Meu Oceano

By cocoaally

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: 𓏲🐋 ๋࣭ ࣪ ˖✩࿐࿔ 🌊 "Os dias são sempre tristes" - Gabriel Wall Gabriel acreditava que com o seu jeito me... More

Introdução
Epígrafe
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Pequenos falatórios da autora
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45

Capítulo 46

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By cocoaally

- Bea, cuidado! Você vai cair!

- Tudo bem, maninho! Eu fico bem!

- Você nunca me escuta!

- Se eu cair você vai me salvar, não vai?

O que eu mais gostava na Beatriz era os olhos dela. Lembravam-me do céu. Não atraíam apenas a mim, mas a todos os que a rodeavam. Diferente de sua irmã, Matthew não tinha os olhos azuis, mas eles eram quase que idênticos.

Ele era o mais velho no nosso grupo de amigos, e por isso, o que menos se envolvia nas brincadeiras. Ele era aquele que olhava para que não fizéssemos nenhuma bestiera.
Parece que a ideia de cuidar e proteger o mais novo surge no exato momento que a criança nasce, e o Matthew sempre levou aquilo muito a sério. Ser o irmão mais velho significava ser o exemplo e a proteção para o mais novo, e Matthew manteve sua postura, apesar de ainda ser uma criança.

Ainda lembro-me do seu olhar quando viu a sua irmã falecida. A minha mente tinha apenas um pensamento: ele me odeia.

Não pensei que algum dia o voltaria a ver, ainda mais naquele dia. Justamente naquele dia.

- Como te chamavam mesmo...? Ah! Pooh.

- Do que vocês estão falando? Gabe, você conhece o Matthew? - A Amanda questionou, olhando para nós.

Apenas assenti, olhando para o chão. Eu sentia envergonhado. Era como se o olhar dele estivesse sobre mim, julgando-me.

- Eu sinto mui- - Ele colocou a mão no meu ombro, fazendo-me calar.

- Gabriel... você não mudou não é mesmo? Está exatamente da mesma forma que aquele dia. Chega de olhar para o chão. Olhe pra mim.

Eu hesitei. Eu não conseguia encarar o Matthew depois de tantos anos. A morte da Beatriz deixou uma marca profunda da vida de todos que a conheciam, e com certeza para o Matthew, a dor era muito maior. A Beatriz e ele viviam colados um ao outro. Enquanto a Bea era a mais sorridente e inconsequente, o Matthew era quem a trazia à razão e o mais quieto, e mesmo sendo tão diferentes, eram muito próximos.

- Eu... sinto muito, Matthew. - Finalmente olhei para ele.

- Eu sinto muito também, Gabriel. - Ele sorriu, diferente do que estava a espera. - Eu... - Ele suspirou profundamente antes de continuar. - Eu não fui o irmão que eu devia ter sido. Eu não fui o escudo que prometi que devia ser.

- Mas, você não é o culpado! Eu-

- Ninguém é culpado, Gabriel. A morte da Bea foi um infeliz acidente e não há culpados. - ele interrompeu-me, sorrindo serenamente.

Eu lembrei-me das palavras da kylie. Ela também se culpava. Parece que todos levaram uma culpa em seu peito, mas o que isso traria? A minha vida até então fora apenas uma onda de sofrimento por que eu me prendi àquela dor. Mas, todos parecem ter seguido em frente e tentaram encontrar alegrias na vida, enquanto eu remoía um passado que não mudaria, uma ferida que podia ser curada, mas eu não via isso.

A Olívia tocou as minhas costas levemente, ganhando a minha atenção. Por breves momentos, esquecera que ela e a Amanda estavam ali. Ela sorriu e mais uma vez, parecia como se o meu coração fosse aquecido. Retribuí o sorriso e voltei a olhar para os dois à nossa frente.

- Então, você conhecia a Bea? - Amanda questinou e assenti. - O Matthew me tinha dito sobre ela. Sinto muito, Gabe.

- Obrigado. - Olhei para o Matthew. - Pensei que vocês tinham mudado.

- Ah, a gente se mudou alguns meses depois do acidente, mas a mãe sempre volta para nossa antiga cidade nesta data. E, bem, como não é muito longe daqui, eu resolvi visitar a Amanda antes de voltarmos. - Ele olhou para a menina que sorria para ele.

Pude conversar um pouco com ele e fiquei feliz em saber que ele e a Amanda estavam namorando. Mesmo estando perto de se mudar, a Amanda mantinha seu sorriso no rosto e sua animação. Conversamos por mais um pouco, até a mãe da Amanda aparecer para avisar que já era hora de partir.

- Vou sentir tua falta, Gabe. - Ela me abraçou e sussurrou. - Você e a Olívia são bem fofinhos.

- O quê!?

Ela riu e afastou-se, deixando meu rosto levemente vermelho. Sem saber o que dizer para contrariá-la, apenas observei a loira enquando abraçava a Olivia e acenava, entrando no carro da mãe.

Eu e a Olívia?!

Parecia ate uma piada, uma piada muito ruim. Não que eu odeiasse ela ou coisa assim, ela apenas era perfeita demais para alguem como eu. Sem falar que eu não nutria nada por ela, apenas gratidão, por ser a pessoa que sempre abriu seus braços para mim.

Sim, apenas isso.

A Amanda continou acenando da janela, enquanto o carro se afastava da gente. Logo depois o Matthew foi embora, mas prometeu que nos encontraríamos outra vez, e eu também desejava isso.

A Olívia acabou partindo após negar meu convite para acompanhá-la umas três vezes. Fiquei à porta observando-a partir, antes de entrar em casa. A mãe ainda não tinha voltado, então estava sozinho, o que foi bom para que eu processasse tudo o que tinha acontecido naquele dia.

Fechei a porta do meu quarto e sentei-me na cama, pensando em como iria ser a minha vida daquele momento em diante. Aconteceram muitas coisas que eu não podia simplesmente ignorar e fingir que não eram reais.

Sim, Ele te viu e sempre verá.

Olhei para o teto, pensando naquelas palavras. No meu coração, existia a convicção de que aquilo era verdade e eu queria segurar-me a isso, como se fosse minha última esperança de ser feliz.

- Você me vê, não é? - Questionei com os olhos presos no telhado, enquanto meu coração batia aceleradamente e eu não tinha certeza do que aquilo significava.

🌊

Era o último dia antes da apresentação. Os gémeos tinham escolhido uma música e durante aquela semana tínhamos ensaiado muito. Pude também me aproximar um pouco mais deles e da Olivia, principalmente do Nate. Eles eram muito diferentes de mim e a cada momento juntos, eles garantiam que eu aprendesse um pouco mais sobre Deus, e eu esperava um dia poder sentir aquela alegria que eles sentiam.

Terminámos o ensaio o último dia de ensaios. Tudo tinha corrido bem e estávamos confiantes que o público iria gostar.

- E o Nate? - Perguntei à Nathalia, que produzia uma melodia muito relaxante no seu teclado.

- Acho que ele esta na sala.

Assenti e fui para a sala. Quando cheguei o encontrei à janela. Ele ouviu os meus passos e voltou-se para trás, recebendo-me com um sorriso. Percebi que ele tinha um livro na mão e que era a Bíblia.

- Desculpa, não queria incomodar.

- Incomodar? Claro que não, Gabriel. Para falar a verdade, você chegou na hora certa. - Ele sorriu e caminhou até mim. - Estive a pensar e queria dar-te isso.

Ele apontou o livro para mim, sorrindo. A Bíblia era preta e tinha alguns detalhes brancos por toda a capa. Olhei para ela e depois para ele.

- Eu sei que não esta nova, mas é a mais recente que eu comprei. - Ele sorriu. - Quero que você fique com ela.

- Você não precisa mesmo fazer isso.

- Mas eu quero. Eu tenho outra, então posso dar-te esta. Eu quero que você conheça Ele, Gabriel.

Estava sem palavras. Segurei o livro e observei-o por alguns instantes, antes de abri-lo e esfolhear lentamente pelas páginas, e sentindo o cheiro de livro novo que vinha dele. Meu coração batia rapidamente a cada página que eu passava, mesmo não lendo exatamente o que estava ali escrito. Ainda havia uma parte de mim que estava hesitante.

- Tens a certeza? - Olhei para ele e recebi um sim como resposta. - Eu não sei como agradecer. - Ele abraçou-me e deu pequenos tapas nas mimhas costas.

- Não precisa agradecer, Gabriel. Somos amigos e eu quero dar-te o que eu tenho de mais valioso, que é o amor e a verdade de Jesus.

Eu estava tão fascinado com a gentileza dele. De certo modo, ele, a irmã e a Olívia transmitiam uma luz e um amor que eu não me achava digno de receber, mas ainda assim, tinha a sorte de experimentar.
Sorri em resposta à suas palavras enquanto observava o livro em minhas mãos, que, de alguma forma, estava curioso para ler.

O Gabe ganhou uma Bíblia aaaaa!

Galera, eu sei que a Amanda parecia uma pedrinha no caminho, mas dêem uma chance pra ela kkkkkkk.

Vejo vocês na próxima!

Beijos e abraços quentinhos (。>‿<。)

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