Fairy Tail A Celestial Hunter...

By BrunaNashizita

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Incapaz de aguentar a ignorância, a rejeição e as maldades de seu pai, Lucy Heartfilia foge de casa com apena... More

Capítulo 1 - Chegando a guilda Fairy Tail
Capítulo 2 - A Primeira Missão de Lucy
Capítulo 3 - E de repente... Todos Ficaram Felizes.
Capítulo 4 - Codinome: Titânia
Capítulo 5 - Estrela dos Desejos
Capítulo 6 - Fortes Sentimentos
Capítulo 7 - Exame Classe S e Afins
Capítulo 8 - Aflição e União
Capítulo 9 Novos Ares e Um Pedido Importante
Capítulo 10 - A Missão do Conselho
Capítulo 11 - O Ato
Capítulo 13 - Mais Afins

Capítulo 12 - Consequências

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By BrunaNashizita


Opa!!!
Olha só quem está aqui! kkkkk
Sim, é isso mesmo!
Voltei e com um capítulo novinho pra vocês!!!
Queria ter postado antes, mas não deu certo.
Mas saiu e espero que gostem.

⚠️Seguinte, já vou fazer um alerta de possíveis gatilhos e cenas fortes também, okay? ⚠️

Recados dados e já me peço desculpas caso tenha algum erro na escrita.
Boa leitura!


Um...

Dois...

Três...

Esse foi o tempo em que tudo aconteceu...

No primeiro foi o movimento.

No segundo foi o olhar.

E no terceiro foram os gritos.

Tudo ocorreu em questão de três segundos.

...

Ao perceber as intenções de Vero, Lucy não conseguiu se conter e se deixou levar completamente pela raiva. Ou parte dela, pois se tivesse sido totalmente, as consequências de seus atos poderiam ter sido piores. Não que o que aconteceu não seja algo terrível, mas poderia ter sido mais catastrófico, tanto pra ela quanto para guilda.

Quando Vero pulou da árvore, seu alvo estava bem ali, ocupada demais para notá-la. A armadura poderia ser um problema, se não fosse a parte rasgada da sua calça na perna esquerda, expondo sua pele branca e suja de terra e sangue. Era perfeito! O plano era perfeito demais, era só pular e, mesmo que Erza conseguisse se defender, Vero ainda conseguiria lançar seu espinho em sua perna e envenená-la.

"Eu vou matar a Titânia deles! Meu veneno está mais forte e mais mortal do que antes, eles não terão tempo de curá-la!", pensou ela com um sorriso doentio, armada e pronta para atingir seu alvo.

No entanto, seu plano perfeito foi impedido pela jovem maga celestial de cabelos loiros e olhos bicolores, que surgiu na sua frente com uma rapidez absurda e fez algo que jamais chegou a passar em sua mente e nem mesmo estava conseguindo se lembrar em que momento começou a gritar desesperadamente, enquanto suas roupas eram sujas por seu próprio sangue.

— MINHAS MÃOS! MINHAS MÃOS! SEU MONSTRO! SEU... — Ela para seus berros ao ver e sentir o olhar gélido lhe sendo dirigido por aqueles cruéis olhos verde e vermelho, respingos do seu próprio sangue escorrendo pelo rosto e mãos daquela garota, o brilho dourado sendo emitido por seu corpo e a espada sendo erguida, pronta para dar o golpe final. — AAAAAHHHHH! NÃO ME MATE! NÃO ME MATE! TENHA PIEDADE!

O escândalo de Vero chama a atenção de todos, que olham para a maga das plantas no chão em cima da própria poça de sangue e com Lucy, coberta pelo mesmo líquido grosso e avermelhado, a encarando sem expressão alguma, a espada ensanguentada de Erza em suas mãos e logo ao lado da garota caída estavam os dois membros que um dia fizeram parte de seu corpo.

— Vero... — Rokko ficou paralisado ao ver a situação da sua amiga e caiu de joelhos ao chão. — O que fizeram com ela?! O QUE FIZERAM?! SEUS... SEUS...

Antes que ele tentasse alguma coisa, Gray rapidamente o derrubou e prendeu a respiração do rapaz o suficiente para fazê-lo desmaiar. Aproveitou e o congelou também para que ele não tentasse mais nada.

Natsu e Happy correm até a amiga e tentam segurar seu braço com força, querendo impedir o ato final dela.

— Lucy! Não faz isso! Você não é assim! — Gritou o rosado se esforçando para impedi-la.

Happy puxava a manga da blusa de Lucy para trás, não querendo que ela finalizasse a ação.

— Luxy!

Já Mirajane, em completo choque, já havia corrido até Vero, se ajoelhando na sua frente, enquanto tirava seu cinto e fazia um torniquete em um dos braços pra impedir que a hemorragia continuasse e ela morresse.

— Merda! Segurem ela, meninos! Gray, me ajuda! Rápido! Tira seu cinto! — O moreno, junto da amiga, também se ajoelha, tirando o objeto e o entrega para a albina, que faz o mesmo com o outro braço.

Ele a segurava para que Mira terminasse o torniquete, podia sentir a garota tremendo e se debatendo, o cheiro de sangue e terra molhada invadindo seu nariz. Era horrível.

— Natsu! Preciso da sua ajuda!

Natsu olha rapidamente para Mira antes de voltar a sua atenção à Lucy, que ainda estava com a espada erguida, forçando o corpo pra frente pronta para dar aquele golpe.

— Mas a Lucy...

— Eu cuido da Lucy, pode ajudá-los. — A voz de Erza se faz presente, se aproximando do amigo.

O Dragon Slayer a encara, notando aquele olhar determinado da ruiva, entendendo que, naquele momento, a única pessoa que poderia impedir a maga celestial de fazer aquilo que a faria se arrepender pelo resto de sua vida, era Erza.

— Contamos com você! Vem Happy!

O gato solta a manga da amiga e voa até o rosado, que também soltava o braço dela com a espada e se afasta pra ajudar Mira e Gray.

Erza rapidamente se coloca na frente da namorada, segurando o braço da espada, a fitando com seriedade.

Enquanto isso, Natsu se ajoelha ao lado de Mira, alternando seus olhos entre ela e Gray, que segurava uma Vero pálida. Ele franzia o nariz com o cheiro do sangue, suor e roupas úmidas.

— Do que você precisa, Mira? — Perguntou ele, tentando ignorar aquele odor.

— Precisamos cauterizar os ferimentos pra parar de sangrar.

Os olhos de Vero se arregalaram de espanto, tentando se afastar de todas as formas.

— Não! Isso não! Eu não quero isso! Me soltem! — Ela gritava, se debatendo e Gray a segurava com mais força.

— Fica quieta, porra! — Xingou o moreno, já perdendo a paciência.

— Cauterizar? O que é isso? — Natsu indaga, ignorando o esperneio de Vero e as reclamações de Gray.

Mira solta um suspiro antes de responder.

— Você vai usar seus poderes pra queimar onde os braços dela foram cortados. Temos que parar o sangramento ou ela vai morrer. — Explicava mostrando os torniquetes que fez. — E isso não vai segurar pra sempre. E depois disso, temos que fazer os curativos e... Você entendeu, Natsu?

O garoto em questão exibia uma expressão confusa, o que era de se esperar, mas abriu um sorriso de empolgação ao acender as duas mãos.

— Só a parte de queimar, então deixa comigo!

Antes de qualquer aviso prévio, Natsu coloca as mãos flamejantes nos braços amputados de Vero, fazendo com que ela solte um grito estridente de dor, que ecoa por uma boa parte da floresta de Crocus.

...

Toda aquela cena violenta do corte foi presenciada por Erza, que ainda estava tentando digerir aquilo tudo.

Lucy... Sua doce e amorosa Lucy foi capaz de uma coisa desse nível é algo que ela ainda está tentando entender.

Antes do ato, enquanto estava ocupada lutando contra aqueles gorians, Erza havia sentido Vero e suas intenções, ela facilmente iria conseguir desviar e reequipar uma armadura completa pra evitar que o espinho penetrasse em sua pele.

Porém, o que ela não esperava era a ação de sua namorada e nem o que ela faria.

Assim que terminou com as criaturas peludas, Erza se virou para se defender da maga da Raven Tail quando teve a visão de Lucy, correndo com sua espada em mãos e o brilho dourado sendo exalado por seu corpo, se colocando entre ela e a inimiga. O fato de estar conseguindo usar sua espada mesmo com o braço machucado, a surpreendeu ao ponto de ficar paralisada para admirar. Contudo, ela saiu do transe quando Lucy fez um movimento rápido, puxando a espada para cima, a lâmina afiada passando pela carne dos braços de Vero como se fossem feitos de papel fino, o olhar cruel das cores estampadas em seus olhos verde e vermelho... E por fim, o grito estridente ecoando pela floresta.

Ao presenciarem aquela visão assustadora, os gorians que ainda estavam em pé, pegaram seus companheiros desmaiados e sumiram floresta à dentro. Nenhum deles queria ter seus membros arrancados fora por uma espada mágica.

Erza ficou sem reação nos primeiros minutos, até ser despertada pelas tentativas de Natsu e Happy de impedirem a amiga. Era admirável a intenção de seus amigos, mas aquilo não era obrigação deles, Erza é quem precisava para-lá.

Assim que Natsu e Happy foram ajudar Mira e Gray, a cavaleira focou toda a sua atenção na sua namorada.

— Hey, Lucy? Está me ouvindo? — Indaga segurando o braço que ela segurava a espada. — Lucy, pare com isso! Você não é assim!

Mesmo com os chamados da ruiva, Lucy permanece firme, e com o mesmo olhar frio e cruel sendo direcionado à maga das plantas caída enquanto estava sendo amparada pelos seus colegas.

Vendo que não tinha muita opção, Erza faz aquilo que sabia que iria fazê-la se odiar internamente.

Ela reequipou uma luva na mão direita e deu um único soco na boca do estômago da loira, que a tirou daquele transe e a fez largar a espada ensanguentada. Erza segura a espada no ar e a reequipa de volta ao seu espaço mágico, e segura Lucy em seus braços.

"Me perdoa por isso...", pensou ela a pegando no colo e a levando para longe dos amigos, para terem mais privacidade.

Julgando ser o longe o bastante, a ruiva colocou a loira sentada encostada em uma árvore, perto daquele mesmo lago pequeno e estreito que seguiram horas atrás até a caverna em que passaram a noite. Molhou uma das mãos e deixou algumas gotas caírem sobre seu rosto, limpando os resquícios de sangue que havia sobre ele.

Lucy não estava completamente inconsciente, mas também não estava totalmente acordada, podemos dizer que estava mais em um estado de atordoamento e foi despertando aos poucos ao sentir as gotículas caindo sobre sua testa e escorrendo por suas bochechas.

— Erza? — Murmurou em um fio de voz, reconhecendo o toque quase suave das mãos levemente calejadas da namorada em seu pescoço, umedecendo sua nuca, seus olhos pareciam pesados, quase que sonolentos. Sentia uma dor aguda na região abaixo do seu peito e tinha quase certeza de que levou algum golpe ali.

— Hey, está me ouvindo? — Falou Erza com um tom suave em sua voz, acariciando sua bochecha. — Está se sentindo bem?

Lucy ajeita as costas na árvore, sentindo um pouco de dificuldade para respirar, seu peito parecia que ardia quando puxava o ar para seus pulmões.

— Meu peito dói... O que houve? Como eu...? — Ela se interrompe ao começar a se lembrar do ocorrido de minutos atrás, uma sensação de enjoo revirando seu estômago e o início de uma tremedeira começando nas mãos, que só agora ela percebeu estarem sujas de um líquido vermelho viscoso, assim como suas roupas. Lucy se lembrou de tudo o que fez e encarou a cavaleira em pânico. — Não... E-eu não...

Percebendo a aflição crescente em suas feições, Erza segura em seus ombros, direcionando seu olhar para si mesma. Pela primeira vez em dias, viu os olhos castanhos claros da namorada.

— Lucy? Amor, está tudo bem. Hey, olha pra mim, está tudo bem. — Tentava acalmá-la de alguma forma, mas suas tentativas só fizeram com que a loira soltasse suas mãos e se afastasse para o mais longe. — Lucy, calma.

Não dando ouvidos aos chamados da namorada, Lucy se levanta meio cambaleante, tendo que se apoiar no tronco da árvore, fincando as unhas com a força que conseguia exercer naquele momento, sua boca parecia estar salivando infinitamente, assim como um gosto amargo tomava conta de sua garganta.

A frase que tentou proferir poucos segundos atrás ecoando na sua mente, juntamente com a lembrança sangrenta de Vero e suas mãos decepadas ao chão.

"O que eu fiz?! Mavis, o que eu fiz!? Meu Deus, o que eu fiz?!"

Percebendo que Lucy estava prestes a colapsar, Erza se aproxima e tenta puxá-la para seus braços, mas ela empurra a ruiva.

— Fica longe de mim! Eu sou um monstro! Deus, o que eu fiz? Me ajuda! Erza, me ajuda!

Estava claro que a loira estava à beira de uma crise, proferindo frases sem sentido, suando frio, uma tremedeira sem fim em suas mãos e, para piorar, o cheiro daquele sangue sujo, juntamente com o suor e a poeira, fizeram com que aquele gosto amargo fosse expelido para fora junto com as lágrimas.

Nesse momento, Erza decide esperar antes de se aproximar, puxava os cabelos loiros para o lado para que não sujasse, em seguida fazia carícias em suas costas para acalmá-la. Ela sabia o que precisava fazer e, naquele momento, era ser o porto seguro que Lucy precisaria para se apoiar.

Aquele carinho em suas costas lhe ajudou a se sentir mais calma, mas Lucy não tinha coragem alguma de olhar pra Erza.

O que Erza vai pensar dela? Era o que se passava em sua mente. Afinal, a ruiva sempre a tratou como uma princesa, sua Lady, era carinhosa, gentil e cuidava dela com tanto esmero que surtava quando Lucy se machucava com qualquer coisa...

Agora, Lucy se sentia um monstro, fraca em espírito e uma completa covarde... Era patético demais.

"Como vou olhar pra ela? Como? O que ela vai pensar de mim, depois do que fiz? Eu sou um monstro... Eu sou um monstro..."

Sem dizer nada, Erza toca delicadamente a bochecha de Lucy, virando seu rosto para fita-la. Enxergava muitas coisas sendo exibidas, dentre elas se destacava o medo, pânico e rejeição. Ela sabia que a loira estava envergonhada pela situação e esse fato só se confirmou com ela fechando os olhos para não encará-la e também para segurar as novas lágrimas que estavam prestes a transbordar.

— Se sente melhor? — O tom de Erza era tão calmo e gentil que Lucy pensou estar ouvindo coisas.

Como Erza poderia estar falando com ela daquele jeito? Aliás, como Erza estava falando com ela depois do que fez?

Eram questionamentos assim que rondavam a sua mente confusa.

— Olha... — Começou a ruiva com o mesmo tom. — Não precisamos contar pra ninguém o que aconteceu aqui... Ninguém precisa saber disso, tá bem?

Lucy não responde de primeira, ela processa tudo antes de responder.

— C-como pode estar falando comigo? O-olha o que eu fiz! Eu amputei uma garota! Com uma espada! Eu arranquei as mãos dela! Como pode estar falando comigo?!

Algumas gotas de lágrima escorreram pelo seu rosto, as bochechas ficando avermelhadas.

— E por que eu não falaria? — A pergunta deixou a loira em silêncio. — Você se arrepende do que fez com ela?

Parando para analisar, Lucy percebeu que não sente arrependimento nenhum do que fez, não sentia nenhum remorso e nem nada parecido. A única coisa que sentia em relação a Vero foi uma raiva descomunal ao vê-la querendo atacar Erza para envenená-la.

Foi o gatilho para o ato.

Então, por que ela se sentia daquele jeito? Por que aquele desconforto a incomodava tanto?

Erza viu o quanto Lucy estava querendo entender toda aquela carga de sentimentos de uma vez e como aquilo a estava lhe afetando. Ela não esconde que ficou surpresa com o ato, pois, de fato, não era algo esperado de sua Lucy. Porém, ela havia entendido a razão para a maga celestial ter feito isso e ficou grata por ela ter salvo a sua vida, só que ela não imaginou o que a namorada faria e muito menos o quanto aquilo iria lhe afetar.

— Se eu tivesse sido mais rápida... — Começou a ruiva sentindo que se tivesse derrotado os gorians antes, teria conseguido se defender da Vero rapidamente e Lucy não precisaria passar por todo esse estresse emocional.

— Não! Não se culpe, por favor. Eu só... Só não queria te ver passando pelo que passei e quando eu vi ela com os espinhos no punho querendo te acertar... E-eu senti tanta, mas tanta raiva que eu não pensei, só agi e... Eu não me arrependo do que fiz... Eu não me arrependo... Eu não me arrependo, Erza... E-eu... — Lucy dizia com as mãos trêmulas, com um olhar assustado pra namorada. — Erza... Ela... Ela... Eu fiz... Eu...?

Erza compreendeu o que Lucy queria perguntar e tratou de abraçá-la com força, queria poder tirar todos aqueles sentimentos pesados que ela estava sentindo e transferí-los para si mesma. Conseguia sentir seu corpo ainda trêmulo e as lágrimas umedecendo sua camisa.

— Não, Lucy. Ela não morreu. Mira e os meninos estão cuidando das feridas dela, enquanto estamos aqui. — Respondia em um tom mais sereno, apertando mais a garota contra seu corpo. — Você a feriu bastante? Sim, feriu e não vou negar que eu não fiquei assustada com a cena, era algo que nenhum de nós esperava. Mas de uma coisa é certa... — Erza fez questão de olhar dentro dos olhos da amada. — Você não é um monstro e muito menos uma assassina. Você é a Lucy da Fairy Tail, você é inteligente, é linda, é forte, é determinada e, o mais importante de tudo, é minha namorada. — Ela deu um beijo na bochecha molhada da loira. — E o que você fez não vai me fazer te amar menos. Sei que ficou impactada e que pensou que poderia ter tirado a vida dela, mas graças a Mavis, isso não aconteceu. Okay?

Lucy acena para a ruiva, concordando com cada palavra, o impacto delas fez com que o peso que estava sentindo ir desmoronando aos poucos. O sentimento ainda habitava em seu ser, como uma cicatriz visível a olho nu, mas agora é menor e concluiu que com o tempo, vai conseguir superar e vai parar de se incomodar com aquilo.

Toda aquela adrenalina de mais cedo foi diminuindo e Lucy voltou a sentir dor em seu braço. Erza viu o quanto ele estava bem avermelhado e, por alguns segundos, sentiu raiva de Vero por ter machucado a loira.

"Talvez ela tenha merecido o que aconteceu...", pensou ela, analisando a extensão do hematoma se formando em Lucy.

— Dói?

— Dói quando tento mexer.

— Entendo. Bom, pelo menos não quebrou, pelo que vejo. Mas depois eu olho melhor, tá bom? — A loira assentiu. — Temos que nos juntar aos outros, mas vamos tirar um pouco dessa sujeira de sangue e poeira do seu rosto primeiro. — Ela assentiu novamente. — E... Eu não vou contar pra ninguém o que aconteceu aqui. Fica apenas entre nós duas e apenas nós, combinado?

Lucy abriu um pequeno sorriso em agradecimento, não queria que seus amigos soubessem da crise que teve... Além de outras coisas.

Com a ajuda da Erza, a loira lavou o máximo possível de suas mãos, rosto e boca também. As manchas em suas roupas não tinham muita coisa o que elas pudessem fazer, teriam que ser lavadas na lavanderia da Fairy Hills assim que voltassem.

Não era exatamente um banho, mas fez Lucy se sentir melhor. E até mesmo Erza aproveitou pra lavar o rosto e as mãos também.

Quando estava terminando de enxugá-las, Gray apareceu por entre os arbustos para avisá-las que o pessoal do Conselho Mágico estava na clareira esperando por eles.

— Eles estão aqui? Que hora chegaram? — Indaga a ruiva.

— Não faz nem cinco minutos. Quando terminamos os curativos da garota da Raven Tail, eles apareceram do nada, tipo... Puff, sabe?

Erza deu um suspiro se levantando e ajudando Lucy a se levantar também.

— Eles têm um mago que usa magia de teletransporte ou algo assim. Ninguém sabe o nome e nem como é sua aparência, mas quando o Conselho precisa aparecer repentinamente em qualquer lugar, eles usam esse mago.

— É uma magia poderosa e bem útil. Imagina um cara assim na guilda? — Comenta o moreno.

— Realmente seria bom ter alguém assim, mas acha mesmo que o Conselho deixaria um mago com esse tipo de magia em alguma guilda? É claro que eles vão querer manter esse tipo de recurso com eles pra poderem usar da maneira que quiserem.

— Você falou de um jeito como se eles vissem esse cara ou garota ou sei lá o que, como um tipo de objeto.

— E é exatamente assim que eles veem.

— Bom, eu não discordo. Em todo caso, é melhor nós irmos. — Elas concordam e vão na frente, com o moreno logo atrás. Ele percebeu que Lucy parecia mais abatida que o normal, segurando firmemente na mão de Erza como se sua vida dependesse disso. Até mesmo estranhou quando viu que seus olhos voltaram a antiga coloração castanho claro, e não mais aqueles bicolores vermelho e verde.

"O que será que aconteceu?", perguntou para si mesmo.

Ele conseguia sentir que alguma coisa estava perturbando sua amiga, mas tinha plena consciência de que agora não seria o momento para perguntar o que aconteceu.

***

— Eles vão demorar muito? — Indaga Lahar com os braços cruzados, batendo o pé de forma impaciente no chão sem parar, encarando Natsu e Mira. — Temos outros assuntos para resolver.

A falta de paciência dos membros do Conselho Mágico já era algo de conhecimento público de qualquer cidadão que vivia em Ishgar, sem mencionar outras coisas.

Os dois magos da Fairy Tail nem deram ao trabalho de responder, apenas continuaram em silêncio, vigiando os dois membros capturados da Raven Tail e observavam Lahar conversando com seus outros dois colegas.

— Tenha calma, meu amigo. Não faz nem dois minutos que o garoto Fullbuster se ausentou. — Respondeu um garoto de cabelos azulados compridos até seus ombros, pele clara, olhos verdes escuros, vestindo trajes típicos de jovens aprendizes do Conselho, que consistia em calças, camisas e sapatos inteiramente brancas com leves detalhes pretos nas bordas de suas roupas. O que chamava a atenção nele era a tatuagem em vermelho vivo que tinha no lado direito de seu rosto, cobrindo bem o centro do seu olho e sua bochecha. — Não é legal e nem mesmo educado apressar as coisas assim.

— Eu não me importo com isso, Siegrain. Eles estão sendo pagos para cumprirem o seu serviço. E eu nem sei porque temos que pagá-los para resolverem o próprio problema, já que o Ivan é membro da Fairy Tail.

— Ex-membro. — Diz Mira, se segurando para não pular no pescoço daquele cara insuportável. — Caso não saiba, ele é ex-membro da nossa guilda, idiota.

— O que você falou?! — Indaga Lahar indignado por ter sido contrariado.

O azulado nem respondeu, apenas suspirou balançando a cabeça negativamente. Ele conhecia bem a sua posição perante ao Conselho, sendo a mesma que seus dois colegas.

— É surdo ou se faz de surdo? — Provoca a albina com um sorriso, com Natsu e Happy não segurando os risos com o rosto de Lahar ficando tão vermelho quanto a cicatriz do tal Siegrain.

Mais estressado do que já estava antes de ser escalado para ir até a floresta, Lahar decide ir pra cima de Mira. Porém, é impedido pelo companheiro, que se coloca entre ele e a maga demônio.

— Siegrain, sai da minha frente!

— Quer parar de ser criança? Não é atoa que não te levam a sério. — Diz o azulado, sabendo que estava machucando o orgulho do colega. — Como espera ser do Conselho, se não consegue nem mesmo ser respeitado por guildas importantes, como a Fairy Tail?

Lahar não responde, apenas bufa se afastando com os punhos cerrados de raiva. Na sua cabeça, ele não tinha que respeitar aquelas guildas inferiores, era ele quem precisava ser respeitado e temido, ele é do Conselho Mágico, ele era a autoridade acima de qualquer mago de qualquer guilda, nenhuma era merecedora de seu respeito.

O terceiro membro do Conselho nada falou, apenas observava com atenção aos seus colegas e aos outros magos em questão, especialmente em Natsu. Ele sentia uma absurda energia mágica emanando do rosado e ficou se perguntando se aquela era a força de um Dragon Slayer?

"Interessante...", pensou ele.

Esse rapaz em questão estava encapuzado, impossibilitando a visão de seu rosto, cabelos e olhos. A única coisa que se podia ver era apenas a metade do seu rosto, do nariz até o queixo. Sua pele era um tom de bege claro e seus trajes eram semelhantes aos de Siegrain, ele apenas vestia um capuz para esconder sua identidade, nem mesmo seu nome era de conhecimento público.

Natsu sentiu o olhar do garoto e resolveu encará-lo também. Ele estava se sentindo incomodado e fez questão de declarar isso ao ir na direção do garoto.

— Aí, o que você tá olhando? — Indaga o rosado irritado. — Fala logo ou eu vou...

— Natsu! — A voz alta e grossa de Erza faz o garoto paralisar e recuar vários passos pra trás.

Já o encapuzado permaneceu imóvel, sem expressar qualquer reação em relação à quase ameaça de Natsu e a intromissão de Erza.

A ruiva, juntamente com Lucy e Gray, chegam na clareia em que tiveram a batalha contra os dois membros da Raven Tail e seus aliados (gorians e espíritos corrompidos), se deparando, primeiramente, com o mago de cabelos azulados com a tatuagem vermelha. Ela sabia que ele não era aquela pessoa do seu passado, apesar da semelhança ser um tanto absurda.

É claro que Siegrain percebeu o olhar enigmático de Erza, mas notou algo a mais também, uma aura de proteção e ao decidir retribuir aos olhares da ruiva, percebeu sua mão segurando firmemente a mão da garota de cabelos loiros ao seu lado. Ele não demorou para interpretar o que era aquele tipo de contato e nunca foi capaz de imaginar a ruiva se apaixonando por alguém e estava bem explícito pela forma protetora que se portava.

"Quem diria, hein Erza?"

— Até que enfim vocês chegaram. — Lahar interrompe seus pensamentos, já destilando seu desdém sobre os magos da Fairy Tail. — Já não bastava terem chegado atrasados no primeiro dia da missão?

— Nós chegamos no horário, seu engomadinho de merda! — Natsu já estava farto daquele cara e fez questão de avançar em sua direção, mas é impedido por uma mão de Mira em seu ombro.

Vendo aquela cena, Lahar deixa escapar um sorriso de deboche, passando seus olhos arroxeados pelos cincos magos mais Happy, que não desgrudou mais de Natsu, e logo focalizaram nos dois jovens magos da guilda das trevas, sentados ao chão com os braços e pernas presos, especialmente na garota, que exibia um olhar assustado em seu rosto, olhando para um fixo qualquer do chão. Seu companheiro também tinha o mesmo olhar, mas olhava para os próprios pés, sem coragem alguma de erguer o rosto para encarar qualquer um daqueles magos, principalmente os cinco da Fairy Tail que os capturaram.

— Eu quero lembrá-los de que nós somos do Conselho Mágico, somos magos superiores tanto em força como em status. — Dizia olhando para todos eles. Siegrain apenas suspira e decide não dizer nada e deixar o colega inflar o próprio ego. — Nós somos a principal autoridade de Fiore e não toleramos nenhum insulto, não importa de quem venha. Está claro?

Ninguém da Fairy Tail respondeu ou expressou alguma coisa e isso fez os nervos do moreno inflar, já querendo impor sua autoridade novamente.

Contudo, Siegrain se coloca à sua frente, fazendo um alerta com um olhar. Ele sabia que o colega entenderia e não questionaria.

E como era o esperado, Lahar apenas acenou com a mão, pedindo para que o azulado continuasse.

— Bem, primeiramente, nós três, em nome do Conselho Mágico, ficamos muito agradecidos e muito contentes com o cumprimento da missão. Compreendemos que não foi nada fácil, mas saber que vocês a realizaram com excelência nos deixou bem satisfeitos. Então, parabéns Fairy Tail. — Siegrain usava um tom de voz mais suave e amistoso pra conversar com eles. — Contudo, é meu dever fazer os seguintes questionamentos a respeito da garota Vero... — Diz olhando pra ela e apontando para um saco de gelo com os dois membros ensanguentados. Eram suas mãos decepadas. — O que aconteceu e quem fez isso à ela?

Bem, eles já tinham consciência de que iriam perguntar sobre a mutilação em Vero, mas como não tiveram tempo de conversar e nem pensar o que diriam sobre o ocorrido, a resposta deles foram os olhares perdidos em vários pontos diferentes do chão e o silêncio.

E agora? O que eles diriam? Quais as consequências para o ato de Lucy? Ela vai receber alguma punição? Ou será que é a guilda que vai receber?

É claro que a situação piora com Lahar apontando para a própria Lucy, que era a que mais se mostrava nervosa com tudo aquilo.

— Por que não perguntamos para a garota loira ali? — Indaga o moreno de óculos. — Ela é a única que está demonstrando nervosismo, sem mencionar que suas roupas estão bem manchadas. — Falava cada palavra se aproximando da loira. Ele já tinha um certo rancor por ela ter feito o estrago em seu olho, então ficou internamente satisfeito em poder se vingar de alguma maneira. — Você fez isso? Você arrancou-lhe os seus membros?

Erza percebeu o nervosismo da namorada com a aproximação do rapaz do Conselho e se coloca entre eles, encarando Lahar, deixando seus olhos exibirem sua fúria. O braço esquerdo trazia a loira para trás, de forma protetora e com o outro braço, trazia uma de suas espadas mágicas.

Indignado com a ousadia, o moreno ergueu seu punho, várias runas mágicas de Jutsu Shiki aparecem em seu braço.

— Você parece ter muita coragem, Srta. Scarlet. Ou é muito burra. — Ele coloca a mão com as runas na lâmina da espada. — Pretende atacar um membro do Conselho Mágico?

Todos ficam paralisados com a atitude da Erza em invocar uma de suas espadas, nem mesmo Mira, marrenta do jeito que era e que jamais admitiria em voz alta, tinha toda essa coragem da sua rival.

A ruiva nada diz e nem expressa algo, apenas vira a espada, lhe entregando o objeto afiado para o garoto.

— Isso é pra significar alguma coisa? — Ele indaga sem entender suas intenções.

— Pensei que tivesse entendido, já que você sempre diz o quanto é melhor do que nós, meros magos de guildas. — É claro que aproveita pra tirar uma com cara dele, mas nunca deixando a seriedade em sua face. — Mas respondendo... Sim, esta foi a arma que utilizei para machucá-la.

Natsu, Gray, Mira, Happy e, principalmente, Lucy olham para Erza de forma atônita.

Como assim, Erza está assumindo algo que não fez? Por que ela faria aquilo?

"O amor é algo estranho...", pensou Natsu olhando da amiga para o cara do Conselho.

Gray e Mira apenas olham um para o outro, sem dizer nada um ao outro.

O encapuzado e Siegrain apenas observavam sem proferir uma única palavra, queriam ver até onde seguiria aquela conversa. Especialmente o azulado.

Já Lahar, analisa a espada que lhe foi entregue, ainda tinha alguns poucos vestígios de sangue nela, o que comprova a confissão.

Se, de fato, ele acreditasse nela.

— Mesmo confessando, eu não consigo acreditar em uma palavra do que diz... — Diz olhando pra Erza e desvia seus olhos para a garota loira atrás dela. — Sua amiga está com seus trajes impregnados de sangue... Enquanto os seus... Digamos que estão um pouco mais limpos... Como espera que eu acredite em você, Srta. Scarlet, sendo que as evidências apontam para sua amiga, que você inutilmente tenta proteger de forma desesperada? — Ele questiona e olha para os companheiros da ruiva, esperando alguma explicação. E como já era esperado, recebeu o silêncio como resposta. — E aparentemente, nenhum de seus amigos também vai responder. Devo arrancar a confissão à força? — Indaga se direcionando à maga celestial.

Se Lucy já estava nervosa com o que havia feito, agora com a pressão do rapaz do Conselho em dela, tentando fazer com que ela admitisse o que havia feito, seu nervosismo piorou e Erza pode perceber ao sentir as mãos da namorada agarrando firmemente a barra da sua blusa.

— Pare com isso, deixa ela em paz. — Pede Erza se colocando mais a frente de Lucy. — Já disse que fui eu.

— Você ter contado não quer dizer que foi você, as roupas dela estão cheias de sangue!

— Quer saber porque as roupas dela estão com sangue?

— Eu sei que foi ela e você está acobertando! — Ele agarra o pulso de Lucy. — Vamos, confesse!

Nesse momento, Natsu, Gray e Mira cercam Lahar, cada um pronto para desferir um golpe nele com suas respectivas magias.

— Aí cara... — Diz Gray com calma e um olhar sério, com Natsu fazendo o mesmo. — Solta nossa amiga.

— Ou vamos te matar. — Mira diz em um tom baixo, com os olhos vidrados.

Percebendo o desastre que estava para acontecer, Siegrain se aproxima, se colocando entre seu colega e os magos da Fairy Tail.

— Vamos pessoal, tenham calma todos vocês. — Diz olhando para todos eles, especialmente seu colega de óculos. — Lahar, temos que evitar atritos desnecessários entre o Conselho e as guildas. E, como já foi dito, a Srta. Scarlet foi quem causou o atual infortúnio da Srta. Vero da Raven Tail.

— E as roupas dela? Como explica as roupas dela estarem limpas, enquanto as da outra ali estão claramente sujas?

— Eu tenho certeza de que a famosa Titânia da Fairy Tail tem uma boa explicação, estou correto, Srta. Scarlet?

Antes de responder, Erza olha para seus amigos rapidamente, que entendem o recado e se afastam, abrindo passagem para a ruiva que estende sua espada novamente. Só que desta vez, ela decide entregar ao garoto de cabelos azuis.

— Como já falei antes, eu usei essa espada para cortar as mãos dela. E antes que perguntem sobre nossas roupas... — Já acrescenta rapidamente, não dando chance para o garoto do Conselho lhe interromper. — Eu estava usando minha armadura quando dei o golpe e as roupas de Lucy só estão sujas, pois ela era o seu alvo. Vero já tentou matar Lucy uma vez, mas não conseguiu e viu uma nova oportunidade para tentar novamente. Só que desta vez, eu não deixei e fiz o que tinha que fazer.

Após finalizar, Erza rezava internamente para que sua falsa explicação fosse convincente o suficiente para que eles parassem de suspeitar da Lucy, apesar dela ter sido a verdadeira culpada pelo ocorrido. Seus amigos também concordaram com a ruiva, principalmente Mira, que não tinha ideia das consequências dos atos da sua amiga e com Erza assumindo a culpa, seria algo mais aceitável, levando em conta que tanto ela quanto sua rival cavaleira tinham aquela maldita autorização do Conselho.

"Erza assumindo a culpa é o melhor cenário. Espero que eles acreditem."

Siegrain e o misterioso rapaz encapuzado aparentavam estarem satisfeitos com a resposta da ruiva. Apenas Lahar ainda não demonstrava tal coisa.

— E como vamos saber que você não está acobertando sua amiga? Que não está assumindo a culpa por ela?

Mais uma vez, Erza mostra sua espada, só que decide entregar para o azulado.

— Eu sou a única maga da Fairy Tail que utiliza espadas mágicas e meus companheiros, como podem ver e sentir, tem outras habilidades mágicas, como fogo e gelo. Nenhum deles sabe usar uma espada.

Siegrain pega o objeto afiado, analisa com cuidado, consegue identificar alguns resquícios de sangue na lâmina. Ele olha novamente para a cavaleira, percebendo novamente a forma protetora que ela agia com a garota loira. Ele sabia que a ruiva estava mentindo, que ela estava protegendo aquela garota que parecia ter roubado seu coração. Era evidente que a relação delas ia bem além da amizade, vendo a forma que Erza estava se comportando.

"Está assumindo a culpa pelo amor que sente por ela?"

— E como vamos saber se essa informação é realmente verídica? — O questionamento de Lahar interrompe os pensamentos do azulado, que encara o colega com um semblante sério.

— Ela não está mentindo. — Siegrain faz questão de responder, já acrescentando rapidamente. — Diferente de você, meu caro Lahar, eu estudo guildas e seus membros. Erza Scarlet é, de fato, a única maga da guilda Fairy Tail usuária de armamentos mágicos no geral. Sua... — Ele olha para Lucy e volta a olhar para o moreno de óculos. — Amiga, Lucy, é usuária de magia celestial. Sabia que ela é a primeira maga celestial da Fairy Tail desde sua criação?

— O-o quê? Mas que tipo de infor...

De repente, uma nova voz se faz presente.

— Acho que já perdemos tempo demais aqui. — O encapuzado se pronuncia pela primeira vez. Sua voz suave e rouca indicava que ele era um rapaz. — Se está tão desconfiado assim, por que não perguntou para a garota que perdeu as mãos? — Ele aponta para Vero. — É claro que isso não será necessário, pois eu mesmo já fiz isso e ela confirmou que foi a cavaleira que lhe mutilou.

Lahar avança na direção do colega, o agarrando pelo colarinho, demonstrando indignação por ter sido interrompido.

— Quem você pensa que é para... — Novamente sua fala é interrompida, mas dessa vez é com o seu desaparecimento.

Como já estavam cientes, aqueles mago encapuzado tinha a habilidade de teletransportar e foi exatamente isso que ele acabou fazendo.

Tanto ele, quanto Siegrain estavam saturados das reclamações e implicâncias desnecessárias de Lahar. Eles com certeza vão pontuar isso ao entregar o relatório geral.

Assim, como desapareceu em questão de segundos, ele voltou rapidamente, só que agora estava sozinho.

— Siegrain, por favor, vamos terminar logo com isso? Gostaria de ir pra casa. — Pede ele limpando as mãos em seus trajes.

— Claro. Leve os prisioneiros e não se esqueça das mãos da garota.

O encapuzado pega o saco com as mãos decepadas e gelo, juntamente com os dois magos da Raven Tail, ambos tão paralisados que nem sequer fizeram questão de tentar algo para fugir. Ele desaparece com os dois da mesma forma que fez com Lahar, deixando Siegran sozinho com os membros da Fairy Tail.

— Bom, acho que terminamos por aqui.

— O que vai acontecer com eles? — Pergunta Mira, se sentindo um pouco mais relaxada por finalmente tudo aquilo ter acabado.

— Os dois vão responder aos seus crimes e serão condenados à prisão perpétua. Eles nunca mais vão prejudicar outra pessoa e, devo acrescentar que vocês nos pouparam o trabalho de cortar-lhe as mãos da maga Vero.

Aquela informação pegou a todos de surpresa, principalmente Erza, que segurou com firmeza a mão trêmula de Lucy. Ela preferia muito mais abraçá-la, mas achou melhor fazer isso quando estiverem sozinhas e longe dos olhares de outras pessoas.

— Então fizemos certo? É isso? — Questiona Gray com receio, ele estava achando aquilo um tanto estranho.

Mirajane também estava com o mesmo pensamento do colega.

— Pode se dizer que sim e admiro não terem usado a autorização especial concedida à vocês duas, Srta. Scarlet e Srta. Strauss. Algum motivo em questão? — Nenhuma delas responderam e Siegrain não ficou surpreso com o silêncio delas. — Bom, então acho que podemos finalizar por aqui. — Ele se vira para o colega encapuzado. — Leve-os.

— Deixa comigo.

O encapuzado se aproxima rapidamente dos cinco e desaparece instantaneamente com todos.

Siegrain olhou ao redor da floresta e depois para o alto, encontrando algumas pequenas áreas iluminadas pela luz do sol da manhã.

"Ainda tenho muito trabalho pela frente..."

...

06 de Janeiro de X781

Arredores de Magnólia — 07:53am

Antes que qualquer um da Fairy Tail pudesse fazer ou falar algo, em um piscar de olhos, eles já não se encontravam mais naquela floresta sombria e úmida de Crocus, a paisagem rústica e pitoresca de Magnólia era o que enchiam seus olhos, que estavam voltando a se acostumar com a forte claridade, já que passaram quase 3 dias dentro de um breu sem fim.

— Natsu... Estamos em casa? — Pergunta Happy pulando do ombro do rosado, olhando em volta. — Olha! Por ali fica a nossa casa! Vamos pra casa comer peixe! Vamos!

— Claro! — Responde Natsu sorridente para o felino. — Vamos só pegar nossa recompensa e... Ué, cadê ela?

— Aqui. — Gray se aproxima com um grande saco, se ajoelhando no chão para abrir e distribuir os pequenos pacotes para cada um.

Mira abre o saco dela, pegando uma moeda e mordendo a mesma pra ver se era verdadeira.

Erza confere rapidamente antes de guardar dentro da sua bolsa. Ela nem percebeu em que momento aquele mago teletransportador trouxe seus pertences e nem quando arranjou tempo para isso.

"Isso não importa. Finalmente estamos em casa.", pensou ela olhando para Lucy, que encarava um ponto fixo qualquer da grama, nem sequer deu importância para a recompensa que recebeu do Conselho.

— Quanto ganhamos? — Pergunta Natsu com preguiça de contar suas joias.

— Deixa eu ver... — Gray pega um pequeno bilhete que veio junto. — Aqui diz que é 1 milhão.

— 1 MILHÃO PRA CADA UM?! — Gritou o rosado com empolgação. — HAPPY, A GENTE TÁ RICO! ESTAMOS RICOS!

Mira revira os olhos e desfere um tapa na nuca do garoto escandaloso.

— Seu burro. É claro que não recebemos 1 milhão cada. É 1 milhão pra todos nós dividirmos. Cada um recebeu 200.000 joias. — Explicou ela.

— Quê?! Só recebemos isso?

— Claro, né Natsu? Não sabia que o Conselho é mão de vaca?

— Que droga... Eu tava querendo comprar muita comida...

— Céus, o que a minha irmã vê em você? — Se pergunta com um suspiro, pensando alto.

— Hã? Disse algo, Mira?

— Nada que te interesse.

— Ué? Por que não quer falar?

Antes que Mira continuasse a bater boca com Natsu, Gray chama a atenção dos dois colegas para as duas garotas um pouco mais afastadas deles.

Eles perceberam o quanto Lucy ficou abalada com o que fez, seu olhar vazio transmitia isso. Na verdade, eles ainda estavam surpresos com o que aconteceu, nenhum deles esperava aquela atitude da amiga.

— O que faremos, Mira? — Indaga Gray se aproximando da albina. — O que vamos dizer pro Mestre?

— Eu... — Pela primeira vez, Mira não sabia o que falar.

Enquanto eles conversavam sobre o que fazer, Erza não saiu do lado de Lucy, ficou cuidando dela, sentia a angústia que a loira carregava dentro de si, a insegurança e o medo.

Não tinha a mínima ideia do quanto aquela história iria afetá-la, mas sabia que nos próximos dias, a namorada não estaria bem.

— Hey... Temos que ir... — Erza a chamou com calma, a puxando devagar pela cintura. — Minha casa está perto, podemos tomar um banho e dormir um pouco. E podemos ver de ir amanhã mesmo para a praia em Hargeon que eu prometi, lembra? O que acha disso?

Lucy não respondeu, ela ainda continuava com o mesmo olhar vazio, sem toda aquela alegria que ela costumava exalar quando estava feliz.

Natsu com Happy, Gray e Mira se aproximam das duas, sem saberem o que poderiam falar para a loira.

— Scarlet. — Chamou a albina. — Nós conversamos e achamos melhor você levar a Lucy pra casa. Eu e os meninos daremos os detalhes da missão pro Mestre.

— Não! — Lucy diz pela primeira vez, chamando a atenção de todos. — Eu quero contar para o Mestre o que aconteceu e o que eu fiz.

Os quatro olharam um para o outro antes de voltarem seus olhos para a amiga.

— Lucy, está tudo bem. Nós podemos... — Começou Gray, mas logo é interrompido.

— Não, Gray. Eu assumo o que eu fiz, eu fiz algo... Algo que... — Ela mesma não sabia como deveria classificar, fechou os olhos e respirou fundo pela boca antes de continuar. — Eu não quero que o Mestre saiba por outros. Sou eu que deve contar o que aconteceu.

— A gente tava pensando em não contar pra ele, né? — O moreno sugere olhando para Erza e Mira.

As duas se entreolham por alguns segundos.

— Olha, podemos contar a mesma história que contamos pro Conselho. — Começa a albina.

Natsu e Happy decidem ficar em silêncio, mas em suas cabeças, esconder aquilo do Mestre era errado.

E eles não eram os únicos com esse pensamento.

— Não! Eu não quero mentir para o Mestre! — Seu tom de voz foi quase um grito. Ela respirou fundo novamente, sentiu Erza segurando a sua mão para lhe passar confiança. — Eu não me importo de ter mentido pro Conselho, mas pro Mestre vou me importar! Ele merece saber a verdade, ele... Eu não posso... Não pra ele! Não pra ele! E-eu...

Percebendo o que estava para acontecer, Erza agiu rapidamente.

— Hey, shii... Está tudo bem. — Ela não queria ver Lucy em pânico novamente e a puxou para seus braços.

Ela encarou seus colegas com o cenho franzido, um pouco indecisa do que deveria fazer. Por ela, tiraria todas aquelas lembranças da mente de Lucy e a levaria para longe, para um lugar tranquilo, onde ela pudesse relaxar e se esquecer de toda aquela situação.

Mira também queria poder fazer alguma coisa para ajudar a amiga, nem conseguia imaginar como aquilo estava lhe afetando. Lucy tinha a idade da sua irmãzinha e era sua melhor amiga também e não pode deixar de pensar na possibilidade de ser Lisanna naquela situação? Ou até mesmo Elfman? O que ela faria?

Mira jamais em toda a sua vida vai admitir, mas nutriu um grande respeito por Erza nesse quesito.

"Ela não é chamada de Titânia à toa."

— Bom, se vamos fazer isso, então vamos logo. — Diz Gray.

— Por que não deixamos pra amanhã? Eu tô cansado e quero dormir. — Reclama Natsu.

— Eu também. — Happy concordava com o amigo.

— Porque agora deve ser um pouco mais das 08:00 horas, não deve ter muitas pessoas na guilda. É o melhor momento para isso.

— Eu e o Happy preferimos amanhã, né amigo?

— Aye!

— Deixa de ser preguiçoso, cérebro de lagartixa. É só passar o relatório e pronto. Não é difícil. — Responde o moreno.

— Aí, quem você tá chamando de cérebro de lagartixa, hein princesa do gelo? — Provoca acendendo uma chama em sua mão.

— Como é?! — Já se preparava para congelar seu rival.

Antes que eles começassem a luta, Erza pegou cada um pelo cabelo e bateu na cabeça de cada, causando uma forte dor nos pobres garotos.

Nem preciso dizer que eles vão ficar com um enorme inchaço na testa.

— Já acabaram? Ótimo! Hoje eu não estou com paciência pra implicância de vocês. Briguem amanhã, se quiserem.

Normalmente, Erza não falaria algo do tipo, já que ela quer mesmo é ver os dois garotos sendo bons amigos. Porém, eles sabiam que a principal preocupação dela agora era com Lucy e, prezando pelo bem da amiga e de suas cabeças doloridas, eles decidiram não retrucar mais um com o outro. Pelo menos nas próximas horas ou longe das vistas da ruiva.

— Se já está decidido, então vamos logo acabar com isso, pode ser? — Mira também estava ficando impaciente e só queria voltar pra casa pra ficar com seus irmãos.

E sem dizerem mais nada, os cinco magos e o gato alado seguem o caminho até a guilda.

...

Geralmente, quando os magos da Fairy Tail vão até o escritório do Mestre Makarov, ele mesmo pede para que os mesmos sejam breves em seus relatos após o término de uma missão. Porém, nesta em específico, ele quis saber todos os detalhes desde que chegaram em Crocus e podemos dizer, que nenhum foi poupado. Tudo foi relatado ao velho Mestre.

E quando a história chegou naquela parte em questão, fez com que Makarov compreendesse o olhar de medo e pânico em Lucy, assim como a forma protetora de Erza para com ela.

Estupefato, era o que ele estava sentindo, enquanto voltava a se sentar em sua cadeira, refletindo todo o relatório passado por seus filhos.

— O Conselho... O que eles disseram quando viram a garota... Daquela forma? — Makarov indaga, já temendo a resposta.

— Eles perguntaram o que aconteceu e quem havia feito aquilo. — Respondeu Gray.

— E o que vocês responderam? Contaram a verdade?

Eles se entreolharam e depois olharam para Lucy, que apenas desviava o olhar, sem coragem alguma de encarar seus amigos e o Mestre.

Makarov ainda aguardava pela resposta, que não tardou a chegar.

— Eu assumi a culpa. — Diz Erza dando um passo à frente. — Como eu e a Mirajane tínhamos aquela autorização, era o mais sensato e eu não queria que a Lucy e nem a guilda sofresse alguma consequência pelo que ela fez. Então, eu disse que tinha sido eu a cortar as mãos daquela garota.

Makarov fecha os olhos e solta um suspiro, apertando as têmporas com o polegar e o indicador da mão direita, processando tudo aquilo que ouviu. Ele entendeu que parte do motivo de Erza ter assumido a culpa é devido ao amor que a garota sentia pela loira. Porém, ele sabia que não era apenas isso, tinha algo a mais também.

— Eles acreditaram? Os rapazes do Conselho que estavam lá?

— Só aquele metidinho de óculos que ficou falando que não acreditava na gente. — Responde Natsu com as mãos apoiadas na cabeça, com Happy sentado bem cima. — Ele ficou falando tanta asneira que o amigo dele sumiu com ele pra longe. Tipo... Puff, sabe?

— Ah, você quer dizer o misterioso mago teletransportador que eles têm no Conselho. — Diz o velho. — Ele estava lá?

— Sim, só que ele estava usando um capuz. Não deu pra ver o rosto dele. — Diz Mira.

— Entendo... — Ele acena em compreensão, logo voltando seus olhos para Erza. — O que mais você disse para convencê-los?

A ruiva olha para a namorada e depois para seus companheiros.

— Lahar desconfiou da Lucy por causa de todo o sangue em sua roupa e do nervoso que ela estava sentindo. Eu falei que ela só estava assim porque estava perto daquela garota e que tinha sido eu a fazer o ato, já que eu sou a única que pode usar espadas mágicas. Só que ele continuou insistindo na Lucy. Siegrain e o outro acreditaram nas minhas palavras, apenas ele ficou questionando.

Makarov absorveu as palavras da cavaleira, o argumento era válido pra convencer os jovens aprendizes do Conselho Mágico. Contudo, havia algo que poderia entregar todo o esquema de improviso deles e era isso que o deixava preocupado.

— Mas e se a Vero contar que foi Lucy quem lhe mutilou? Você chegou a pensar nisso, Erza? — A ruiva ficou em silêncio, demonstrando que não tinha como retrucar aquilo. — Como iria contra argumentar com as palavras de uma vítima, principalmente uma que sofreu um trauma dessa magnitude? O que você faria? Ou qualquer um de vocês? O que vocês fariam?

É claro que ainda tinha aquele risco da Vero revelar sua verdadeira algoz de seu infortúnio. Só que eles também tinham mais uma coisa pra revelar.

— O cara do capuz falou que interrogou os magos da Raven Tail e confirmou com eles a história que contamos. — Responde Gray.

— Oh, é mesmo? Ele confirmou? — Makarov se levantou nesse momento e olhou a paisagem pela janela.

— Sim e eu achei isso meio estranho, porque não tem sentido alguém do Conselho querer nos ajudar.

— Eu tô com o Gray nisso e sinto que no futuro, terá consequências dessa "ajuda" dele. — Mira acrescenta fazendo aspas com os dedos.

— Talvez tenha. Mas, por hora, meus parabéns à todos, cumpriram a missão com êxito, como é o esperado da nossa guilda. Todos estão dispensados. — Eles se preparavam para sair quando ele continuou. — Menos a Lucy. Eu gostaria de conversar com você, filha.

Lucy sentiu seu corpo travar e seu sangue congelar. Seu rosto empalideceu e ela não pôde evitar olhar de forma suplicante para Erza, como se estivesse pedindo por ajuda. E a própria sentiu o desespero da loira.

— Lucy...

— Não me deixe sozinha... — Ela pede baixinho, apenas pra Erza.

— Amor, é só o Mestre. Ele só vai conversar com você. — Ela pousou suas mãos nos ombros da namorada. — Não precisa ficar com medo, okay? Eu vou te esperar lá fora.

Lucy acena que sim, enquanto via seus amigos e sua namorada saindo pela porta, deixando ela sozinha com o Mestre.

— Lucy, sente-se por favor. — Ela o obedece. Makarov conseguia ver o quanto ela estava nervosa e assustada, era muita coisa acontecendo em um único dia. Uma pessoa adulta já estaria arrancando os cabelos, imagina uma jovem de 13 anos, então? A última coisa que ele queria era deixar a menina mais nervosa. — Eu só preciso saber de algumas coisas, querida.

— C-certo. — A voz trêmula se fazendo presente.

— No relato de vocês, Erza contou que te levou para longe da garota assim que houve o ocorrido, mas não falou nada mais. E eu gostaria de saber o que aconteceu nesse tempo em que estavam sozinhas.

— O-o que aconteceu lá?

— Sim, isso mesmo. Não precisa ter pressa, eu só fiquei curioso mesmo.

Lucy parou para refletir o que tinha acontecido, as lembranças surgiam em sua mente da mesma forma que um bando de formigas se aglomeravam perto de algo doce. Suas mãos estavam trêmulas e suava bastante.

— Eu meio que estava... Zonza e quando acordei, senti a dor do meu braço e... — Ela hesitou por alguns instantes e olhou para Makarov, que lhe exibia um semblante de confiança e ela continuou. — E quando lembrei do que fiz, eu senti tanta coisa ao mesmo tempo... Medo... Vergonha... E-eu... — Ela aperta as mãos e sente seus olhos arderem. — Eu só consigo lembrar agora de ter empurrado a Erza pra longe e ter gritado com ela... E-eu gritei com a Erza... Por que eu fiz isso? Por que? Eu não queria... Não com ela... — Nesse momento, as lágrimas escorrem pelo rosto de Lucy e começa a sentir falta de ar.

Makarov rapidamente se levanta, indo até a menina e a abraça com força.

— Filha...

— Mestre, me desculpa. Eu fiz aquilo, porque estava com raiva dela e não me arrependo, ela queria machucar a Erza, ela queria envenená-la do mesmo jeito que fez comigo! — As palavras foram proferidas em meio aos prantos, transbordando para fora que nem um copo cheio até a borda. — Eu não queria ver ela sentindo aquela dor! Eu não podia deixar isso acontecer! Então eu vi a espada e só ataquei! Me desculpa, eu não queria trazer problemas pro senhor, Mestre! Eu só quis... Me desculpa...

— Calma, está tudo bem, Lucy. Não estou zangado com você, não tenho motivos pra isso. Você é uma boa menina, é uma boa amiga pra todos aqui. Todos da guilda gostam de você.

Ela respirava de forma irregular, fungando algumas vezes.

— M-mas o que eu fiz...

— Realmente, o que fez foi algo brutal, é claro. Não tem como negar isso, mesmo que a intenção tenha sido para salvar a vida de uma amiga. — Ele olha para a loira e limpa uma pequena lágrima teimosa em sua bochecha. — Ou no seu caso, da sua namorada.

Essa simples fala tirou um pequeno sorriso dos lábios de Lucy, que respirou fundo e olhou para Makarov. Ele conseguia enxergar que ela tinha, de certa forma, um pouco de arrependimento no que fez.

— Bom, acho que tomei seu tempo demais. Está livre pra ir pra casa e... — Ele olha para a porta, indo na direção da mesma. — Vocês sabem que não é educado ouvir a conversa das outras pessoas atrás da porta, não sabem?

Lucy olhou na direção da porta também a tempo de ver Makarov abrindo e seus quatro companheiros junto com um gato azul caírem um por cima do outro.

Erza, Natsu, Gray, Mira e Happy não sabiam onde enfiar a cara por terem sido pegos ouvindo conversas alheias.

— Vocês têm algo a dizer?

Eles se entreolharam e Erza foi a primeira a se levantar e a se pronunciar.

— A Lucy é minha namorada, então...

— Então só por causa disso, você acha que deve escutar a conversa atrás da porta? E uma atitude dessas, eu espero do Natsu e do Gray, mas nunca de vocês duas. — Era notável que eles estavam envergonhados por terem sido pegos. — Eu aplicaria um castigo em vocês pela falta de educação. Mas, como tiveram sucesso na missão, eu vou deixar essa passar. Estão liberados das missões essa semana.

Natsu dá um pulo animado, já planejando o que fazer durante a semana com Happy. (Lê-se: Vão gastar tudo em comida).

Já Mirajane planejou levar seus irmãos para algum passeio e comprar algum presente pra eles.

Gray já estava pensando em levar Yelena para um encontro e finalmente se declarar para ela. Até planejava comprar uma roupa para a ocasião, um presente bem bonito e suas flores favoritas. Ele só precisava de uma coisa...

"Eu só preciso da pessoa certa pra me ajudar e ela é a Lucy.", pensou ele.

Contudo, vendo a situação e o estado em que ela estava, pedir um favor pra ela não seria apropriado. Decidiu esperá-la melhorar antes de falar com ela.

Já Erza estava ao lado de Lucy, a levando pela mão com calma porta à fora. Ela ainda queria levá-la para a praia que prometeu.

"Talvez seja bom pra distrair a mente dela.", pensou a ruiva.

— Erza? — Makarov a chamou. Ela olha para o senhor, aguardando suas palavras. — Cuide bem dela.

Nem era preciso dizer duas vezes aquilo.

— Vou cuidar, Mestre.

— E se cuida, Lucy.

Sua resposta foi um pequeno aceno.

E assim que todos saíram de seu escritório, Makarov caminhou até a janela, olhando novamente para a paisagem do lado de fora, mais precisamente para o céu azul claro da manhã.

"Layla... Sua filha... Ela é aquele tipo de mago que estou pensando?", refletiu sem desviar seus olhos das folhas balançando ao vento.

...

Mais tarde naquela noite, Erza se encontrava na cozinha do apartamento de Lucy, terminando de fazer um chá de morango, enquanto a mesma terminava seu banho.

Ela pretendia levar a loira para seu apartamento em Fairy Hills, mas com tudo o que aconteceu, achou melhor levar Lucy para um ambiente mais familiar e tranquilo.

Assim que terminou o chá, pegou um pote de biscoitos, colocou na bandeja e levou tudo para a mesinha da sala.

Não era uma refeição apropriada, mas nem ela e nem Lucy não haviam comido absolutamente nada desde que chegaram, apenas deitaram e dormiram um pouco. Nem mesmo haviam tomado banho.

Erza foi a primeira a acordar, sentia seu corpo todo dolorido e necessitando urgentemente de um banho. Não tardou em atender ao próprio desejo e tomou um banho relaxante. Assim que terminou, ela saiu do banheiro vestida com um pijama longo e fino, seus cabelos molhados e soltos para secar naturalmente, se sentia uma nova pessoa.

Quando retornou pra sala, encontrou Lucy acordando e olhando um pouco assustada para os lados.

— Oii, você acordou. — Erza se sentou à sua frente, acariciando sua bochecha. — Você está bem? Parece assustada. — Lucy nada diz, apenas fecha os olhos e segura a mão da ruiva, mantendo ela em seu rosto. — Pesadelos?

— Sim... — Responde coçando um dos olhos pra espantar o sono. — Por que me sinto tão cansada? Meu corpo dói... Meu braço...

— Deixa eu ver. — Erza segura o braço que ela havia machucado na missão, ele estava levemente avermelhado, já formava alguns hematomas. — Não está quebrado, é uma boa notícia. Só está dolorido mesmo? — Lucy afirma com um aceno. — Bom, que tal tomar um banho, enquanto preparo algo pra comer, sim?

Sem dizer mais nada, Lucy se levanta da cama e segue na direção do banheiro, enquanto a ruiva preparava alguma coisa.

Com tudo já pronto, Erza decide dar uma olhada na loira e bate na porta do banheiro.

— Lucy? Tudo bem? — Não houve nenhuma resposta. — Posso entrar? — E o silêncio continuou, o que começou a deixar a ruiva preocupada. — Lu, eu vou entrar, okay?

Em respeito a privacidade da namorada, Erza entra no banheiro com os olhos fechados, se deixando guiar pelo ether mágico que sentia de Lucy.

— Lucy? Amor? — Respirando fundo, ela abre um dos olhos e espia pela frestinha que faz com a mão. Ela encontra Lucy molhada e sentada na banheira, abraçando as próprias pernas, olhos levemente avermelhados. Ela sabia que os sentimentos da amada agora estavam em grande conflito. — Hey... — Ela se aproxima com cautela e se ajoelha bem a lado, passando a mão nos fios loiros e úmidos da garota. — Quer conversar?

Lucy olha para a Erza, encontrando seu semblante de preocupação e automáticamente se sente mal por estar fazendo sua namorada ficar tão preocupada.

— Perdão, eu não queria te preocupar. — Diz pegando uma das mãos de Erza, a trazendo para perto do rosto para depositar um beijinho.

É claro que a ruiva apreciou muito aquele carinho e faria questão de retribuir mais depois. Só que agora, precisava fazer com que a amada se alimentasse primeiro.

— Eu me preocupo, pois eu amo você e quero te ver bem sempre. — Seu tom de voz é suave e gentil. — E nesse momento, minha preocupação é com sua alimentação. Você não comeu nada desde que chegamos e já está anoitecendo.

Lucy olhou para o lado, na direção da pequena janelinha do banheiro, tendo a visão do céu azul escuro com leves raios do sol. Era, de fato, noite.

— Que horas são?

— São quase 19:00. Você já está aqui dentro há uma hora.

— Uma hora??

— Sim. — Confirma Erza. — Imaginei que quisesse ficar um pouco sozinha, mas como estava demorando, eu fiquei preocupada e vim te chamar.

— Nossa. Eu acho que perdi a noção do tempo.

— Sim, a água da banheira até está gelada. Melhor sair antes de ficar doente.

— Tá bem. Pode pegar a minha toalha, por favor?

Erza faz o que ela pede e lhe entrega a peça branca com leves detalhes em rosa para ela.

— Vou te esperar lá fora, tá bom?

Lucy concorda com um aceno, vendo a ruiva sair pela porta, a deixando sozinha para se enxugar e se vestir.

Alguns minutos depois, Lucy sai do banheiro, trajada com uma camisola azul clara, toalha por cima de seus ombros, enquanto se sentava ao lado da ruiva à mesinha de centro. Ela não sentia nenhum pouco de fome, mas sabia que se não tentasse comer um pouco, deixaria Erza cada vez mais preocupada e, forçosamente, comeu alguns biscoitos e bebeu alguns goles do chá de morango.

Falando na cavaleira, após terminar de comer, já deixava a mesa limpa e os utensílios usados lavados e escorrendo, Erza pega dentro de sua bolsa um frasco verde claro com uma espécie de líquido incolor dentro. Se sentou na cama ao lado da loira, abrindo o conteúdo.

— Poção de cura?

— Sim, para o seu braço. — Responde despejando um pouco na mão e passando no braço de Lucy, que estremeceu um pouco. — Está doendo?

— Não, é... É só um pouco gelado... Eu não estava esperando...

— Bom, essa poção tem propriedades curativas e isso vai aliviar sua dor. Amanhã, você vai se sentir melhor. — Lucy agradece com um aceno. — Acho que por hoje está bom, né? Eu só preciso...

Quando Erza se levantava, Lucy agarra sua mão com força, o toque trêmulo e um pouco gelado, a ruiva imediatamente reconhece aquele sentimento de pânico em sua expressão.

— Por favor, fica hoje comigo. Não me deixa sozinha. Eu não quero ficar sozinha, eu...

— Hey, hey, calma. Eu só vou guardar a poção, eu não vou te deixar sozinha. Eu vou passar a noite com você, okay?

A loira acena, soltando a mão da ruiva, que guarda sua poção e volta pra cama, se deitando e abrindo os braços para que sua amada se deitasse ao seu lado.

Um longo suspiro ecoou pelo quarto, vindo de ambas as garotas. As lembranças insistindo em invadir suas mentes, perturbando o sono que já se fazia presente, mas que as impedem de relaxar e adormecer.

— Erza? Como faz para não ter pesadelos?

Essa era uma pergunta que a ruiva gostaria de ter resposta, tanto pra Lucy quanto pra ela mesma.

— Eu ainda não sei. — Ela acaricia as mechas douradas e deposita um beijo carinhoso em sua testa. — Mas sei que os meus diminuem com você ao meu lado e espero que a minha presença também faça o mesmo com os seus. — Ela a puxou mais contra si ao sentir seu corpo tenso. — E evitar pensar nisso também ajuda.

Lucy absorve as palavras da namorada, tentando espantar da mente a visão da mutilação da mente, preenchendo com lembranças mais alegres, como os momentos ao lado de Erza, de seus amigos e de sua mãe.

Ao pensar em Layla, imediatamente imaginou o que ela pensaria da filha se soubesse o que tinha feito.

O que ela diria? Ficaria brava? Desapontada? Envergonhada?

"Ela me veria como um monstro?"

— Ela nunca pensaria isso de você. — Erza diz repentinamente.

— Hã? — Lucy questiona em confusão.

— Sua mãe. — Responde se ajeitando para fitar diretamente os olhos castanhos claros da maga celestial. — Ela nunca pensaria em você dessa forma como está se vendo agora, ela sempre vai enxergá-la como sua filha, como a garotinha que criou e ensinou a fazer magia.

Sempre que pensa em sua mãe, seu coração dói de saudades, as lágrimas são quase inevitáveis nesses momentos e aquele era um deles.

— Ela não teria orgulho do que eu fiz... Eu sei que não teria...

Erza pensou um pouco antes de responder.

— Bom, eu não sei o que ela pensaria, mas de uma coisa eu sei. — Sua mão toca a bochecha úmida da loira. — Ela nunca deixaria de te amar por causa do que fez. Digo por experiência própria.

A demonstração que fez para confirmar seu argumento foi aquilo que ela mais estava querendo fazer, só precisava encontrar a oportunidade certa e era aquela.

O beijo que elas iniciaram fez o fogo de seus corações queimar que nem madeira em brasas... Calmo, lento e aconchegante, e que aos poucos vai se intensificando até que aquela chama se fortaleça e fique mais viva e chamativa.

Era assim que estava sendo o beijo delas.

E Erza sabia que se continuassem, elas vão ultrapassar uma linha na qual sabia bem que Lucy ainda não estava pronta para aquele passo.

Nem mesmo ela estava pronta para aquilo.

E a chama foi ficando mais forte ao sentir os lábios de Lucy em seu pescoço. Ela estava adorando aquilo, mas não podia dar esse passo. Não agora.

— Hey Lucy? Lucy?

Os chamados por seu nome, fez com que a loira percebesse o que estava fazendo, o que a faz ficar tão corada, que acaba escondendo o rosto no travesseiro, resultando em um pequeno sorriso da ruiva.

Essa lembrança com certeza ficará guardada em sua mente.

— Desculpa, eu... — Ela ergue o rosto e olha para uma Erza sorridente. — Eu meio que...

— Empolgou?

Lucy resmungou e voltou a se esconder no travesseiro.

— Hey, não se preocupe, é normal se sentir assim. — Ela coloca uma mão na bochecha de Lucy para fitá-la, acariciando com o polegar. — Mas já estou feliz em te ver um pouco mais animada.

— Bom, é que você me faz feliz. Tipo, muito mesmo. — Diz na timidez, entrelaçando seus dedos aos da namorada. — Com você, as lembranças ruins vão embora... A maioria delas, pelo menos.

Erza continua com aquele pequeno sorriso nos lábios, feliz por saber que, assim como seus pesadelos lhe deixam em paz quando estava com Lucy, o mesmo acontecia com ela.

— É muito bom saber disso. — Diz ao beijar seus lábios novamente, só que agora com mais calma. — Que tal dormirmos um pouco?

A palavra dormir trazia pra Lucy o sentimento de insegurança e medo, sendo bem perceptível em suas feições.

— E-eu não sei se quero dormir... — A voz embargada de sono, seguido de um bocejo lhe denunciam. — E se eu tiver pesadelos? Você vai estar aqui, né? Pra me abraçar?

A ruiva abre um sorriso, amortecida, e aconchega sua amada em seus braços, querendo transmitir toda a tranquilidade e segurança que ela precisava.

— Sim, meu anjo. Eu estarei aqui com você. Sempre estarei aqui com você.

Ao que pareceu, as palavras de Erza surtiram uma espécie de calmante instantâneo, pois Lucy sentiu seu corpo ficar mole e as pálpebras de seus olhos mais pesadas.

Podem ter sido as palavras ou pode ter sido todo aquele cansaço e desgaste acumulado da missão que fizeram.

De qualquer forma, não importa, pois naquele momento, a cavaleira e sua princesa jaziam adormecida nos braços de Morfeu.

Pretendo postar o próximo capítulo ainda nesse mês, já já começarei a escrevê-lo.
Só que ele talvez fique um pouco pequeno, espero que não se importem.

Até o próximo capítulo!
Beijinhos!

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