Race of hearts | Charles Lecl...

By lrclerc

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A vida de Amélie é medida em carros de automobilismo. Para ela, todas as coisas boas só acontecem dentro das... More

Bienvenue
Race Of Hearts
Prologue
Un
Deux
Trois
Quatre
Cinq
Six
Sept
Huit
Neuf
Onze
Douze
Treize
Quatorze
Quinze
Seize
Dix-sept
Dix-huit
Dix-neuf
Vingt
Vingt et un
Vingt-deux
Vingt-trois
Vingt-quatre
Vingt-cinq
Vingt-six
Vingt-sept
Vingt-huit
Vingt-neuf
Trente
Trente et un
Trete-deux
Trente-troix
Trente-quatre
Trente-cinq
Trente-six
Trente-sept
Trente-huit
Trente-neuf
Quarante
Quarante et un
Quarante-deux
Quarante-troix
Quarante-quatre
Quarante-cinq
Quarante-six
Quarante-sept
Quarante-huit
Quarante-neuf
Cinquante
Épilogue
Épilogue²
Nova história!

Dix

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By lrclerc

"Dated a girl that I hate for the attention
She only made it two days, what a connection
It's like you'd do anything for my affection
You're goin' all about it in the worst ways"

(abcdefu - Gayle)

Outubro de 2019

Amélie Lombardi

Minha ida até a Rússia não foi de tudo jogada no lixo, mas acho que eu esperava mais. Pontuei em ambas as corridas o que poderia ser algo para me orgulhar depois de tudo, mas pareceu pouco por diversos motivos. Porém, agora só voltaríamos a correr em Abu Dhabi, ou seja, dois meses sem correr e por conta disso eu precisava focar em outros objetivos e não deixar nada sair dos trilhos, como por exemplo conseguir uma vaga para continuar correndo no ano que vem era algo bastante importante.

Também foquei em meus treinos já que ficaria um tempo longe do simulador também, a fórmula 1 não iria parar e por conta disso, antes de Charles ir ao Japão chegamos a continuar seguindo nosso cronograma de treinos, porém desde que havia voltado da Rússia, ou talvez desde que havia voltado da Bélgica, algo estava diferente em minha casa.

Desde que Victor alugou um apartamento para ele mais próximo de sua faculdade e consequentemente saindo de casa as coisas já estavam estranhas, afinal eu viajava bastante e como meu pai vinha me acompanhando menos nas viagens, ele e minha mãe passavam bastante tempo sozinhos. Achava que isso poderia ser bom e resolver quaisquer problemas que eles poderiam ter, mas nos últimos dias eu vinha percebendo que não poderia estar mais errada.

Acordei assustada ouvindo um grito de minha mãe e fui no automático até o topo da escada onde poderia ouvi-los sem que me vissem, não era a primeira vez.

— Camille seja sensata. Ela já é maior de idade e tem uma carreira encaminhada, você não vai impedir ela de fazer o que ela quer. Se continuar assim no máximo vai fazer ela se afastar de você, é isso que você quer?

— Você não entende!

— Eu não entendo? Por deus! Ela também é minha filha, eu também sofri vendo aquele acidente e fico praticamente sem respirar em toda corrida. Mas é o sonho dela, não importa como eu fico eu não posso ser egoísta e impedir ela de fazer o que mais gosta só porque é algo perigoso.

— Mas é justamente por isso que podemos impedi-la! É perigoso demais e eu não aguento mais passar por isso, Francesco. Ela precisa ter uma vida normal.

— A vida que ela tem é o normal pra ela.

— Mas não é normal pra mim.

— E você acha que isso te da o direito de destruir o sonho dela?

— Ela é minha filha, eu tenho o direito de decidir o futuro dela.

— Ela tem 19 anos, já está em uma academia de pilotos que é uma das melhores, se não a melhor. Está na fórmula 2 com um ano de estreia bem aceitável pelo carro que ela tem, ela vai conseguir uma vaga para o ano que vem, eu tenho certeza disso.

— Não se você não ajudar.

— Sim, ela vai. Porque o talento que ela tem não se acha em qualquer um e eventualmente as equipes irão perceber e vão brigar por ela, eu sei disso. Não vou ser eu que vou tentar impedir minha filha de ser feliz, principalmente sabendo que ela vai correr de qualquer jeito, a questão aqui é apenas decidir se você vai querer estar ao lado dela ou não.

— E se ela não viver pra contar a história? Será que você pensa nisso?

— Todos os dias quando acordo, todas as noites quando vou dormir e no meio tempo entre os dois. Mas eu vejo a forma como ela se sente feliz e realizada pilotando e eu serei a última pessoa no mundo a causar tristeza na minha própria filha tirando dela praticamente tudo o que ela tem.

— Isso é um exagero, ela pode encontrar outra paixão.

— Honestamente? Eu cansei dessa discussão idiota. Eu estou tentando ser paciente, racional e tentando entender que isso tudo piorou por conta do trauma recente, mas eu estou chegando no meu limite Camille e se eu chegar lá, eu não volto mais.

Pouco tempo depois eu escuto passos e a porta da frente batendo, com um carro saindo em disparada logo depois e vejo se tratar do meu pai, já que minha mãe vai em direção a cozinha.

Percebo que lágrimas estão escorrendo dos meus olhos quando minha visão fica turva e eu esfrego os olhos com força para tentar tirar toda a decepção que exala de mim no momento. Minhas preocupações podem ser reais e pior...a culpa era toda minha.

Corri para meu quarto e coloquei minha roupa de corrida, vinha fazendo isso toda manhã normalmente com alguma companhia, mas hoje eu precisava espairecer então simplesmente sai sem nem avisar. Segui pelo meu caminho que já estava acostumada e praticamente queimei meus músculos pela velocidade que estava correndo, em dado momento eu acabei seguindo um caminho já conhecido pois percebi que talvez precisava desabafar.

O porteiro me olhou meio estranho, mas de qualquer forma me deixou passar e eu fiz uma nota mental que não deveria aparecer assim em muitos lugares, eu deveria estar péssima. Não me importei com o horário e esmurrei a porta na esperança dele acordar, já que eu tinha as chaves de seu apartamento, mas a pressa e a não intenção de estar aqui nesse momento fizeram com que eu não lembrasse esse detalhe importante.

— Amélie? São 7 da manhã de domingo!!!!

Não me importo com sua fala, ou a falta de uma camisa e apenas o empurro adentrando seu apartamento e me dirigindo até seu sofá.

— Eu sei.

— Não senta ai, você está toda suada!

Ele fala com cara de nojo, mas eu esperava que fosse brincadeira já que no segundo seguinte senti lágrimas embaçarem meu rosto.

— Des...desculpa eu não devia ter vindo aqui.

— Ei calma, está tudo bem?

Sinto seus braços me envolvendo e subitamente talvez o suor não fosse mais um problema, fiquei ali por um tempo até me acalmar.

— Eu acho que meus pais vão se separar.

— O quê? Impossível. Eles se amam tanto.

— Eu também achava isso e talvez seja verdade, o problema sou eu.

— Como assim?

— Minha mãe quer que eu pare de correr, meu pai obviamente discorda. Ouvi uma discussão deles hoje pela manhã que ele deixou claro que se ela não mudasse de opinião ele iria deixar ela.

Ele respirou fundo e fez um cafuné em minha cabeça, eu odiava que tocassem em meu cabelo, mas aquilo me fez sentir segura por um momento.

— Não é sua culpa, se isso realmente acontecer talvez seja o melhor para todos.

— Minha mãe ficar sozinha porque eu estou insistindo em uma carreira impossível?

— Impossível? Amélie você está mais perto do que nunca, sempre foi seu sonho. Você não pode desistir agora.

Me solto dele e começo a andar em círculos, talvez aquilo seja verdade, mas e se não for?

— Talvez eu nunca consiga vaga no grid pro ano que vem, eu queria uma equipe melhor para poder mostrar meu real potencial e continuar sonhando com a fórmula 1, mas e se eu não conseguir? As negociações estão difíceis, eu estragaria o casamento dos meus pais à toa.

— Não fala isso! Você vai conseguir e de novo, se isso vir a acontecer você não pode se culpar, ambos querem o melhor pra você e infelizmente não estão concordando, isso não significa que é a sua culpa, para de colocar fardos sobre si mesma que realmente não são sua culpa!

— Esse seria.

— Você disse que eles já vem brigando há um tempo.

— Bom sim, mas e se esse sempre foi o motivo? Eu nunca tinha parado antes pra prestar muita atenção nas brigas.

— E nem deve, isso é com eles e nada além disso. Eu tenho certeza que o que for pra acontecer será o melhor para todos vocês, certo?

Fico o encarando por um tempo, mas acabo cedendo e concordando. É triste ser o pivô da separação dos pais, caso ela realmente venha a acontecer, mas no fundo eu sabia que se realmente fosse só isso, eles dariam um jeito, talvez não importava o quanto eles pareciam apaixonados e felizes juntos, nós nunca vamos saber o que se passa dentro da cabeça de cada um.

— O que está acontecendo aqui?

Charles havia me abraçado novamente, mas quando ouço uma voz estridente eu me solto dele em um solavanco já que eu reconheço na hora, mas por algum motivo autodestrutivo de minha pessoa eu me viro para olhar de onde vem a voz e ter a certeza: a poucos metros de mim vejo Charlotte Siné, a garota que é o motivo por eu nunca ter tido amigos na escola, que fez bullying comigo por anos até eu convencer meus pais a estudar em casa, o motivo do porque eu não consigo ser social até hoje, a causa de 70% dos meus traumas. Ela estava ali, na minha frente, na casa de Charles e vestindo aparentemente apenas a camisa dele.

— Hum, nada. Vocês já se conhecem, certo? Amélie essa é a...

— Eu já vou indo.

O interrompo antes de qualquer coisa, sim já nos conhecíamos e ele sabia muito bem disso, até porque em várias vezes que ela vinha me humilhar falando milhares de absurdos na frente da escola inteira era ele que parava ela ou me tirava de lá, talvez ele tenha esquecido isso, talvez foi proposital.

Saio do apartamento sem olhar pra trás e ignoro ele me gritando, claro que era só essa que me faltava.

[...]

Monto um cronograma a seguir por dois meses para garantir que não vou perder o foco e chegar preparada em Abu Dhabi para conseguir terminar no top 10 pelo menos, eu estava em 11º apenas dois pontos atrás do 10º então seria possível, talvez até pensar em algo mais. Porém essa pausa grande pode influenciar um pouco nos pilotos que ás vezes chegavam sem ritmo e eu não queria deixar isso acontecer comigo.

Meu pai decidiu ir para o Japão com Charles e como Arthur estava em Mônaco, voltamos a treinar juntos como já não fazíamos a bastante tempo. Eu havia praticamente ajustado minha rotina a do treinador pessoal do Charles, então poder voltar a fazer algo onde eu era mais livre me motivou a pegar mais pesado e focar melhor nos treinamentos. Apesar de todos os meus esforços para seguir uma rotina de treinos, dieta e sono que me ajudavam também a esquecer do que poderia acontecer em casa, Arthur resolveu fazer uma festa de aniversário junto com seu irmão e o meu irmão, já que o aniversário deles era na mesma semana, então no momento cá estava eu em plena terça-feira me arrumando para a festa do meu irmão e do meu melhor amigo, já que a agenda de seu irmão mais velho não facilitou a escolha da data.

Como iria para o local da festa de carona com Arthur fui bem cedo, assim que fiquei pronta me despedi de meus pais, notando que meu pai estava dormindo no quarto antigo de Victor, e o encontrei já me esperando com seu carro em frente a minha casa.

Eles haviam fechado uma boate no centro, disseram que seria algo simples e não chamariam muitas pessoas, mas não demorou muito para o local estar completamente abarrotado de gente e mesmo eu vivendo com eles literalmente desde que eu nasci, não conhecia metade do povo que estava ali, fiquei inclusive me perguntando se eles realmente conheciam.

Lorenzo e Victor estavam sentados no sofá ao meu lado em uma longa conversa e Arthur, como sempre, já estava beijando não muito longe dali uma menina que eu sabia que conhecia de algum lugar, mas não reconheci. Além deles, eu conhecia alguns dos pilotos que estavam presentes no local, os que moravam em Mônaco e Pierre, claro, mas não tinha intimidade o suficiente para falar com mais ninguém. Até porque desde que Charles terminou com Giada algo muito importante acabou mudando, ela era amiga dos amigos dele também e eu praticamente junto, porém agora que eles não estavam mais juntos e ela não se fazia mais presente, eu percebi que talvez eu mesma nunca tinha me enturmado o suficiente com o grupinho, pelo menos não com todos.

— Você poderia pelo menos fingir que está se divertindo.

Sorrio abraçando Joris que aparece do meu lado enquanto eu pedia uma bebida no bar.

— Infelizmente não consigo ser falsa.

Ele sorri pra mim e também faz o seu pedido.

— Aconteceu alguma coisa?

— Como assim?

— Você nem sequer cumprimentou ele quando chegou e bom, é o aniversário dele.

Suspirei com sua pergunta e peguei meu drink, dando um gole longo sentindo o líquido queimar por minha garganta.

— Bom, sim, aconteceu.

— Certo então vocês voltaram à estaca zero? Qual é, eu e o Ricardo estamos ali nos matando por ter você xingando aqueles idiotas por nós.

— É estranho pensar em vocês sem a Giada.

— Esse é o problema?

— Bom, não, mas talvez seria também.

— Você pode me ajudar a encontrar a Marta e a Gloria e podemos voltar todos pra lá, o que acha?

— Uma péssima ideia, mas cadê elas?

— Não sei, o que meninas fazem quando somem juntas?

— Vão ao banheiro fofocar ou potencialmente assassinar alguém e ocultar o cadáver.

Ele me encara completamente horrorizado.

— Eu sempre soube que vocês são criaturas sanguinárias.

— Olha deixa pra lá, eu estou bem. Em algum momento aparece alguém que eu conheço!

— Deixa de palhaçada, vamos.

Ele não espera eu responder e apenas cruza nossos braços e me leva até a rodinha. Bom eu realmente não havia cumprimentado Charles quando eu cheguei, na verdade eu não havia visto ou falado com ele desde o fatídico acontecimento de duas semanas atrás. Então fico honestamente aliviada quando chego na rodinha e não vejo sinal do piloto.

— Olha só quem resolveu lembrar que a gente existe.

— Tava esnobe hoje, nem olhou na nossa cara.

— Quanto drama, vocês são ridículos.

— Certo, precisamos da sua opinião.

— Com o quê?

— O destino do revéillon desse ano, Madrid ou Porto?

— Porto.

— Certo, Madrid ainda está ganhando, mas nada está perdido!

Ricardo anuncia e vejo eles engatarem em uma conversa de me levar junto, fato é que eles viajam juntos todo ano novo e este ano eu também fui. Foi bem divertido e foi nessa viagem que eu finalmente conheci mais deles e talvez me aproximei um pouco, só que a presença da Giada realmente ajudava bastante já que sem ela eu ainda não havia visto eles, não até hoje. Só que acabou que eu realmente me enturmei por mim mesma, tinha a impressão que Marta, namorada de Ricardo, não ia com minha cara, mesmo assim ela e sua amiga voltaram e continuamos em um papo divertido por um tempo. Até que eu olhei ao redor e entendi a não presença do Charles na rodinha, sendo que pouco depois que notei o aparente casal em um canto eles resolveram começar a caminhar até onde estávamos. Nesse momento eu inventei uma desculpa e sai rapidamente de lá, realmente era real e eu honestamente não estava com psicológico para lidar com isso no momento. Talvez nunca estivesse.

——————————

Hello! Desculpem a demora, eu estou super enrolada, mas farei o possível para postar o máximo possível! Até o próximo :)

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