Charlotte
Inesperado.
Essa é a palavra que define a minha vida nos últimos anos.
Eu costumava planejar tudo, nada podia acontecer de qualquer jeito, tinha que ser perfeito. Afinal, eu fui criada em uma família onde eu não podia errar.
Mas depois que eu conheci Paulo, tudo virou de cabeça pra baixo. Eu me apaixonei por ele, deixei minhas emoções falarem mais alto e tive consequências.
Namorar um jogador de futebol super famoso com certeza não estava nos meus planos, nem ficar grávida dele e muito menos que eu teria que criar esse filho sozinha.
Achei que estava perdida até pegar meu filho nos braços pela primeira vez e eu soube que nunca mais estaria sozinha. Pietro é a melhor coisa que já aconteceu comigo.
E se não fosse pelo apoio da minha família eu não sei o que teria sido de nós dois.
E agora, quando tudo parecia está no seu devido lugar de novo, Paulo Dybala cai na minha vida de paraquedas, sem aviso prévio e bagunçando tudo novamente.
- Ele tá aqui, Gigi. Meu Deus, isso não pode tá acontecendo. - desabafei enquanto andava de uma lado para outro.
Não consegui ter mais nem um dia de paz desde que vi Paulo na inauguração da galeria. Eu devia ter ficado em casa como minha intuição mandou, mas eu era teimosa de mais.
- E o quão ruim isso pode ser?
- Muito ruim. O Pietro conheceu ele e agora não para de perguntar quando vai vê-lo de novo.
- Primeiro, se acalma. Você tá quase abrindo um buraco na minha sala. - pediu, me puxando para sentar ao seu lado no sofá. - Segundo, você tem que pensar bem no que vai fazer. Paulo pode ser um babaca mas ele é o pai do Pietro.
- Não importa. Eu quero o Paulo o mais longe possível da gente.
- Tudo bem, a decisão é sua. Mas me responde um coisa. - a loira disse com cautela ao segurar minha mão.
- O que?
- Você não sentiu nada quando viu ele?
Sim, eu senti muitas coisas. Foi como se eu tivesse voltado para o momento em que nos conhecemos, o que era estúpido já que o fim do relacionamento não foi um dos melhores
Mas não significa nada.
- Não, não senti nada. - disse ficando de pé. - Eu tenho que ir agora. Nos vemos depois, tá bem?
- Claro, mas essa conversa não acabou.
- Eu acho que acabou sim. Arrivederci.
Não deixei que ela dissesse mais nada, apenas peguei minha bolsa e saí da sua casa. Entrei no meu carro e partir em direção a galeria, já que havia muito trabalho a ser feito.
Pietro estava na creche e meu irmão mais velho, Salvatore, ia buscá-lo mais tarde então eu não teria com o que me preocupar além do meu trabalho. Pelo menos era isso que eu esperava.
⚽️
Foi uma manhã cheia de coisas para fazer.
Desde de conferir peças, fazer ligações para negociar novos artistas até agendar novas datas para exposições, e issso tudo antes mesmo do meio-dia. Era um recorde.
Quando finalmente pensei que tinha terminado, Matteo bateu na porta da minha sala.
- Sim?
- Tem um cliente lá fora. Disse que quer comprar algumas peças.
- Tudo bem, eu já estou indo.
Matteo assentiu e deixou a sala. Olhei a hora no relógio e vi que ainda faltava uma hora para Salvatore chegar com Pietro, então supus que tinha tempo o suficiente para fechar uma compra.
Avistei o homem parado no meio da galeria conversando com Matteo e me aproximei do dois.
- Ah, Paulo, essa é a diretora da galeria. - Matteo me apresentou e eu senti todo o ar deixar meus pulmões. - Charlotte, esse é o Paulo.
- Oi, Paulo. - disse, forçando um sorriso, e apertei sua mão. - Eu cuido disso, Matteo. Pode ir.
- Tudo bem. - assentiu e se afastou.
Esperei que ele estivesse longe para poder conversar a sós com o argentino.
- O que tá fazendo aqui? - fui direto ao ponto.
- Eu já disse, vim comprar algumas peças. - deu de ombros.
- Tenho certeza de que não é só isso. - retruquei.
Vi quando novas pessoas adentraram a galeria e não podia correr o risco de ouvirem essa conversa que acabaria chegando em um lado nada amigável.
- Me acompanha. - pedi, apontando para minha sala.
Caminhamos até lá em silêncio, ele entrou e eu fechei a porta, me certificando de que Matteo estava ocupado.
- Por quê não me contou sobre o Pietro? - perguntou de repente, me pegando de surpresa mas eu não demonstraria isso.
Eu rir sem humor.
- Talvez porque não seja da sua conta? Ah é, e porque você fugiu na primeira oportunidade que teve.
- Não foi bem assim, Charlotte.
- Então, como foi? - perguntei irritada, ele se preparou para dizer algo mas eu não deixei. - Eu não preciso saber. Já passou e eu não vou remexer o meu passado, então é melhor você ir embora.
- Eu não posso ir. Não até você me dizer a verdade.
- De que verdade você tá falando?
- Preciso saber se o garoto é meu filho.
Merda.
Eu sabia que essa ia chegar, eu só não esperava que fosse tão cedo assim. Engoli em seco e mantive minha postura.
- O Pietro é meu filho.
- Ah, claro, porque você fez ele com o dedo. - foi sarcástico. - Por quê disse pra ele que eu tô morto?
- Porque você morreu pra mim. - soltei aquelas palavras e deixei que elas causassem seu estrago. - Talvez ele seja seu filho, mas isso não muda nada.
- É claro que muda. Ele tem o direito de saber a verdade e eu tenho o direito de ficar com o meu filho.
Eu ri sem humor.
- Você foi embora, Paulo. Qualquer direito que você acha que tem, não existe. Só fica longe da gente.
Apoiei meu corpo na mesa e suspirei cansada.
- Eu nunca teria ido embora se soubesse que você estava grávida. Devia ter me contado.
- Isso não importa mais. Agora se me der licença, eu tenho que trabalhar.
Caminhei para o mais longe possível dele, não queria correr nenhum risco desnecessário permitindo que eles chegasse tão perto de mim.
Paulo estava prestes a sair da sala quando a porta se abriu e a figura de Pietro entrou correndo como um furacão.
- Paulo! - ele sorriu animado ao ver o jogador e o abraçou.
Logo em seguida Thomas adentrou a sala e eu senti como se o ar faltasse nos meus pulmões. Esse dia não podia ficar pior.
- Você veio me ver? - Pietro perguntou animado.
- Eu vim comprar algumas peças. Mas é bom ver você de novo, campeão. - Paulo respondeu brincando com o cabelo dele.
- Ele já tava de saída, querido. - disse atraindo sua atenção.
- Ah, não. Fica mais. - pediu, ou melhor, implorou.
- Quem sabe outro dia, hum?
O argentino me encarou uma última vez e então sua atenção foi para o rapaz parado na porta apenas observando tudo.
- Oi, sou o Paulo. - ele se apresentou, estendendo a mão.
- Sou o Thomas, marido da Charlotte.
- Marido? - Paulo pareceu surpreso, seu olhar desviou para o anel no meu dedo e eu escondi minha mão para trás.
Os dois se cumprimentaram com um aperto de mão.
- Bom, eu já vou indo. - o jogador avisou mas eu evitei olhar pra ele.
Quando restou apenas nós três na sala, foi a vez de Thomas me olhar com curiosidade.
- Vamos almoçar? - disse olhando para Pietro.
- Então, vamos.
Peguei minha bolsa, segurei a mão do garoto e nós deixamos a galeria sendo seguidos por Thomas. Sabia que ele tinha perguntas mas decidiu se segurar.
Eu agradeci por isso.
A Charlotte sendo casada para a infelicidade do Paulo😌