- Como posso saber se posso confiar em você?
Ele continua parado no mesmo canto, não move uma palha. Ele é loiro, alto e tem olhos azuis de matar. Acho que ele poderia, sim, me matar se quisesse, ele pode até ser um deles...
- Eu estou salvando você. Não tá bom pra você? - ele completa, impaciente, passando a mão no cabelo.
- Até onde eu sei, você pode ser um contratado do cara de meia-idade e do encapuzado.
- Deles? - ele ri, apontando para os homens desmaiados no chão- Você acha mesmo que eu me juntaria a esses aí? Ah, por favor, eu tenho mais o que fazer! Anda, vou te levar de volta para a festa.
Ele dá as costas para mim e começa a andar, provavelmente achando que vou segui-lo. Continuo no mesmo canto, de braços cruzados.
- Você não vai colaborar mesmo, vai?
Ele suspira e anda até mim, pegando meu pulso e me arrastando para longe, sem nem um pingo de delicadeza.
- Me solta, menino! - esperneio, chutando-o em um ponto fraco.
Ele não reage como a maioria e não parece muito afetado com o golpe. Na verdade, ele não parece mesmo como a maioria.
Desisto de fugir, sabendo que chutar ou tentar fugir não vai me ajudar. Chegamos ao salão, o ponto inicial da festa e ele finalmente me solta.
- Chegamos. Tchau e... Por favor, não chute homens nas partes sensíveis. Não vai te ajudar a fugir.
- Como você sabe? É especialista em chutes? - pergunto, curiosa de repente.
- Para falar a verdade, sim... Eu faço karatê, você até que é jeitosa...
- Obrigada, estranho que achei que ia me sequestrar.
- É Johnny, Johnny Lawrence - ele diz, sem rodeios
- S/N Jones. Obrigada e desculpa.
Ele dá um esboço de sorriso e responde, meio indiferente.
- Não foi nada... Mais cuidado da próxima vez
Agora é minha vez de dar um sorrisinho, pegando uma bebida.
- Bem-vinda a cidade, S/N. E pelo amor de deus, tome cuidado com os chutes...
- Não se preocupe. Sr. Lawrence, vou tomar...
Ele se vira, me olhando uma última vez. Talvez eu não o veja nunca mais. Não resisto ao impulso e o encaro novamente.
Ele deixa a festa, discretamente e quase ninguém nota. Acho que é agora também é a minha deixa...
Sem avisar meu pai (como se ele fosse se importar), vou a pé até minha nova casa, ainda não totalmente mobiliada. Vou direto para o meu quarto, onde caio na cama sem nem mesmo tirar a roupa ou a maquiagem. O dia amanhã vai ser longo e provavelmente vou estar parecendo um zumbi, mas deixa para lá, eu não ligo...