Através da minha janela

By lahqzx_

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Sinopse
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2 temporada!
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aviso!

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By lahqzx_

Eu me permito aproveitar o abraço de Ares por cinco segundos.

Sei que não posso esperar que ele mude de um dia para outro, mas pelo menos deveria tentar um pouco mais. Foi lindo ouvir ele dizer que lutaria por mim e começaria do zero.

Mas me ignorar por uma semana?

Péssima jogada.

Ele parece ter algum problema para usar o bom senso ou talvez nunca tenha tido que usá-lo com outras garotas.

Vivendo e aprendendo… Talvez Ares nunca tenha precisado se esforçar com as mulheres. Um único olhar de seus olhos lindos, além daquele sorriso malandro tão sexy, é mais do que o suficiente para tirar a calcinha de qualquer garota. Eu sei, me incluo nessa também, mas estou tentando sair dessa lista.

Ignorando os protestos do meu coração e indo contra os hormônios burros que sei que estão cada vez mais alegres com a proximidade de Ares, dou um passo para trás, empurrando-o para longe. Quando meu olhar encontra o mar azul dos olhos dele, posso ver a confusão nadando na superfície.

Isso é tão difícil.

Pigarreio.

— O que você está fazendo aqui?

Ele franze as sobrancelhas ao escutar o tom frio da minha voz.

— Vim te ver.

Sorrio.

— Bom, já me viu, tenho que ir. — Dou meia-volta e começo a caminhar em direção aos meus amigos.

Ares segura meu braço, fazendo-me girar de volta para ele.

— Ei, espera.

— O quê?

Seus olhos examinam cada detalhe do meu rosto.

— Você está brava comigo.

— Não.

— Está, sim. — Ele dá aquele sorriso torto de que tanto gosto. — Você fica linda quando está com raiva.

Paro de respirar por um segundo.

O que eu deveria responder depois disso?

Seja forte, Raquel. Lembra quando você decidiu desistir de comer chocolate porque dava muita acne? Foi difícil, mas você conseguiu.

Ares é o chocolate.

Você não quer espinhas.

Mas é tão gostoso.

Espinhas doem!

Sem saber o que dizer, dou outro sorriso.

— Desculpa, bruxa, essa foi uma semana…
— o sorriso desaparece — bastante complicada.

O semblante brincalhão de Ares é substituído pela tristeza que ele luta para esconder. Quero perguntar se aconteceu alguma coisa, mas tenho a sensação de que ele não vai me contar.

— Tudo bem, você não me deve explicações, afinal de contas, somos só amigos.

No momento em que as palavras saem de minha boca e vejo o impacto que têm sobre ele, me arrependo. Eu o machuquei, mas não era minha intenção, só queria fazer uma piada para aliviar a tensão. Ares umedece os lábios como se tentasse ignorar o que eu acabei de dizer.

— Bom, na verdade eu vim te buscar. Queria sair com você hoje.

— Já tenho planos, desculpa.

Ares dá uma olhada nas pessoas atrás de mim.

— Com eles?

— É, vamos comemorar porque passamos em uma prova.

Ares franze a testa.

— Mas geralmente não passam…?

Não com uma nota tão alta como a de hoje.

— Ah, não é isso, é só que… é sexta-feira. Você sabe, inventamos qualquer motivo pra comemorar.

— Você não pode dar uma desculpa para eles e vir comigo?

— Não, você tinha que ter me avisado antes.

— Raquel! — Apressado, Carlos grita meu nome.

Ares olha para ele, analisando-o da cabeça aos pés.

— Quem é ele?

— Um colega de turma. Eu realmente preciso ir. — Me agarrando ao autocontrole, dou um último sorriso e me afasto dele.

Estou prestes a alcançar meus amigos quando Ares aparece andando ao meu lado. Encaro-o com um olhar de quem não sabe o que está acontecendo.

— O que você está fazendo?

— Vou com vocês — informa ele. — Sou seu “amigo”. — Mais uma vez, faz aspas com os dedos. — Então também posso fazer parte de uma comemoração entre amigos.

Estreito os olhos e abro a boca para protestar, mas Ares dá um passo à frente para cumprimentar Dani. Depois ele se apresenta a Carlos, dando-lhe um forte aperto de mão.

Dani me lança um olhar de “mas que droga…?”, ao que respondo com uma expressão confusa no rosto.

— Bem, aonde vamos? — pergunta Ares sorrindo, transbordando carisma.

Dani sorri de volta.

— Pensamos em ir ao café da rua principal.

Ares faz uma expressão confusa.

— Vocês comemoram com café?

Dani arqueia a sobrancelha.

— Sim. Algum problema?

Ele levanta as mãos pacifi amente.

— Não, nenhum, mas tenho bebida em casa — oferece Ares.

Rá! Tentando me levar para o seu território, deus grego?

Boa tentativa.

O rosto de Carlos se ilumina.

— Sério?

Ares assente, encontrando um aliado.

— Aham, e muito boas.

Carlos olha para nós.

— Vamos?

Dani e eu nos entreolhamos, e é ela quem nos salva.

— Não, obrigada, preferimos café.

Carlos faz uma expressão contrariada.

— Mas… — Dani agarra seu braço e crava as unhas nele.

— Ai! Café! É, café é melhor.

Ares age como se estivesse desapontado.

— Bom, então acho que vou ter que beber sozinho com o Apolo.

Dani o encara de repente.

— Apolo?

Ele põe a mão nos bolsos da jaqueta.

— Sim, ele deve estar tão sozinho em casa.

Dani hesita, e posso ver que agora ela quer ir para a casa de Ares.

Que manipulador!

Ele comprou Carlos com a bebida e Dani com Apolo. Suas jogadas são inteligentes, devo admitir. Dani não diz nada, mantém o olhar fixo no chão. Sei que ela não dirá que quer ir em voz alta, porque colocará nossa amizade em primeiro lugar, como sempre.

Ela está deixando a decisão em minhas mãos, e por isso a amo tanto.

Carlos e Dani querem ir, e se eu disser não, vou me sentir a vilã da história, e Ares sabe disso. Para manipular, ele é bem inteligente, mas para fazer as coisas darem certo comigo, não. Nesse quesito, seu cérebro deixa a desejar.

— Está bem, vamos com ele — informo, sem opção.

Minha casa fica aos fundos da casa dele, então posso só ir com eles, deixá-los à vontade e depois ir embora. Parece um plano simples, mas sempre que vou à casa de Ares, termino na cama com ele, ou no sofá. Algo dentro de mim diz que desta vez será diferente.

Veja como um desafio, Raquel.

No caminho para a casa de Ares, ligo para minha mãe e digo que vou estudar com a Dani em um café. A tensão entre nós diminuiu um pouco, mas ainda tenho que avisar a ela onde estou de vez em quando.

O carro tem o cheiro dele, e embora eu tente ignorar o que sua proximidade provoca em mim, meu corpo não mente nem consegue controlar as próprias reações. A casa de Ares continua tão elegante quanto me lembrava. Carlos não para de falar sobre tudo o que vê, e Dani arruma o cabelo minuciosamente quando acha que alguém está olhando para ela.

Um Apolo sorridente surge do corredor e acena para nós.

Ele está muito fofo com o cabelo despenteado, calça jeans, uma camisa xadrez folgada, desbotada e aberta e por baixo dela, uma camiseta branca.

— Vocês vieram mesmo.

— Ah, baixinho — cumprimenta Carlos. — Você mora aqui?

— Ele é meu irmão — explica Ares.

A empregada deles, de cabelo ruivo, desce as escadas carregando uma cesta vazia.

— Boa noite.

odos respondemos, de forma educada.

Ares ordena em uma voz simpática:

— Claudia, faz uns drinques e leva para a sala de jogos, por favor.

Ah, não, a sala de jogos não.

Ele está fazendo de propósito?

Eu o encaro por um segundo, e seu sorriso malicioso me diz que sim.

Dani e Apolo se cumprimentam constrangidos, e me pergunto o que aconteceu entre os dois nos últimos tempos.

Preciso me atualizar. Todos nós entramos na sala de jogos, e ela continua exatamente como me lembrava — a televisão grande, os vários consoles de videogame, o sofá… O sofá onde perdi minha virgindade.

A paixão, o descontrole, as sensações. Os lábios dele nos meus, as mãos por todo meu corpo, a fricção de nossos corpos nus. Sem perceber, toco meus lábios com as pontas dos dedos. Sinto falta dele, e é uma tortura tê-lo tão perto e precisar manter distância.

— Está se lembrando de alguma coisa? — A voz dele me traz de volta à realidade, e eu abaixo minha mão o mais rápido possível para me virar de frente para Ares.

— Não.

Meus olhos procuram as outras pessoas, que estão ligando um console e arrumando tudo enquanto riem de algo que Carlos disse.

— Não precisa mentir. — Ele chega um pouco mais perto.— Eu também me lembro desse dia quando venho aqui.

— Não sei do que você está falando. — Me faço de idiota e me afasto para passar por ele e ir até meus amigos.

— Toda vez que me sento nesse sofá, lembro de você, nua, virgem, molhada pra mim.

Engulo em seco, desviando dele.

— Para de dizer essas coisas.

— Por quê? Você tem medo de ficar molhada e me deixar te comer de novo?

Não respondo nada e me afasto de Ares. De repente, f cou muito quente aqui.

Nossa Senhora dos Músculos, por que você torna as coisas tão difíceis para mim?

— Ei, está tudo bem, princesa? — pergunta Carlos quando me aproximo do grupo. — Você está toda vermelha.

— Princesa? — questiona Ares, vindo até nós.

Carlos sorri como um bobo.

— Sim, ela é minha princesa, a dona deste humilde coração.

E assim surge o minuto de silêncio mais constrangedor do dia. Ares cruza os braços, fuzilando Carlos com o olhar. Dani e eu nos entreolhamos sem saber o que fazer. Carlos continua a sorrir de forma inocente.

Apolo nota a tensão.

— Ah, Carlos, você é sempre tão engraçado.

— Vamos jogar. — Dani muda de assunto.

Surpreendentemente, Ares segue o fluxo.

— Certo. O que vocês acham de a primeira partida ser entre mim e Carlos?

Carlos aponta para Ares e depois para si mesmo.

— Você e eu?

— Sim, mas uma competição sem prêmio não tem graça.

Carlos se anima.

— Está bem. Qual é o prêmio?

Ares olha para mim, e eu espero o pior.

— Se você ganhar, pode levar três jogos originais da minha coleção.

O rosto de Carlos se ilumina.

— E se eu perder?

— Se perder, vai começar a chamar a Raquel pelo nome.Nada de princesa ou qualquer outro apelido.

Seu tom de voz me lembra de como esse garoto pode ser frio. Carlos ri alto, impressionando todos nós. Ninguém fala nada, e acho que ninguém se mexe. Abro a boca para dizer que ele não tem direito de interferir na minha vida e em como os outros me chamam, mas Carlos é mais rápido.

— Não.

— Como é?

— Se vai ser assim, então não quero jogar.

Ares abaixa as mãos.

— Está com medo de perder?

— Sim, e posso até não ser correspondido, mas pelo menos tenho coragem de gritar para todo mundo e não fico manipulando e criando joguinhos bestas para conseguir o que eu quero.

Ah!

Os nós dos dedos de Ares ficam brancos, tamanha a força com que ele cerra os punhos.

Carlos sorri para ele.

— Homens lutam abertamente por tudo o que querem, crianças fazem desse jeito — diz ele, apontando para Ares.

Dá para ver que Ares está se segurando muito. Sem dizer nada, dá a volta e sai da sala de jogos batendo a porta.

Solto um suspiro de alívio. Carlos sorri para mim, como sempre.

Dani se senta no sofá ao nosso lado.

— Você é doido! Achei que fosse ter um ataque cardíaco.

Apolo está com uma expressão que não consigo entender.

Seria nervoso?

Pela primeira vez, não consigo ler seu rosto meigo.

— Você teve sorte, não deveria ter provocado ele assim.

Carlos se levanta.

— Não tenho medo do seu irmão.

Apolo sorri, mas não de uma forma doce, é o tipo de sorriso atrevido que os Hidalgo dão quando não gostam de algo.

— Você fala muito de maturidade, mas acabou de provocar alguém sabendo dos sentimentos fortes dele só para sair por cima. Quem está fazendo joguinhos bestas agora? Já volto.

Ele passa pela mesma porta pela qual seu irmão foi embora. Independentemente de quem esteja com a razão, Apolo sempre vai ficar ao lado de Ares. Apesar de qualquer coisa, continuam sendo irmãos.

Os enigmáticos irmãos Hidalgo.

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