Lendas Errantes - Ato I: Proj...

By otecelao

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Vidro ou V é um jovem com poderes temporais voláteis que luta para controlar suas habilidades e evitar sua pr... More

Vidro e Fogo
Ferro e Sombras
Prova de Valor
Suor e lâminas
Legião das Cinzas
O grande roubo. (Parte 1)
O grande roubo (Parte 2)
Triunfo e União
O Prisma e o Tempo.
Opostos colidem.
Trilhos furiosos.
Terror Frenético
Chamas e Sombras
Ponto de ruptura.
Águas do passado, a nascente.
Águas do passado, o leito.
Águas do passado, a foz.
Areias do tempo.
Ofensiva Anunciada.
Ultimas Horas.
Prenúncio do caos
Últimos suspiros.
O começo do fim.
O fim do começo.

Causa e Efeito

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By otecelao

Uma poça de sangue escorria lentamente por debaixo da porta, refletindo a expressão de choque de Isolde, que ouvia os gritos de desespero e agonia do alto escalão do D.A.D. Um verdadeiro massacre estava sendo orquestrado por Espectro, que queimava qualquer evidência e laço com o governo de Yuron.

Espectro abriu a porta, revelando sua carnificina. Isolde suspirou fundo, cobrindo a boca com a mão, e se recompôs.

— É o seguinte — disse Espectro a Isolde. — Vocês vão para a Redoma agora.

Isolde assentiu com a cabeça, suprimindo suas emoções. Ela seguiu pelos corredores da base.

No caminho, ela esbarrou em Maximilian, derrubando-o da cadeira flutuante dele.

—Olha por onde anda, mulher! — Reclamou Maximilian.

Isolde tapou a boca do rapaz com a mão, fazendo um sinal de silêncio.

— A notícia da morte do Maverick só chegou agora. — Disse ela. — O Espectro assassinou todo o alto escalão. Se você quiser manter sua cabeça no lugar, é melhor fazer o que eu digo.

— Vish, tá bom, se é sério assim eu to de boa. — Respondeu Maximilian.

— Ele ordenou que nós vamos para a Redoma agora. Disse Isolde. — Precisamos ir agora mesmo.

— Os problemas na Redoma só crescem — Continuou ela. — Você vem comigo. Nós vamos cobrir a retirada do D.A.D. e acabar com o problema de uma vez por todas, sem testemunhas nem nada.

— Tá, eu já entendi, mas eu quero a permissão para fazer prisioneiros e quero minha armadura. — Exigiu Maximilian, travando sua cadeira no ar.

— Você faz o que quiser, só vamos sair daqui logo — Disse Isolde, puxando Maximilian para fora do prédio onde suas tropas estavam posicionadas.

Todos os membros do Anoitecer se surpreenderam ao ver sua líder assustada daquele jeito. Do meio dos soldados, uma mulher alta com a aparência de um demônio empurrou os membros do Anoitecer até chegar em Isolde.

— O que aconteceu, Isolde? — Perguntou a mulher.

— Ah, Calista, é tão bom te ver — Disse Isolde, abraçando a mulher infernal.

— Espera, é o Espectro, não é? — Perguntou Calista.

— Você nem imagina — Disse Isolde. — Me ajuda a preparar as tropas, pois iremos agora.

Isolde segurou nas mãos de Calista, suplicando pela ajuda da moça, que concordou com a cabeça e começou a mobilizar os soldados.

— Ulalá, quem diria que você conhecia uma corrupta, hein, Isolde? — Disse Maximilian, admirando Calista. — E nem me avisou nada!

— Eu sou comprometida, seu idiota — disse Calista, marcando sua mão com um tapa muito forte na cara de Maximilian, que sentiu como se aquele tapa ardesse como fogo.

Então, as tropas especiais do D.A.D., denominadas de Anoitecer, se mobilizaram e, apenas algumas horas depois, chegaram à Redoma.

...

A capital de Yuron, capital incessante, é uma metrópole que aprisiona seus habitantes sob a sombra impiedosa de arranha-céus, obstruindo qualquer vislumbre do sol e da lua. A onipresença do D.A.D, espalhado por toda a urbe, intensifica a atmosfera opressiva que paira sobre o local. Contudo, o D.A.D enfrenta agora desafios inesperados ao lidar com uma ameaça aparentemente insignificante, mas que, neste ponto, já não é mais desconhecida.

Um ponto de luz verde se transforma numa linha neon que percorre as ruas em alta velocidade. As patrulhas do D.A.D. se protegem para o impacto devastador que o flash esmeralda causa. Um dos recrutas, que ficou com o pé preso numa tampa de bueiro, é atingido em cheio pelo clarão. O impacto é tão forte que deixa uma marca de pisão em suas costas, uma exata marca de um pé que atravessa a armadura e deixa para trás um vestígio de fumaça.

A população, que já está cansada da repressão do D.A.D., vaia os soldados. Os locais se divertem com a cena, virando motivo de chacota para os moradores. Cabisbaixos, os soldados recolhem o companheiro ferido da rua. Eles notam que sua coluna vertebral foi despedaçada pelo golpe.

Os soldados contatam os superiores para tentar lidar com a ameaça.

Os responsáveis pelo velocista são Isolde e os membros do Anoitecer. No entanto, eles não estão mais na cidade. O chamado cai no alto escalão do D.A.D., ou seja, Espectro.

À medida que o rastro esverdeado serpenteia pela cidade, as sombras ao seu redor intensificam-se gradativamente. O clarão que o acompanha diminui sua velocidade, revelando uma sombra que se aproxima rapidamente. De dentro dessa sombra, surge Espectro, desenhando uma lâmina horizontal feita de sombras.

O lampejo altera sua trajetória, ricocheteando pelas paredes dos edifícios da rua e acumulando velocidade. Finalmente, projeta-se diretamente em direção a Espectro. Este último se defende usando suas mãos imbuídas de sombras, mas o golpe é tão poderoso que gera um estouro sônico, obliterando todo o cenário atrás de Espectro, enquanto a onda de choque se propaga por todo o quarteirão.

A silhueta de um jovem rapaz, constituída por uma energia verde misteriosa, começa a se dissipar, revelando a verdadeira forma da velocidade que tem aterrorizado o D.A.D por meses. Espectro dirige-se ao garoto mascarado com soberba: — Cada dia eu me impressiono com a força que os Despertos conseguem desenvolver com o tempo, uma progressão exponencial... fascinante e nojento ao mesmo tempo, eu diria que impressionante para um moleque da sua idade.

O garoto, coberto pela energia verde, responde com dando pequenas batidas com seu pé que crepita energia no chão: — Não posso falar pelos outros, mas minha força só vai parar de crescer quando você pagar pelo que fez. Então, me acompanhe se puder! — Ele explode pelos arredores novamente, envolto na energia verde e dispara para algum lugar desconhecido da capital.

Espectro, mantendo sua postura, comenta: — Eu tenho coisas mais importantes para fazer, mas quando eu terminar, é melhor você ter corrido, mas dessa vez para bem longe... — Diz isso enquanto vira as costas e desaparece nas sombras.

Espectro materializou-se no subsolo do QG do D.A.D., emergindo das sombras como um fantasma. Ele avançou até uma câmara onde a criatura, de quem ele drenava os poderes, estava confinada. Seus olhos azuis profundos encontraram os de Espectro, e o próprio Espectro recuou, um filete de sangue escorrendo de seu nariz.

— Ah, você de novo. Que prazer te ver nessas circunstâncias. — A criatura zomba.

— Eu sei. Percebo que você anseia por me possuir, que já absorvi sombras a ponto de você controlar-me quando eu as absorver novamente. No entanto, estou aqui por outro motivo. — Espectro aumentou o tom de voz, movendo-se com dificuldade em direção à câmara. Ele retirou metade do Prisma, depositando-a rapidamente em uma pequena caixa blindada.

— Entendo... Você finalmente confrontará todos os seus problemas de frente, do seu jeito peculiar. Você foi o humano mais petulante que já tive o desprazer de conhecer. Se ao menos suas motivações tivessem sentido, talvez você não tivesse esse fim, embora eu reconheça de longe um homem morto. — A criatura de sombras fecha os olhos, entrando em um estado de dormência.

— Você fala demais... — Espectro pressionou um botão na câmara da criatura, que se transformou, assumindo a forma de um cubo. O recipiente foi erguido por uma garra até um local desconhecido nas instalações do D.A.D.

Espectro iniciou uma caminhada silenciosa e sombria pela capital. Imerso em seus próprios pensamentos, ele chegou à fronteira da cidade, na estação dos mango-trens, ao amanhecer. O sol lançava um calor suave, combinado com a brisa fresca e agradável da manhã, elementos que Yuron sempre possuíra, mas que Espectro só valorizava agora, prestes a enfrentar os demônios que ele mesmo alimentara.

— Dois dias... Amanhã tudo se encerrará. — Ele deixou as palavras ao vento, iniciando sua caminhada pelos trilhos em direção à redoma.

...

No topo da base recém-conquistada, Sebastian, Bryn e Ronin se reuniram em torno de uma mesa improvisada, onde diversas bebidas e substâncias estavam dispostas.

— Bryn, sua dívida está quitada. E Ronin, parece que seu talismã foi roubado no norte. Estamos trabalhando nisso, e como adiantamento, separei alguns chips de marcos para compensar. O pagamento completo vai demorar um pouco, mas não se preocupe. — Sebastian, sentado casualmente, começou a esclarecer as questões pendentes e estendendo uma bebida para Ronin.

— Então acabou? Não somos mais legionários? Enquanto aplicava uma seringa em seu braço, Sebastian estendeu uma garrafa de bebida para Ronin. — Este último, desconfiado, afastou a mão da garrafa, questionando.

— Por enquanto, não temos mais acordos formais. Reconheço seu valor após o que aconteceu aqui, Ronin. Mas não posso forçá-lo a nada. Se quiser, pode me visitar depois de receber sua recompensa. — Sebastian esclareceu.

Bryn permanecia em silêncio, mantendo uma postura ereta, embora sua expressão serena escondesse um nervosismo evidente, revelado por uma veia pulsante em sua testa — Até nunca mais. Espero que nossos caminhos não se cruzem novamente. — A Plumosa, levantando-se, quebrou o silêncio, utilizando seu arco para criar uma tirolesa, ela deixou o local sem se despedir dos outros legionários.

Enquanto Bryn saía da base, Ronin ainda finalizava as negociações com Sebastian, os Pardais do Anoitecer passaram rente à base, provocando uma ventania que levantou poeira e derrubou tudo da mesa, acompanhado por um estrondo ensurdecedor.

— Ei, moleque — Observando as aeronaves e Ronin partindo, Sebastian dirigiu a palavra para o jovem com um sorriso de ponta a ponta em seu rosto.

— Fale logo pois não estou com tempo para suas gracinha de novo. — Ronin, já na porta de saída, virou-se para Sebastian, com uma expressão de impaciência.

— Quando você veio negociar pela primeira vez, me disse que queria a localização de uma pessoa... certo? — Sebastian colocou os pés em cima da mesa, em um tom provocativo.

— Eu já falei que verei isso depois. — Ronin deu um passo para fora da porta.

— Então como desejar, você sabe que com a tecnologia que temos agora podemos localizar qualquer pessoa certo? Com um acordo e um último serviço nós poderíamos achar quem você procura em questão de alguns dias, te garanto que não vai passar de amanhã. — Sebastian continuou.

Ronin deu um passo para trás e fechou a porta, virando-se para Sebastian com uma cara fechada, mas disposto a ouvir o que o homem tinha a oferecer.

— Ótimo! — Sebastian sorriu.

No prédio ao lado, ocultando sua presença como uma gata, a orelha pontuda de Bryn conseguia ouvir toda conversa.

...

V acordou com uma dor de cabeça insuportável. Ele mal conseguia ficar de olhos abertos, mas ainda assim se levantou e caminhou até o banheiro da base, onde encontrou Sunna passando mal ajoelhada em frente à privada. Ele rapidamente fechou a porta enquanto a ruiva botava para fora tudo o que bebeu na noite anterior.

Quando ele estava saindo de fininho, ouviu um grito que ecoou por todo seu corpo.

— V! Volta aqui agora! — Sunna exclamou, abrindo a porta com muita força. — Que papo é esse de ficar bêbado?! Você disse que seu corpo é imune a isso! Fez isso só pra se aproveitar, né?

— Não, calma, não é bem assim que funciona. — V entrou na defensiva, segurando Sunna pelos ombros para acalmá-la. — Eu estou conseguindo controlar melhor minhas habilidades, olha meu cabelo, ele está crescendo e isso não seria possível se eu ainda estivesse travado!

Sunna ficou novamente corada, dando pequenos socos no braço de V, que doíam mais do que deveriam.

— Seu idiota! Por que você faz isso?! — Perguntou a ruiva, muito envergonhada.

— É que... eu achei legal da sua parte e não queria deixar de ter um pouco de diversão com as pessoas que eu gosto. — Dizia o grisalho, tentando se concentrar para curar seu corpo da ressaca.

Sunna se virou completamente corada e sem jeito, voltando para o banheiro, fechando a porta com força.

"Só você mesmo, V", ela dizia, enxaguando a cara com a água gélida da torneira.

— V! Que ótimo que acordou. — Ramond surgiu da cozinha com um cereal nas mãos. — Marquei com o Sebastian a incursão de amanhã, vamos agir bem cedo, então eu quero aproveitar o dia de hoje para revisar nosso treino. Percebi pela gravação da luta contra o Maverick que você está atingindo um novo nível com suas habilidades, vamos treinar isso!

"Como que esse velho tem toda essa disposição nessas horas?!" Pensava V consigo mesmo.

— Tá bom, tá bom, eu... eu só quero começar o dia primeiro, pode ser? Eu tô só o bagaço velho! — Dizia V, procurando o outro banheiro da base e se trancando lá, enquanto deixava Ra falando sozinho com sua empolgação.

O grisalho encarava o espelho por alguns minutos, em reflexão e respirando profundamente. Ele abriu a torneira e percebeu que as gotas da torneira estavam desacelerando no ar, os azulejos do banheiro estavam se distorcendo e, no espelho, agora havia a figura encapuzada que o perseguia.

— Você está progredindo em vão, não adie o inevitável, moleque. — Dizia a figura encapuzada.

— Não adie aquilo, não adianta fazer isso... sério mesmo?! Você vive aparecendo para me dar esses sermões, mas nunca explica nada! Quem é você, o que você quer, e por que está me perseguindo?! — V perguntava, tentando dar um soco no espelho, mas antes de chegar lá, sua mão estranhamente bateu no ar, causando uma rachadura no nada que começou a se espalhar por todo o banheiro. Logo, todo o cenário se despedaçou e foi substituído por um grande deserto negro de céu branco opaco, com monolitos de espelho flutuando por toda a região. E, em sua frente, a criatura encapuzada se materializou numa nuvem de areia.

— É hora de explicar tudo então.

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