Você parece melhor ainda quando acorda
Do que qualquer uma que eu já tenha dormido
Amor, eu tive muita sorte com você
Não sabia que a gente iria tão longe
E isso é apenas o começo
Scary Love - The Neighbourhood
Olivia Meesters
Salém, Massachussets
— Está tarde. — Avisei ao ver em meu celular que já era quase meia noite.
— Dorme aqui? — Elliot perguntou baixinho, seus braços seguravam meu corpo contra o seu enquanto a camiseta preta que ele antes usava agora cobria meu corpo.
— O que aconteceu com "ir com calma"? — Perguntei fazendo aspas com os dedos.
— Acabou no momento em que você gozou nos meus dedos. — Provocou, fazendo meu rosto aquecer.
— Acho que não é uma boa ideia. — Suspirei. — Eu tenho aula amanhã e também tem os seus tios...
— Eu também tenho aula, posso dar uma carona para você. — Disse deixando um beijinho em meu pescoço. — E podemos sair sem que os meus tios vejam você.
— E como faríamos isso? — Elliot fez uma careta, franzindo o nariz, demonstrando que não havia pensado em um plano antes de sugerir a ideia.
— Eu dou um jeito.
— Eu não tenho roupas aqui para ir à aula. — Pontuei.
— Deixo você no dormitório cedo então. — Resmungou. — Dorme comigo, Meesters. — Me remexi em seu aperto, virando o pescoço para encará-lo de frente. — O que foi?
— Você quer mesmo que eu durma aqui?
— Não teria convidado se não quisesse. — Falou como se fosse óbvio. — Não vou devorar você, gata. Prometo me comportar.
— Não sei se acredito muito. — Estreitei meus olhos, fazendo uma risada sonora reverberar no peito tatuado.
— Não vou fazer nada que você não queira. — Prometeu. Um bocejo involuntário me escapou, estava acordada desde muito cedo e o orgasmo recente também me deixou exausta. — Você está com sono, mais um motivo para ficar.
— E onde eu dormiria?
— Bem aqui. — Bateu com a mão sobre o lado esquerdo do peito nú. — Sou um ótimo travesseiro.
— Você não parece com sono.
— E não estou. Mas quero dormir com você. Só dormir. Por enquanto. — Piscou um olho, fazendo meu rosto aquecer mais uma vez. — Fica. — Me balançou, como uma criança pequena fazendo birra para ganhar o que quer.
— Tá bom. — Cedi, ganhando um sorriso enorme em resposta e pelo menos uma dezena de beijinhos por todo o meu rosto. — Só me deixe avisar a Jade. — Enviei uma mensagem rápida, desligando a tela em seguida, sabendo que logo minha amiga encheria minha caixa de mensagens com muitos surtos.
— Sabe o que aconteceu entre ela e Ashton? — Perguntou quando deixei o aparelho na mesinha de cabeceira. — Ele parece muito a fim da sua amiga, mas ela se afastou do nada.
— Ainda não consegui falar com Jade sobre esse assunto. — Admiti, de repente me sentindo uma péssima amiga. — Muita coisa tem acontecido ultimamente.
— Como o que? — Um sorriso fraco se abriu em seus lábios. Ele sabia muito bem do que eu estava falando. Mais um bocejo me escapou. — Okay, já entendi. Está na hora da gatinha dormir.
— Não tenho uma escova de dentes aqui. — Resmunguei. — Odeio dormir sem escovar os dentes.
— Pode usar a minha. — Deu de ombros. Fiz uma careta, dividir esse tipo de objeto de higiene me causa certo nojo. — A minha boca vive na sua e você não faz essa careta aí. — Provocou.
— É diferente. — Rolei os olhos. Elliot deu um suspiro longo, quase teatral.
— Tenho enxaguante bucal.
— É melhor do que nada. — Me conformei.
Ergui meu corpo da posição confortável, praticamente me arrastando até o banheiro. Encontrei a garrafa com o líquido verde dentro do pequeno armário abaixo da pia, lavei minha boca e prendi o cabelo antes de voltar para o quarto.
— Vai dormir de jeans? — Elliot perguntou enquanto jogava um edredom escuro sobre a cama.
— Não tenho um pijama. — Dei de ombros.
— Pode ficar só com a calcinha, eu não vou reclamar.
— Não consegue manter uma conversa sem flertar?
— Não com você. — Sorriu depois de arrumar o lugar onde dormiríamos. — Mas se quiser, posso te emprestar um calção. — Ponderei por alguns segundos. Imaginar deitar na mesma cama que Elliot sem uma segunda camada de roupa para me cobrir era o tipo de coisa que me deixa ansiosa, mas vestir mais uma roupa sua também. Por mais que no meu aniversário já tivesse vestido suas roupas. — Consigo ouvir as engrenagens se movendo dentro dessa cabecinha. — O garoto não precisou de mais do que três passos para estar em minha frente. Prendendo meu queixo entre dois dos dedos, ergueu meu rosto para encará-lo. — Não vou te tocar sem permissão, Olivia.
— Eu sei disso. — Afirmei. E era verdade.
— Ótimo. Vai querer o calção?
— Não. — Ignorando os pensamentos recheados de insegurança que rodeavam minha mente, abri o botão da calça, empurrando-a pelas minhas pernas. Dobrei a peça e deixei sobre a mesa. Elliot encarava cada movimento meu com atenção.
— Porra, e eu achando que assistir aquele filme horrível seria tortura. — Por um momento pensei em voltar atrás e me vestir novamente. A insegurança agora era mais alta que qualquer outro pensamento. Com o jeans apertado, minhas coxas grossas ficavam um pouco disfarçadas. — Você está pensando besteira de novo. — Elliot disse negando com a cabeça. — A tortura vai ser ter essa bunda e essas pernas gostosas ao meu alcance toda uma noite e não poder tocar, Olivia. — Estendeu o braço, me puxando para mais perto, me capturando em um abraço confortável. Com a diferença de altura, meu rosto ficava de frente para seu peito. — Você é a mulher mais gostosa que eu conheço, não fique pensando merdas.
— Não te ensinaram que é feio mentir? — Elliot bufou alto, virando a cabeça para cima em um tipo de reclamação.
— O meu pau duro na sua mão não foi o suficiente para provar o quão gostosa você é? — Arregalei os olhos com a facilidade que esse tipo de coisa saía de sua boca, sem a menor sombra de vergonha. — Vem, vamos dormir. — Ainda me abraçando, o garoto começou a andar, de forma desajeitada o que me fez soltar alguns gritinhos e risadas.
Me acomodei por baixo do edredom grosso, depois de desligar a luz, Elliot deitou ao meu lado. Era uma situação no mínimo estranha. Nunca havia deitado na mesma cama que algum garoto, muito menos depois de gozar junto a ele. Meu corpo tencionou ao notar mais uma vez a situação, mas já era tarde demais para pedir que ele me levasse embora.
— Se quiser ir, eu posso te levar. — Esse homem lê pensamento?
— Não precisa. — Murmurei.
— Eu quero que esteja confortável comigo, Olivia. Você parece uma estátua agora.
— Desculpa. — Praticamente sussurrei.
— Você não tem que se desculpar comigo. — Respirou fundo. — Vem cá.
— Onde?
— Falei que seria o seu travesseiro. — Pude ouvir o sorriso em sua voz. Fechei os olhos com força, agradecendo mentalmente a penumbra para que ele não visse o quão nervosa eu estava. Criando coragem, me mexi, tomando o lugar que ele oferecia, deitando em seu peito. Elliot estava certo, realmente era um bom travesseiro. Um carinho gostoso se iniciou em minha nuca, relaxando todo o meu corpo. — Seu cabelo é tão cheiroso. — Sua voz pareceu um ronronar. A tensão de antes havia sumido totalmente, mas parecia ter levado meu sono consigo.
— Você costuma fazer isso sempre?
— Isso o que?
— Dormir abraçado com as garotas com quem fica.
— Estamos ficando? — Revirei meus olhos com a mudança de assunto.
— Responda a pergunta, Evans.
— Não. Eu nunca dormi com nenhuma garota, não por vontade própria pelo menos.
— Como assim?
— Já aconteceu de estar bêbado pra caralho e apagar depois da foda. Mas nunca convidei nenhuma garota para dormir comigo.
— E por que me convidou?
— Por que queria dormir com você, Olivia. — Seus braços me apertaram um pouquinho mais contra seu corpo, me envolvendo em um calor gostoso. — Você tem me despertado coisas que nenhuma garota nunca conseguiu.
— Como o que?
— Você não estava com sono? — Provocou.
— Responda. — Arrastei minha voz, em uma birra, assim como ele há alguns minutos.
— Eu nunca trouxe garota nenhuma para cá, nunca dei tanta carona para a mesma pessoa em Sandy. — Senti que ele dava de ombros.
— Sandy?
— A minha moto.
— Por que Sandy? — Mesmo no escuro ergui meu rosto, como se pudesse ver o dele.
— Você não pode rir do motivo. — Avisou.
— Prometo.
— Meu filme preferido é Grease. — Suspirou — Minha guitarra chama Danny. — Mordi o lábio inferior, tentando segurar o riso. — Você prometeu, mentirosinha. — Me deu um beliscão fraco seguido de cócegas, fazendo com que a risada escapasse.
— Desculpa. — Falei me recuperando. — Você está acabando com sua imagem de badboy, Evans.
— E você, costuma dormir com os caras com quem fica?
— Nunca fiquei com ninguém. — Dei de ombros.
— Já namorou?
— Mais ou menos. — Uma sensação ruim se instalou em meu estômago.
— Como assim?
— Prefiro não falar sobre o assunto. — Elliot murmurou um "tudo bem", mesmo que não parecesse satisfeito com a resposta. — Já teve uma namorada?
— Eu não namoro. — Declarou, me fazendo soltar uma risada mais alta do que esperava. — O que?
— Esse é o tipo de coisa que um badboy de livro diria.
— É a verdade. Nunca tive uma namorada, e nem pretendo.
— Você seria um bom namorado. — Pensei alto.
— Por que?
— Você é atencioso quando quer. Também sabe ser carinhoso e romântico. Quando tiver uma namorada, ela com certeza será feliz com você. — Tentei ignorar o gosto amargo que aquelas palavras tinham.
— Já disse que só você vai conhecer essa faceta, Olivia. Não quero uma namorada, mas gosto de ter esses momentos com você.
— Como viemos parar aqui?
— Você veio tirar umas fotos, gozou gostoso nos meus dedos e agora vai dormir na minha cama.
— Não, idiota. — Ri, dando um leve empurrão em seus ombros. — Como passamos de inimigos para isso?
— Isso? — Não podia vê-lo, mas de alguma forma sabia que uma de suas sobrancelhas estava erguida.
— Não sei definir o que somos. — Admiti.
— Somos duas pessoas que estão curtindo juntas. E, quanto à sua pergunta: eu também não sei. Há algumas semanas eu queria te matar e jogar em uma vala vazia.
— E agora? — Perguntei sorrindo.
— Agora eu não consigo manter a minha boca longe de você. — Suspirou. — Qual foi o feitiço que jogou em mim, garota?
— Você nunca vai saber. — Provoquei.
— Bruxa.
— Badboy fajuto. — Elliot me puxou para deitar em seu peito mais uma vez, voltando a acariciar meu cabelo.
— Boa noite, Olivia. — Sussurrou, depois de deixar um beijinho no topo da minha cabeça.
— Boa noite, Evans. — Murmurei.
Era estranhamente confortável dormir com Elliot. O sono chegou, me apagando. Sentir seu corpo colado ao meu, seu cheiro emanando e me inebriando. Acordei com o celular despertando de forma estridente. Diferentemente da forma com a qual dormi, mas igualmente presa em seu aperto, percebi que estávamos em uma conchinha. Talvez pela diferença de altura, parecia encaixar muito bem. O corpo grande de Elliot ocupava todas as minhas costas, suas pernas por baixo das minhas, os braços envoltos em minha cintura e seu rosto encaixado em minha nuca.
— Bom dia, linda. — Sorri ao ouvir a voz rouca de sono. Com dificuldade me virei em seus braços. O cabelo de Elliot estava espalhado pelo travesseiro, seus olhos levemente inchados em uma expressão extremamente fofa.
— Bom dia. — Recebi um beijinho na ponta do meu nariz.
— Tem certeza que quer sair agora? — Ele resmungou, fechando os olhos novamente. Era muito cedo, devia estar amanhecendo.
— Preciso de um banho antes da aula. Mas você pode ficar e continuar dormindo, não estamos longe do dormitório. — Elliot abriu apenas um olho, me encarando cheio de preguiça.
— Não vou te deixar sair andando sozinha essa hora. — Sentenciou.
— Já saí daqui nesse horário antes. — Lembrei.
— Porque fugiu de mim. — Suspirou. — Okay, vou levantar. — Projetou o lábio inferior para a frente, em um beicinho que não consegui resistir dar um beijinho.
— Você pode ficar. Dorme mais um pouco.
— Eu quero te levar.
Elliot se levantou de forma vagarosa, murmurando coisas sem sentido enquanto eu me dirigia para o banheiro levando as roupas que usava na noite anterior. Quando saí, o inglês já estava pronto, usando um conjunto de moletom básico preto, com os cabelos presos em um coque mal feito e um par de all stars vermelhos nos pés.
— Está pronta? — Confirmei.
A casa estava em silêncio, para o meu alívio. Depois de estacionar em frente ao dormitório, Elliot prometeu me encontrar para o almoço no refeitório e arrancou com a moto.
Jade ainda dormia quando entrei no quarto. Por mais que fosse muito cedo, o sono já havia me abandonado, então optei por pegar uma muda de roupas e me dirigir para um longo banho quente.
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Elliot: o badboy que não namora mas gosta de uma conchinha e nomeia
suas coisas como personagens de Grease kkkkkkkk
O que estão achando do desenvolvimento do nosso badboy favorito? E da nossa mocinha?
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