lembrando-a da urgência da situação. Com um suspiro resignado, ela colocou a chave na fechadura e abriu rapidamente a porta.
Ao adentrar o quarto, Bianca notou a organização impecável, como esperado de alguém da realeza. Os móveis e a cama estavam impecavelmente arrumados, mas a maioria deles estava vazia, indicando a ausência de Wednesday, que estava na Britânia.
Determinada a encontrar alguma pista que pudesse ajudar Xavier, Bianca começou a vasculhar cuidadosamente o quarto. Ela abriu gavetas, examinou os pertences espalhados sobre a penteadeira e até mesmo levantou as almofadas em busca de algo relevante. No entanto, parecia que Wednesday havia levado consigo a maioria de suas posses pessoais.
Bianca sentiu uma mistura de frustração e desapontamento. Ela esperava encontrar algo que pudesse indicar o paradeiro de Wednesday ou fornecer pistas sobre a localização da fonte. No entanto, o quarto estava vazio de qualquer informação relevante.
Enquanto olhava em volta, um pensamento passou pela mente de Bianca. Talvez Wednesday tivesse deixado alguma pista em algum lugar menos óbvio. Ela se ajoelhou ao lado da cama e começou a verificar embaixo dela, passando as mãos nas frestas do assoalho, na esperança de encontrar algo que pudesse ser útil.
Os minutos se arrastavam enquanto Bianca continuava sua busca incansável. Seu coração batia acelerado e a angústia se misturava com a esperança. Ela sabia que cada segundo era crucial para a vida de Xavier.
Bianca estava quase desistindo quando, repentinamente, algo chamou sua atenção. Ela se levantou do chão e deu um passo à frente, mas seus ouvidos captaram um som diferente ao pisar em uma das tábuas do assoalho. Era um som oco, contrastando com o restante do quarto. Um lampejo de esperança atravessou seu coração.
Curiosa e determinada, Bianca bateu novamente o pé na tábua, confirmando que algo estava escondido ali. Sem hesitar, ela se abaixou rapidamente e começou a puxar a tábua com todas as suas forças. O esforço valeu a pena, e a tábua se soltou revelando um espaço oculto.
Com o coração acelerado, Bianca olhou para dentro do espaço revelado e seus olhos se iluminaram. Lá, cuidadosamente guardado, havia um pergaminho. Ela o pegou com cuidado e desenrolou, revelando um mapa detalhado.
Era um mapa do ninho dos dragões, com marcações e indicações que apontavam para a localização da tão procurada fonte. Yoko mal podia acreditar em sua sorte. Era como se o destino tivesse lhe dado uma segunda chance.
[...]
Yoko subia com elegância as escadas do altar, seu vestido negro exalava uma aura de mistério e poder. Era uma peça magnífica, meticulosamente adornada com pedras preciosas que cintilavam à luz. O tecido fluía ao seu redor, como se tivesse vida própria, revelando um trabalho artístico intricado e sofisticado. O vestido abraçava suas curvas, realçando sua figura esbelta e graciosa.
Ao chegar ao topo do altar, Yoko ergueu a cabeça e encontrou o olhar atento do diretor Edward. Os estudantes reunidos na sala de reuniões de Nevermore aguardavam com murmúrios, ansiosos para descobrir o motivo daquela convocação urgente.
O diretor Edward pediu silêncio aos alunos, e todos se aquietaram. Yoko se posicionou diante deles, segurando o pergaminho em suas mãos, pronta para revelar a verdade.
Com voz firme e determinada, Yoko começou seu discurso, sua voz ecoando na sala.
-Todos nós viemos para Nevermore com o mesmo objetivo: nos tornarmos caçadores de dragões encantados e proteger nossos reinos! Por anos, acreditamos que estávamos lidando com animais irracionais, desenvolvendo métodos para enfrentá-los. Mas hoje, hoje eu lhes entrego a verdade!
O silêncio na sala se tornou palpável, enquanto os olhares curiosos se fixavam em Yoko. Ela continuou, sua voz carregada de convicção.
-Assim como contei ao diretor, enviei cartas para todos os reinos, revelando a verdade sobre os dragões. Irmãos e irmãs guerreiros, os dragões têm a capacidade de se transformar em humanos! Eles possuem consciência e muitos vivem entre nós, como Enid Sinclair, uma dragoa que ousa viver entre nós na academia
Após a revelação da verdade sobre os dragões, a sala se encheu de murmúrios indignados. Os estudantes, surpresos e chocados, começaram a expressar sua descrença e descontentamento. No entanto, o diretor Edward irrompeu com um grito poderoso: -Silêncio!
O silêncio se espalhou pela sala, enquanto todos voltavam sua atenção para o diretor. Yoko, mantendo sua postura firme e determinada, continuou a falar.
-Não se surpreendam com a maldade desses seres que nunca tentaram se comunicar pacificamente com a humanidade. Eles se divertem rindo enquanto matam seus próprios irmãos e irmãs. Mas isso vai mudar!
O olhar de Yoko recaiu sobre o mapa em suas mãos. Ela ergueu o pergaminho, exibindo-o para todos verem.
-Porque eu tenho em mãos o mapa que nos levará à fonte dos dragões! E todos sabemos que se a fonte for derrubada todos os dragões morrem! Portanto, nós vamos invadir o ninho e acabar com isso de uma vez por todas. Nós vamos DERRUBAR A FONTE!
Uma onda de raiva e motivação se espalhou pela sala, impulsionando os estudantes a levantarem suas mãos e soltarem um grito de guerra. Aplausos ecoaram pelo ambiente, enquanto a determinação se infiltrava nas mentes e nos corações dos jovens caçadores de dragões.
"MORTE AOS DRAGÕES" era o que todos gritavam enfurecidos.
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[Notas Finais:
Acho que faltam menos de cinco capítulos pra acabar, se não me engano.