~°• Não seja leitor fantasma, comente o que está achando da adaptação! •°~
~°• Boa leitura! •°~
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Parando de tempos em tempos, para descansar o cardíaco chegou ao prédio precário que morava.
Empurrou o portão enferrujado do prédio, na pequena cabine da portaria, uma cabeça apareceu.
- Senhor Lee, chegou uma carta para você.
Seu peito acelerou, o marca passo danificado, fazendo uma dor se instalar na região.
Com mãos afoitas, pegou a carta, tentando controlar a ansiedade de correr para sua casa e ver o conteúdo do envelope.
- Obrigada! - Sorriu gentil.
- Que isso meu jovem!
O porteiro era um senhor de cerca de 60 anos, sorriu desdentado para o jovem rapaz... O menino, como ele falava era
uma criança muito quieta, muito triste na sua opinião, se compadecia de um jovem tão bonito, mostrar tanto desanimo.
O porteiro ficou olhando o jovem subir, para ele Felix era como um Neto ou um filho caçula. Tinha muito apreço pelo menino que quase não sorria.
Felix entrou no seu quarto, uma bolinha de pelo veio em sua direção... Todavia, ele estava ansioso para ler a correspondência que tinha na mão.
Mingau, se esfregava em suas pernas, Felix pulou ele... Ignorando, reclamando o gato miou alto para o dono.
- Mingau meu bebê, deixa papai ver isso aqui e logo te darei atenção.
E passou pelo felino em direção ao sofá, seu coração batia descompensado, respirou fundo, procurando controlar o ritmo acelerado dele.
" Sem agitação Lee Felix!"
Cantarolou-lhe... Massageando o peito, com cautela abriu o envelope, os dígitos tremendo de ansiedade.
Prendeu a respiração... Conseguiu! Ele conseguiu... Aquela era a oportunidade de conseguir fazer a cirurgia que precisava.
O cardíaco, sorriu pela primeira vez em três anos. Há alguns dias, candidatou-se a uma vaga de auxiliar de enfermagem no hospital dos Hwang's, sem nem saber se seria aceito... Arriscando a sorte, e agora a resposta chegou em sua mão, levou o papel sobre os seus batimentos descompensados, sua oportunidade de talvez permanecer vivo.
O hospital Hwang, era uma entidade que pagavam o melhor salário de Seul, além de ótimos benefícios... Verificou que lá, seu salário seria melhor, dando-lhe a oportunidade de conseguir após a experiência passar, fazer um financiamento, e assim realizar a cirurgia.
Porém, tinha um problema... Hwang Hyunjin, o viúvo de sua prima Kim Eunji era um dos donos, bem nem tudo poderia ser perfeito.
Felix se perguntava se o cardiologista, mais famoso da capital, tinha conhecimento dos funcionários contratado, se saberia que seu irmão Bang Chan, aprovou seu currículo para fazer parte dos funcionários do maior hospital de Seul.
Não se importava... Cansou de se esconder do homem, era hora de voltar a encarar o castanho de olhos claros de frente de novo. Afinal não era um criminoso, não cometeu crime algum. Apesar da família inteira o acusar Felix tinha a mente e coração limpo.
Lembrar do cardiologista, fez seu, marca passo falhar, num ritmo doloroso, como seria ao vê-lo? O que sentiria ao estar de frente para ele? Hyunjin ainda o odiava?
Provavelmente sim, o azulado de olhos castanhos, devia odiá-lo.
Felix suspirou amargurado... Três anos atrás a prima, deixada aos seus cuidados. Morreu de uma overdose, e não só Hyunjin o marido dela o acusou de negligência, como seus tios também.
O auxiliar de enfermagem, foi expulso do ciclo familiar, sem direito a defesa. As palavras de Hyunjin foram as que mais doeram na alma, tentou depois de todas as formas explicarem o acontecido.
Mas ninguém quis ouvir sua explicação, Felix sabia que por mais que o sentimento de culpa persistia em seu interior, não tinha nada que ele conseguisse fazer para evitar a tragédia ocorrida.
Frustrado, jogou o corpo na cama, Mingau subiu em seu peito miando sem parar, arranhando as unhas. A opinião dos tios não era muito relevante, nem do seu primo Kim Seungmin... No entanto, ter certeza que Hyunjin o ouviria, entenderia e a cima de tudo, acreditaria em suas palavras eram de certa forma para ele importante.
A decepção, o ódio no olhar cor de amadeirada do único homem que amou, foi como faca em seu coração já enfraquecido.
A desconfiança dele, ser acusado de estar com homens... "Machos!" Como disse o azulado, sangraram seu peito, numa dor sem igual.
O moreno se apaixonou pelo castanho no instante que suas, orbes se cruzaram na sala de tia Jinah. O mundo parou para o auxiliar de enfermagem, e seu coração já enfraquecido... Com o desgaste do aparelho em seu peito saltou.
Ergueu-se rápido, Mingau aterrissou no chão, miando e se esfregando nas pernas de seu dono, querendo comer.
Felix foi colocar ração para Mingau, será que Hyunjin ainda o desprezaria? Odiar ele acreditava que o mais velho, ainda o odiava.
O rancor que viu nos olhos do azulado aquele dia, foi como um ferro queimando seu peito... Mas que porra!
Porque logo agora estava pensando isso?
Talvez o fato que no dia seguinte corria risco de estar cara a cara com o cardiologista o deixou apreensivo, deprimido.
Que se fodesse, não devia nada há ele, há ninguém... O importante era passar na experiência, em seguida conseguir o empréstimo
Com esses pensamentos, ligou para o único amigo naquela maldita cidade. Seo Changbin era seu amigo, desde a faculdade, os dois trabalhariam juntos.
Assim como Felix, Changbin era gay, certa vez o moreno flagrou o rapaz baixo apanhando no banheiro.
Os agressores eram homens que se diziam héteros, por isso espancavam o menor no banheiro. Quando Felix reapareceu, já foi com o reitor da faculdade, desde então, a amizade floresceu, apesar de ambos gostar de homens, o sentimento entre eles era puro, como um irmão que nunca teve.
Sem malícia... Quando Felix foi expulso de casa, foi com ele que ficou uns dias.
- Binnie? Eu consegui, fui contratado. - Disse ao amigo assim que ele atendeu.
- Felix isso é ótimo! E quando começa?
- Amanhã! - Respondeu, fazendo silêncio. - Ele está aí que horas Binnie?
Do outro lado da linha ficou mudo, por alguns segundos.
- Lix ele não tem um horário. - A voz do outro lado da linha Respondeu. - soube que tem vezes que fica dias aqui dentro... Não há como se esconder meu amigo, já que vai trabalhar aqui mais cedo ou mais tarde vai vê-lo.
- Eu sei Changbin! - O moreno deitou na cama encolhido, o aparelho no ouvido. - Faz quase três anos que não o vejo, posso conviver com isso.
- Ainda o ama Lee Felix? - Changbin Perguntou.
- Acredito que não! - Respirou fundo, alisando a palma no peito, uma leve dor iniciava.
- Você acredita? O que isso significa amigo?
- Eu não sei, de qualquer forma, ele me odeia. - Mudou o lado deitado. - Não devo nada a ele Bin, ou a ninguém daquela família, não vou mais me esconder.
- É assim que se fala. - Falou orgulhoso o outro. - Não foi sua culpa, e você sabe disso.
Felix, não percebeu que lágrimas corriam de seus olhos.
- Ah! Binnie! É minha culpa sim!
Murmurou aflito.
- Lix! - A voz do outro lado bradou. - Não foi você quem deu as drogas para ela, a decisão de ser usuária foi unicamente dela, não é sua culpa.
- Se eu não tivesse saído aquele dia, se eu tivesse prestado atenção...
- Pare! Felix! - Cortou o outro. -Você também quase morreu aquela noite.
Um soluço escapou.
- Não chore lilix, eles não merecem suas lágrimas! - Bufou o outro irritado, odiava ver seu amigo se culpar por algo que não era possível ser controlado por ele. - Vai ficar tudo bem? Trabalhando com ele?
- Vai ter que ficar, o salário que pagam, é o melhor em toda a capital, com ele posso conseguir o empréstimo, e você sabe, fazer a cirurgia que preciso.
- Já te disse que posso ajudar você a pagar sua cirurgia Felix.
-- Eu não quero Bin, você tem sua família para ajudar. - Sorriu triste. - Vai dar tudo certo, meu amigo, com o salário que vou receber no hospital Hwang, daqui a três meses eu consigo.
- São três meses ainda Felix! Três longos meses para ficar esperando!
Respondeu o Seo Frustrado com a teimosia do mais novo.
- Vai ficar tudo bem Changbin, eu aguento esperar.
- Pare de dizer isso, eu odeio quando você fica se fazendo de forte. - Se irritou. - Você também tem o direito de desmoronar Felix, é um humano como qualquer um deles.
Em meio as Lágrimas, o moreno gargalhou.
- Vá continuar seu trabalho Binnie! Vejo você depois.
- Está certo cabeça dura.
Quando Felix desligou, deu vazão as lágrimas, chorou como há muito tempo não chorava.
Não nasceu nesse mundo para ser feliz, nasceu com problemas cardíacos, seus pais cuidava dele com toda a dedicação e carinho. Na época a família de seu pai, não gostavam de sua mãe, por isso não tinha muito contato com eles.
Aos 14 anos precisou colocar um, marca passo, seus pais trabalhavam dia e noite para se sustentarem... Dando-lhe uma vida saudável regado de amor, nesse mesma idade Felix se assumiu gay.
Sexualidade assumida e bem aceita pelos dois, porém quando estava completando 16 anos, eles estavam em uma obra no centro de Busan onde moravam e o prédio desabou, fazendo não só seus pais de vítima, como muitos outros morreram aquele dia.
Órfão de pais, o garoto de dezesseis anos, ficou na guarda de seu tio Kim Yejun o único parente da parte da mãe que o aceitou na época.
Pensando que teria uma vida normal, o menino com problemas cardíacos, sofreu o diabo com a mulher de seu tio, ela no início quis espancar ele, mas foi Seungmin que partiu em sua defesa.
A jovem Eunji, tinha ciúmes da beleza do primo, tratando Felix muito mal, o jovem era mais como um capacho dos caprichos da prima.
Maltratado pela família que deviria cuidar dele, o menino com problemas cardíacos, nunca contou aos tios, aos primos que tinha um, marca passo no coração, escondendo sua dor, seu sofrimento em seu interior.
As coisas só pioravam para o adolescente, assim que descobriram sua opção sexual, sofrendo 'bullying' da família, Felix se prendeu para o mundo... Falava pouco, sorria menos ainda na presença deles. Ou corria sempre o risco de dormi sem janta, de até mesmo umas pancadas da tia, que ganhava sempre que o primo não estava por perto.
Seu tio era indiferente, Yejun não era muito seu amigo, mas também não o maltratava, tratando o jovem primo com educação. Eujin deixou claro que o odiava... Detestando sua beleza, seu sorriso e assim o maltratava sempre que possível.
Para ela, ele era uma ameaça, sua beleza, seu sorriso cativante, despertando ira na mulher jovem.
Tentando evitar todos esses conflitos, Felix passou a se tornar um fantasma na casa. E foi então na faculdade que conheceu Changbin, e era lá com o novo amigo que tinha pouca liberdade para sorrir e ser ele mesmo.
Como seria encontrar Hyunjin, após três anos sem o ver? O médico cardiologista ainda o odiava como antes?
Devia sim! O odiar... E isso doía na Alma e na mente do enfermeiro. O Lee evitou se encontrar com o mais velho todos esses anos, mas sempre sabia por revistas, jornais ou até né Changbin deixava escapar em seus raros encontros pequenas migalhas de Hyunjin e entre elas, que o cardiologista nunca mais teve ninguém.
Hyunjin era muito apaixonado por Eunji, nunca superando a morte da mulher. O auxiliar de enfermagem suspirou
frustrado, tendo se apaixonado pelo namorado, noivo e depois marido da prima.
Escondeu esse sentimento no peito, trancando para ninguém ver, às vezes se perguntava, o que castanho diria se
soubesse, do amor que escondeu dentro dele, certamente como já o odiava, o rancor teria uma proporção aumentada... Quem
sabe a quantidade de ranço que ele teria? Ficaria com nojo? Ter o primo da sua adorada esposa caindo de amores por ele, certo que se descobrisse a cólera por ele aumentaria.
Mas agora, três anos depois da morte dela, ele certamente ficaria de frente ao azulado... Como seria? Olhar mais uma vez naqueles olhos, cor de mel que tanto amou em segredo.
Os mesmo olhos, que o encararam com fúria, no dia do enterro de sua prima, culpando Lee da morte de sua amada,
acusando ele de estar se divertindo com homens... Seria até bom se tivesse, pensou embolando em seu corpo.
Mingau terminou seu jantar, e começou o processo de se limpar, lambendo seu pelo, sua única preocupação era comer e dormir em cima do humano que era seu pai.
Mas hoje esse humano estava deitado em uma posição estranha, como ele dormiria no peito dele?
Felix juntou os joelhos, numa posição fetal, perdido de dor em seu coração defeituoso, e a mente cheia de imagens de Hyunjin.
Amou tanto o viúvo da prima, que não conseguiu abrir seu fraco coração para outra pessoa, teve um namorado na vida, e assim mesmo, nunca transou com ele, não conseguiu... Os gastos beijos que deram, já foram horríveis.
Na mente, os olhos escuros, eram uma imagem constante quando fechava os olhos, sem conseguir ficar com ninguém,
desistindo terminou, e nunca mais teve alguém, não queria.
Ver o rancor nas íris escuras, a mesma que o assombravam de paixão, de amor, foram como agulhas em seu coração fraco.
Sem dar direito a explicação Felix foi expulso, ser rejeitado pelos parentes, não doeu tanto, como o desprezo do azulado.
Por diversas vezes tentou falar com ele, se explicar, e em todas foi negado o direito de uma defesa.
Aquela noite, Felix estava com a prima, contudo a menor, fez o maior drama para ele ir buscar um bolo para ela, a distância era grande.
Sem conseguir negar, Felix correu na padaria indicada, gesto errado de se fazer, era proibido de qualquer atividade física, e correr estava no topo da lista.
Por azar não tinha o bolo da prima, voltando para o apartamento dela e do marido, o esforço fez com que uma dor
no peito aparecesse, seu corpo cambalear, sua respiração faltar.
Ainda tentou chegar no prédio, porém perdeu os sentidos, faltando uma quadra para chegar na portaria.
Foi socorrido por desconhecidos para o hospital Park. Quando voltou a si, estava em uma cama de hospital, o doutor Yang Jeongin ao seu lado.
Felix teve duas paradas cardíacas.
- Está Finalmente acordado meu jovem.
- Minha prima? - Murmurou fraco, aparelhos logados no seu peito. - Eu preciso ver Eunji.
- Você não vai a lugar nenhum. - disse o médico verificando seu pulso. - Seu, marca passo já está vencido, eu diria até um pouco enferrujado, precisamos verificar seu plano de saúde, temos que trocar essa válvula o mais rápido possível.
- Não tenho plano de saúde. -O som baixo de sua voz chegou ao cardiologista. -Mal terei dinheiro para cobrir essas despesas.
Dinheiro deixado da indenização dos pais, era pouco, e ao longo dos anos, usou para pagar a faculdade e outras necessidades... Estando no fim.
Jeongin, atordoado observava seu paciente.
- Tenho que ir para casa, minha prima precisa de mim. - Respirando com dificuldade, quis se levantar, detido
pelo médico.
-- Já te disse! Não vai há lugar algum. - O Yang empurrou com gentileza seu paciente de volta ao leito.
O paciente se agitou, arrancando os fios que cobriam seu peito, puxando o acesso de seu braço.
Desesperado tentava se levantar, balbuciando palavras sobre a prima, o marido dela. Jeongin sem opção, dopou o
cardíaco, mesmo que o menor não fosse trocar o marca posso.
Sair aquela hora, estava fora de cogitação. Dois dias depois quando o moreno correu para casa da prima a notícia o deixou sem chão.
Eunji estava morta, morreu após consumir muita droga, com uma overdose, estava sozinha no momento... Uma funcionaria do lar, encontrou seu corpo no dia seguinte.
Felix correu para o cemitério, mas não esperava que fosse expulso pelo homem que sem saber tinha seu coração defeituoso na palma da mão.
Acusado de ser culpado por deixar a prima a ter recaída, e voltar a consumir drogas, por deixar ela sozinha, sem uma oportunidade de se explicar.
O moreno saiu do cemitério cambaleando, caindo de dor e aflição no peito, novamente foi socorrido por estranhos e de novo se viu internado, quando saiu, procurou por Hyunjin, queria se explicar.
Contudo, o médico cardiologista, não o recebeu, nem em sua casa e muito pior em seu consultório. Com tantas tentativas de se explicar. Desistiu, e passou a evitar os encontros com o Hwang e os pais de sua prima. Se eles não queriam ouvir suas explicações, não havia nada que o moreno pudesse fazer.
Agora ali estava ele parado na frente do escritório de Bang Chan, o irmão mais velho de Hyunjin, para pegar seu crachá.
O tempo de se esconder acabou.
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~°• Obrigada por ter chegado até aqui! Até o próximo capítulo •°~