Eu me encantei por você | Mid...

By escritormike

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Adam Milligan-Winchester era um jovem que vivia com sua mãe. Um dia, eles estavam voltando de um shopping que... More

Primeiro dia, primeira briga
Guerra interna
Os quatro contra o apocalipse
Um jantar especial
Skate n'roll
Caindo com tudo

Caindo com tudo

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By escritormike

Miguel

Ontem foi muito exaustivo, Liliya passou o tempo inteiro atrelada a mim. Foi o primeiro dia dela e de Billie na escola e fiquei de fazer um tour. Foi bem desconfortável o olhar de todos vendo Liliya quase colada comigo. Digo, fofoca é boa, mas não quando você é o alvo. Os alunos nem sequer disfarçavam quando olhavam para nós e cochichavam. Isso me fez querer morrer ali na hora.

Digo.. quando você chega no ensino médio as perguntas são sempre duas: Qual faculdade? Já está namorando?

Graças a Deus que minha tia não é a típica tia que pergunta "E as namoradinhas?". Minha mãe biológica sempre foi indisponível para mim e meus irmãos, sempre estava mais preocupada em torrar o dinheiro do meu pai. Mas tia Amara não. Ela sempre esteve lá por mim, me reconfortava quando eu tinha alguma desavença com meu pai e coisas do tipo. Ela é a minha verdadeira mãe.

Meu pai nunca foi uma pessoa que gostava de contato físico ou demonstrações de afeto, não sei se isso influenciou na maneira de como gosto de me relacionar.


Até que tudo estava indo bem, por enquanto. Eu estava conversando com Gadreel sobre a retomada do time de futebol da nossa escola. Ele queria que eu voltasse a liderar a equipe novamente. Fiquei um pouco relutante no início por conflitos de agenda...

Havíamos acabado de voltar do intervalo, esperando algum sinal de um professor. Estava fazendo bastante barulho na classe.

- E então.. o que você acha? - Ele cruzou os braços, sentado a carteira.

- Isso.. parece ser divertido. - Solto um pequeno sorriso. - Mas.. tenho que checar minha agenda, os treinos caem bem no dia que tenho esgrima.

- Pff. - Gadreel revira os olhos. - Por que raios você trocou futebol por esgrima?

- Sei lá, vai que seja útil algum dia. E também, não fui eu quem decidi, foi o meu pai. - Olho para baixo.

- É, como sempre. Você abaixa a cabeça e deixa ele continuar com esse comportamento absurdo. - Gadreel revira os olhos.

- E você espera que eu faça o que? - Bufo. - Toda vez que tento dialogar ele me faz me arrepender de tentar.

- Ah, sei lá. - O valentão me lança um olhar neutro. - Por que não pede a sua tia? Ela costuma te ajudar com isso, não?

É claro, como não pensei nisso? Tia Amara é sempre a melhor, mas, antes que eu pudesse abrir a boca para falar algo, uma voz femina me corta.

- Mike! - Liliya me abraçou por trás, fazendo nosso grupo de amigos rirem da situação. - Topa fazer uma trend do Tik Tok?

Isso já estava ficando incoveniente.

- Liliya.. você não precisa tanta proximidade assim, não é? - Tento parecer razoável.

Ela então se desprende e se senta ao seu lugar no meu lado.

- Foi mal.

Assinto.

- Só respeite meu espaço pessoal, okay?

A garota concorda.

- Tudo bem, turma. - Uma mulher adulta adentra a sala. Ela tinha uma pele pouco bronzeada e usava roupas formais. Seu cabelo preto liso estava preso em um coque. - Eu sou Naomi Scobell, sua diretora. É em grande honra que em nome do Prefeito Shurley, pai do nosso colega. - Ela olha para mim com um sorriso. - Que convidou a turma de vocês para visitar o museu de arte da cidade.

Precisei de alguns instantes para assimilar o que acabei de ouvir. O meu pai, financiando uma excursão ao museu para a escola? Das duas uma, ou ele está armando algo ou preza pela minha educação.

Todos ficaram inquietos, então a sala inteira foi tomada por uma multidão de perguntas.

- Uma excursão na primeira semana de aula? - Jack parecia confuso.

- Sim. - A diretora afirmou. - Ou vocês preferem aula de artes convencional na escola?

- Não! - Adam coloca as mãos sobre os ombros do menino. - Ele está de acordo com isso que nem toda a turma, não é gente?

- É!

- Com certeza!

- Pois é, o aberração tem razão! Nem acredito que disse isso, que nojo. - Gadreel revirou os olhos.

- Como é? - O Winchester lhe lançou um olhar mortal. - Eu vou arrebentar a sua cara!

- Não acabou muito bem na última vez que tentou fazer isso, aberração.

- Já chega vocês dois. - Diretora Naomi os cortou. - Ou a turma vai ao museu e vocês ficam de detenção ou peçam desculpas um ao outro agora.

Adam protestou.

- Mas foi ele que-

- Adam.. por favor.. - Jack disse entristecido.

- Tudo bem.. - Ele parecia estar fazendo um grande esforço pelo seu amigo. - Gadreel, me desculpe por.. te ameaçar.

O valentão revirou os olhos.

- Aber- digo, Adam, me.. desculpe por te chamar daquilo. - Gadreel parecia ter chupado um limão pela expressão que estava.

- Bem, já pode beijar o noivo. - Krissy soltou, então a turma inteira caiu na gargalhada.

_________________

Todos já estavam no ônibus em seus lugares. Como representante de turma, fiquei responsável por manter a ordem e garantir que nada fosse destruído.

Eu tenho certeza absoluta que algo vai ser destruído.

- Então.. - Billie diz, mexendo em seu colar de prata. - Está feliz com o ato do seu pai?

Olho para ela.

- Não sei. Foi inesperado e.. me sinto um pouco desconfortável com toda essa exibição.

A garota ri.

- Você é o total oposto da Liliya, não sei como as pessoas acham que vocês namoram.

Isso me fez ficar um pouco envergonhado.

- É.. também não entendo. - Sorrio. - Mas ainda bem que tenho você como amiga para me fazer suportar ela.

Ao contrário de Liliya, Billie era uma pessoa legal. Nós trocamos nossos números e passamos bastante tempo conversando naquela noite. E também ontem. Temos uma paixão em comum, jogar supernatural. A personagem dela era muito poderosa, conseguimos matar uma horda inteira de leviatãs sem muita dificuldade.

— Sabe. — Fixo minha visão em seus olhos castanhos. — Sábado de manhã tenho que ir ao local do desfile ensaiar e infelizmente Liliya estará lá.

— Então.. está me chamando para te ver experimentar as roupas? — Ela solta uma risada.

Isso me fez ficar um pouco envergonhado.

- Não.. não nesse sentido. - Coço a nuca meio vermelho. - É apenas que.. ficar perto da nossa Regina George seja mais suportável.

- Tinha entendido na primeira vez. - Billie revira os olhos em ironia. - É que foi engraçado do jeito que você disse.

Tenho que admitir, isso soou um pouco errado. Criei uma nota mental de pensar alguns segundos a mais antes de dizer algo.

— Mas também.. — Billie voltou seu olhar a mim. — Fiquei sabendo que sábado a noite terá a inauguração de um parque de diversões aqui na cidade. Que tal irmos?

Aquilo aumentou meu nervosismo.

- Tipo.. nós dois? Sozinhos?

Ela assente.

- Eu.. acho que seria ótimo. - Falo tentando disfarçar o nervosismo.

Billie sorri.

- Que ótimo, fiquei um pouco preocupada. - A vejo colocar a mão em seu peito. - Você ficou um pouco.. desesperado.

- Nervoso. - Corrijo.

- Isso.

- É que.. não sou muito acostumado de sair aos finais de semana. - Olho para baixo.

- Tá me zoando? - Ela levanta uma sombrancelha. - Então me vejo no dever de te fazer ter uma noite de diversão. Nada de pais, responsabilidades ou algo do tipo.

Sinto um soco leve dela em meu ombro.

- Vou cobrar, viu?

O resto do caminho foi de boa. Passamos conversando sobre nossos pokémon favoritos. O dela é o Mew, aparentemente ela tem um apreço sobre criaturas pequenas e fofas, espero eu não entre nesse quesito. Um metro e setenta e oito é grande, certo? E eu.. tenho uma certa insegurança com meu corpo. Como modelo, meu pai me obriga a manter uma aparência perfeita, com isso significando ter que passar por dietas rigorosas e treinos pesados.

Nossa, eu odeio como meus pensamentos começam com algo divertido e completamente normal e caem para alguma desgraça depreciativa.

- Miguel.. Miguel.. Miguel!

- Ahn.. o que? - Balanço a cabeça um pouco confuso, olhando ao redor.

Billie friza os olhos em mim.

- Chegamos. Todos já saíram, até entraram.

Olho ao redor do ônibus escolar, vendo tudo vazio.

- Ah.. claro. Desculpa.

Me levanto.

- Nosso dia de sorte. Liliya arrumou uma amiga igualzinha a ela, então vamos ter algum tempo de paz.

- Se Deus está por nós quem será contra nós. - Espreguiço.

- Nunca pensei que você seria do tipo cristão. - Billie se aproximou, limpando um pouco de poeira do meu ombro.

- Apenas um vício linguístico.

A olho nos olhos, dessa vez percebendo que estávamos sozinhos no ônibus ainda, algo que a fez virar o olhar um pouco envergonhada.

- Acho que.. deveríamos entrar.

- Sim. - Afirmo.

Isso me arrancou um sorriso meio nervoso, então adentramos ao museu. Devo admitir, eu adoro matérias de humanas. Equações complicadas, letras na matemática? Me dou bem, mas tenho certo medo. A arte sempre foi minha maior paixão.

Ser modelo faz parte disso, mas ao mesmo tempo não. Na minha opinião, a arte deveria ser a maneira que alguém usa para se expressar dos mais variados modos possíveis. Uma performance, quadro, atuação, seja qual for. A passarela é algo que eu gosto, mas não quando sou obrigado.

Billie e eu passamos um longo tempo observando alguns quadros, percebi que ela gostava de me ouvir falar. Sempre perguntava sobre alguma peça em exibição e ouvia atenciosamente. Não sei o porquê, mas isso me fez sentir bem.

- E então, o que tem a me dizer sobre esse?

- É uma réplica da noite estrelada de Van Gogh. - Coloco as mãos na cintura. - Segundo o artista, ela representa a beleza e maravilhas da noite, não mostrando o céu noturno com morte como de usual.

- Uau. - Ela disse boquiaberta. - Quando meu pai me contou sobre você, eu te imaginei diferente.

Fico pensativo.

- Como assim.. ele contou sobre mim?

Ela da de costas.

- Sabe, ele contou sobre o seu pai e que eram amigos, que ele tinha um filho da minha idade que poderíamos ser amigos.

Ela volta seus olhos castanhos escuros a mim.

- E no final meu pai tinha razão, é divertido passar tempo com você.

Sorrio enquanto a última informação.

- Tenho que admitir, minha vida era mais tediosa antes de você.

— Imagino. — Damos um passo adiante, admirando alguns outros quadros. — Então.. menino da arte, me fala sobre esse aqui.

— Esse, huh? É uma réplica da obra "Noite estrelada" de Van Gogh. Ela fala sobre a beleza da noite estrelada sobre uma época escura.

Billie parecia querer dizer algo, mas é cortada por alguns resmungos vindo de uma porta ao lado.

— Aquele filho da puta, eu vou matar esse arrombado!

Um garoto loiro reconhecível amaldiçoava alguém enquanto saia do banheiro secando a camisa com alguns papéis.

— Adam? — Coloco a mão na cintura e o olho meio confuso. — Aconteceu algo?

— O que mais aconteceria?

Minhas expressões suavizaram.

— Foi o Gadreel de novo?

Ele assente.

— Estávamos em outro setor do museu com o resto da turma e.. ele achou que seria legal derrubar um milkshake inteiro encima de mim. — Seu semblante estava meio caído, diferente do habitual ardente.

— Parece algo que ele faria. Como você consegue suportar esse cara? — Billie frisa seus olhos em mim.

— Ele... Eu não sei o que está acontecendo. Vou conversar com ele. — Olho para o outro garoto. — Ah, Adam, essa é a minha amiga Billie, ela é nova na escola.

Eles trocam cumprimentos.

— Eu preciso ir ao banheiro um minuto. — Billie retirou-se, nos deixando sozinhos.

— Acho que.. vou voltar para o restante da classe.

Assumo uma postura mais defensiva.

— Por que não fica com a gente? Se o Gadreel aparecer, eu coloco ele no lugar dele.

— Eu não vou.. atrapalhar o seu tempo de casal?

Dou um pulo com o susto.

— Casal, eu e Billie? Tá me zoando. — Olho para o garoto com minhas sombrancelhas arqueadas.

— Ah... Só se falava disso na escola.

— Nós somos apenas amigos, afinal de contas, nós nos conhecemos faz dois dias.

— Ah, me desculpa por assumir algo de você por causa de fofocas. — Ele coça a nuca, um pouco envergonhado.

— Claro... Afinal, você tinha alguma impressão sobre mim?

Nos sentamos em um banco ao lado da porta do banheiro feminino.

— Sabe.. eu achava você com cara de metido.

Faço uma cara de ofendido na ironia.

— Mas você ter me emprestado seu guarda-chuva e a nossa conversa de hoje me fez mudar de ideia. Você até que é um bom colega. — Adam sorriu de relance.

Acho que meu cérebro tirou print desse momento.

— Eu tinha uma imagem de você durão. Mas vendo agora, você é bem amigável. — Solto uma risada descontraída.

— Você não me viu irritado de verdade.

— Oh, eu adoraria ver alguém de um metro e sessenta bravo.

— Ei, eu tenho um e sessenta e oito! — Ele adverte enquanto me dá um soco leve no ombro.

Nós continuamos mais um tempo assim. Conversando descontraídos sobre nossos gostos até Billie voltar. Passamos por algumas coleções de artefatos indígenas arcaicos e coisas do tipo e, tenho que admitir, passar o tempo com Adam é divertido. Ele tem uma piada que arranca qualquer risada a qualquer momento.

Me sinto grato por conseguir desenvolver uma amizade com ele.

______________________

Notas do autor:

Não vou inventar desculpas, eu não estava no clima para escrever. Aconteceram algumas coisas e eu estava exausto mentalmente para qualquer coisa, todos os meus projetos de escrita ficaram parados. Vou tentar atualizar essa história pelo menos uma vez por mês.

Desculpe por todos esses meses de espera.

:(

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