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" A-aqui está o se-seu troco"
" Muito obrigado" Agradeceu o adolescente pegando o recibo e as notas trocadas das mão de Svetlana.
" Volte se-sempre" Falou a menina, sem companhia de sua colega do caixa. Svetlana encontrava-se na lanchonete cuidando de tudo por conta própria. Assim que seu expediente acabou, seu chefe apareceu para ajudar a trancar as portas.
Svetlana estava quase se retirando até ao ponto de autocarro quando seu chefe a chama alto:
" SVETLANA! VOLTE" Exclamou o senhor de idade e ela retornou.
" Esqueceu que hoje é seu dia de pagamento, hein menina?" Comentou sorrindo assim que a entregava o envelope branco de papel leve que continha o dinheiro.
" Sim se-senhor. Muito obrigado" Agradeceu de rosto para baixo e logo retirou-se.
Assim que chegou a casa, tomou um banho e trocou suas roupas, fez uma sopa e a colocou em uma marmita junto de algumas frutas que havia comprado no caminho. Saiu de madrugada e foi até hospital regional, o qual seu pai se encontrava internado.
Entrou no quarto de seu pai e pousou a comida que trouxe em uma mesa, sentou-se ao lado de sua cama e rezou, logo em seguida olhou para seu pai e lágrimas ameaçavam sair, seu rosto estava fraco e mal conseguia respirar, olhou para sua perna, estava ferida e queimada.
" Estou morrendo" Svetlana assustou-se assim que ouviu seu pai sussurrar.
" N-não" Ela tentou não transparecer sua preocupação.
" Eles terão de amputar minha perna por conta da diabete. Estou perdendo minha visão e minha tensão está alta" o velho miserável mal conseguia se comunicar, por dentro de si perguntava-se o que sua filha estava fazendo alí, depois de anos a tratando mal, ela ainda se importava com ele.
" Vo-vou cuidar do se-senhor" insistiu a menina, não pensava na ideia de ficar sozinha no mundo.
" Viva sua vida Svetlana. Deixe-me morrer em paz." A dada altura ambos já estavam com o rosto inchado e cheio de lágrimas.
" M-mas eu irei ficar so-sozinha..."
Sua fala foi interrompida com a enfermeira anunciando o horário de medicação, Svetlana despediu-se de seu pai e prometeu retornar no dia seguinte, mas antes, seu pai pediu um favor, para que informasse a uma de suas prostitutas que ele estava acamado, melhor, morrendo. A loira. Na manhã seguinte, a adolescente logo que acordou foi até ao prostíbulo do bairro e logo na entrada encontrou quem procurava.
" Oi gorducha!" Exclamou Barbie visivelmente drogada.
" M-meu pai está mo-morrendo" Sussurrou com dor na fala, a loira levantou-se imediatamente deixando cair sua tablete de cocaína, ergueu-se como se tivesse voltado á vida.
" Me-meu preto? Meu Cristóvão? Meu xuxu?!" Exclamou pasma e sua maquiagem borrando contanto que suas mãos arranhavam seu rosto, suas unhas acrílicas cravavam em sua pele clara assim que sua ansiedade atacava.
Svetlana estendeu o endereço e o número do quarto onde seu pai se encontrava.
" Despeça-se de-dele. Ele a a-ama" E assim que disse foi-se embora com a dor em seu coração aumentando.
BANG!
Bateu a porta com força assim que chegou em casa e caiu de joelhos magoando-se. Lágrimas e lágrimas e mais lágrimas. Svetlana soluçava e de tanto chorar mal conseguia respirar, a coitada adormeceu alí mesmo no piso gelado e empoerado, sentindo-se uma completa desolada, após ter chorado horrores.
If the sun, should tumble from the sky,
If the sea, should suddenly run dry,
If you love me,
Really love me,
Let it happen,
I won't care,
If it seems,
That everything is lost,
I will smile and never count the cost,
If you love me,
Really love me,
Let it happen,
Darling I,
Won't care...
Svetlana suspirou cansada assim que reparava a sopa parar de borbulhar, o gás do fogão acabara. As contas estavam apertadas e seu mísero salário não cobria metade das despesas. Era quase impossível tirar parte de seu tempo para pensar em ressignificações para sua vida, nunca se priorizava, nunca se colocava em primeiro lugar. Svetlana arrumou-se e parou para comer em uma barraca perto de casa, estava faminta e dilapidada, seguidamente comprou algumas frutas e foi até o hospital. Havia implorado o dia de folga para seu chefe, este que corroborou sem hesitar, Svetlana logo que chegou foi até o quarto de seu pai encontrando lá também Barbie, deitada ao lado de seu pai e o sufocando em um abraço.
" Bom d-dia" Assim que notaram sua presença, Barbie levantou-se e retirou-se.
" Tro-trouxe algumas frutas" Disse Svetlana esperando uma reação positiva de seu pai em relação a informação.
" Eu pedi para você me deixar morrer em paz menina. Não ouve?" Perguntou seu pai prescindindo-a.
Svetlana o olhou confusa em injunção, ela só queria ajudar, não estava entendendo o comportamento de seu pai, em sua mente ela preferia passar por todo tipo de sofrimento que aquele senhor poderia lhe proporcionar contanto que o mesmo continuasse vivo. Ela tinha medo de ficar só, tinha medo da solidão, não possuía sonhos, metas nem conquistas e o único membro de sua família para a orientar estava partindo. A quem mais ela poderia recorrer quando as coisas dessem errado? Não que seu pai alguma vez preocupasse-se com ela ou seus problemas, seu pai nunca cuidou dela para início de raciocínio, mas sua ansiedade e as vozes em sua mente eram tão ensurdecedoras que atrapalhavam seu próprio ser de pensar em si mesma, por si mesma.
" O se-senhor vai melhorar" Afirmou Svetlana convicta, sua posição no acontecimento era como de alguém que escondesse todas as roupas sujas e lixo para baixo da cama, para não ter de arrumar, assemelha-se ao facto da mesma estar a fugir e não querer encarar a verdade, o futuro.
" Não vou, acredita. Vai fazer sua vida menina, me deixe em paz. Nunca a amei e não a amo Svetlana, eu digo do fundo do meu coração que você foi a pior coisa que aconteceu em toda minha vida" As palavras de seu progenitor eram como facadas e chicotadas no coração da adolescente, pegou seu peito em choque e foi-se embora contendo as lágrimas para não chorar em público assim que saía do hospital. Sem pensar duas vezes foi até seu local de trabalho surpreendendo a outra funcionária.
" Sevet!" Exclamou a moçoila saíndo do caixa e indo em direção da menina assim que a viu. Chamava-a de " Sevet" pois o nome da adolescente simplesmente não encaixava em sua dicção.
" O-olá, b-bom dia" Cumprimentou Svetlana adentrando no estabelecimento e as duas foram até o balneário para que assim a recém chegada colocasse seu uniforme.
" O chefe falou que você não viria hoje pois seu pai está internado?" Questionou confusa e curiosa, sempre invasiva e intrometida. Cássia era uma graça, moçoila alegre e bem disposta, mas ao ver a feição de Svetlana preocupou-se.
" S-sim, mas ele j-já está melhor" mentiu Svetlana ignorando tudo o resto e indo trabalhar.
Ele quer que eu viva a minha vida... Como é que eu faço isso? Como é que se vive a própria vida? O que é que tem de se fazer? Será que devo ir-me embora? Será que eu devo voltar para a escola e talvez ter um degrau académico mais elevado? Eu quero o orgulhar.
Svetlana pensava durante o trabalho, ela gostaria muito de orgulhar seu pai antes do mesmo partir. Mas o que teria de fazer? Ela faria tudo que pudesse, em sua mente já pensava em retornar aos estudos e terminar os dois anos pendentes e talvez mais tarde cursar alguma faculdade, mas em sua mente ela não via á si própria em algum curso decente, ela não possuía sonhos!
Decidiu pensar nisso mais tarde, agora sua prioridade era terminar o secundário, morar sozinha e continuar trabalhando, esperava ter tempo para tudo isso.
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" Mal posso esperar por sair com você novamente meu amor, estará disponível no próximo fim da semana?" Perguntou a banqueira fixando seu olhar acastanhado nos olhos do físico, removeu seus óculos de grau com firmeza pousando-os sobre a mesa e levantando uma de suas sobrancelhas em feição de interrogação.
" Irei consultar minha agenda, aciono-a assim que puder" Despachou o docente tomando mais um pouco de seu vinho recebendo um olhar de compreensão pela parte da noiva.
" É que ultimamente você anda demasiado ocupado..."
" Meus alunos sugam todas minhas energias" comentou sorrindo e a interrompendo. Theodore amava ensinar e trabalhar com alunos do ensino médio para si era uma tarefa desafiadora, se antes ele julgava os seus alunos da universidade cansativos, estava completamente enganado. Adolescentes não reconhecem limites, mas ainda assim, seus alunos o traziam vida e o animavam, até os mais rebeldes esforçavam-se em sua disciplina, o professor não deixaria que nenhum deles ficasse atrás em qualquer circunstância, afinal, ele está em compromisso com o governo americano.
" Aqueles ranhosos... Ainda é difícil acreditar que você se inscreveu nesse maldito programa" Reclamou a companheira do docente impaciente.
" Nunca irei me privar de expandir conhecimento" afirmou reduzido e logo o garçom pede licença interrompendo a conversa e pousando seus pedidos. Fillet mignon para a irlandesa e salmão com vegetais para o inglês.
Na volta para casa, o silêncio se fazia também passageiro, olhares inquietos sobre o retrovisor e apenas o cheiro do cigarro para preencher suas narinas.
O portão do condomínio automaticamente é aberto assim que o Mercedes adentra seguindo seu caminho em velocidade até o fim do conjunto de residências. O casal desce do veículo e são recebidos em casa por latidos e lambidas, a noiva do físico detestava animais, retirou-se resmungando e foi relaxar no jacuzzi, Theodore aborrecido, decide-se juntar a ela.
" Saudades do seu corpo" Falou a irlandesa depositando inúmeros beijinhos sob o pescoço e logo em seguida pela face do noivo, seu batom avermelhado cravou em sua face e a mesma riu da vista.
Theodore encontrava-se indiferente e aéreo, quase nem prestando atenção em nada do que Angeline fazia para o satisfazer.
" O que raios há de errado com você?" Questionou incompreensiva lentamente se afastando dele.
"Seu pai já veio cá na escola à 1 ano atrás, estava bêbado e saiu daqui arrastando os cabelos da filha. Pobre coitada"
As palavras de Mônica ecoavam em sua mente fazendo-o imaginar centenas de situações que Svetlana poderia ter passado nas mãos desse tal " homem horrível". Não percebia mas não conseguia tirar a menina de sua cabeça faz semanas e a encontrando de surpresa na angariação de fundos da OAN foi algo de se perscrutar, analisando as falas da menor. Logo a imagem de Svetlana veio em sua mente, seus olhos tristes e suas olheiras fadigadas. Sua pele...
Sua pele tão bela, quanto ao chocolate mais puro...
" Theo!" Sentiu seu corpo ser empurrado e quase perder seu equilíbrio por conta de sua parceira que o ralhava tempestuosa, interrompendo seus pensamentos em balbúrdia.
" Fale Angeline!" Ordenou irritado.
" Você está aéreo! Sabe que mais? Eu vou dormir!" Perseguiu a bela moça e entraram em seu quarto, Angeline desabou na cama do casal, ainda molhada e despida, Theodore sentou-se ao pé de si tentando a acalmar.
" Você tem de parar de agir como se eu não estivesse aqui!" Exigiu ainda soluçando e limpando furiosamente às lágrimas perante as almofadas.
" Você está aqui, bem aqui. Quem não está aqui sou eu" A noiva levantou na hora e deu um tapa no físico, empurrou-o contra a cama e tentou enforcá-lo, mas suas mãos eram deveras minúsculas e para Theodore aquilo era nada mais do que um massagem.
" Pare de ser inútil" Sussurrou Theodore suficientemente alto para a amada ouvir, empurrou-a de lado e levantou-se, abriu a gaveta de sua cabeceira e retirou seus cigarros, pegou um de seus livros em sua secretária dos pendentes e retirou-se sob o olhar da noiva. Detestava pessoas teimosas.
Retornou ao jacuzzi e ficou vidrado na capa por alguns segundos, Stephen Hawking, uma lenda, ler sempre seus livros é oque sempre mantia Theodore viajando por horas e horas, evitando se estressar.
Apenas permitiu deitar-se às 4h da manhã, puxou o corpo delicado e pequeno de sua noiva abraçando-a como nunca e adormeceram bem agarrados, porém não era a ela que ele queria alí.
Duas horas mais tarde o casal desperta, Theodore caminhava junto da pontualidade e por mais que ainda quisesse continuar a descansar, o dever chamava, afinal um compromisso com o governo americano não é brincadeira.
" Gostou do pequeno almoço meu amor?" Perguntou arrumando seus cabelos castanhos e terminando sua maquiagem.
" Estava ótimo. Eu já vou indo" respondeu seco e bastante cansado, terminando de abotoar sua camiseta.
" Espere. Estas contas do banco, preciso de ajuda a resolvê-las. Leasing." Estendeu dois envelopes para o noivo e o mesmo revirou os olhos pegando o conteúdo e logo foi embora sem nem dar um beijo de despedida, saiu da mansão cumprimentando os empregados e entrou em seu carro partindo para o recinto escolar.
Ainda na mansão, Angeline descontava sua raiva em tudo e todos por conta do comportamento prescindível de seu noivo, Theodore sempre fora frio e ignóbil com a mulher e no fundo ela sabia que o mesmo não a amava, tudo estava apenas acontecendo devido a sua insistência e persistência.
" Quero tudo limpo e impecável até á noite! Façam a porra do jantar que o Adrian gosta!" Gritava Angeline furiosa e as cozinheiras corriam de um lado para o outro com o coração na boca, sabendo que seus empregos estavam em jogo. Angeline furiosa entrou no carro e o motorista três vezes maior que ela conseguiu perceber a aura negativa de sua patroa. A banqueira não parava de pensar no momento em que o noivo a abraçava durante a madrugada, ele dormia tranquilamente, porém, sussurrava o nome de alguém...
Eu irei encontrar essa vagabunda.
Afirmou mentalmente mandando inúmeras mensagens para seu procurador, tentava lembrar-se do nome que ele sussurrava e em um piscar de olhos logo veio a tona. Mandou a última mensagem com toda a informação que tinha, apenas o nome da tal mulher que ecoava em sua mente a fazendo ficar ainda mais desesperada.
Quem diabos é essa tal de Svetlana?
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Chegando na instituição, é recebido por seus alunos ainda no estacionamento para professores, todo o mau humor do homem logo evaporou assim que os adolescentes o animavam.
" Deixe que a gente ajude você, professor" ofereceram-se os meninos pegando a pilha de papelada nas mãos do físico, as meninas conversavam com o professor encaminhando-o para a sala de aula, todos muito entusiasmados.
No canto da sala o professor nota uma figura que imediatamente despertou seus sentidos, ele não queria assustar-la, sequer constranger-la, portanto iniciou à aula assim que bateu o sino. Svetlana em sua carteira não conseguia focar-se em nada, ainda pensava nas palavras horríveis ditas por seu pai, pensava se deveria mesmo abandonar tudo e começar uma nova vida longe de tudo que já conhecera tão longe.
Theodore olhava para ela perguntado-se se havia mesmo ouvido seu conselho ou se estaria alí pela última vez, durante as aulas seus olhares cruzavam-se incansavelmente e sem saber a razão Svetlana não parava de olhar para seu professor, duvidava que ter voltado a retomar os estudos tenha sido uma péssima ideia, mas certamente pensou mais afundo e sabia que sem um diploma nunca teria um trabalho mais digno e respeitoso como pretendia.
Durante o primeiro intervalo, seus colegas saíram da sala deixando-a à sós com seu professor, este que a encarava como se tentasse descobrir os segredos mais profundos de sua alma, Svetlana admirou a coragem de si mesma, levantou-se e foi ter cara-a-cara com o físico, mas assim que abriu a boca para falar, as palavras fugiram-lhe como dentes de leão em uma tarde ventosa.
"Svetlana" murmurou o nome de sua aluna em seus lábios aproximando-se, estavam bastante próximos que suas respirações encontravam-se tornando o ar mais pesado.
" E-eu..." Svetlana gaguejou e tentou retirar-se de tão envergonhada que estava mas o professor a impediu.
" Você não precisa ter medo de mim. Por favor" Tentou confortar o mais velho mas a mesma apenas não conseguia, era muito com oque lidar, queria reprimir os pequenos sentimentos que formavam-se em seu coração inocente, apenas suspirou olhando mais uma vez para os olhos azuis enigmáticos do homem, cativantes, não conseguiam desviar o olhar um do outro.
Shall I get you a shooting star?
Shall I bring it where you are?
If you want me to I will.
Oh...
You can set me any chance,
I'll do anything you ask,
If you'll only say you love me still.
When at last,
Our life on earth is through,
I will share, eternity with you,
If you love me,
Really love me,
Let it happen,
I won't care,
If you love me,
Really love me,
Let it happen,
Darling I,
Won't care...
" Ainda te-tenho cha-chances de n-não re-reprovar?" Lançou a preocupação que mais a atormentava, ficou sem frequentar o recinto por imensos dias, outros já diriam que ela chumbou mesmo.
" Claro que sim. Ainda temos como recuperar o semestre" Acalmou Theodore, a menina quase tremia na sua presença, não entendia por quê, notando o seu nervosismo Theodore a liberou para poder apanhar algum ar.
A hora do lanche chega e Svetlana suspira com o estômago revirado, não queria ter que lidar com seus colegas e muito menos esconder-se no balneário, as garotas já sabiam de seu esconderijo. Foi até ao refeitório e sentou-se na mesa mais distante, olhou para os outros sete lugares vazios na mesa e desta vez não se entristeceu, já não desejava amigos como antes, queria aprender a gostar de sua própria companhia. Desta vez apenas havia pegado uma água para lanchar esperando obter olhares de aprovação.
" Essa sua dieta não está funcionando, nem vale a pena continuar"
Oh não... O grupo malfeitor chegara para atormentar mais uma vez a vida da menina. Alice, seu namorado e seus demais amigos, pareciam sentir prazer em ver a menina sofrer.
" Por que você voltou? A escola estava mais... ESPAÇOSA, sem você" brincou Alice e as gargalhadas espalhavam-se ao redor da menina. Svetlana estava cercada, não tinha para onde fugir com todos apontando o dedo em sua cara. Adam Lomore e sua namorada humilhavam a menina de todas as formas possíveis, Svetlana com a cabeça baixa chorava em silêncio esperando que o inferno acabasse.
" E vocês nem vão imaginar gente. A gorda agora trabalha em uma lanchonete!" Carla mostrava uma foto em seu celular de Svetlana limpando o chão da Sanduíches do Papá Beto. Svetlana olhou para a cena aterrorizada, já estavam lhe perseguindo?
" Nossa, tão gorda que o uniforme nem serve" Adam comenta e todos voltam a gargalhar novamente.
Svetlana conseguiu soltar-se da roda que eles faziam e fugiu correndo de volta para a sala de aula. Esbarrou contra a professora de biologia que adentrava na sala e ralhou com a menina pelo seu descuido.
" Vai me derrubar menina!" Gritou a ruiva, Theodore saiu da sala apto para tirar satisfações com oque ouvira.
" Não fale assim com minha aluna " exigiu o professor com a testa franzida e os punhos cerrados, mas ainda assim calmo.
Paula a professora, olhou para o físico assustada esperando que o mesmo não tivesse ouvido oque dissera, porém ela não sabia que ele era bastante ardiloso, muito mais do que ela pensava.
" Pois não Theodore. Eu apenas a chamei atenção" Desabafou nervosa esperando um ponto de vista positivo da parte dele, oque nem por sombras aconteceu, pediu que a mesma se retirasse, esta que saiu batendo o pé furiosa fazendo juras mentais de que aquilo não ficaria assim.
O professor e a aluna adentraram ambos na sala de aula e Svetlana limpou suas lágrimas, Theodore tentava a acalmar.
" Não chore pequena, acalme-se" Svetlana sentiu alívio ao ouvir as palavras do mais velho, mas as de seus colegas a provocando, eram como se uma tatuagem estivesse sendo feita em seu coração perfurando todas as veias e artérias com dor.
" O que houve? Me conte hm..." Insistiu o mais velho olhando nos olhos da menina, agora vermelhos. Pontadas aleijavam seu coração cada vez que uma lágrima caía do rosto bochechudo de Svetlana, estava apto para realizar algo perene para que a tenuidade da moçoila desaparecesse.
" O se-senhor irá rir de m-mim" Confessou Svetlana gaguejando, sentia-se o suficientemente confortável para desabafar com seu professor, porém não queria sentir como se estivesse sendo um peso para ele, um fardo, um saco cheio de problemas para desabafar.
" Svetlana não. Jamais eu faria graça de você, você tem a minha palavra" Prometeu fazendo com que a menor abrisse um pequeno sorriso enquanto se recuperava.
Por que ele está sendo simpático comigo? Ele não vê que eu não sou nada?
" Eu apenas es-estou tri-triste, nada mais" mentiu Svetlana fazendo com que a expressão no rosto de Theodore mudasse, ele sabia que sua aluna estava mentindo diante de sua face. O estômago de Svetlana ronca capturando a atenção dos dois, o professor insiste que a menina vá até a cantina comer, mas ela simplesmente insiste e mente que está tudo bem enquanto não, seu próprio estômago digeria-se.
Theodore saiu da sala frustrado com o comportamento teimoso de sua aluna, estava óbvio, estava estampado na face de Svetlana que ela estava faminta. Ficou triste por ter irritado seu professor então voltou para sua carteira, se soubesse o tipo de irritação que causara no homem... Levou apenas alguns minutos para que Theodore voltasse com uma refeição em uma sacola de conveniência, posou-a na carteira da adolescente.
" Acho a comida do refeitório nojenta. Por isso peguei algo de fora" Comentou o professor sentando na carteira do lado podendo observar sua aluna admirada com seu ato.
Agitada vasculhou sua mochila procurando por dinheiro para pagar pelo que o seu professor havia gastado com ela, não possuía muitas notas e atrapalhava-se no processo.
" Espero q-que isto po-possa cobrir o-oque o senhor gastou co-comigo, re-realmente n-não era necessário m-mas mu-muito o-obrigado e-eu..."
" Svetlana por favor, você sabe que a hora da refeição é obrigatória" o físico interrompeu-a rindo, achou seu jeitinho meigo de ser fascinante.
" Não se preocupe com isso, apenas coma" Insistiu o docente e a menor degustou da sua refeição toda em silêncio sob o olhar azulado penetrante.
Canção por: Brenda Lee- If you love me.
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