Foi estranho para Louis acordar de manhã e ver o sol brilhando, secando as poças d'água e os pingos na janela devido a chuva da noite passada. O céu estava tão limpo e azul, que se as casas e as ruas não estivessem molhadas, qualquer um poderia dizer que a tempestade da madrugada nunca existiu. Acordou como de costume no mesmo horário em que os raios de sol se formavam. Olhou para o lado e viu Harry remexer-se de leve e não controlou o sorriso. Poderia facilmente dizer que foi a melhor noite da sua vida. Era estranho que aquela conexão entre eles existisse, mesmo que não fizesse o menor sentido, já que nunca haviam trocado uma palavra antes.
Tomlinson levantou-se da cama devagar, fazendo o máximo de esforço para não acordar Harry. Ele começou a procurar as roupas pelo quarto, andou até uma pequena cômoda onde repousava uma bacia de ferro com um pouco de água dentro. Usou-a para lavar o rosto e acordar melhor. Secou a face na própria camisa e então virou-se para a cama e viu Styles acordar de leve, movendo as costas e os ombros, esticando os braços pela cama naquela típica expressão felina, como um tigre que acabava de despertar.
- Volta pra cama. - O rei disse ao ver Louis em pé olhando pra ele.
- Nem todos são reis nessa vila. - Louis sorriu respondendo. - Alguns de fato precisam trabalhar. - Ele sentou-se na beirada da cama olhando Harry com um sorriso de canto, preguiçoso, mas claramente muito feliz.
- Eu estou evitando usar meus poderes monárquicos com você, mas estou quase repensando isso. - Harry dizia rindo, com a voz mais grave de sono, ajeitando-se entre as cobertas e sentando na cama. - Fique comigo.
- Não posso. - Louis bem que queria aceitar e não seria necessário o rei demandar o pedido. Não queria sair de perto dele, estava se apaixonando perdidamente a cada segundo e ficando ainda mais assustado com isso do que qualquer outra coisa. - Eu preciso ir para minha ferraria.
- Quando vou te ver de novo? - Harry sorriu, segurando uma das mãos do outro enquanto falava.
- Sempre que quiser. - Tomlinson tinha uma voz fraca, um sussurro, como se nada além daquilo fosse importante. Os dois apenas olhavam um pro outro naqueles segundos que pareceram mais tempo do que realmente eram.
Louis levantou-se da cama vagarosamente soltando a mão de Harry, rindo da situação, ele curvou-se ligeiramente fazendo o rei igualmente sorrir.
- Até breve, Majestade. - O ferreiro disse brincando, mas Styles imediatamente o puxou de volta para a cama, deitando-se por cima dele, rápido como se agarrasse uma presa.
Apesar dos protestos de que realmente precisava ir embora para abrir sua loja, Louis se rendeu a perder mais alguns minutos na companhia daquele homem incrível, carinhoso e que fazia ele ter a sensação de que se conheciam há anos. Ambos riam trocando beijos e carinhos e Tomlinson teve certeza que precisaria praticamente sair correndo dali ou passariam o dia inteiro trancados naquele cômodo.
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Naquela tarde, os reis Niall, Zayn e Liam já preparavam-se para partir de volta à seus reinos. As carruagens estavam prontas e os soldados faziam os últimos ajustes para começar a seguir viagem. Harry estava na porta de saída do castelo acompanhando e insistindo, perguntando o tempo todo se os amigos não desejavam ficar por mais tempo no reino. Niall continuava afirmando que não gostava de ficar muito longe casa, pois sentia que seu reino ficava inseguro e vulnerável sem sua presença. Liam obviamente sabia que tinha muitas tarefas em Kent devido à recente morte de seu pai, ainda estava com reuniões marcadas com seu próprio conselho e, especialmente, com os últimos detalhes de sua coroação, que seria em duas semanas. Zayn não tinha um real bom motivo para ir embora, estava apenas interessado em saber quando veria Liam de novo.
Styles, na porta do castelo, conversava com Niall sobre os Lordes dos outros reinos enquanto Liam e Zayn conversavam dentro da carruagem de Payne.
- Por que não vem à Essex comigo? - Zayn convidou controlando o tom de voz, como se fosse um segredo.
- Malik, se está achando que estamos vivendo uma espécie de romance, pode parar. - Liam disse sentindo Zayn se aproximar dele ainda mais.
- Eu não estou achando nada, só quero passar mais tempo com você. - Ele falou ao pé do ouvido de Payne, que arrepiou-se completamente com aquilo.
- Você está muito ocupado com as mulheres e homens de seu reino. - Liam não escondeu o ciúmes. - O que aconteceu entre nós, começou e já acabou.
- E você quer que eu acredite que você não sente nada por mim? - Malik disse sabendo reconhecer muito bem os olhares de Liam pra ele. Puxou o rosto de Payne mais pra perto, fazendo-o olhar em seus olhos, sua voz era um sussurro malicioso. - Não vejo a hora de sentir você dentro de mim de novo.
- Isso não vai mais acontecer. - Payne disse sem a menor credibilidade, mas realmente querendo esquecer aquela situação. Tinha plena convicção que Zayn o faria sofrer e partiria seu coração.
- Qual é o seu problema, Payne? - Zayn recostou-se no banco impaciente. Estava se esforçando mas tudo que Liam fazia era se afastar dele e não admitir o que era óbvio que sentia.
- O meu problema? Qual é o SEU problema, Zayn? - Liam respondeu no mesmo tom. - O que está pensando? Que sou mais um pra sua vasta coleção de presas?
- Você não é nada disso! - Zayn disse convicto, ofendido. - Quando vai parar de ter essa opinião rasa sobre mim?
- Não sou eu que tenho essa opinião, é a sua própria reputação construída por você mesmo. - Liam disse olhando nos olhos de Zayn. - Como se sente agora? Porque é assim que as pessoas que você dispensa se sentem quando você as usa por uma noite e joga fora.
- Payne... O que você não sabe sobre mim, daria um livro. - Malik ajeitou-se para sair de dentro da carruagem. - Mas eu não vou ficar perdendo meu tempo me explicando para alguém que aparentemente já tem uma opinião bem formada sobre mim. - Zayn baixou o tom de voz deixando a raiva de lado e dando lugar à decepção.
Liam sentiu-se mal, sentiu-se injusto, estava com ciúmes de imaginar todas as outras pessoas que já tinham tocado aquele homem. Mas não deixou nada daquilo transparecer. Fechou a cara e desviou o olhar todas as vezes que Zayn insistiu em procurar por seus olhos. Não impediu quando o rei de Essex deixou o veículo e, já do lado de fora, olhava para Liam como se pensasse numa conclusão.
- Não me espere para sua coroação. - Malik disse deixando claro o quão sério estava falando. Para Liam, aquilo foi quase uma flecha atravessando seu peito, mas ele nada disse, permaneceu com o olhar vazio, sem encarar Zayn. - Eu não vou aparecer. - E com isso, Malik sumiu das vistas de Payne, que simplesmente recostou a cabeça no assento púrpura de sua carruagem e lutou contra a vontade de ir atrás do outro.
Nessas horas é que Zayn se perguntava de onde vinha essa fama de sensato de Payne, aparentemente ele não conseguia nem lidar com coisas que estavam óbvias para todos, menos pra ele. O rei de Essex subia a escadaria que levava á porta do castelo onde Harry e Niall conversavam. A capa dourada de Malik chamava a atenção pelo brilho que emitia conforme refletia o sol e dava um contraste bonito com sua armadura metálica, com o desenho de cachos de uva em seu peito, clara representação de sua homenagem ao deus Dionísio. Sua botas fizeram barulho ao subir as escadas e ele parou entre Niall e Harry, a fim de despedir-se.
- Agradeço a hospedagem e a hospitalidade com toda minha corte, Styles. - Ele estendeu o braço na direção de Harry, que retribuiu o cumprimento. - Obrigado pelo convite, és sempre bem-vindo em Essex.
- Agradeço que fizeste tão longa viagem. - Harry sorriu de canto. - As portas de Wessex estarão sempre abertas. Faça boa viagem.
Zayn assentiu com a cabeça e, em seguida, cumprimentou Niall de maneira cordial. Ambos trocaram poucas palavras de despedida e então Malik deu a ordem para que seguissem viagem. Entrou em sua carruagem e não cogitou mudar o rumo ou voltar atrás, mesmo sabendo que, de longe, Liam o acompanhava pelos olhos quando saiu de seu veículo como se pensasse em mil coisas pra dizer e culpava-se por achar que era tarde demais. A corte de Malik saiu em cortejo pela cidade, alguns aldeões insistiam em olhar até onde os olhos não podiam alcançar, pois a cena era realmente deslumbrante.
Harry e Niall desceram as escadas e foram ao encontro de Liam que, claramente perturbado, esforçou-se para não demonstrar o quanto estava triste. Styles e seu tato para lidar com pessoas e por conhecer Liam muito bem, percebeu que algo estava errado, mas não disse nada, preferiu respeitar o momento do amigo, se fosse algo que ele se sentisse a vontade pra falar, ele diria.
- Harry, obrigado por tudo. - Niall falou com Harry assim que checou o sol e percebeu o horário. Josh olhou pra ele avisando que tudo estava preparado para partirem e Horan entendeu perfeitamente. - Payne, sempre um prazer. - Niall estendeu a mão na direção de Liam assim que agradeceu Harry. - Mércia os espera para uma visita sempre que desejarem.
- Agradeço, Horan. - Liam disse e Harry apenas sorriu concordando com a cabeça.
- Faça uma viagem segura, amigo. - Styles disse assim que o loiro de afastou andando lado a lado com Devine, constantemente fazendo sua escolta.
Styles encarou Liam, que tinha os olhos mais claros por causa do sol batendo em seu rosto. Ele ajeitou sua capa num tom de púrpura escuro, quase azul marinho, usava uma de suas coroas de prata, era fina e reta, com pedras ametista talhadas no metal. Ele claramente parecia abatido e não parava de olhar o horizonte, como se tivesse deixado escapar algo e agora estava arrependido.
- Está esperando que me case com Gemma? - Liam perguntou ao amigo que gargalhou em resposta. Para Payne, era uma ideia construída na cabeça dele por seu pai e ele cresceu achando que existia alguma obrigação pra aquilo.
- Mas é claro que não. - Harry bateu no ombro do amigo. - Você não a ama e nem ela a você.
- Mas a aliança nos beneficiaria. Poderíamos juntar nossos reinos. - Liam pensou na parte prática da situação.
- Acho que você poderia perfeitamente juntar-se a Essex. - Harry disse sem pensar e viu Liam arregalar os olhos. A expressão serena de Styles, com um sorriso tranquilo, confundiu Payne. Era tão óbvio assim?
- Pare de brincadeiras, Styles. - Liam enfezou-se ligeiramente ao ouvir o amigo gargalhar. Liam andou pela lateral de sua carruagem já dando as ordens para que partissem.
- O vejo em duas semanas. - Styles disse antes de Payne embarcar, ambos se abraçaram na despedida. - Cuidado no caminho.
- E você... - Liam disse rindo, entrando em sua carruagem. - Nada de partir corações de ferreiros ou filhas de feiticeiras. - Payne riu fazendo Harry lembrar que praticamente havia esquecido da presença de Taylor naquele castelo.
- Farei o possível. - Styles disse despreocupado, pensando apenas em Louis e no quanto seu coração batia num ritmo diferente quando pensava nele. - Até breve, amigo.
- Até. - Liam respondeu e, em seguida, deu a ordem para que seguissem de volta para Kent.
A verdade era que Styles agora tinha tempo para assimilar o que vinha acontecendo em seu reino e, apesar de ter estado ocupado com sua festa e até mesmo dando toda sua atenção para Louis, não estava fazendo jus à fama de bom anfitrião. Não havia se dado ao trabalho de trocar qualquer frase com Taylor e aquilo não era apenas desinteresse para ele, mas mostrava uma certa falta de educação que, se sua mãe estivesse por perto ainda, não estaria feliz em saber que uma moça convidada estava em seu castelo e não recebendo sequer o mínimo de atenção do rei.
- Ed. - Styles chamou pelo amigo e chefe do conselho que estava na entrada do castelo. - Peça a uma das artesãs para fazer um vestido bonito para Taylor. - Harry andava depressa, sendo seguido por Ed até a sala do trono. - E diga a ela que gostaria de convidá-la para jantar comigo hoje a noite.
- Sim, Majestade. - Ed Sheeran notou que aquilo não se tratava de interesse romântico, mas não disse nada. - Mais alguma coisa?
- Sim. - Harry disse andando na direção de seu trono. Ele vestia preto e estava com roupas confortáveis que pouco lembravam um monarca. Porém, antes de sentar no trono, pôs sua capa vermelha básica, diferente da ornamentada que usou em sua festa. Era apenas um tecido vermelho liso, acompanhado de uma coroa mais simples e segurou seu cetro, com ares imponentes e de quem claramente estava querendo impôr respeito. - Diga àqueles Lordes que me reunirei com eles pela manhã. Temos muito a conversar.
- Sim, Majestade. - Ed curvou-se em respeito.
- E avise ao Conselho também. - Styles complementou e o homem ruivo apenas concordou com a cabeça. Harry sentia que estava na hora de deixar claro que forasteiro nenhum poderia vir ao seu reino dizer o que ele deveria fazer. - Diga aos aldeões que estou pronto para recebê-los.
Harry concluiu e Ed começou a organizar a fila dos súditos que tinham algumas horas para tratar com ele sobre assuntos políticos, pedir ajuda ou fazer reclamações. Styles estava sempre em constante contato com seu povo, ouvindo-os em assembléias e dava a todos, sem exceção, o direito a reivindicar o que quisesse.
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Na estrada à caminho de Kent, Liam Payne estava profundamente incomodado, como se tivesse cometido um erro grave o qual precisava consertar logo. Pensou na noite anterior e no quanto sentiu que foi muito melhor do que qualquer outra noite que ele teve, o quanto a sintonia e o magnetismo entre ele e Zayn pareciam ter sido traçados de forma a fazê-lo pensar que aquela tinha sido um dos momentos em que ele mais tinha sido honesto consigo mesmo e com seus sentimentos por alguém. Nunca antes ele tinha sido tão genuíno e tão cúmplice de alguém, podendo despir-se de qualquer preconceito, qualquer preocupação ou julgamento. Naquele quarto escuro, na cama de Zayn entrelaçado entre lençóis e as pernas bronzeadas de rei de Essex, Liam Payne se encontrou, se aceitou e entregou a alguém a melhor parte de si mesmo.
- Bartholomew. - Liam gritou de dentro da carruagem para o homem que a conduzia, chefe da sua guarda pessoal.
- Pois não, Alteza? - O homem gritou de volta.
- Pare a carruagem. - Liam disse firme, pensando no quanto demorou para criar coragem de fazer aquilo.
Mesmo sem entender, o homem obedeceu imediatamente. Seus outros dois guardas que andavam à frente da carruagem, escoltando para proteger seu rei, também pararam ligeiramente preocupados, achando que algo havia acontecido ao monarca.
- Algum problema, Alteza? - O homem desceu do alto da carruagem, do ponto onde a conduzia e, pela pequena janela lateral, falava e ouvia o rei.
- Vamos para o oeste. - Ele disse sem olhar nos olhos do homem ao seu lado, como se tivesse algum receio.
- Mas Kent fica à leste, Alteza. - O homem respondeu simploriamente.
- E você acha que eu não sei onde meu próprio reino ficar, Bartholomew? - Payne comentou impaciente. - Faça o que eu digo.
- Então estamos indo para Essex? - Seu guarda perguntou realmente confuso, pois nada daquilo fazia muito sentido pra ele. Payne apenas baixou os olhos e assentiu com a cabeça.
- Ande depressa. - Liam disse logo antes do homem se retirar e voltar ao seu posto original. Com sorte, pegaria Zayn ainda no caminho pra casa.
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Horas já haviam se passado desde que Niall e seus guardas deixaram Wessex. A viagem ainda seria longa, mas ele não reclamava. Ao contrário da maioria dos reis, Horan nunca ficava dentro de sua carruagem, lá ficavam apenas suas malas, comida para todos e alguns pertences dos soldados. Ele era quem guiava a própria tropa na direção de casa, era quem tomava a frente como um verdadeiro guerreiro que era. Ao seu lado direito, obviamente calado o tempo todo, estava Josh Devine.
O dia já estava indo embora, dando lugar a noite e o medo de outra tempestade fez Niall pedir a sua tropa que parassem para acampar antes de seguir viagem. O lugar era o mais seguro até o momento, havia um grande rochedo que poderia protegê-los de outra tempestade caso acontecesse. A maioria dos soltados preparava uma fogueira para preparar os alimentos, enquanto que outro montavam barracas e cercavam o local para terem certeza de que tudo estava seguro.
- Majestade. - Josh disse entrando na primeira barraca pronta, obviamente a do rei. Niall tirava a armadura pesada com a insígnia de duas adagas cruzadas, em honra a Ares. Tirou a camisa e Josh simplesmente parou na porta.
- Entre. - Niall disse ao ver de quem se tratava. Devine já havia visto seu rei despido, não era nenhuma novidade, mas o achava tão bonito que mal conseguia disfarçar.
- Está precisando de alguma coisa? - Ele disse assim que Niall se aproximou dele.
- Não, estou bem. - O rei respondeu percebendo o olhar do outro. Não era a primeira vez, mas até a noite passada, Horan sempre preferia ignorar os sinais mesmo que fossem gritantes e óbvios.
- Certo. - Devine engoliu a seco sem saber muito bem como agir. Niall o encarava de um jeito que ele nunca tinha encarado antes e mandando sinais confusos. Devine ficou inseguro por um momento mas ao mesmo tempo teve certeza de que deveria estar enganado. - Com licença. - Ele concluiu já preparando-se para sair, mas o loiro o segurou pelo braço.
Josh olhou para ele sem entender mas tentando ler seus pensamentos como se realmente fosse capaz. Os olhos azuis de Horan estavam fixos nos seus e ele percebeu que o rei se aproximava dele devagar, como se estivesse pensando realmente se deveria ou não fazer aquilo. Mas assim que Niall se enroscou no pescoço dele começando a beijá-lo, ele ficou ainda mais confuso do que geralmente já era.
Apesar do medo inicial e do beijo ser algo lento e ainda cheio de cuidados, era como se Niall estivesse claramente experimentando: tanto a situação de ver-se com outro homem quanto o fato daquele homem ser basicamente a pessoa que ele mais confiava. O medo de que ele levasse a mal e não entendesse, era grande, mas a vontade de sentir o gosto daquela boca era ainda maior. Os dois iam ficando mais a vontade, explorando as várias formas de beijarem-se, mordendo seus lábios ou passeando as línguas uma na outra e Niall conseguia sentir as mãos de Josh segurando-o pelas costas com tanta força que foi a primeira vez que Horan sentiu-se genuinamente protegido. Passou anos de sua vida sendo vigiado por Josh Devine, mas naquele momento, estava certo de que o lugar mais seguro do mundo era ali, nos braços fortes de seu Comandante.
Aos poucos, iam separando as bocas e, devagar, abriram os olhos para se encararem novamente e, apesar de ser algo totalmente novo para ambos, nunca sentiram-se tão confortáveis na presença um do outro. Continuaram se tocando e Niall percebeu o quanto era fácil fazer aquilo com Josh, não era estranho, não era difícil pra ele se deixar levar pelo momento quando estava com aquele homem.
- Me desculpe. - Niall disse sussurrando. - Eu não sou bom falando dos meus sentimentos, não sou um homem de palavras bonitas.
- Eu sei. - Devine respondeu tranquilo, querendo sorrir aberto, mas conteve. - Eu gosto do jeito que você lida com as coisas, Majestade.
Niall não segurou e abriu o sorriso ligeiramente envergonhado em ouvir aquelas coisas. Era tudo muito novo pra ele, aquele tom de voz de Devine, a forma como ele dizia certas coisas, sua linha de raciocínio e a cada segundo deslumbrava-se com o fato de conseguir-se ver caindo de amores por aquele homem forte e tão leal a ele durante tantos anos.
- Você, ao contrário de mim, sempre sabe o que dizer. - Niall disse acariciando o rosto do Comandante, sentindo a barba áspera e o quanto sua pele estava quente.
Josh só conseguia pensar em voltar a beijar aquele homem e foi exatamente isso que ele fez. Não tinha mais medo e nem receio, conseguiu ver nos olhos de Niall todo aquele amor que o rei continha pra ele, escondendo e fugindo. Agora não podiam mais voltar atrás e as coisas, aos poucos, começavam a fazer sentido para os dois.
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Louis chegou em casa assim que anoiteceu. Estava cansado, mas ainda feliz pela noite anterior e pelos minutos que passou com o rei ao acordar com ele de manhã. Seu sorriso praticamente não sumiu de seu rosto o dia inteiro. Com ele, trouxe Calvin para jantar, já que sua mãe constantemente insistia pra que ele convidasse o amigo para passar mais tempo com eles em casa.
- Mãe. - Louis chamou por Johannah que lavava a louça após o jantar. Ele e Calvin ainda estavam à mesa apenas conversando. - O que sabe sobre a feiticeira de Nortúmbria?
- Como é que é, Louis? - A mulher virou-se assustada para o filho, secando as mãos numa toalha velha de louça.
- Eu lembro das histórias que a senhora me contava, achei que não eram verdade. - O ferreiro explicou não entendendo a aflição da mãe. - Mas depois que aquele Lordes chegaram à cidade, eu admito que estou um pouco impressionado.
- O que os Lordes têm a ver com isso? - A mulher sentou-se ao lado de filho na mesa, de frente para Calvin, que prestava atenção na conversa.
- Aparentemente a rainha Anne levou Harry para a feiticeira curá-lo, quando ele era um bebê. - Louis contou o que ouviu do rei naquele dia. - Com a promessa de que ele deveria se casar com a filha dela. - Tomlinson concluiu olhando sua mãe, que perdeu ligeiramente a cor do rosto por alguns segundos.
- E o que o rei vai fazer? - Johannah perguntou em seguida.
- Bem, ele não me parece nenhum pouco interessado em cumprir essa promessa. - Louis disse rindo, lembrando-se claramente do jeito que Harry olhava pra ele. Johannah não disse nada, permaneceu séria.
- Eu ouvi histórias sobre ela também, mas achei que eram fantasias, histórias para assustarem-nos quando éramos crianças. - Calvin comentou. - Diziam que ela fazia acordos em trocas de curas, já que era uma feiticeira curandeira. Não vejo problemas em curar pessoas. - Calvin deu de ombros. - Quer dizer, desde quando isso é uma coisa ruim?
- Ela usava magia negra pra isso. - Louis complementou. - Zeus a puniu.
- Zeus a puniu porque ela estava começando a mexer com a vida e a morte. - Johannah tinha um tom de voz tão sério que chegava a ser assustador. - As Moiras avisaram-na para que parasse de interferir no destino que elas teciam, elas são as grandes responsáveis por dizer quem vive e quem morre. Tenho certeza que Zeus não gostou de Althea querendo um lugar no Olimpo.
Calvin e Louis apenas olhavam para Johannah com uma expressão curiosa, talvez achando que ela estava levando tudo a sério demais.
- Sinto muito, Louis, mas é muito provável que o rei terá que cumprir a promessa da rainha Anne. - Johannah concluiu e Louis franziu o cenho.
- Harry não vai se casar com ninguém por causa de uma promessa da mãe dele. - Tomlinson não queria desrespeitar a mãe, não levantou o tom de voz, mas foi firme. Antes, o que não lhe preocupava, passou a ser uma insegurança em seu coração. - A senhora conhece as histórias, mãe, e conheceu a rainha... Não é justo que o Harry pague por isso...
- "Harry"? - Calvin provocou rindo, achando que Louis estava referindo-se ao rei de maneira muito íntima.
- Cala a boca, Calvin. - Louis desfez a expressão preocupada levemente. - Falo sério, não é justo.
- A rainha o comprometeu, isso pode irritar os deuses, Louis! - Johannah segurou na mão do filho e olhou em seus olhos como se realmente sentisse muito pelo que ia dizer. - Esqueça-o. Ele não é pra você.
Mas Louis não respondeu. Sua mãe levantou-se ligeiramente aflita e entrou em seu quarto na pequena casa onde moravam. O ferreiro trocou olhares cúmplices com Calvin e agora ambos estava confusos e um pouco assustados pela forma com que Johannah abordou o assunto e com a seriedade que ela tratou. Ambos mudaram ligeiramente de assunto quando Calvin perguntou a Louis como havia sido sua noite com o rei de Wessex.