Capitulo 3
Quatro anos atrás...
Tom
Estávamos ensaiando no estúdio que Georg vai conseguido para nós. Começamos com os shows para fora da Alemanha a quase seis meses, os ensaios dobraram é por mais que a casa de Georg fosse grande, com mais de cinco quartos é um estúdio, não dava mais para ensaiarmos lá. Então ele conseguiu um estúdio profissional para ensaiarmos.
-Que horas são? – ele pergunta colocando o baixo no chão.
-São quase oito – Gustav responde olhando o relógio de pulso.
-Temos compromisso essa noite – Bill comemora, eu reviro os olhos. Não é um compromisso é só mais uma das milhares de festa que somos convidados, não estou reclamando, longe disso, mas também não é de se comemora.
-Não vai dar, a Selina tá em casa, sozinha.
-Cara, ela tem quartoze anos, é quinta a noite, desculpa te informa, mas ela não tá em casa – digo tirando a corda da guitarra do meu pescoço.
-Quem me dera. Selina não sai, ela estuda em tempo integral é estuda mais em casa.
-Você tem que ir hoje, aquela gata da noite passada disse que te encontraria lá – Gustav protesta.
-Tom pode ir ver se ela tá, e levar alguma coisa pra ela comer – eu rapidamente olho pra Bill.
-Eu não vou ser babá, tira isso da sua cabeça.
-Você tá de carro, vai ser rápido, vai Tom, ajuda o Georg – eu reviro os olhos, pegando as chaves do carro.
-Fiquem sabendo, que vocês três estão me devendo essa.
-Fala pra ela ir pra cama antes das onze, ela quer acordar cedo é fica de mal humor se dormir pouco, é fala pra ela dá uma coladinha, as provas estão chegando é ela tá se matando de estudar – eu reviro os olhos com as exigências de Georg.
-Eca – eu murmuro, saindo do estúdio.
Georg é oite anos mais velho que Selina, dois anos mais velho que eu, Bill é Gustav.
Georg conseguiu ser emancipado aos quatorze anos, saiu de casa no mesmo dia, conseguiu a guarda da Selina um ano depois, é por causa dela que ele comprou uma casa daquele tamanho.
Selina sempre foi a mais esforçada na escola, isso ninguém poderia negar, só tira dez, um atrás do outro. Mas ela ainda é uma adolescente, desejos a flor da pele, o desejo de conhecer coisas novas. Todos nós já tivemos quartoze anos, sabemos como é. Ela quase sempre acompanhava Georg é a banda em algumas festas, e em quase todos os shows, mas sempre era a primeira a dormir, ou desaparecer.
Passo em um fast-food antes de ir pra casa do Georg, contra minha vontade, mas sei que Georg não faz compras a quase três meses.
Entro na casa do Georg indo direto para o quarto da Selina, eu ia bater, mas a porta estava entre aberta. Escuto algo cair no chão, então rapidamente abro a porta do quarto, querendo saber o que era o barulho.
Selina estava sentada na cama, ela estava vestida com uma sai cós baixo preta, não estava tão apertada, parecia ser o número dela, pelo menos, ela usava uma blusa que mostrava a barriga, a blusa era prateada, é com certeza era um número menor, é botas com um pequeno salto. Seu cabelo armado, é uma maquiagem pesada, mas o delineado destacava bem seus olhos azuis.
No chão estava a bolsa de Selina, prateada, pequena.
-O que é isso? – Eu rio. – Adolescente nerd de dia é...adolescente com botas quase salto alto a noite.
-Salto alto me dar dor nos pés – ela olha pra mim, suspirando. – Por favor, não conta pro Georg, por favor – eu ergo as sobrancelhas.
-O que você tá fazendo? – Ela se agacha, pegando a bolsa do chão.
-Georg me disse que iria sair é só iria voltar de manhã, o que você tá fazendo aqui?
-É você que tá tentando sair de fininho no meio da noite. Georg queria que eu trouxesse comida, mas acho que você não precisa.
-Tom por favor, não conta pro Georg.
-Pra onde tá indo? – Ela olha pra mim, mordendo a boca de nervosismo. Merda, esse jeito inocente com essas roupas é essa maquiagem pesada, com essa mordida no lábio, ela ficava tão bonita.
-Umas meninas da escola, algumas delas estão indo pra uma corrida de carro, é, eu achei legal – ela dá os ombros.
-Corrida de carro? – Eu pergunto, ela confirma com a cabeça. – Não.
-O que? Mas... – eu saio andando, sem esperar respostas, ela vem atrás de mim. – Por favor, Tom.
-Por que não fala com o Georg? Ele deixaria você ir é provavelmente iria com você.
-É por isso mesmo, Tom, o Georg me leva pra várias festas é os shows, mas ele não se diverte, ele fica pensando se alguém está se aproximando de mim, ou me oferecendo bebida ou se eu estou aceitando. Ele saiu hoje, tá beijando ou...fazendo sei lá o que, eu só quero ver...uns idiotas correndo com seus carros caros, é passando a linha de chegada.
Eu a olho, ela não está totalmente errada, Georg fica como um pit-bull em cima dela toda vez que ela se move.
Sei como é querer fazer algo sem ter alguém tentando controlando todos os seus passos.
-Tá, mas você não vai com essa blusa – vejo o sorriso dela crescer na mesma hora.
-Qual é o problema com a minha blusa? Achei que tinha ficado bonita.
O problema é esse, todos os homens naquela maldita corrida olharão para os peitos dela, para os peitos dela, os peitos da Selina.
Olharão para os peitos da minha Selina.
-Vai trocar de roupa, se quiser ir.
Ela ergue as mãos, se dando por vencida. Ela larga a bolsa cima da mesa, correndo de volta pro quarto.
Ela volta dez minutos depois, usando uma blusa azul marinho, colada e que, ainda, mostrava a barriga, mas os seios estavam cobertos, pelo menos isso.
-Melhor?
-Dessa vez não tá parecendo uma puta...pelo menos não uma barata.
-Ei, não sabe ser gentil? – Eu reviro os olhos, tirando as chaves da calça.
-Nós vamos no meu carro.
-Ham, o esportivo? – Eu confirmo com cabeça. – Qual o vermelho ou o preto?
-O vermelho.
Entro no carro, segundos depois Selina entra. O carro era de dois lugares, ir atrás não era uma opção. Vejo Selina puxar a saia pra baixo, tentando tampar as pernas.
-Não devia usar uma saia desse tamanho, já que não sabe usar.
-Por que tá indo comigo?
-Porque você é uma adolescente de quartoze anos indo pra uma corrida ilegal de carros. Georg ia me matar se eu deixasse você ir sozinha é a corrida da estrada principal, são as mais competidas.
-Como você sabe? – Eu não respondo, apenas começo a dirigir. - Aí meu Deus, você corre? – A empolgação na voz dela chega a ser palpável. – A quanto tempo?
-Desiste, Selina.
-Não, não – consigo ver um sorriso se formando no rosto dela, ela vira o corpo levemente pro meu lado, sua saia sabe um pouco com esse movimento – Você já ganhou alguma corrida?
-Eu não correria se fosse pra perder.
-Isso é demais, vai correr hoje?
-Não.
-O que? Por que?
-Porque eu tô cuidando de uma adolescente irritante, que fala igual o burro do Shrek.
-Não sabia que gostava de Shere - ela diz com um sorriso debochado.
-Seu irmão fazia todo mundo assitir esse maltido desenho no domingo de noite, você era obceda por esse desenho.
Ela a abre a fecha a boca várias vezes, como se quisesse falar algo, mas nada saí. Ela cruza os braços, virando seu corpo pra frente, finalmente desistindo de falar.
Meus olhos são fisgados pelas coxas expostas da Selina. Eu quero tocar as pernas dela, eu quero aperta, quero ver sua pele branca ficando vermelha enquanto eu aperto suas coxas. Eu quero tanto tocar aquela mulher.
Estaciono o carro perto do carro de som da estrada, ela olha em volta com a boca aberta. Selina abre a porta do carro, com um sorriso no rosto. Meu celular começa a tocar.
-Vai na frente, preciso atender – ela me olha, um pouco relutante, mas acena com a cabeça.
O nome do Gustav brilha na tela do celular, eu suspiro enquanto atendo a ligação.
-Cara, aonde você tá? Aquela garota que você pegou na semana passada tá aqui, te procurando.
-Eu estou na corrida da estrada principal.
-Cara o que você tá fazendo aí? – Era a voz de Georg.
-Me certificando que sua irmã não volte gravida pra casa – escuto ele suspira.
-Ela estava tentando sair escondida?
-Acho que ela roubou o lápis de olho do Bill – escuto ele rir, tenho a mesma reação. – Relaxa, eu vou tomar conta dela, é você toma conta dessa gata que tá aí.
-Valeu cara, fico te devendo essa.
Ele desliga sem muita cerimônia. Eu olho pra fora, então vejo Selina de pé em frente três meninas que estavam escoradas em um carro, Selina agora usava um óculos preto, estilo gateado, com um pequeno pompom rosa preso nele. Selina ria e mexia com a cabeça, o pompom mexia junto com ela, acompanhando cada movimento.
-Já acabou? Pompom – pergunto, o sorriso da garota morre, ele engole em seco.
-Não me chama assim. – Me aproximo dela.
-Assim como? Pompom? – Ela levanta os óculos, me olhando com um olha mortal. – Vem, preciso resolver algumas coisas. – Puxo o braço da mesma, sem esperar uma resposta.