Perdemos o twitter, aconteceu Deus e o mundo, e ai... voltamos kkkkkkkk
Como estão??
Bom, a gente migrou pro bluesky: @holliejnls e @hyunbaebae
E depois da oração as 23:99 veio ai a atualização kkkkkk
Comentário que brilhou:
QUEIMA KENGARAL KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Musica do capitulo: Jenny of Oldstones - Florence + The Machine
Respirem fundo e boa leitura!
2024 — Seul, KOR
Com o casamento de Alice e Taeyeon se aproximando, as coisas estavam agitadas. Embora fosse um evento grande, Alice estava fazendo questão de participar de cada pequena detalhe, para que ficasse exatamente como elas sonhavam e Tae não se importava, vê-la feliz era tudo que queria.
Isso incluía toda sua rede de apoio participando do processo. Chaewon havia visto Kim Jisoo chorar de raiva após uma ligação com um fornecedor de taças e Jennie Kim quebrar um copo após uma impressão errada no guardanapo. Além de Roseanne Park se esconder em um armário somente para que Alice não pedisse mais nada além da enorme lista de tarefas que já tinha.
Era engraçado ver a dinâmica delas e como nem de longe pareciam as pessoas que eventualmente eram... Alice poderia estalar os dedos e seu casamento de princesa estaria pronto em dois segundos, assim como as outras, mas parecia interessante e tangível que participassem de forma intima e quase poética.
Até mesmo Namgyu em todo sua agenda ocupada estava se desdobrando para que Alice e Taeyeon tivessem as flores mais bonitas do País durante a cerimonia... e observadora como Chaewon era, aquilo passou a chamar sua atenção... Sabia das histórias da flores, mas não que Namgyu também gostasse tanto delas assim.
Suas tardes na casa de Namgyu eram tranquilas, gostava de observar como viviam, lhe ajudava a relaxar, mas o cenário atual ainda deixava o nível de adrenalina alto em seu corpo e às vezes se sentia ociosa e parada no tempo. Não gostava. Procurava fazer atividades que a distraíssem, assistia filmes e jogavas jogos de tabuleiro com Yerim, visitava Jennie, caminhava pelo rio Han com Yeji, ajudava Alice e ao fim do dia, quase sempre se encontrava com Namgyu para um vinho enquanto conversavam.
Era uma rotina boa, mas para uma mulher que havia se acostumado quase a vida inteira a adrenalina, às vezes, a tranquilidade era um castigo.
E foi em um desses momentos que notou algo específico na casa, as flores e a relação de Namgyu com elas. Havia sido extremamente fácil para ele conseguir as flores raras que Taeyeon queria para os buquês.
Começou a perceber também que além do jardim extremamente bem cuidado, toda semana chegavam flores novas, fossem mudas ou arranjos, a casa sempre estava perfeitamente decorada com o aspecto floral. Eram plantas exuberantes, melhores do que as que conseguiam encontrar em grandes floriculturas de Seoul e elas sempre chegavam com um garrafa de vinho e um bilhete, que ficava sobre a mesa de jantar até que Namgyu a pegasse.
Nunca se atreveu ser curiosa o suficiente e perguntar o remetente, mas se permitiu olhar uma das embalagens e achou curioso que as flores viessem da cidade vizinha, Ansan. O mesmo logo que havia visto na caixa enorme com as flores de Taeyeon.
Ficou curiosa, não conseguiu evitar... enviou uma mensagem e em pouco tempo recebeu um documento, leu atentamente e quando finalizou, se sentia comovida.
- A Senhora Bae tinha uma loja. – Murmurou surpresa.
Namgyu nunca havia comentado sobre, apenas que era botânica e amava flores e plantas, mas nada sobre uma floricultura em sua cidade natal e que ela, de fato, ainda funcionava.
E foi só então que percebeu que Bae Irinea era uma figura fantasmagórica e nostálgica na vida de todos, ela existia, sua presença estava por todos os cantos, mas ninguém realmente falava sobre ou comentava sobre sua curta vida.
Não sabia quase nada da mulher e entre conversas com Jennie, percebeu que ela também não sabia... Irene não falava sobre a mãe e Namgyu pouco contava sobre a falecida esposa.
"As vezes falar sobre dói em lugares desagradáveis o suficiente para escolherem o silêncio e as memórias para mantê-la por perto." Foi a resposta de Yeji ao comentar sobre e fazia sentido para si.
No entanto, Chaewon ainda era Chaewon, mãe de Jennie Kim... queria entender um pouco mais sobre a dor de Namgyu, o que o levava a ser como era... entender como Irene reagia aquilo tudo, conhecer um pouco mais da família que estava se desdobrando para proteger a sua.
Foi sincera e perguntou a Namgyu, mas pela primeira vez o viu se esgueirar entre as palavras e fugir como um cãozinho amedrontado... não insistiu. Aquele não era um assunto pronto para ser conversado entre eles.
Não disse que sabia de onde as flores vinham, não disse que sabia sobre a loja e tampouco voltou a questionar sobre, até que um dia, uma simples mensagem, a surpreendeu.
Namgyu: "Preciso que faça um favor para mim, querida. Eu e Seulgi ainda estamos em Tóquio e Irene chega hoje, mas depois do horário, não iremos embora tão cedo e preciso buscar as flores que Alice me pediu. Não posso mandar ninguém, precisa ser pessoalmente. Confio em você. O Senhor Min te levará até lá. Obrigado. Nós vemos mais tarde, te mando mensagem."
E bom, lá estava ela...
Chaewon olhou pelo vido do carro, a faixada da floricultura era quase mágica.
Tinham diversos arranjos espalhados ao redor, vasos com flores, artigos de decoração e mesmo ficando em um bairro pequeno e pouca afastado do centro, parecia era uma loja bastante conhecida e tradicional da cidade.
Era construída com vidros e aço em um tom verde escuro, lanternas amareladas combinando perfeitamente com o letreiro marrom e a decoração floral, era grande e separada entre um parte mais sofisticada e moderna e outra com muitas plantas, mas bem menos movimento.
Observou que estava cheia, clientes entravam e saiam com embrulhos lindos e ornamentados. Tentou ver algo diferente pelo vidro, mas não dava para ver nada além de funcionários de um lado para o outros e plantas.
- Vou entrar. – Avisou para Yoongi, que somente assentiu no banco da frente. – Qualquer coisa, sinalizo.
- Cuidado. – Escutou seu pedido ao sair do carro, apertou seu ombro e então desceu. Estava em uma camisa social, saia, óculos e a bolsa que havia ganhado das meninas no braço.
Quando encarou a porta e por um segundo se perguntou o que estava, de fato, fazendo naquele lugar.
Pegou um potinho de vidro decorado e observou aleatoriamente.
- Olá, sou Maria, em que posso ajudá-la? – Levou um susto quando uma das funcionárias se aproximou, sorrindo educadamente.
- Hm... – Kim ainda analisando o local, parou os olhos na parte vazia e bem cuidada da floricultura. – Ali não faz parte...
- Sim, faz parte da loja. – A moça gentil confirmou com seu gummy smile que lembrava um pouco Jennie. – Faz parte da estrutura original, foi decorada pela primeira dona, que faleceu e desde então, mantemos como uma sala de memórias apenas.
- Oh... – Observou pelo vidro e só então notou um retrato de Irinea quando muito jovem, algumas cartas, velas e flores ao redor.
O destino às vezes era uma coisa inexplicável..., nunca iria esquecer a moça gentil da loja de conveniência de anos atrás.
- A senhora gostaria de um buquê?
- Eu vim buscar uma encomenda, está no nome de...
- Maria, está tudo bem, eu atendo.
Kim escutou uma voz era baixa, levemente rouca e... conhecida atrás de si, vincou as sobrancelhas quando a atendente sorriu para si e se curvou, pedindo licença e saindo. – Encomenda de Bae Namgyu.
Chaewon se virou, mas algo em seu corpo gelou e fez seu coração bater esquisito quando colocou os olhos na mulher. Arregalou os olhos e deu um passo para trás, o pote escapou de suas mãos e se espatifou no chão, causando um barulho alto e outro susto em sua pessoa.
- Oh, me perdoe. – A mulher disse, movimentando as mãos para que alguém viesse limpar a bagunça.
Kim estava imóvel encarando o rosto fino, seus cabelos nos ombros e um olhar que parecia já ter visto em algum lugar.
- A senhora se machucou? – Perguntou preocupada.
- Eu... sinto muito. – Gaguejou tentando sair do transe. – Eu... posso pagar por isso...
- Não se preocupe. – A mulher negou segurando seu pulso e a afastando do vidro. – Maria, pode limpar por favor? Foi um acidente.
- Claro, senhora Jang.
Jang? Chaewon encarou a mulher.
- Bom, vamos atrás das flores. – Ela passou sorridente por Chaewon, que a seguiu tentando fazer com que sua cabeça parasse de rodar. – Foi um tormento encontrar essas flores a tempo. – Trocou algumas palavras com outro atendente e então se virou. – Lee foi buscar, precisa de algo mais?
- Flores... azuis... pequenas... – Estava se sentindo aérea. – Minha filha...
- Flores para sua filha... como ela é? O que ela gosta? – A mulher questionou pensativa.
Chaewon franziu, como ela sabia quem eu era e o que havia ido fazer ali?
- Bom, ela é... – Limpou a garganta. – Ela é Jennie Kim. – Disse sem pensar, fazendo a mulher parar e se virar, encarando seu rosto com um tom mais sério. Chaewon se perguntou se sua resposta havia sido a correta.
- Oh, Jennie Kim. – Ela assentiu, com um sorriso. Esticou a mão. – Sou Jang Rael, tia de Irene.
Então o corpo de Chaewon relaxou, seu corpo pareceu se tranquilizar e respirou fundo, como se tivesse acordado de um sonho psicodélico e inacreditável.
Irinea tinha uma irmã.
- Vocês são todas iguais? – Disse a primeira coisa que veio em sua mente, mas arregalou os olhos em seguida quando Rael arqueou as sobrancelhas, mas riu em seguida.
- Sim, nós somos bem parecidas. – Assentiu agradável.
- Namgyu me mandou aqui, ele... – Negou.
- Eu sei. – Sorriu apontando para algumas flores próximo ao balcão. – Acha que Jennie Kim gostaria dessas?
- Sim. – Confirmou. – Ele não me avisou que...
- Escutei muito sobre a senhora. – Rael juntou algumas flores em um buquê, sem tirar o sorriso educado do canto dos lábios. Era como encarar uma mistura muito complexa de Irene e Irinea.
- Espero que coisas boas. – Suspirou se apoiando no balcão. Jang riu baixo assentindo, finalizando as flores com uma fita branca.
- Tem uma longa história, senhora Kim. – Ela disse baixo ao entregar-lhe as flores. – Mas história todos nós temos.
Então, de repente, se sentiu invadindo um espaço que não lhe cabia.
- Sinto muito por ter vindo... – Suspirou negando. Namgyu não deveria tê-la mandado até aquele lugar.
- Oh, não, não. – Jang negou, tocando seu pulso e chamando sua atenção. – Eu pedi para que Namgyu lhe enviasse.
Chaewon arqueou uma sobrancelha, intrigada.
- Como disse, escutei muito sobre a senhora.
- Não... lhe parece desrespeitoso que eu esteja aqui? – Perguntou baixo, ansiosa.
- Somente se não tiver boas intenções.
- Eu tenho. – Confirmou insegura.
- Então a vida continua para os que ficaram, senhora Kim. – Rael sorriu, mas notou certa melancolia em seus olhos. – Queria vê-la e pedir para cuidar de Joo-hyun e Namgyu... de todas as pessoas no mundo, eles dois são as que menos merecem sofrer, a vida já os castigou demais.
Jang disse com tanto carinho, que Chaewon se sentiu emocionada. Seu coração apertou e os olhos marejaram.
Era querida por Namgyu aquele nível?
- Minha família o tem com muito apreço e carinho, é um homem bom e que, se a senhora permitir, a fará feliz. Só... – Suspirou. – Seja leal a eles.
- Eu não sei o que dizer... – Sussurrou com toda sinceridade dentro de si, de todos os desdobramentos daquele tarde, aquela conversa sequer era um hipótese.
- Não precisa dizer nada. – Rael juntou as mãos sobre o balcão. – Apenas tenha paciência e carinho, é tudo que eles precisam.
- Senhora Jang, as encomendas estão no carro.
- Oh, obrigada, Lee. – Rael sorriu para o homem, mas ainda tinha os olhos emocionados de Chaewon sobre si. – Espero que a senhorita Park e Jennie Kim gostem das flores.
Kim ainda estava desconcertada quando puxou a bolsa, mas foi impedida pela mulher. – É um presente. – Piscou. – Uma mãe sempre deve presentear sua filha com flores.
E da mesma forma que aquele encontro começou, ele finalizou.
Chaewon entrou no carro e acenou para Jang Rael parada na porta com um sorriso e os braços cruzados, observou o vidro subir quando Min deu partida. Encarou o buquê de Jennie e então fechou os olhos... finalmente permitindo que o sorriso aparecesse em seus lábios junto com uma lágrima solitária que escorreu por sua bochecha.
Seu peito explodindo.
Ela, definitivamente, era importante para Bae Namgyu.
[...]
Irene estava andando tranquilamente em direção a cozinha o helicóptero havia a deixado mais perto da casa de seu pai e queria pegar joias de sua mãe que havia herdado e nunca tinha tirado do expositor, ao virar o corredor teve uma visão ampla das flores que haviam chegado há pouco, mas travou observando os cabelos ondulados batendo no meio das costas enquanto a saia da THKabraçava aquele corpo e a camisa social estava dobrada até os cotovelos.
Travou e quis voltar o caminho, mas seus olhares se cruzaram...
A guerra fria estava rondando o ambiente.
Ainda tinha algo em seu peito que ficava meio incomodado com toda aquela situação... talvez desconfiança, talvez ciúmes... Jennie tinha tudo, estava casada com a mulher dos sonhos dela, tinha uma filha, tinha irmãs... e tinha a mãe de volta.
E Irene sabia que tinha o mesmo... mas que a última parte, para sempre seria uma dor em seu peito, um lugar que não teria cura.
- Suco? Jennie mandou uma caixa de morangos, a vi faz pouco tempo... fizeram suco, está fresco. – Chaewon disse apontando para a jarra.
- Okay... - Irene disse assentindo devagar, mecanicamente, colocou a pasta com seu notebook na cadeira e tirou o terno colocando em cima.
Viu a mulher colocar o copo de suco para sua pessoa, ele estava cheio e segurou entre seus dedos.
- Eu não te entendo... – Bae sussurrou. Chaewon que estava guardando a jarra, começou a se mover devagar para a escutar. – Uma parte minha entra em guerra com a outra... uma acha que você vai sumir, que vai deixar Jennie sofrendo, que está aqui por prazer próprio, que vai fazer todos se apegarem e amarem você e no final vai mostrar que a gente estava errado, e a intuição certa... e outra parte acha que você é apenas uma pessoa que precisa do que está recebendo.
Chaewon se sentou observando o suco. - E o que você quer fazer sobre isso?
- Não sei... – Irene encolheu os ombros.
- Eu sou uma figura materna, Joohyun. – Chaewon se recostou na cadeira cruzando os braços e arqueou uma sobrancelha. – Eu sou algo que te assombra, quer você goste disso ou não. E eu sou mãe da Jennie, mesmo que não te agrade... sei que tem suas desconfianças, mas elas não vão mudar como as coisas são, eu poderia sim ser uma infiltrada, mas eu prefiro morrer a mancomunar com o Jeonjo. Eu o odeio. E todo passo que dei, foi para proteger minha filha do pai que eu dei pra ela. Não me importa muito se vocês não gostam disso... não posso mudar o passado e ficar lamentando isso... acredite, não é o que vai levar a gente pra frente.
Irene sabia daquilo tudo, sabia que ela não se importava com julgamento alheio. Suspirou e tomou o suco de uma vez só quando sua garganta ficou seca... Kim a observou, e como em um passe de mágica, de repente não estava mais enxergando Kang Bae Irene, a CEO da empresa de tecnologia que estava estampando a capa de todas as revistas do mundo dos negócios... mas apenas Bae Joohyun, a garota... a adolescente.
E ela começou a chorar em silêncio, as lágrimas caíram, escorreram pelo rosto dela devagar... a alta temporada dos sentimentos se esvaindo estava aberta, pelo visto.
- Eu...
Chaewon esperou paciente, pegou um lenço e esticou para ela a deixando secar as lágrimas enquanto ela começava a soluçar.
- Ser mãe não despertou esse sentimento em mim, mas ter uma figura materna de fato mais velha... – Irene respirou devagar. – Eu tenho essa resistência porque eu não lembro mais como era ser filha da minha mãe com tanta veracidade, eu lembro do que os funcionários da casa me contam, do que meu pai me conta, eu lembro dela penteando meu cabelo e cantando em espanhol pra mim, porém não lembro... não lembro das coisas que me dizia com precisão, não lembro mais do sorriso dela, mesmo quando fico na frente do espelho me olhando sorrindo, é meu sorriso... não consigo associar que seja dela também... eu era tão jovem quando perdi minha mãe e minha vida virou um mecanismo de obediência, porque eu não queria dar trabalho para o meu pai... faz esse curso? Sim. Faz essa aula? Sim. Vai para o internato? Sim. Volta para a Coréia? Sim, Um workshop? Sim. Um intercambio? Sim. Não estou reclamando, longe de mim, eu amo ser inteligente como sou, amo ter estudado o que estudei, porque só Deus sabe o que a cabeça de uma adolescente com a herança da mãe na poupança poderia ter feito se estivesse com ela vazia. – Suspirou. – Mas eu sei que teria sido uma filha amada e cuidada, também não estou dizendo que meu pai não me ama, porque sei que ele me manter com terapia semanal e tirar de perto da lama na qual ele se atolou ao perder minha mãe foi um ato de amor dele, é ai que eu entendo vocês... fizeram o que podiam, como podiam pra cuidar de mim e da Jennie. Mas Deus sabe, que eu dormia imaginando cenários em que minha mamá entraria pela porta dizendo que foi apenas um sonho ruim, e ela voltaria a pentear meu cabelo, a cozinhar e cuidar das flores... e agora eu vejo você, que não é minha mãe, que respeita minha mãe, e é uma figura materna... e eu fico com medo de estar traindo ela se me permitir gostar de você.
Chaewon ergueu a mão deslizando na cabeça dela. – Eu não quero o lugar de Jihyun na sua vida, nem na vida de ninguém... eu não quero ocupar lugares que não me pertencem, jamais vou ser sua mãe. Eu sou estressada, não dou a mínima para o que não tem que ter minha atenção, nem sei se gosto de flores como vocês todos parecem gostar, eu gosto de resolução, realidade, planos rápidos, roupas sociais... eu e sua mãe somos opostos, ela era calma nos momentos dela, eu sou ansiosa nos meus, estressada e um quê dê amargurada também. Eu sou um upgrade da Jennie, como disse Chaeyoung... não me pareço nenhum pouco com a sua mãe e me aceitar na sua vida, vai ser meu espaço, e não o dela. Porque Jihyun vai continuar morando em suas memórias, sejam elas fortes ou fracas. Seu pai me disse que existem muitos vídeos seus, da sua infância e crescendo, no closet dela em um dos compartimentos. Se é isso que você precisa, vai lá ver o quanto sua mãe te amava... pra você entender que mesmo que quase dezoito ou dezenove anos tenham se passado desde que ela faleceu, ninguém nunca vai te amar como sua mãe te amou e o lugar dela sempre vai ser dela. Mas que ela te amou até o ultimo segundo... e que você pode ser amada de outras formas, só precisa aceitar. – Chaewon sorriu tranquila e pegou o lenço secando uma lágrima que empacou no canto da boca dela. – Eu sinto muito que tenha perdido sua mãe cedo, sinto muito que seu pai não tenha te amado da forma como você acha que ele deveria... agora você tem a idade que a gente tinha quando cuidávamos de vocês, e bom... você sabe que a cabeça não é tão melhor do que éramos adolescentes, a diferença é só o senso de sociedade e de saber se podar. Tirando isso estamos tão perdidos quanto vocês, no meio de um monte de maturidade e experiências felizes ou traumáticas. Estávamos tentando... e ainda estamos fazendo.
Irene assentiu, entendia tudo que ela queria dizer... não estava com raiva. A Sra. Kim viu ela respirar fundo, então apoiou as mãos nas coxas pegando impulso e se levantou indo em direção a geladeira novamente, dessa vez abriu e pegou algo, então pousou na frente de Irene um Onigiri de Salmão e deixou um afago no ombro de Joohyun.
- Espero que isso te faça feliz. Entenda como algo dela pra você. – Chaewon disse, se lembrando do dia em que Irinea comprou o Onigiri para Jennie... "Estou devolvendo o favor... espero que esteja descansando em paz, querida". Então recolheu suas coisas e olhou o relógio no pulso sabendo que estava atrasada para encontrar Namgyu e Taeyeon, mas um pouquinho mais feliz por sentir que estava caminhando para uma resolução com Joohyun.
Irene abriu o Onigiri e ajeitou a alga mordendo em seguida, aquilo lhe arrancou um choro extra... saudades, sentia falta de Irinea, dos braços dela ao redor de seu corpo, do sorriso dela quando ela entregava aquilo para sua pessoa com leite de morango. Respirou devagar entre uma mordida e outra, mas não conseguia parar de chorar, e precisava de ar puro, largou suas coisas pegando apenas o celular e foi em direção ao motorista.
- Me leva para o columbário... – Ela pediu secando as lágrimas como pode. – Mas antes vamos pegar flores.
- Sim, senhora Bae.
Irene ficou quieta, fez a encomenda por mensagem e o motorista retirou na loja, segurou o buquê em seus dedos, sua mãe sempre teve dois lugares no cemitério... ela tinha a urna dela no columbário onde tinha fotos suas agora, e fotos dela com seu pai, fotos dos três e fotos com a família dela. E uma lápide, era apenas representação com mais dizeres e mais informações de praxe.
Ela desviou, iria no columbário por último.
Quando chegou na lápide, havia uma mulher ajoelhada, ela estava cavando com ferramentas e Irene franziu confusa.
- O que você pensa que está fazendo? – Perguntou confusa.
- Garota... você pode estar mais velha, mas isso não é jeito de falar comigo... – A mulher levantou o rosto e Joohyun relaxou no mesmo segundo.
- Imo Raquel!
- Joohyun! – Rael se levantou sorrindo e abriu os braços. – Oh, espera estou suja e...
- Não importa. – Irene a abraçou apertado, era bom rever a irmã mais velha de sua mãe.
- Jihyun te ensinou espanhol direitinho, ninguém fala Raquel como você... aqui nesse País. – A mulher sorriu afagando as costas dela.
- Tia... não é fácil também, né? – Sorriu. – O que está fazendo?
- Enchendo de vida. – Rael disse quando se abaixou e colocou mudinhas de flores ajeitando a grama ao redor, deixando perfeito novamente.
- Oh... posso ajudar? – Irene perguntou puxando as mangas de qualquer jeito pra cima.
- Você adorava ajudar ela... – Raquel sorriu assentindo e mostrou pra ela como fazia.
Irene não se importou no momento em que suas unhas se encheram de terra, nem quando sua aliança sujou, ou com os respingos marrons em sua camisa... ou no verde marcado em seus joelhos.
Apenas plantaram falando de Jihyun, de como ela adorava Irene, em como ela fazia tudo pela filha... na forma como a amava, e Irene no meio do que sua tia falava, começou a divagar.
"Quando comecei a fazer tudo, anulei a existência dela, e agora o medo de uma mãe que não é a minha ocupar o espaço... me fez entrar em desespero, mas eu posso ter as duas na minha vida da forma como elas são e estão..."
Quando terminou, tirou com ajuda de sua tia o arranjo, e colocou as flores no suporte da lapide lendo os dizeres que sua tia e sua avó haviam escolhido para eternizar a despedida dela.
"Filha e esposa amada. Exemplo de simplicidade. E mãe até seu último segundo."
Irene escorregou os dedos na última frase se lembrando do que Chaewon havia dito. Ela tinha sido sua mãe... e amado ser, até o último segundo.
- Vamos comigo lá dentro? A gente pode tomar um café depois... quero levar minha esposa e minha filha para a vovó conhecer, espero que a senhora esteja lá também. – Joohyun disse segurando a última flor em sua mão.
Rael assentiu, ela se parecia com Irene e Irinea, mesmo parecendo um pouco mais com a própria mãe... tinha o queixo mais pontudo e olhos gentis, um sorriso adorável, o cabelo não batia muito além dos ombros e a franja agora estava solta do chapéu. Segurou a mão que a sobrinha esticava e a puxou para perto, então a envolveu com seu braço.
- É tão bom ter você perto novamente... – Raquel sorriu a observando muito de perto. – Você lembra ela em tudo.
- Eu amo isso...
- Ela também amava. – A tia piscou um olho e seguiram o caminho abraçadas.
Quando chegaram na sala do columbário, Raquel tirou do cinto de utilidades um pano e limpou o vidro que estava com a marca de uma mão nele, se perguntou o porquê adultos deixavam crianças encostar tanto no canto de outras pessoas... e viu Irene colocando a flor no pequeno suporte no vidro, sorrindo para a foto nova que tinha sido adicionada... era ela, Seulgi e Yerim sentadas juntas na noite de Natal... Namgyu havia colocado lá.
- Omma... obrigada por mandar Chaewon pra gente, sempre foi amor... mandou alguém que precisa de amor, vamos amar ela como a senhoria faria, okay? – Disse baixo observando o rosto de sua mãe em uma foto antiga. – Eu te amo, te vejo em breve.
Quando se despediu, se aproximou da tia novamente e foram para um café, onde ficaram conversando sobre o casamento de Irene, sobre Seulgi e sobre Yerim.
[...]
Tarde da noite, Joohyun já havia colocado a filha para dormir, e estava na sala interativa com a televisão ligada, tinha voltado na casa de seu pai e pegado suas coisas, assim como a caixa com os DVD's antigos que continham os vídeos de sua infância. Estava embolada na coberta como um sushi, sorrindo entre as lágrimas vendo Irinea dançar com sua pessoa.
A porta se abriu, Seulgi estava em um terno ainda, tinha acabado de chegar de uma viagem... tinha ido dar um Workshop em uma das filiais da BaeTech, mas quis ir direto pra casa porque estava com saudade de sua família.
- Baby... – Disse observando ela e a tela. – Oh... é a sua mãe.
Joohyun se descobriu no mesmo segundo, e abriu os braços pra ela... que foi, se aninhou contra a esposa e escutou ela contar sobre o dia dela, de fundo a risada contagiante dos três se fez como trilha sonora... e Seulgi sentiu ainda mais afeto por Chaewon, algo em si gostava daquela mulher... talvez pela cabeça estratégica dela... ou talvez apenas porque ela fosse transparente, mesmo com os medos das outras, sabia que a mãe de Jennie era genuína na alegria, mas também na dor.
E passou a madrugada vendo vídeos que pareciam acalentar o coração de sua esposa, que não se importou quando dormiu ainda segurando ela.
Irene apenas deixou um beijo no dorso da mão de Seulgi, a amava nos pequenos e nos grandes gestos.
[...]
Irene apertou os olhos ao acordar, piscou algumas vezes quando conseguiu abri-los e levou um susto com uma trovoada, a cortina estava aberta e podia ver a tempestade que caía do lado de fora, os relâmpagos clareavam todo o ambiente de tempos em tempos. Sentiu os braços da esposa em sua cintura e olhou para o lado e Kang estava dormindo tranquilamente com os lábios entreabertos... sorriu negando, era adorável
Levou o dorso da mão em seu rosto, acariciando calmamente e então se virou, procurando o relógio.
Bocejou preguiçosa quando viu que ainda tinha tempo para dormir até o despertador, eram três e meia da manhã, logo voltou a se deitar, sentiu Seulgi a abraçando mais forte e sorriu depositando um beijinho em sua testa após retirar a franja do caminho. Passou um dos braços pelos seus ombros na intenção de dormir, mas abriu os olhos encarando o escuro, como se o sono tivesse desaparecido naquele segundo, vincou as sobrancelhas se obrigando a voltar a dormir.
- Não é possível. – Murmurou se irritando quando percebeu que seu sono simplesmente tinha ido embora.
Sentiu a garganta seca, uma agitação anormal para se levantar e ir beber água... rolou os olhos se desvencilhando como conseguiu da esposa com cuidado para não a acordar e colocou o roupão de seda sobre o pijama e saiu do quarto prendendo os cabelos.
No meio do corredor, observou a porta do quarto de Yerim, estava encostada e não havia muito tempo desde que havia ido até lá ver como estava, mas ainda assim, segurou a maçaneta e abriu um pouco, não fez nenhum barulho para não acordar a menina, mas seu coração deu um pulo quando escutou o soluço e o cobertor embolado em seu corpo.
- Filha. – Murmurou abrindo a porta um pouco mais e entrando no quarto com o coração apertado, A menina pareceu não escutar e quando mais se aproximava, mais alto estava seu choro. Se abaixou ao lado da cama e pensou em um jeito de não a assustar, mas não tinha muito o que fazer. – Filha.
A menina na mesma hora retirou o cobertor do rosto e encarou a mãe com os olhos arregalados, foi somente alguns segundos para um trovão soar mais alto e ela tremer voltando a chorar sem conseguir falar. Irene quis chorar junto se lembrando que Yerim tinha medo de tempestades.
- Ei, está tudo bem. – Sussurrou passando a mão em seus cabelos e beijando.
- Está chovendo... muito. – Disse entre os soluços, conseguia perceber o medo em sua voz trêmula e insegura.
Joo-hyun suspirou e deu impulso para se levantar, se sentou na cama dela e chamou sua atenção outra vez, abrindo os braços.
- Vem aqui.
Não precisou de muito, Yerim se levantou rapidamente, se sentou e não demorou, estava segura nos braços da mãe, agarrou sua blusa como se o mundo fosse literalmente acabar. Irene passou os braços pelos ombros da menina, colocando sua cabeça em seu peito, uma posição protetora que se lembrava de muitas vezes ter ficado sua mãe quando estava chovendo, com a outra mão, abafou seu ouvido, diminuindo o barulho dos trovões.
- Está tudo bem. – Murmurou beijando o topo de sua cabeça. – Estou aqui com você.
- Estou com medo.
- Você pode sentir medo, sua omma está aqui para te proteger de tudo. – Bae fechou os olhos e deitou a bochecha da cabeça da filha. – Eu sei que a chuva pode ser assustadora, mas ela não vai te atingir, não vai chegar até você. – Percebeu que as cortinas da menina estavam totalmente fechadas, pensou no medo de que ela já não tinha passado com as tempestades torrenciais que acontecia em Seoul e a abraçou mais forte.
Yerim soluçou e se encolheu mais quando outro trovão soou, se sentindo segura nos braços de Joo-hyun.
- Sabe... eu também tinha muito medo de tempestades. – Irene disse na intenção de distrai-la. – Eu corria para o quarto dos meus pais ou me escondia debaixo da cama... – Riu baixinho negando. – Até minha omma ir até o meu quarto e me resgatar.
Yerim ainda estava com medo, mas sorriu fraquinho com aquela conversa. – Ela sempre vinha, em toda tempestade. – Irene se pegou desprevenida quando se emocionou pensando em Irinea, engoliu em seco e Yerim percebeu a pausa, pensou em quantas vezes Irene não tinha chorado sozinha no quarto após Irinea falecer e isso a deixou triste, apertou a cintura dela mais forte.
No fundo elas não eram tão diferentes assim, ambas sentiam saudades de coisas que nunca iriam voltar.
- E então ela me ensinou uma coisa... quer aprender? – Yeri assentiu prontamente. – Quando soar o trovão, você irá contar o intervalo até o próximo e quanto mais longe você conseguir ir, mais longe a tempestade estará de você.
- Isso... – A menina perguntou baixo. – É verdade?
- Sim. – Joo-hyun assentiu, retirando a mão de seu ouvido e passando pelo seu rosto, limpando as lágrimas e ajeitando seus cabelos. Mas então seu corpo tremeu com o trovão. – Vamos, um...
- Dois... três... – E outro trovão soou. Assentiu quando Yerim a encarou. – Um... dois... três... quatro...
- Está vendo? Está indo embora. – Sorriu fraco.
- E... se o trovão soar no um?
Joo-hyun beijou sua testa. – Então você conta novamente até o dois até o três, quatro... – Explicou. – Esteja sempre atenta ao quão perto ou longe a tempestade está de você, quanto mais atenta estiver, mais preparada e pronta para enfrentá-la você vai estar, seja corajosa, mesmo com medo... – Passou os dedos em seus cabelos, os jogando para o lado. – A coragem é o seu escudo, filha e só com ela você vai conseguir vencer o medo das tempestades...
Yerim suspirou. – A senhora acha... que eu sou corajosa?
- Eu tenho certeza. – Sorriu segurando seu rosto. – Você é a menina mais corajosa que eu conheço... – E então outro trovão, Yerim tremeu e seu corpo retraiu, mas ao invés de voltar a chorar ela apertou os olhos e contou nos dedos até oito. – Muito bem.
- Está tudo bem? – As duas levaram um susto com a terceira voz e encararam Seulgi entrando no quarto com a feição preocupada. – Acordei com você levantando e vi a chuva, vim ver como Yerim estava. – Disse baixo e somente quando a menina moveu a cabeça, viu que ela estava acordada.
- Vai ficar tudo bem. – Irene sorriu quando Kang se sentou na cama e Yerim segurou sua mão, ainda braçada em sua cintura. – É só medo de tempestades.
Seulgi sorriu se aproximando e passando a mão pelo rosto da menina de forma carinhosa. – Não precisa ter medo, estamos aqui. – Sussurrou. Yerim fez biquinho e voltou a chorar, mas não tremia mais, estava chorando de emoção. Kang trocou de lugar e sentou-se do outro lado de Yerim, a abraçando junto com Irene, a deixando no meio delas enquanto ela se acalmava e assim passaram a noite toda, até Yerim estar ressonando tranquilamente.
Não faziam ideia se estavam certas ou não, Yerim estava bem, era o que importava, o resto se resolvida depois.
Na manhã seguinte, Irene estava encarando a caneca de café, Yerim estava no banho, a chuva tinha diminuído e Seulgi terminando de se arrumar para irem para a empresa.
- Que sorriso lindo. – Bae saiu dos pensamentos quando sentiu braços firmes por sua cintura e o perfume inconfundível da esposa, beijos em seu pescoço e uma mordidinha antes de se virar nos braços dela. – No que estava pensando? – Seulgi murmurou.
- Na minha mãe. – Murmurou deixando a caneca de café no balcão, abraçando a esposa pelos ombros. Kang sorriu. – Essa madrugada me fez pensar nela, e olha que estou quase batendo meu recorde de pensamentos na "Dona Nenê"... eu costumava ser uma garotinha assustada pela tempestade e ela sempre vinha ao meu resgate e quando acordei... – Suspirou. – Senti uma inquietação estranha, não costumo levantar, mas o fiz e passei pelo quarto de Yerim, quando a encontrei chorando...
- Sua mãe lá de cima falando "Vamos Joo-hyun, seu bebê está com medo da chuva, é hora de você ser a moça crescida e segurar ela..." – Bae sorriu com a fala da esposa e automaticamente sentiu seu peito apertar em saudade. Abraçou seus ombros com os olhos fechados e Kang a abraçou apertado de volta. – Obrigada por ser uma omma incrível para a nossa filha. – Joo-hyun soluçou baixinho com a fala de Seul, sentiu-se ser abraçada com mais força e deixou vazar um pouco da saudades absurdas que estava apertando seu peito naqueles dias.
[...]
Irinea sentiu o corpo magrelo de sua filha contra o seu quando o primeiro trovão soou, riu baixinho já passando os braços ao seu redor, depositando um beijo em seus cabelos.
O corpo magrelo sacudiu de susto e braços firmes passaram ao seu redor, uma risadinha leve e então um beijo entre seus cabelos.
- Não precisa ter medo. – Jihyun murmurou quando Joohyun se afundou ainda mais em seu peito.
- Mas... eu tenho. – Sussurrou, tremendo novamente quando outro trovão soou. – É um barulho muito alto.
- Hm... quando eu era pequena, também tinha medo. – Sorriu quando a filha lhe encarou, passou a mão carinhosamente pelo seu rosto. – E sua avó me ensinou a contar os intervalos e quanto maior o tempo, mais longe o trovão estaria até que desaparecesse.
Outro trovão soou fazendo a pequena Joohyun tremer ainda mais, agarrou os dedos no casaco da mãe. – Um...
- Isso... – A Sra. Bae assentiu contando com ela até o seis, quando mais um trovão soou. – Não desista, vamos, você consegue.
- Um... – A menina voltou a contar. – Cinco... seis... – E se encolheu, esperou, mas nenhum barulho foi ouvido.
- Siete... – Sua mãe sussurrou. – Ocho... – E então o trovão cortou o céu, mas notou que ela não tremeu, apenas se encolheu. – Viu? Está mais longe e longe... – Segurou seu rosto para beijar sua testa, os olhos da filha eram escuros e brilhantes como os seus, eram idênticas afinal. Tão curiosos e cheios de vida... – Eles não podem te atingir.
- Y si suena en el uno?
- Conte novamente até conseguir chegar no dois e então no três, quarto... – Explicou. – Esteja sempre atenta ao quão perto ou longe a tempestade está de você, quanto mais atenta estiver, mais preparada e pronta para enfrentá-la, seja corajosa, mesmo com medo... – Sorriu de lado. – A coragem é o seu escudo, minha filha e só com ela você vai conseguir vencer o medo das tempestades...
- Eu sou corajosa, Mama! – A menina disse e logo em seguida um trovão soou novamente...
A mãe a observou tremer e se encolher, mas diferente de antes, fechou os olhos, respirou fundo e os abriu iniciando a contagem concentrada. – Você é o meu orgulho, Joo-hyun.
Joo-hyun perdeu a conta para sorrir abertamente para a mãe, ganhando mais um abraço e um beijo entre os cabelos.
- Continue contando que vou buscar nosso jantar.
E do carro, Irene sorriu observando a mãe entrando na sua loja de conveniência favorita, se distraiu vendo-a caminhar em direção aos bolinhos de arroz com salmão. - Isso! - Sussurrou antes de se assustar com outro trovão. - Uno.. Dos... - Contou até se acalmar e então abriu os olhos, orgulhosa.
Voltou a encarar sua mãe, mas seu sorriso morreu quando percebeu um táxi estacionando para uma mulher e uma criança descerem, bloqueando sua visão. Não conseguia ver se sua Mama estava na ala de seu suco preferido. - Aish... - Murmurou cruzando os braços e encarando o banco a sua frente.
Só restava aguardar e... contar, afastando a tempestade. - Um...
[...]
E naquele dia, Irene não foi para a empresa, foi para a casa de seu pai, ele estava fora e foi direto para o jardim, se sentou no ambiente após dispensar todos os empregados e suspirou sentindo o peito apertado.
Tinha muita saudades transcritas em lágrimas sendo recitadas pelo seu choro tão dolorido e saudoso.
- Mama... – Sussurrou segurando um botão de flor na mão. – Sinto tanto a sua falta. – Mordeu o canto dos lábios. – Espero que esteja orgulhosa de mim... tenho Seulgi e agora nós temos Yerim, somos uma família... eu gostaria que a senhora pudesse estar aqui, mas já que não está... – Murmurou engolindo em seco. – Continue cuidado da nossa família de onde estiver. – Trouxe a flor para os lábios e beijou, inspirando o cheiro tão parecido com o perfume que ela usava, sorriu mesmo entre as lágrimas... sabia que estava a escutando, Irinea jamais a abandonaria. – Obrigada, omma.
[...]
A sensação de Dejávù se instalou no corpo de Jennie quando ela se afastou do ambiente.
O enjoo subiu tão rápido por seu corpo que saiu do quarto mesmo escutando o barulho do chuveiro e foi para o lavabo onde acabou vomitando.
- Jen... tudo bem? – Jess perguntou, tinha saído da fazenda e estava acompanhando Jennie mais vezes, afinal de contas cuidaria daquela criança que chegaria a qualquer momento e precisava entender um pouco mais sobre a vida daquelas mulheres.
- Sim. – Jennie respondeu deslizando os dedos na barriga tentando se manter calma.
- Certeza? Os enjoos já deveriam ter passado a essa altura. – Jung questionou preocupada.
- Sim, tudo bem... – Jennie mentiu. – Só preciso de um chá, vou ir para a biblioteca.
- Okay. – Jess a deixou, esperaria Lalisa aparecer para que ela conversasse com Jennie.
Jennie lavou as mãos e jogou água na boca ainda se sentindo enjoada e com muita dor de cabeça. Abriu o suporte pegando uma pasta e uma escova de dentes sentiu o gosto da pasta lhe dar náuseas, mas era melhor do que nada... o cheiro de tudo lhe enjoaria durante o dia. Quando se olhou no espelho seus olhos se encheram de lágrimas.
- O que eu vou fazer, Lara? – Perguntou olhando para baixo, e odiou o nome o descantando em seguida.
A bebê estava quieta, se perguntou se ela estava se sentindo tão assustada quanto se sentia. Abriu a porta apenas para caminhar até a biblioteca, ambiente esse que havia feito com a arquiteta... foi uma surpresa para sua esposa que havia surtado com a quantidade de livros quando finalmente puderam conhecer aquele cômodo da casa finalizado. Quando entrou se sentou em sua poltrona olhando as estantes com livros, mas pegou um dos livros e girou em suas mãos, pois estava de ponta-cabeça.
E então deu play na lista de reprodução de piano que tocava algumas músicas da Disney, no momento estava em "So Close" de Encantada.
Jennie limpou a garganta, estava lendo histórias para Lim... descartou mais aquele nome, e desde que havia começado não tinha conseguido parar, gostava da ideia de que ela escutava e prestava atenção em tudo, mesmo que não se lembrasse.
[...]
Lisa estava com a toalha ao redor do corpo e outra no cabelo, estava sem as extensões, tinha cortado as pontas novamente... em breve iria colocar tudo porque teria um pop-up da Celine, um evento da Bvlgari, e iria para a Itália acompanhar a Prada também, tinha poucos compromissos com eles, mas quando tinha era sempre algo grande.
Se secou franzindo ao não ver Jennie, pendurou as toalhas e pegou uma saia e um top, então foi atrás dela.
- Jess, você viu minha esposa? – Lalisa questionou confusa.
- Ela está na biblioteca. – Jessica disse calma.
- Aconteceu algo? – Lisa franziu confusa.
- Ela está enjoada. – Jung explicou também confusa.
- É para ela? – Manoban apontou para o chá.
- Sim, senhora.
- Eu levo.
Lalisa pegou a xícara e o pratinho, franziu sentindo o aroma subir, a biblioteca tinha cheiro de lavanda, por conta das velas perfumadas... era muito agradável.
Escutou a música tocada no piano baixo, era "Beauty and The Beast" e Jennie estava olhando para os livros perdida em pensamentos.
- Kitten... – Disse baixo para não assustar ela. – Trouxe seu chá... e... oh meu Deus, o que aconteceu? Por que você está chorando? Nossa Little Bear está bem?
Jennie fechou os olhos suspirando. – Você me ama?
- Sim... claro que sim.
Kim ofegou, sentindo sua voz quebrar. – Já pensou em me trocar porque estou grávida e...
- Que conversa é essa, Jennie? – Lalisa arregalou os olhos se ajoelhando. – Você é minha esposa, mãe do meu bebê... amor da minha vida, você está linda, você é linda... você... Jen? Amor, você significa tudo.
Jennie sentiu as mãos dela em seu rosto. – Babe... promete que eu sou a única pessoa da sua vida?
Lisa então a abraçou, entendendo exatamente o que tinha acontecido. – Oh meu amor, você viu a mensagem?
- Eu vi... – Jen fechou os olhos.
- Você não mexe no meu celular, sei disso... e não sei se é medo ou trauma. – Lisa beijou a testa dela. – Mas você pode, não tenho nada para esconder, e sempre que você estiver em duvida sobre algo pode me perguntar... mas olha...
Manoban pegou o celular da cintura e abriu a conversa, clicando no número que ainda não tinha salvado.
As mensagens eram: "Oi gostosa, estou com saudades quando a gente vai se ver de novo?" e "Não me ignora Lalisa! Sei que você não pode viver sem minha pessoa".
Apertou para chamar.
E Rosie atendeu. – Troquei de número, Bro! Tinha muita gente com o outro e isso estava quase inviável... sou mulher de família agora.
Jennie soluçou de alívio e Rosie escutou.
- Wifey? Ai meu Deus... você que viu isso? Perdão, eu sou maluca... esqueci... queria tirar uma com a cara da Lisa e esqueci que você podia ver. – Rosé colocou a mão na testa. – Meu Deus!
Jennie continuou a chorar apavorada.
- Viu? É a trouxa da Rosie, Kitten... – Lisa beijou a bochecha dela e a testa. – Onde você está? –Perguntou para Rosé.
- Em casa. – Park disse ansiosa.
- Vem aqui. – Lalisa pediu.
Em menos de dez minutos Rosie estava entrando na biblioteca, para ver Jennie chorando no ombro de Lisa.
- Oh esposinha, me perdoa... foi uma brincadeira de mau gosto. – Rosie disse se aproximando. E deslizou a mão na cabeça dela.
- A ex-namorada de Jennie traiu ela e ela descobriu por mensagens. – Lisa explicou puxando Rosie. – Eu sei que ela confia em mim, mas isso machuca... mostra seu o chat para ela, apenas para dar a garantia pra ela de que é você...
Rosé o fez imediatamente.
- Está vendo, Kitten... ela não pensa, mas não foi por mal... era Rosie. – Lisa disse baixo.
Jennie estava com o emocional esgotado, sua mãe, Irene, Jisoo, Dior, MET, THK.... a gravidez, e aquilo... a sensação era horrível, tinha sentido tanto medo... só a possibilidade de passar por aquilo novamente a deixava doente.
- Jenjen... fala com a gente. – Rosie pediu secando as lágrimas dela.
- Vai passar, só estou assustada e estava pensando em Leeyoung, Jesus... que coisa horrível, não. – Jen disse baixo e puxou a mão de Lisa. – Ela acordou, está bem devagar.
- Oi, baby bear. – Lisa sussurrou arrastando seus dedos na barriga. – Mommy, está aqui... tudo bem, bom dia.
- Bom dia, Baby Ryun! – Rosie disse, Lalisa semicerrou os olhos para ela que estava há dias tentando enfiar um nome com a letra R na cabeça de Ruby Jane e Park sentiu Jen puxar sua mão. – Ela sempre fica quieti... olha! – Rosie sentiu o empurrão em seus dedos.
Lalisa sorriu e encarou Rosé que sorriu também.
- Que situação essa que vocês me enfiam, sabe? – Jen secou as lágrimas. – Estou com fome mesmo enjoada... vamos comer, por favor.
Lisa e Rosie se levantaram, Lalisa então prendeu a cabeça de Rosé entre sua cintura e seu braço agarrando a orelha dela, e Jennie as deixou enquanto seguia elas.
- Eu sou casada, sua praga! Você não tem amor a vida não? Até parece que não está noiva da última maluca da Coréia – Lisa estava sentindo os tapas em sua lombar.
- Me solta! Eu juro que esqueci, não foi intencional. – Rosé estava com dor nas costas.
- Nunca mais faz isso. – Lalisa pediu seu coração ainda estava meio angustiado.
- Sim senhora. – Rosie assentiu respirando aliviada ao ser solta.
- Ainda bem que eu te amo e que minha esposa confia em mim, caso contrário eu ia te matar! – Lisa disse esticando a mão para Jennie que pegou pra ter apoio ao descer.
- Obrigada, pela misericórdia. – Rosie disse pigarreando.
Jen negou com a cabeça sorrindo, elas eram malucas... mas as amava, sentiu o braço ao redor de seu corpo, observou os olhos de Lalisa... o medo que ela sentia de lhe decepcionar era palpável e se sentiu triste por pensar que ela poderia fazer isso, mas seu coração machucado não tinha qualquer escolha contra seus medos, mesmo que falasse sobre isso com seu psicólogo e com o psiquiatra.
- Tudo bem Babe, obrigada por assegurar meus sentimentos. – Jen deslizou a mão na bochecha dela. – Perdão por duvidar dos seus, estou tentando superar meus traumas... gostaria de os perder de vez, você não merece isso. Só não é fácil...
- Tudo bem, obrigada por suas intenções. – Lisa deu um selinho nela.
- Vocês são fofas demais, Deus me livre causar um problema. – Rosie disse descascando uma banana.
- Imagina se quisesse! – Lalisa resmungou.
- Sh... – Jennie deu mais um selinho nela, fazendo o foco de Lisa voltar a sua pessoa e sentiu os dedos em sua barriga. – Alguém está com preguiça hoje...
- Você está devagar hoje, amorzinho? – Lisa voltou a conversar com a bebê.
As funcionárias estavam passando e executando as tarefas, Lalisa recebeu café, e Jennie viu elas levarem a comida para a mesa.
[...]
Irene estava encarando a tela do computador pensativa, não estava tendo um dia produtivo, sua mente estava longe, mas as responsabilidades exigiam que estivesse presente na empresa, mesmo que somente de corpo para assinar documentos. Ainda estava pensativa se deveria ou não ligar para seu pai ou Jennie... talvez os dois.
Alguns dias haviam se passado desde o incidente, Yeji havia lhe enviado flores nos dias seguidos, desejando que estivesse melhor e para não hesitar em ligar para ela caso precisasse, Soojin havia voltado com elas para Seoul e passaria a semana fazendo companhia para Irene e lhe deixando o mais confortável possível. Não era um período fácil e bastou breves explicações de Seulgi para a Sra. Kang entender que Irene precisava da família o mais próximo possível.
Foi tirada de seus pensamentos quando alguém bateu na porta, não podia ver quem era, pois o vidro estava embaçado, precisava de toda privacidade possível, mas se não havia passado por Hwasa, com certeza era alguém autorizado. Pediu que entrasse e levou um susto quando encarou Namgyu em um de seus ternos mais elegantes.
- Appa...
- Vou te levar para almoçar. – Ele mesmo interrompeu apontando para o lado de fora. – Por favor, vamos.
- Eu tenho algumas coisas e...
- Não tem, estou te dando folga pelo resto do dia. – Disse sério e incisivo. – Você pode cuidar disso amanhã.
- Appa...
- Kang Bae Joo-hyun. – Namgyu disse sério fazendo Irene engolir em seco e assentir.
Se levantou após desligar o computador, ajustou o blazer preto em seu corpo e agarrou a bolsa, caminhando em direção a ele, que mantinha a porta aberta.
- Hwasa, Yerim vai para a casa dos Choi após a aula, não precisa se preocupar com o carro. – Irene avisou e a secretária assentiu. – E diga a Seul que os documentos que ela precisava da minha assinatura já estão no e-mail dela.
- Sim, senhora. – Hwasa assentiu e então os três se despediram.
Pai e filha caminharam em silêncio até o elevador, alguns funcionários impediram que qualquer conversa se desse início... mantiveram assuntos breves antes de seguirem para a entrada principal. O carro esportivo de Bae estava parado, com alguns seguranças e Chan ao redor... Namgyu se adiantou e abriu a porta para a filha, dando a volta e se sentando no banco de motorista.
- Onde vamos? – Irene perguntou querendo muito quebrar o clima estranho, o silêncio incômodo que há muito não se fazia presente entre eles.
- Hm... almoçar. – Namgyu respondeu simples, fazendo uma curva e pegando a avenida principal.
Irene assentiu respirando fundo e mantendo o foco no trajeto que faziam. Não queria conversar e sabia que ele também não, talvez todos aqueles dias ainda não tivessem sido o suficiente...
E definitivamente não havia sido, Namgyu sabia, pensou em não ir atrás da filha... ela precisava de tempo..., mas lembrou-se que da última vez que Irene precisou de tempo, assim como ele, aquilo causou sua menina indo para longe, sozinha, no momento em que mais precisava estar perto e segura em seus braços.
Era um homem falho, havia errado em muitas coisas, mas com Irene não queria mais errar.
Demoraram um pouco para chegar ao destino, Joo-hyun reconheceu no mesmo instante o pequeno e antigo restaurante que eles gostavam de ir para comerem em paz. Encarou Namgyu e ganhou sua atenção...
- Vocês gostavam de vir aqui. – Ele disse com um sorriso fraco nos lábios. – E depois de tudo... acho que nunca mais viemos.
- Eu venho aqui todos os anos. – Irene respondeu, deixando-o brevemente surpreso. – Foi estranho quando voltei e pude vir aqui sozinha e pedir uma bebida como vocês dois faziam. – Riu baixo voltando a atenção para o estabelecimento. – Os anos passaram tão rápido ao mesmo tempo em que parece que está tudo igual. – Confessou.
Bae observou a filha por um tempo e mesmo pensando em todos os erros e descaminhos, se deixou sentir orgulhoso pela mulher incrível que ela havia se tornado. Muito daquilo devia a sua outra metade, mas tinha muito do ser humano que Joo-hyun era, filha, esposa, mãe... ela tinha ficado bem, afinal.
Ainda em silêncio, eles entraram, escolheram uma mesa mais privada, não estava muito cheio, mas o suficiente para ganharem alguns olhares. Namgyu pediu para que lhes servissem soju, iriam escolher o que comer depois.
- Trouxe Seul aqui? – Bae perguntou e a filha negou.
- Ainda não tive a oportunidade, quanto estávamos namorando fomos a outros lugares e depois não tivemos muito tempo para isso... – Explicou passando a mão pelos cabelos.
- Está criando memórias com sua família? – Namgyu perguntou interessado, agradeceu quando a garrafa foi posta sobre a mesa e dispensou o garçom, servindo aos dois.
- Estou. – Joo-hyun sorriu sem nem perceber. – Aos domingos almoçamos com o senhor, visitamos os Kangs e uma vez por semana jantamos todas juntas, Seul cozinha, Yerim faz bagunça e come a sobremesa quase toda antes do jantar e por fim, vemos um filme. – O encarou. – Às vezes comemos em um restaurante duvidoso em Hongdae que elas gostam.
- Muito bem. – Concordou lhe estendendo o pequeno copo.
Irene pegou o mesmo e abaixou a cabeça, brindaram rapidamente antes de beberem de uma só vez, com Joohyun virando o rosto e escondendo a bebida, como mandavam as regras. Namgyu pousou o mesmo na madeira e suspirou antes de começar a falar.
- Sei que talvez você ainda não queira conversar sobre o acontecido, você precisa do seu tempo para absorver as coisas e eu não poderia lhe respeitar mais, mas a verdade é que... – Ele pausou procurando as palavras certas. – Existem algumas coisas que não podem ser adiadas e não querer conversar sobre isso dizendo que é em respeito a você, é uma mentira... parte disso é apenas o meu próprio medo, a minha mania de me esquivar das coisas que não sei exatamente como resolver. – Disse com tanta sinceridade que Irene não conseguiu lhe responder. – A última vez que fiz isso... permiti que você fosse para longe de tudo e todos quando era apenas uma criança e isso nos custou anos de um vínculo tão lindo que tínhamos como família...
- Appa... – Irene murmurou estendendo a mão e segurando a sua, acariciando o dorso da mão do homem com carinho. – O senhor fez o que tinha que fazer e ninguém lhe deu um manual de como lidar com a vida...
- Tudo bem, mas hoje vejo que foi um erro... – Disse. – E eu não quero errar de novo, quero fazer diferente e evitar que qualquer coisa esteja entre nós dois. Eu sou seu pai, você é minha filha... – Sorriu. – Por anos nos sentimos sozinhos enquanto tínhamos um ao outro... somos família e eu não suporto a ideia de pensar em você se afastando de mim. – Joo-hyun sentiu um nó na garganta o escutando falar com tanto carinho. – Primeiramente, queria iniciar essa conversa lhe pedindo perdão. – Irene vincou as sobrancelhas. – Por ter feito Seulgi mentir para você.
- Oh...
- Não foi certo da minha parte colocá-la nessa situação. Já pedi desculpas a ela, nós conversamos pela manhã.
- Tudo bem. – Assentiu. – Seul é puro coração, o senhor sabe... ela quis ajudar o senhor em uma situação que sabia ser complicada demais e ao mesmo tempo não se achou no direito de falar comigo, não era algo para ela me falar...
- Não era. – Namgyu suspirou assentindo. – Sei que você possui ressalvas com Chaewon. – Joo-hyun desviou o olhar encarando o pequeno copo, escolhendo não compartilhar alguns pensamentos com ele.
- Appa... – Irene fechou os olhos e Namgyu permitiu que ela o interrompesse. – Só... – Voltou a encará-lo. – Só seja sincero comigo. Não me esconda as coisas com medo de que eu me machuque ou o que quer que esteja pensando... sou estourada às vezes, emocional demais e tenho meus defeitos, mas no fundo... o senhor é meu appa e não há nada que verdadeiramente me faça não... ao menos, respeitá-lo. – Pediu. – Eu sei que não tenho direito de pedir isso ao senhor, demorei anos para falar sobre a minha sexualidade, depois veio meu relacionamento com Seul..., mas desde então eu venho tentando ser o mais sincera que consigo com o senhor, o mais aberta também. – Explicou com calma, ainda acariciava sua mão. – Tenho dificuldade em me comunicar, mas estou aprendendo... com Yerim o quão necessário isso é... quero que minha filha saiba que eu sou a pessoa com quem ela vai poder contar a todos os momentos, bons e ruins e quero que o senhor sinta o mesmo em relação a mim.
- Eu sinto. – Bae assegurou com um sorriso. – Mas algumas coisas eu... não sei como explicar... não ainda.
- E nós vamos descobrir juntos. – Sorriu. – Eu só preciso que o senhor fale comigo. – Ela esperou um momento e então Namgyu a encarou nos olhos.
- Posso ser sincero? Mesmo que eu diga coisas que...
- O senhor pode me dizer qualquer coisa. – Afirmou.
- Eu sinto falta da sua mãe mais do que qualquer coisa nessa vida. – Bae disse baixo a pegando de surpresa. – Eu deixaria tudo para trás se eu tivesse a oportunidade de segui-la... e sentir de novo a sensação de estar próximo a ela. – Irene sorriu assentindo. – Todos esses anos e eu ainda não me acostumei totalmente com a ausência de Jihyun e acho que nunca irei. Nunca. – Serviu mais um pouco de soju para eles. – Mas desde que não posso estar perto dela, eu gostaria de cumprir o que sempre nos prometemos... que, sem nos importarmos com os caminhos da vida, iríamos ser felizes. – Irene tomou o líquido transparente, mas ele demorou um pouco mais para descer daquela vez. – E eu fui. – Assentiu. – Mesmo sem ela, eu fui feliz tendo você... eu sou feliz sendo seu pai... fui feliz vendo você crescer, na BaeTech, no seu casamento, vendo você e sua família..., mas existe um tipo de felicidade específica que eu não me importei de ir atrás ou de ter novamente em minha vida... – Deu de ombros. – Até... – Joo-hyun precisou de mais um pouco de soju quando as bochechas de Namgyu ficaram avermelhadas. – Até conhecer Chaewon.
- Deus... – Irene sussurrou colocando mais da bebida para seu pai. Bae deu a ela um tempo para digerir aquela informação, estava nervosa e apreensiva, ela estava com os olhos fechados e parecia em um enorme dilema.
- Não pedi para ser ela, nem para que fosse veloz como tudo parecer ser nessa família nova que nós criamos com todas as mulheres que nos cercam, mas Chaewon... ela já passou por muita coisa também e estivemos muito tempo juntos, conversando, inicialmente sobre Jennie, mas depois sobre a vida e tudo que já aconteceu... e de alguma forma, ela me fez... – Encolheu os ombros. – Eu me sentir bem com outra pessoa. A companhia, o jeito... ela, ela tem algo... – Passou a mão no peito. – É estranho falar... – Se remexeu e Irene respirou fundo sabendo que era o seu momento de não ser egoísta e pensar somente nele... deveria ser tão estranho para ele quanto era para ela.
- Está tudo bem. – Joo-hyun chamou sua atenção, o surpreendendo. – Pode falar com calma...
- É estranho verbalizar que... – Encarou a mesa. – Outra pessoa pode fazer eu me sentir assim...
- Como? – Disse baixo, procurando deixá-lo confortável o suficiente para falar.
- Como se eu quisesse estar vivo a cada segundo e sentir... quando meu coração bate um pouco mais forte. – Namgyu disse baixo procurando ler e antecipar cada reação no rosto da filha.
Irene procurou o que dizer, não tinha muito para além do fato de que não podia não ser a filha que Namgyu merecia, mesmo com suas ressalvas e desconfianças.
- Acho que talvez esse seja o meu momento de... começar de novo. – Ele disse apertando a mão da filha. – Sua mãe sempre terá o local mais importante dentro do meu coração, eu nunca irei esquecê-la ou desonrá-la, Chaewon sabe..., mas... eu estou vivo. – Sussurrou, dizer aquilo parecia injusto mesmo sabendo que não era. – Eu recebi essa nova chance, nasci de novo e repensando em tudo que vivi até aqui desde que saí do hospital, nas conversas que tive... no amor que vi cada uma de vocês compartilharem... eu amo essa sensação e talvez seja a minha oportunidade de... me sentir assim outra vez e fazê-la feliz também... – Suspirou. – Mostrar a Chaewon que ela merece ser feliz com uma pessoa que a respeita, admira...
- O senhor... a ama? – Irene sussurrou.
- Acho que é cedo para falar em amor..., mas talvez paixão? – Namgyu encolheu os ombros como um adolescente falando sobre seus sentimentos, acanhado.
- O senhor está feliz?
Namgyu levou um tempo, olhou para a mão junto a da filha antes de suspirar e por fim, assentiu. – Eu sou feliz, minha filha. – Confessou. – Mas eu me sinto ainda mais feliz agora... se é que você me entende.
- Appa. – Joo-hyun suspirou negando, se levantou e deu a volta na mesa, sentando-se ao seu lado e o abraçando apertado. – Me perdoa se pareceu... que... de alguma forma eu não quisesse vê-lo feliz.
- Está tudo bem, querida. – Ele sussurrou acariciando suas costas. – Eu não pensei nisso, nem por um minuto.
Eles se afastaram e Irene tocou o rosto do pai carinhosamente, olhando em seus olhos. – O senhor merece ser feliz, merece sentir tudo do mundo. – Sorriu de lado. – Não foi justo da minha parte julgá-lo, logo o senhor que nunca me julgou, pelo contrário... sempre me apoiou, principalmente quando mais precisou.
- Ninguém te deu um manual de como ser a filha perfeita e para mim está tudo bem, você não é perfeita, eu não sou, ninguém é e é por isso que eu amo você tanto. – Ele disse. – Eu sabia que você iria precisar de um tempo, eu tive o meu e nada mais justo do que respeitar o seu, mas estou feliz que conversamos e que fizemos diferente dessa vez.
- O senhor fez o melhor que pode em todas as vezes, espero que nunca se culpe por nada... o senhor é o melhor appa que alguém poderia ter e eu o amo demais. Não quero que se machuque nunca. – Joo beijou sua testa. – Assim como reconheço que Chaewon fez o que fez na mesma posição que o senhor... posso partir daí.
- Eu sei me cuidar. – Namgyu sorriu. – E obrigada por isso, por me apoiar.
- Sempre, senhor Bae. – Hyun sorriu o abraçando novamente, se perdendo um tempo naquele abraço com sensação de casa.
O almoço correu tranquilo, não conversaram muito sobre o tópico atual, mas sobre futebol, estavam decididos em investir no FC Seoul, nas férias de Yerim, Jennie e... Baetech, afinal, ambos eram completamente obcecados pelo trabalho que desempenhavam e era natural quando conversavam sobre.
Quando voltaram para a cidade, Namgyu deixou Irene em casa com um presente para Yerim e vinho para a nora.
Irene deixou tudo sobre a bancada, ainda estava cedo e elas não haviam chegado ainda... foi para o escritório, encarou o celular e pensou em ligar pra Jennie, mas desistiu, queria falar com ela pessoalmente. No entanto, seu celular tocou um tempo depois, de primeira ficou confusa com o número, mas se pôs a ler.
"Olá, Joo-hyun...
primeiramente quero me desculpar por tornar as coisas um pouco difíceis entre você e seu appa, não é e nem nunca foi a minha intenção, não quero causar mais sofrimento ou desentendimentos a ninguém. Fico feliz que tenham conversado, ele parecia bem animado e preocupado para ter esse almoço com você...
Ele a ama mais do que tudo, mas disso você sabe... quanto a Jennie, sei que só está preocupada com sua irmã, mas não se preocupe tanto, estou me esforçando para ser melhor para ela como merece, sei que estamos sendo redundantes sobre isso, mas vou continuar afirmando se for isso que vai tranquilizar vocês... e vou ser melhor para essa família tão incrível que compartilham, me sinto honrada de ter uma segunda chance aqui.
Quanto a Irinea, por quem tenho o máximo respeito... não quero tomar o lugar dela, nunca... e estou te garantindo isso mais uma vez... não quero, nem na sua vida e nem na de Namgyu, reconheço meus limites e os espaços em que me encaixo... e me coloco à sua disposição para um café e uma conversa diferente da que tivemos na cozinha, é importante para mim que você entenda a sinceridade com que profiro todas essas palavras. Se mantenha saudável e entre em contato comigo quando se sentir pronta.
– Kim Chaewon."
Joo-hyun suspirou encarando a mensagem sem saber o que responder e por hora achou melhor assim... de alguma forma sabia que Chaewon também não esperava uma resposta, sua mensagem havia deixado claro... quando ela estivesse pronta.
Irene não se sentia pronta ainda.
[...]
- Aish, tudo bem. Farei o pagamento, está tudo bem.
Chaewon estava sentada no jardim com um livro quando escutou a voz de Namgyu, desviou a atenção da leitura e o encarou por alguns instantes. Estava de pé assinando algo em um pasta que Chan segurava, então sorriu para ele batendo em seu ombros e se afastaram.
- Muito trabalho? – Kim perguntou deixando o livro sobre as pernas cruzadas, se acomodou melhor apoiando no cotovelo.
Bae sorriu quando a percebeu, se pondo a caminhar em sua direção. – Família.
- Soube que Kim Jisoo andou aprontando... – Deixou no quando Namgyu riu negando.
- Quem te disse?
- Ninguém. – Chaewon sorriu. – Não importa.
- Suas fontes...
- Como todos vocês.
Ele concordou, rindo outra vez, mas então se sentou no banco ao lado da mulher enquanto era observado pelos olhos intensos dela. – Talvez ela tenha aprontado. – Disse, fazendo-a rir também. – Acho que ela estava entediada e deu início a guerra que estar por vir um pouco cedo demais.
- O que quer dizer? – Kim sentiu seu coração errar a batida com a feição nada divertida dele.
- Ela foi até Jeonjo. – Explicou lhe encarando. – Ele não gostou.
- Essa Kim Jisoo...
- Não a julgo. – Negou cruzando os braços.
- Como não? Namgyu, no que ela foi se meter?
- Tenho para mim que Jisoo demorou a ir até ele. – Negou. – Desde que você e Yuri brigaram e ela descobriu o que faziam com Yeji, eu soube que era questão de tempo. Jisoo é uma bomba relógio, ela se controla, até o controle se esvair por entre seus dedos.
- Ela é uma menina inconsequente! Isso sim! – Pontuou. Seu coração estava acelerado, com medo do que Jeonjo sabia.
Namgyu ia responder, mas quando encarou Chaewon, percebeu que toda a irritação não passava de medo, pavor da resposta que aquele incidente poderia ter.
- Chaewon. – Disse segurando seus ombros. – Vocês estão seguras, está tudo sob controle. Já estava prevendo algo vindo dela e no fundo, não faz tanta diferença assim... As coisas estão escalando rápido demais, era questão de tempo até um embate começar então que ele comece da forma que dê a ela pelo menos um pouco de paz de espirito. – Disse na intenção de acalmá-la. – Jisoo passou a vida inteira esperando por esse momento, não vou deixá-la fazer besteira.
- Namgyu. – Sussurrou deixando os ombros caírem. – O que ela fez exatamente?
Bae ponderou se contava de fato ou não, não queria preocupá-la mais do que já estava, porém, mentir também não parecia uma opção viável. Não queria ser mais um mentindo por suas costas.
- Você sabe como ela está machucada com a situação da Dior, Yuri mandou uma carta nada carinhosa a provocando e pedindo para vê-la, então ela foi até eles. – Suspirou. – Eles pediram pelo que receberam.
- Por que sinto que tem mais? – Perguntou com os olhos cerrados.
- Porque... – Bae ponderou. – Ela talvez tenha enfiado uma lâmina na mão de Jeonjo.
- Meu Deus! – A Kim mais velha arregalou os olhos levando a mão até a boca.
- Foi legitima defesa! – Ele tentou explicar o mais rápido possível quando a mulher se levantou. – Yuri tentou acertá-la com a lâmina, ela só desviou e no momento, a mão dele foi o alvo.
- Essa... menina... – Apertou a mão em punhos. – É uma maluca! E se usarem isso contra ela de alguma forma?
- Ele não vai. – Bae negou. – Jeonjo está na política, ele não pode pagar o preço de uma família destroçada e polêmica. Acidente doméstico, foi o que disseram e está feito. Já cuidei do resto.
- Eu não sei se fico tranquila ou preocupada dessa menina ser irmã de Jennie. – Suspirou passando as mãos pelos cabelos, nervosa. – Como podem serem duas malucas, mas cada uma em um nível diferente? Jennie não faria mal a uma mosca, Kim Jisoo aparentemente é uma máquina de violência e ódio, elas têm o mesmo temperamento... – Namgyu, apesar de preocupado, não conseguiu evitar o sorriso divertido quando a mulher desandou a falar e movimentar as mãos. – Já disse, ela não tem nem tamanho para o tanto de coisa errada que está metida. – Avisou erguendo o dedo. – Você deveria colocá-la de castigo, isso poderia ter saído caro.
- Ela é uma adulta, não posso colocá-la de castigo.
- Ah, mas eu vou fazer então. – Apontou para o próprio peito de tão estressada e preocupada que estava, pensava constantemente nos piores desfechos que o cenário poderia ter proporcionado. Seu coração apertado. – Ela irá ouvir um sermão da montanha e se ficar irritada... terá dois trabalhos, ficar e parar de ficar. Ela pode ser Kim Jisoo, mas eu sou Kim Chaewon e remédio para uma doida, é uma doida e meia.
- Bom... – Bae suspirou rindo esfregando as mãos nos joelhos. – Eu não posso protegê-la disso.
- E ai de você se tentar, sobra para você. E se Jennie se meter, sobra pra ela também. – Explicou no auge de sua irritação. Namgyu apenas ergueu as mãos, recuando.
Chaewon estava com o coração pesado, sequer conseguia conceber Jisoo próxima o suficiente de Jeonjo e Yuri e quase sendo ferida. Era uma irritação diferente, misturada com medo e zelo.
Retirou o telefone do bolso e logo o colocou no ouvido, cruzou os braços e bateu o pé no chão de forma ritmada até a pessoa do outro lado atender.
- Senhora Kim?
- Kim Jisoo, você tem exatos.... – Conferiu o relógio. – Trinta minutos para estar na minha frente.
- Mas...
- Vinte e nove minutos, estou contado e ai da senhorita se não estiver aqui quando eu terminar meu chá.
E desligou.
- Abusada. – Murmurou voltando a se sentar com os braços cruzados.
- Vai colocá-la de castigo?
- Ainda estou pensando.
Namgyu sorriu assentindo. – Lembre-se que ela ainda é Kim Jisoo.
- Eu pareço me importar com isso? – O encarou negando. – Eu criei Jennie Kim, estou vacinada com esse genes delas.
- Tudo bem, senhorita vacinada. – Por fim, ele se levantou e esticou a mão para Chaewon. – Me acompanha em um chá antes do caos se instaurar nesta casa?
Chaewon ainda estava preocupada, mas assentiu, segurou sua mão e se levantou. Não tinha muito o que fazer, sabia que precisava confiar nas palavras de Namgyu de que elas estavam seguras... se encararam por um tempo, como se ele reafirmasse seus pensamentos.
Elas estavam bem, por hora.
O chá foi tranquilo, mas foi interrompido quando a porta se abriu e uma Jennie Kim passou por lá exasperada, confusa e preocupada. – Omma, o que aconteceu?
- Meu Deus, vocês nasceram grudadas, foi? – Chaewon se levantou com a mão na cintura quando viu Kim Jisoo entrando com os braços cruzados e a cara mais fechada do mundo logo atrás da irmã.
- A Chu que falou que eu tinha que vir por que era uma emergência.... – Jen disse abraçada a mãe e conferindo se ela estava bem.
- Kim Jisoo, Kim Jisoo... – A Kim mais velha cerrou os olhos em direção a modelo, que sacodiu os ombros. – Está tudo bem, filha, tudo bem. – Acariciou os cabelos da filha após beijar sua testa carinhosamente. – Meu assunto é com a sua irmã.
- Hm... – Jennie se virou para a irmã ao lado de Namgyu, que estava fazendo de tudo para segurar a risada. – Ela se meteu em encrenca?
- Cala a boca, Jennie Kim. – Jisoo disse rolando os olhos.
- Jennie, minha filha, por que não vamos até a cozinha? Tem uma torta de morango que Yerim trouxe para mim, esperando por nós. – Ele esticou o braço em direção a Jennie, que sorriu assentindo. Beijou o rosto da mãe e acenou para a irmã antes de abraçar o homem e seguirem para fora da sala conversando sobre a bebê e a infinita possibilidade de nomes ruins.
- Posso ir também? – Jisoo perguntou quase sem voz para Namgyu, sentia o olhar irritado de Chaewon sobre si e por algum motivo, a aterrorizava.
- Não. Senta aí. – A Kim mais velha disse apontando para a poltrona e se viu sem escolhas, resmungou e se sentou.
- Queria deixar claro que eu vim porque eu quis! – Pontuou. – Não porque me pediu.
- Eu não pedi, eu mandei que viesse. – Deu de ombros. – Que historia é essa que você foi até seu pai?
- Eu não acredito... – Resmungou outra vez rolando os olhos.
- Eu que não acredito, Kim Jisoo. Onde estava com a cabeça? – Chaewon a encarou nervosa. – Sabe como isso poderia ter lhe custado caro? Você tem ideia de que ela poderia ter te machucado?
A modelo vincou as sobrancelhas e se levantou, irritada por estar levando uma bronca.
- Eu não sei...
- Senta! – A Kim mais velha repetiu apontando para o sofá, surpreendendo a outra. – Que eu não terminei.
Jisoo apertou as mãos em punho, mas voltou a se sentar, rolando os olhos e desviando o olhar para uma estatua no final da sala, como uma criança.
- Eles me pediram para ir até eles, eu somente obedeci. – Respondeu da mesma forma. – Eu estou cansada disso tudo, fiz o que eu tinha que fazer. Uma hora ou outra isso iria acontecer, não tem muito para onde correr.
- Jisoo... – Chaewon parou por um segundo e respirou fundo, assentindo. Eles haviam conseguido mexer com o ponto delicado em seu coração, como a gota d'agua para transbordar o copo. Encarou a modelo e se aproximou. – Eles estão te provocando para que cometa um deslize e um deslize contra seu pai, pode ser fatal. – Se sentou na poltrona ao lado. – Sei que esta cansada, todos nós estamos, não é justo, mas... – Procurou por sua mão e segurou. – Você não está sozinha nessa guerra querida, não precisa colocar toda responsabilidade em seus ombros. – A Kim mais nova encarou a mão da Sra. Kim na sua, acariciando com calma. – Não mais...
- Ela mereceu o que recebeu de você. – Sussurrou e a outra soube que falava de Yuri. – Não consigo imaginar o que Yeji sofreu em silêncio, me faz sentir dor física... eu... – Negou engolindo em seco e Chaewon viu lágrimas brotarem nos olhos dela. – Eles mereciam mais do que eu fiz, por mais que não quisesse ter feito. – Se explicou. – Estava me defendendo, ela ia me acertar.
- Eu sei disso. – Confirmou, sabia bem a velocidade daquela lamina. – E você está bem? – Jisoo assentiu, mas tinha um pesar no olhar. – Prometa para mim que não vai mais deixar que esses rompantes roubem o melhor de você... – A mais velha tentou encarar seus olhos, mas Jisoo encarou seus joelhos. – Huh...? – Levou a mão até seu queixo e o levantou, finalmente podendo encará-la.
Jisoo se sentiu tremer, tinham algo no olhar maternal de Chaewon que a fazia sentir fraca, talvez fosse seu tom de voz ou a maneira impositiva e certeira que falava, a deixava sem palavras e sem saber o que fazer, além de concordar. Já havia abandonado a ideia de odiá-la, estava em paz que não o fazia – e por mais que tivesse brigado com Irene três vezes pelo mesmo motivo – não se arrependia de sua decisão.
Algo naquela mulher a fazia com que a olhasse como igual... ou alguém superior... da mesma forma com que fazia com Namgyu.
- Faremos isso juntos. – Chaewon sussurrou quando Jisoo apenas assentiu. – Você... parece cansada.
- E eu estou. – Murmurou de volta.
- Quer um abraço? – Ofereceu e a observou em hesitação, mas sorriu fraco quando Jisoo suspirou e apenas se aproximou, encaixando o queixo em seu ombro.
A Kim mais velha a abraçou com carinho, acariciando suas costas de cima para baixo, torcendo para que se sentisse querida e segura. Chaewon entendia o coração de Jisoo e não queria que ele fosse ainda mais machucado.
- Me desculpa deixar vocês preocupados. – Jisoo murmurou com os olhos apertados.
- Já passou, Namgyu cuidou de tudo. – Se afastarem. Chaewon segurou os ombros da mais nova e sorriu, levando a mão para sua bochecha e acariciando, limpando a lágrima que escorreu. – Fico feliz que esteja bem.
Jisoo ficou em silêncio e encarou a bochecha da mais velha, observou a cicatriz ali e então levou a ponta do indicador até o local. – Ela usou a mesma lâmina, acredito eu... – Disse baixo. Chaewon deu de ombros, mas assentiu.
- Provavelmente. – Concordou.
- Bom... – Jisoo encarou os olhos da mulher e então, sorriu. – A dor que Jeonjo sentiu... considere um presente.
- Não quero esse tipo de presente de você. – Kim negou. – Seu pai me proporcionou dor e sofrimento, de você, eu quero coisas felizes e boas.
- Mas no momento, é o que posso lhe oferecer. Redenção. Vingança. – Sussurrou. – Aceite. Assim como aceitamos o que deu a Yuri naquele dia...
Chaewon ficou em silêncio, seu peito se preencheu de um sentimento diferente do que havia sentido antes. Por alguns instantes, imaginou Jeonjo em completa agonia com uma lamina atravessada em sua mão e por mais que não quisesse, se sentiu brevemente satisfeita. Jisoo reconheceu seu silêncio e sorriu, assentindo.
- Que isso não se repita. – A mais velha sussurrou.
- Eu prometo. – A modelo respondeu no mesmo tom. – A partir de hoje somente tortura psicológica.
- Kim Jisoo, Kim Jisoo...
- Brincadeira. – Jisoo piscou se levantando e esperando pela mulher. – Vamos, quero torta.
- Se ainda tiver alguma coisa.
E a conversa se encerrou, não tinha nada além para ser dito.
Quando chegaram na cozinha, Namgyu e Jennie estavam sentados á mesa, rindo enquanto conversavam animados, mas logo se distraíram com as duas entrando pela porta.
- Hm... está de castigo? – Jennie provocou a irmã depois de morder um morango e foi prontamente ignorara por Jisoo, que se sentou ao lado de Bae e encarou a torta como uma criança. – Não me ignora...
- Larga de ser chata com sua irmã. – A Kim mais velha disse para Jennie, empurrando seus ombros enquanto Namgyu servia mais dois pedaços.
- Para a senhora de defender ela, a sua filha sou eu. – Jen cruzou os braços emburrada.
- Vocês duas, chega. Comam! – Namgyu disse com a voz séria, mas sem realmente estar nervoso. Engoliu a risada quando ambas resmungaram, mas encararam seus pratos, comendo.
Levantou o rosto para Chaewon e não aguentou, sorriu junto com ela, negando em seguida e voltando ao assunto de antes.
[...]
Lalisa se aproximou observando Jennie, ela estava andando de um lado para o outro na sala com o telefone. O vestido mostrava a barriga levemente protuberante com o bebezinho delas que crescia dia após dia.
Se sentou no sofá a olhando, não tinha ideia do porquê, mas sua esposa gravida havia atingido um nível diferente de beleza. E quando seu olhar se cruzou com o dela, viu ela arquear a sobrancelha e sorrir. Esticou a mão, e ela pegou... a puxou devagar, até que estivesse em seu colo.
- Não, a gente não tem tempo, em dezembro temos que apresentar a coleção de inverno e Jisoo precisa desse vestido pronto. – Jennie disse tranquilamente e sentiu Lalisa encostar a cabeça em sua barriga. Deslizou os dedos entre o cabelo dela devagar.
Manoban ergueu a cabeça, e beijou o pescoço dela, mordendo em seguida, ganhou um apertão no ombro, sorriu contra a pele dela e a escutou falar por mais cinco minutos, enquanto apertava a bunda dela.
- Lalisa Kim Manoban. – Jennie murmurou brava ao terminar.
- Shhh! – Lisa sorriu enchendo a boca dela de beijos. – Você está tão gostosa sendo mãe do nosso bebê, posso fazer mais com você?
Jennie revirou os olhos sorrindo. – Babe...
- Sério, meu Deus... – Manoban voltou ao pescoço dela. – Você está absurdamente gostosa.
- Mhmmm...
- Não acredita? – Lisa ergueu os rosto. – Vou te comer só pra provar meu ponto então. – A beijou devagar.
- Ah, mas não vai... estamos atrasadas! – Jen mostrou o relógio e Manoban que praguejou o momento que decidiu ser dona de uma empresa.
E elas saíram rapidamente para a TBL, pois iriam discutir algumas coisas com alguns artistas, inclusive, Jennie o feria como representante da THK naquele momento. E as reuniões foram mais tranquilas e promissoras do que esperavam.
Jennie estava encostada em sua esposa, olhando ao redor... amava a vista de Seoul dos prédios altos que frequentava.
- Tenho um nome...
Lisa sorriu concordando. – Eu também.
- Um nome bom hein, Lalisa... – Roseanne disse se levantando do sofá ao terminar a ligação, Sooyoung havia dito que o carro estava a esperando. – Eu vou deixar vocês, preciso ir com Alice escolher mais alguma coisa indispensável que um casamento com uma bilionária requer... só Deus sabe a quantidade de coisas indispensáveis que eu já fiz essa semana. – Ela se aproximou, beijou a bochecha de Lisa e deu um abraço mais apertado em Jennie, ela estava lidando com muita coisa também, se sentia preocupada com a gestação dela. – Aliás, deixa eu fazer uma pergunta... porque Little Bear... e não Little Kitten? Já que você é Kitten?
Jennie fez um som nasal. – Porque minha queridíssima esposa, não me chama de Kitten porque é um apelido fofinho... ela me chama de Kitten porque segundo ela, meus olhos ficam ainda mais felinos quando estamos...
- Oh! Okay! Isso ai! Little Bear! – Rosie assentiu, fazendo um carinho permitido na barriga de Jennie e semicerrou os olhos para Lisa. – Sua pervertida.
- Heuy! Tchau Roseanne, Tchau! – Lalisa a puxou abraçando e empurrou em direção a porta em seguida.
Jennie negou com a cabeça vendo elas implicando, sorriu para a piscadinha de Rosé e enviou um beijinho no ar para ela, em seguida sorriu se sentando na cadeira da presidência e olhou ao redor. Estava meio alheia a tudo, focada em poucas coisas... não viu Lalisa voltando, mas viu quando ela se apoiou na mesa ao lado da cadeira e colocou as mãos nos bolsos.
- Leeseo. – Lisa ofereceu o nome, estavam no quinto mês, as coisas tinham cores e decorações, sentiam que era hora de definir o nome da bebê que estava por vir.
E Jennie gostou de como aquele nome soou na boca de sua esposa. Então olhou para baixo era muito boa a sensação de que o amor de seu amor estava crescendo em seu ventre.
- Leeseo Kim Manoban. – Ruby Jane murmurou, e sentiu ela empurrando sua barriga com o pé. – Eu acho que ela gostou.
- Está mexendo? – Lisa perguntou animada.
- Está sim, não é meu bebezinho? – Jennie sorriu e viu Lalisa se aproximando.
Logo ela estava de joelhos e com o rosto perto, falando contra a barriga exatamente onde a bebê chutava. Jennie deslizou a mão no cabelo preto cumprido, observou o quão preciosa era aquela cena... sua esposa, brincando com sua filha... ainda parecia meio surreal estar felizmente casada e criando uma família.
- Okay, o nome dela vai ser Leeseo. Mas o apelido e o Stage Name da nossa filha vai ser Luna. – Ruby Jane disse de forma tranquila e viu ela erguer os olhos.
- Luna? – Lisa franziu, já imaginava que uma filha sua teria uma carreira minimamente pública, e sabia que um nome hibrido era adequado para pessoas que não eram do eixo asiático a chamarem corretamente, mas a escolha do nome era curiosa.
Jen assentiu segurando o rosto dela e deslizou os polegares nas bochechas devagar, um carinho suave, carregado de emoção. – Lembra quando viajamos para o Japão? E você me disse: "E se eu quiser te dar a Lua?". – Manoban assentiu. – Luna, significa Lua... em espanhol. Eu achei um nome fofo, curto e adequado. – Lisa arqueou as sobrancelhas assentindo animada, havia achado fofo também e viu o olhar compenetrado de Jennie em sua direção. – E no final das contas você me deu algo astronômico pra provar seu ponto. Um casamento muito precioso com partes de você, estabilidade emocional mesmo com as gracinhas da vida, somado aos sustos diários e um bebezinho a caminho, acho que tenho tudo que preciso. – Arrastou o dedo na mandíbula dela, passando por fim a costa do indicador no queixo de Lalisa, exatamente como havia feito naquele dia no avião. – Obrigada por tudo, por ser meu amor, minha mulher, minha amiga, minha parceira, e principalmente... a mommy da Luninha...
E lá estavam elas, as lágrimas, Manoban sorriu entre o choro e se levantou encaixando os lábios nos de Jennie. Riu baixo contra a boca dela... era possível sentir a intensidade do carinho de Jen na forma como os lábios dela pressionavam os seus.
Quando se afastou, segurou as lágrimas com a mão e beijou a barriga de Ruby Jane.
- Oi Luninha... mal posso esperar pela bagunça que a gente fazer em casa, filha! – Lisa disse animada.
E Jennie morreu de amores, como vinha fazendo sempre que tinha um tempo com ambas.
[...]
High in the halls of the kings who are gone, Jenny would dance with her ghosts. The ones she had lost and the ones she had found end the ones who had loved her the most...
- Promete que vai se cuidar? – Chaewon perguntou pela quinta vez, ajeitando a bolsa no ombro de Jennie. – Mesmo enjoada, você precisa comer.
- Eu sei, omma. – A Kim mais nossa suspirou assentido. – Eu prometo que me esforçarei ao máximo para comer, Lisa pediu para entregar frutas no hotel.
Chaewon suspirou, mas assentiu, segurando os ombros da filha com carinho, puxou de encontro a si a abraçando apertado. Jennie sorriu com os olhos fechados, o perfume de sua mãe ainda era o mesmo e tinha, definitivamente, cheiro de casa. Se perguntou se um dia sua bebezinha sentiria a mesma sensação que ela, estando em seus braços.
Ao se afastarem, Chaewon segurou o rosto da filha por mais um tempo, suas bochechas estavam levemente maiores, mas seus olhos brilhantes eram os mesmos de sempre. – Faça boa viagem. – Desejou beijando sua testa quando viu o motorista dando a volta e abrindo a porta.
- Obrigada. – Jennie sorriu outra vez. – Diga ao appa que estou e olho nele...
Jen gargalhou quando as bochechas de sua mãe ficaram vermelhas e ela precisou desviar o olhar para frente, revirando os olhos em seguida.
- Vai perder o voo! – Apontou para fora, a fazendo rir mais enquanto saia.
Chaewon negou passando as mãos pelos cabelos e acenou outra vez quando viu Jennie se afastando. Suspirou a observando, a nostalgia da última vez que havia deixado a mulher no aeroporto pareceu lhe atingir em cheio...daquela vez, sua filha estava indo, mas ela iria voltar para seus braços.
- É Chaewon, você venceu. – Murmurou movendo o corpo para próximo a janela, abriu a porta e saiu. – Jennie... – Chamou sem pensar, vendo a mulher parar no meio do caminho e olhar sobre os ombros, mas relaxou ao ver a mãe sorrindo. – Eu amo você.
Jennie sentiu o coração dar um pulo no peito... seu queixo tremeu automaticamente e não teve tempo de pensar, deu os primeiros passos de volta em direção a mulher quando algumas lágrimas escorreram por sua bochecha. A Kim mais velha riu, mas abraçou a filha outra vez, beijando sua cabeça. – Eu te amo, omma.
As duas permaneceram abraçadas por mais alguns instantes, era tarde da noite e a entrava privada do aeroporto lhes davam alguns instantes de privacidade. No entanto, Jennie precisou se afastar com a voz de sua agente, precisa partir.
Trocaram mais algumas palavras e abraços antes de seguirem seus destinos.
Jennie estava indo para reuniões em Paris enquanto o estágio da grávidez a permitia voar. E Chaewon, havia recebido ordens de Kim Jisoo para ajudar Alice a não ter uma crise nervosa antes do casamento. Jiyoung estava um pilha de nervos com os preparativos e até mesmo Roseanne estava evitando o estresse da irmã.
De acordo com a Park mais nova, somente sua mãe, Clare e Chaewon tinham autoridade o suficiente para mandar em Alice nos seus momentos de maior descontrole emocional ou quando começava a chorar questionando se Taeyeon realmente iria aparecer no dia.
Os dias estavam passando com normalidade, o que era um alívio para todos. Namgyu estava se esforçando para mantê-las seguras, embora a vida lhe obrigasse a viajar com mais frequência e estar um pouco mais distante do núcleo. O ar de complexidade ainda pairava no ar desde o encontro no iate que tiveram...
Sabia que Joo-hyun não era sua maior fã e não queria ter mais uma culpa para colocar em seus ombros, não era a intenção estar no meio dela e do pai, mas não podia parar e viver em função das expectativas dela, já haviam conversado algumas vezes, e ela não queria ter uma conversa definitiva. Já Namgyu realmente havia se encontrado com Seulgi e feito um pedido formal de desculpas, reconhecendo o erro de colocá-la na posição de mentir para a esposa.
Não o julgava, relacionamentos eram complexos demais para apontar dedos em sentimentos alheios.
Namgyu: "Chegarei tarde, mas cedo o suficiente para um taça de vinho. Branco ou tinto?"
Kim sorriu ao ler a mensagem de Namgyu.
Aquela realidade não era o que havia imaginado ao sair da Itália... era muito melhor do que qualquer realidade que um dia já havia imaginado ter.
Ms. Kim: "Tinto. Chegaremos juntos, estou indo buscar meu vestido com Alice."
Namgyu: "Tenho uma safra especial..."
- Toda safra é especial... – Murmurou rindo ao bloquear o telefone. – Namgyu, Namgyu... – Suspirou rindo baixinho. Aquela era a loucura mais... intensa e gostosa de sua vida até o momento.
A hora avançada, as ruas vazias, não demorou a chegar na nova loja da THK que Alice estava usando para trabalhar – tirar férias de Jisoo e Jennie quando discutiam – e guardar todos os modelos que havia desenhado para a família para o casamento. A loja ainda estava quase vazia, iria inaugurar em algumas semanas, o que dava a mulher a paz necessária para criar.
Desceu do carro caminhando apressada até a entrada dos fundos, estava com as chaves na mão e bastante pressa, a mensagem que Namgyu chegaria naquele dia havia lhe animado. – Alice? – Chaewon chamou ao abrir a porta e digitar a senha para desativar o alarme. – Onde esta meu... lindo...
Kim parou de falar quando um cheiro esquisito invadiu suas narinas, vincou as sobrancelhas encarando o corredor longo do interior da loja. – Alic... – As palavras sumiram de sua mente quando viu fumaça escapando por uma das portas. Chaewon sentiu o coração disparar. – Alice! – Gritou correndo até o fim do corredor e em um misto de desespero e susto, levou a mão até a maçaneta, mas não se importou com o metal queimando sua mão.
Abriu a porta do ateliê e seu desespero somente aumentou a ver como as labaredas inexplicáveis já estavam tomando boa parte do local, os papeis estavam retorcidos, assim como os manequins de plástico, a fumaça escura não permitia que visse muito, se sentiu sufocada. – Alice?! – Gritou outra vez dando um passo para dentro do cômodo, o calor era insuportável, apertou os olhos e deu outro grito quando finalmente viu a mulher deitada no chão com algo enrolado no rosto. – Alice! Não, por favor, Alice!
Chaewon correu até ela e segurou sua blusa, a puxando para longe do fogo e da fumaça, as labaredas haviam acabado de atingir um armário de revistas. – Socorro! – Gritou o mais alto que pode antes de tossir, não conseguia respirar, suas mãos doíam enquanto tentava puxar o corpo desacordado de Alice.
Kim sentiu os olhos embaçados, as lágrimas já escorriam incontroláveis pelo seu rosto. Precisava de ajuda, a porta fechada permitia que o local ficasse cada vez mais tomado pela fumaça. – Alice, por favor... – Chaewon sentiu as pernas fracas quando finalmente conseguiu chegar com Alice no corredor, caiu ao lado da mulher e tentou ver seus olhos.
- Alice, acorda! – Ela tinha um pano amarrado no rosto, teve trabalho para tirar, bateu em sua bochecha, mas não obteve resposta. – Socorro! – Gritou o mais alto que podia segurando Jiyoung contra seu peito, para que não inalasse mais fumaça.
Chaewon sentiu os olhos arderem ainda mais, a fumaça estava cada vez mais impregnada, podia ver as labaredas de fogo saindo pela porta e chegando até o corredor.
Se deitou no chão onde a fumaça ainda não estava e foi quando escutou passos no corredor.
- Aqui! – Disse sem força, seu segurança devia estar perto. – Aqui! Yoongi, aqui...
- Senhora Kim! – Levou um susto quando a porta principal se abriu em um estrondo e o homem passou por lá, conseguiu ver quando ele precisou voltar e tapar o nariz. – Senhora Kim!
- Socorro, Yoongi, socorro. – Tentou usando toda sua força. – Alice está desmaiada!
- Oh meu Deus! – Ele disse finalmente indo até elas.
- Leve-a daqui... – Empurrou Park na direção de Min, que a encarou com os olhos arregalados.
- Senho...
- Tire Alice daqui! Isso é um ordem!
E os dois levaram um susto quando algumas janelas começaram a estourar pelo calor do fogo, aumentando ainda mais a fumaça. Chaewon não sentia suas pernas e sua visão estava turva, a garganta se fechando e sentia que iria desmaiar em pouco tempo.
- Anda!
- Eu volto para buscar a senhora. Use isso. – Ele retirou o blazer e colocou em seu rosto, não conseguia levar as duas ao mesmo tempo.
Kim usou o restante da força que tinha para manter a blusa sobre o nariz e observou o homem sair com Alice daquele ambiente.
Chaewon sentiu o peito apertar, a respiração estava curta, tentava se manter sã entre as crises de tosse e a sensação de seu corpo em meio ao calor causado pelo fogo, mas parecia uma árdua tarefa. Seu corpo não parecia mais responder, apenas permitiu que as lágrimas continuassem a escorrer ao aceitar o destino.
O fogo havia tomado o local, Yoongi não conseguiria entrar e ela... não conseguiria sair.
Encarou o fogo, era seu fim.
Depois de tudo, aquela era sua linha de chegada.
- Jennie... – Pensou em seu sorriso, seu abraço, o eu te amo que havia escutado pouco tempo atrás.
Pensou nos momentos que haviam tido juntas e nas memórias que poderiam ter feito. Sofreu e sorriu pelas memórias que ficariam perdidas entre as folhas em branco de sua curta vida.
E então, a última coisa que viu foram as labaredas se aproximando, a fumaça cegando seus olhos e sufocando seus pulmões... foi rápido.
Não sentiu dor ao fechar os olhos, apenas... o nada.
And she never wanted to leave, never wanted to leave...
Quem foi MVP do capítulo?
MVP's das autoras:
Bru: O Namgyu.
Han: A Chaewon.
Nos vemos na próxima atualização.