Epílogo depois de 1000 anos 🙂
Espero que gostem!
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O clima estava agradável e pela primeira vez em semanas meus pés não estavam doendo. Minha quarta, e atual, gestação estava sendo a mais difícil, embora Hunter estivesse ao meu lado e minha família sempre me ajudasse com tudo, carregar Florence estava sendo difícil já que o bebê gosta de socar e chutar minha barriga frequentemente, mas existia apenas uma coisa mais difícil do que ter minha barriga chutada e esmurrada, observar Cole e Rael tentando marcar território em Forest e Dandelion.
Cole era o filho alfa de Thomas e Shelby, o garoto de cabelos encaracolado em tom loiro avermelhado e de olhos negros ficava sondando Forest a qualquer movimento do meu filhotinho ômega. O pequeno alfa passava a mão pelo cabelo castanho cacheado do meu filho e constantemente beijava sua bochecha, e embora Forest o olhasse feio, o meu pequeno menininho não limpava a bochecha e nem reclamava com palavras, apenas fazia um bico e dava alguns passos para longe do alfinha, que logo o seguia. Já Rael era o filhote ômega deles, um garoto com cabelos lisos, ruivos e olhos em um tom quase violeta. Ele era evidente como o sol num dia quente de verão, mas Dandelion havia puxado a minha lerdeza, enquanto que Forest havia puxado a seriedade de Hunter. Mesmo pedindo para andar de mãos dadas e beijando a bochecha de Dandelion, meu pobre filho alfa havia pegado alguns genes meus e não conseguia entender as ações óbvias de Rael.
— Eu não sabia que filhotes de 13 anos podiam ser tão...precoces...
— O que disse? — Hunter virou em minha direção segurando Cattleya, nossa menininha de 2 anos, enquanto carregava um prato com doces com a mão livre.
Peguei um doce do prato e enfiei na boca.
— Apenas estou comentando sobre o calor.
Hunter olhou para o céu. Não estava quente, mas eu não queria que Hunter tivesse uma crise nervosa no meio do festival das flores, principalmente quando ele segurava Cattleya nos braços
Mas ele havia percebido a ousadia dos gêmeos ruivos primeiro que eu, e desde então eu preciso lidar com meu marido tendo crises existenciais. E ele me conhecia mais do que eu mesmo, então seus olhos saíram do céu e me observaram atentamente.
— Onde Forest e Dandelion estão?
— Hunter, meu alfa...
— Não. — Doía na alma de Hunter negar meu chamado, mas ele era um pai realmente protetor. — Eu vou falar com Thomas agora mesmo e...
— Hunter. Se acalme. Cattleya está aí.
Ele olhou para nossa filha no exato momento que a pequena garota loira enfiou um biscoito inteiro na boca, e a doçura da cena acalmou seu coração.
Ele deu um suspiro derrotado. A batalha estava ganha, mas não a guerra. Eu sabia que em algum momento ele ia até Thomas e perguntar o porquê dos filhos dele ficarem sondando os nossos.
— Onde está Camélia?
— Com a minha mãe e meu pai. Eles estão apresentando ela para a nova vizinha deles.
— O que Camélia tem com isso?
— Bem. Parece que uma família se mudou para perto deles. Eles têm dois filhos. A mais nova é uma garotinha de 8 anos. Eles acharam que a garota merecia uma amiga, e já que a Camélia tem a mesma idade... — Deixei no ar, já sabendo que logo, logo Camélia iria aparecer mostrando a nova amiga.
— Hum...Ela está segura?
— Com o meu pai rosnando pra qualquer pessoa que chega muito perto dos netinhos dele? Não se preocupe, ela está segura.
Hunter resmungou. Ele confiava no meu pai, mas no fundo ele só sentia que as crianças estavam realmente protegidas quando estavam ao alcance dele.
Ele colocou o prato que segurava em uma mesa perto e circulou minha cintura com seu braço, Cattleya aproveitou o espaço e enfiou o biscoito meio mordido na minha boca.
— Obrigado, querida. Mamãe realmente estava com fome.
A garota sorriu com seus dentinhos pequenos e deitou a cabeça no ombro de Hunter.
— De nada, mamãe.
Hunter deu um beijo no topo da cabeça da garotinha e depois beijou brevemente meus lábios.
— Você está me matando, Flower.
— Hunter...o que posso fazer? Dandelion é o melhor no acampamento do jovem alfa e Forest é lindo e adorável. Não tenho culpa de ter um corpo tão abençoado que gerou crianças tão bonitas. — Eu disse, embora eu não fosse uma pessoa amostrada, a beleza dos meus filhos era algo que eu frequentemente gostava de admirar. Eles haviam nascidos pequenos, rosados, gordinhos e fofos, e à medida que cresceram eles ficaram ainda mais bonitos.
— Você deveria conversar com eles...e com Shelby. Mandar ela parar de incentivar que os filhos dela fiquem no pé dos nossos.
Aquilo era algo realmente impossível. Shelby era uma mãe ótima que sempre iria querer o melhor pros filhos dela. Dandelion era o melhor no acampamento do jovem alfa, e Forest era uma das pérolas da escola ômega. Era claro que ela gostaria que os filhos dela tivessem os melhores companheiros possíveis. E depois que ela percebeu que os filhos dela gostavam dos meus filhos, o incentivo dela aumentou ainda mais.
Cole e Rael eram figuras frequentes na minha vida. Cole sempre aparecia pedindo para treinar com Dandelion, e Rael sempre aparecia dizendo que gostaria de brincar ou estudar com Forest. No final os quatro acabam juntos de alguma forma, fazendo trilhas, brincando na floresta ou fazendo qualquer coisa.
Eu os vigiava, é claro, e Hunter os vigiava mais que eu, mas eu não conseguia impedir. Era algo natural, suponho. Alfas são atraídos por ômegas, e ômegas por alfas. Era normal que Cole e Rael desejassem bons companheiros, o que me deixava curioso era os sentimentos que meus filhos poderiam ter por eles. Eu conseguia ver que tanto Dandelions quanto Forest gostavam da companhia dos outros meninos, mas eu não sabia se isso era amizade ou os sentimentos de um primeiro amor.
Observei enquanto Cole colocava uma flor atrás da orelha de Forest, e meu ômegazinho deu um sorriso simpático. E naquele mesmo momento, Dandelion se abaixava para amarrar os sapatos de Rael, e quando acabou de amarrar os cadarços com nós duplos, meu alfinha ganhou um beijinho na bochecha.
Por sorte Hunter estava concentrado tirando dois biscoitos de dentro da boca de Cattleya. Uma hora ele precisaria aceitar, seria uma questão de tempo até Cole confessar seu amor por Forest, e logo, logo Rael iria fazer Dandelion perceber suas investidas. Daqui alguns anos, Forest e Rael estariam sendo escolhidos por Cole e Dandelion no mesmo festival que Hunter me escolheu. Mas aquilo era o tipo de coisa que eu só iria me preocupar quando chegasse a hora.
As comemorações continuaram por um tempo, música, cantoria e risadas inundando a clareira, mas quando as festividades maiores começaram, Dandelion e Forest saíram com o grupo de crianças para as barracas de jogos.
Henry apareceu naquela hora. Meu irmãozinho estava acompanhado da namorada e os dois puxaram Cattleya para que ela pudesse brincar nas barracas infantis. Hunter fez Henry jurar que a protegeria com a própria vida se fosse necessário. Henry revirou os olhos para o exagero do cunhado, mas sorriu e prometeu que cuidaria da sobrinha.
Quando eles já estavam longe, abracei Hunter, passando meus braços pelas costas largas dele.
— Ele sabe cuidar de crianças. É um ótimo, tio.
— Eu sei. — Hunter me abraçou, acariciando minhas costas suavemente. — Ele é um bom garoto. Eu sempre soube que ele seria. Olhe lá.
Olhei para o lugar que Hunter apontou com o queixo.
Camélia conversava com uma garotinha do seu tamanho e um garoto um pouco maior. Minha mãe conversava com o que parecia ser os pais das duas crianças com quem Camélia conversava, e meu pai, como sempre, segurava fortemente a mão de Camélia na sua. A garota de cabelos cacheados e castanhos tentava se soltar para brincar, eu conseguia ver claramente o biquinho amuado em seu rosto redondo, mas meu pai apenas segurava a mão dela para ela não desaparecer na multidão.
Ela tinha um gosto especial por esconde-esconde, e por algum motivo ela era o tipo de criança que gostava de brincar sozinha e se esconder em lugares mirabolantes, então no final ela se escondia e todos precisavam procurar ela, como se realmente estivessemos brincando de esconde-esconde, e não como se estivessemos procurando uma criança desaparecida.
— É impressão minha ou aquele moleque está olhando para minha garotinha?
— Ora, Hunter. As crianças estão conversando, só isso.
— Se aquele pirralho se tornar meu genro no futuro, eu vou fazer da vida dele um inferno.
Soltei uma gargalhada e puxei Hunter pela mão.
— Certo, mocinho. Vamos desaparecer por algum tempo.
— Meus filhos...
— Não se preocupe, Hunter. Estão todos sendo vigiados. Henry e Marie estão com Cattleya e meus pais estão com Camélia.
— Dandelion e Forest não estão sendo vigiados.
— Tenho certeza que Rael e Cole estão vigiando Dandelion e Forest muuuuito bem.
— É mais seguro colocar lobos selvagens como babás do que aqueles dois sem vergonhas. — Hunter bufou.
Soltei uma gargalhada e puxei meu alfa para algum lugar mais afastado do festival. Alguns lugar que ele pudesse se concentrar apenas em mim, e não em todas as "ameaças" que atingiam nossos filhos.
À medida que andávamos pela grama, os sons das conversas, das gargalhadas e da música ficavam mais distantes. Ouvíamos apenas o som do vento batendo nas folhas e o barulhos dos nossos passos amassando a grama alta.
— Oh! — Senti um chute nas costelas e logo depois os braços de Hunter me circularam.
— Tudo bem? Florence de chutou?
— Bem nas costelas.
— Ei, garotona. Se acalme um pouco, certo?
— Garotona? Acha que será uma menina?
— Com certeza. E acho que ela será como Camélia. Vamos precisar ficar com todos os olhos virados nela...principalmente quando começar a engatinhar. Lembra de como foi com Camélia?
— Por Luna! Ela era pequena, ágil e silenciosa. Se enfiava nos lugares e ficava quietinha por horas.
— Precisamos colocar sinos nos pézinhos dela...para não a perder ela pela casa. — Hunter começou a acariciar meu ventre, fazendo movimentos lentos e carinhosos. — Acha que será uma menina? Ou um menino?
— Não sei...Eu não me importo muito. Já temos dois meninos e duas meninas...então estou feliz com qualquer um. Eu só espero que seja forte e saudável...e que não se esconda pelos cantos como Camélia faz, e que não enfie coisas estranhas na boca, já temos Cattleya enfiando coisas estranhas na boca e não precisamos nos preocupar com isso.
— E que não acorde de madrugada e chore por horas como Dandelion fazia...e que não seja enjoado com comida como Forest é.
— Que seja fofo e que tenha bochechas rechonchudas. — Desejei intensamente.
— Que tenha olhos brilhantes e bonitos, e um cheirinho suave de bebê.
— Eu gosto do cheirinho azedo dos pés. — Disse.
Hunter sorriu e olhou pra mim.
— Eu também gosto. E quando fica fazendo bolhinhas com a boca? Como chamam? Besourinho?
— Eu gosto disso também. Acha que falará mamãe ou papai primeiro?
— Papai. Todos os nossos filhos chamaram por "mamãe" primeiro, então seria bom se alguém chamar "papai".
— Tudo bem... — Fiz um biquinho. — Acho que posso aceitar isso. Fui o primeiro para os quatro primeiros, nada mais justo que o último ter você como primeira palavra.
— Último? Estamos terminando?
— Daqui a pouco seremos avós. — Sorri de lado, recebendo como resposta um olhar chocado de Hunter. — Qual é? Você sabe que é questão de tempo até Cole e Rael decidirem que já está na hora de parar com os flertes e serem diretos.
— Meus filhos não estão prontos.
— Não seja assim, Hunter. Você era apaixonado por mim desde pequeno, e olhe só agora...estamos juntos e felizes.
Hunter fez uma careta.
— Mas é diferente. Desde o começo eu te amava...Sabia que era você...Sabia que só podia ser você. Nunca tive dúvidas no meu coração.
Passei meus braços pelo pescoço de Hunter e o puxei para um beijo lento e suave.
— Eu também nunca tive dúvidas no meu.
— Só começou a gostar de mim poucos dias antes do festival. — Hunter disse com as sobrancelhas arqueadas e em choque. — Eu fui um louco apaixonado e devoto que amei você sozinho por quase 10 anos.
Eu sorri.
— Mas depois disso nunca tive dúvidas.
— Ainda bem. Teria sido péssimo se tivesse tido dúvidas. Meu coração não iria aguentar.
— Você teria me jogado por cima dos seus ombros e iria me dizer algo como "vai casar comigo sim".
— Talvez. — Ele sorriu, passou os braços pelo meu corpo e me beijou. — Eu te amo.
— Eu te amo.
Hunter me beijou novamente. Os lábios dele se encaixavam nos meus e seu corpo se moldava ao meu. Eu o amava mais do que poderia exprimir em palavras. Amava-o mais do que seria possível amar alguém.
E a única coisa que eu conseguia pensar enquanto os lábios dele tocavam os meus era em como eu gostaria que aquela vida fosse eterna.
Nós não podíamos ter a eternidade, A vida humana era boa justamente porque era finita, mas eu me contentava com o "até o últimos dia das nossas vidas"...e quando essa vida acabasse, teríamos a próxima. Uma vida não era suficiente para amá-lo.
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Curtinho, mas feito com amor e carinho.
Eu gostei muito de escrever algo original e espero que no futuro eu possa me aventurar mais nisso.
Espero que tenham gostado!!