× Boa leitura!
...
Encarando mais uma vez a caixinha de notificações aparecendo no celular, Scaramouche larga o aparelho acima da cama e se afasta rapidamente enquanto se senta na ponta da cama. Cruzando os braços, seria melhor ele ignorar a notificação ou responder? [Nome] já tinha conseguido seu número, então o que queria com ele agora?! Analisando a foto de perfil de [seu personagem favorito], ao menos ela tinha um bom gosto, ainda bem.
Ficando mais algum tempo naquela posição, Kunikuzushi volta a pegar seu celular e acaba entrando na conversa do número que não estava salvo. Digitando para saber o que ela queria, tudo que ele recebeu como resposta foi uma figurinha de braços cruzados. "Não seja assim, seremos uma dupla até o final do ano!", ah sim, ele tinha esquecido desse detalhe. Quando chegaram em casa o professor acabou colocando na plataforma da escola que esse trabalho iria valer nota para o final do ano.
Ele não iria aplicar teste ou prova, seria um trabalho, o caderno de questões com perguntas pessoais que seu parceiro deveria responder sobre si e vice-versa. Ter alguém para sempre o lembrar disso estava ficando estressante, isso porque ele nem havia falado com ela direito. Pensando em uma resposta para a dar, Kunikuzushi acaba desistindo e joga o celular para o lado, se ele não poderia ficar com o aparelho fica jogando no PC até lembrar de responder novamente.
Por outro lado, [Nome] acaba soltando um longo suspiro. Talvez ela devesse estar forçando muito a barra, deveria abordar outro jeito para que ficasse próxima dele — ou ela poderia somente deixar a vida seguir seu fluxo, uma hora ou outra eles iriam acabar se cruzando. — Talvez eu devesse pedir ajuda... — a garota murmurou para sua mesma, não percebendo que seu irmão estava passando pelo corredor — Você está falando sozinha de novo? — curioso, seu tom monótono era uma coisa que sempre a surpreendia.
— Sim, é bom organizar os pensamentos assim, sabia? — dando-lhe um sorriso pequeno, ele assente — Só... não faça isso na rua ou na escola. Não quero ter que lidar com as pessoas para te defender. — murmurando antes de sair, apesar de não se envolver em brigas ou discussões, Xiao ainda continuava sendo um irmão mais velho. Balançando a cabeça em um 'sim', [Nome] se levanta da cama e sai para o segundo andar para comer seu lanche da tarde.
...
"Deixar a vida seguir seu fluxo...", uma ova! Nem ao menos um bom dia eles trocaram. Ele nem sequer olhou para o seu rosto! Para sua frustração, tão rápido quanto ele chegou na sala de aula, mais rápido ainda ele sumiu para ir embora. Por um acaso ele estava fugindo dela? Quanto mais ela queria se aproximar, mais ele acabava se afastando. Descendo as escadas para o primeiro andar, uma pessoa parada perto do último degrau chama a sua atenção.
— Você demorou. — Kunikuzushi resmungou após soltar um rápido bocejo. — Estava esperando por mim? Por quê? — estranhando completamente sua ação, [Nome] fica com uma pulga atrás da orelha — Tome. — Retirando debaixo do braço um caderno, rapidamente soube do que se tratava. — Obrigada. — [Nome] praticamente murmurou, flashbacks da noite anterior pesaram na sua cabeça. Ela havia forçado muito a barra, ninguém fazia amizade assim.
Guardando o caderno na sua bolsa ela começa a andar, sendo seguida por ele. Desviando o olhar para o chão, nada mais que o silêncio acompanhou eles. Percebendo seu olhar caído, [Nome] normalmente era energética e não parava de puxar assunto para nunca ficar nesse clima — sim, somente a observando de longe ele havia deduzido isso. Coçando a nuca, por que ele deveria se importar com ela? Só se falaram algumas vezes no dia anterior, não eram amigos nem nada do tipo.
— Se está desconfortável com a minha presença, é só pedir para trocar de dupla, eu não me importo. — jogando suas palavras no ar a fim de conseguir alguma resposta do que queria, [Nome] levanta a cabeça e o encara. — Mas eu não estou desconfortável com você. Eu pensei que você estivesse desconfortável comigo. — piscando lentamente com sua fala, Scaramouche se vê envergonhado sob seu olhar, desviando o olhar para a frente, essa era uma situação vergonhosa para ele. Por que? [Nome] não sabia.
Sentindo as mãos suarem, o que ele faria logo em seguida? Assumindo uma carranca, ele fez o que normalmente fazia quando se sentia nervoso e pressionado.
— Oh? E você acha que é suficiente para me deixar desconfortável, faz por favor, né. — cruzando os braços e balançando a cabeça, ele a deixa para trás. Ainda processando o que ele tinha falado, quando entendeu o significado disso [Nome] correu atrás dele. — O que deu em você? Estávamos falando normalmente e você me deu uma patada de graça! Você é bipolar?! — fechando o rosto, Scaramouche a olha com o mesmo olhar do dia que se falaram na máquina de bebidas.
— Bipolar? Eu?! — indignado com sua dedução, ela rapidamente o alcança — para desespero dele — Eu... eu só... — se perdendo no meio das palavras, dessa vez [Nome] pôde observar as pontas de suas orelhas ficando avermelhadas. — Só cale a boca de uma vez! — ele resmunga e começa a andar mais rápido. Abrindo um sorriso de orelha a orelha, [Nome] comemora internamente, afinal, ela havia aprendido uma coisa importante sobre ele. Kunikuzushi não sabia lidar quando confrontado diretamente.
— Se você não é bipolar, então você é um tsundere! — gritando pelos corredores que por sorte estavam vazios, ele acaba gritando de volta — Eu não sou um tsundere! — dando ênfase no 'não', dessa vez a carapuça parecia ter servido. Seguindo-o para fora da escola, agora ele havia ganhado um novo apelido para seu contato, talvez deixar a vida seguir seu próprio fluxo não fosse tão ruim assim. Agora, ela tinha certeza que poderia se aproximar calmamente e conquistar sua amizade.