Nota: hoje é um daqueles dias que eu só preciso me preservar e focar em ñ pensar.
Dory tinha muita auto-compaixão que fazia com que ela não permitisse que pessoas a machucassem de forma alguma. Esse era o motivo de ela ter em sua vida pessoas tão amáveis.
James, seu pai, Yoko e todas as outras pessoas incríveis que conheceu em sua vida. É por isso que ver Max arremessando um vaso contra ela foi o suficiente para fazer com que ela arrumasse suas malas para ir embora.
No hotel, ela arrumou suas coisas e pegou o celular para ver se o pai havia lhe mandando algo. Sua suposição estava certa: John havia mandado a ela trezentas mensagens desde a última conversa que tiveram.
Dory, a sociedade está aqui.
Eles estão me levando para Nova York.
dory?
:( eles vieram mais cedo
Se você conseguir me encontrar, saiba q para entrar na sede da sociedade dos líderes vc só precisa entrar no clube Smalls e achar um porteiro da sociedade para abrir a passagem para voce. É altamente secreto então pff mantenha a discrição.
Te amo, Dory.
Dory estava odiando sentir seu coração quase parar e não estava lhe fazendo bem sentir isso o tempo todo.
Se seu pai for executado, a culpa seria toda sua e ela não podia permitir isso. Precisava fazer um sacrifício porque exatamente daqui dois dias ela estaria em Nova York.
Ela procurou algo que pudesse ser sacrificado e não encontrou nada de tão importante em sua mala. No final, cansada, ela se deitou na cama e sentiu algo picar a sua pele.
Dory enfiou a mão no bolso e retirou o objeto que estava cutucando suas costas e viu a miniatura do avião do L3Harris.
Seu coração apertou quando ela cogitou usar o objeto como sacrifício, mas se lembrou do pai. Imaginou a Sociedade dos Líderes o sacrificando e isso foi o suficiente para fazer com que ela arremessasse o objeto no ar.
O aviãozinho voou através do quarto do hotel e colidiu bruscamente contra a parede, partindo-se ao meio.
Dois dias depois
Nova York, Manhattan
Dory leu sobre a sede da sociedade maga em seu livro de magia quando era criança. Ela pensou: por que os Estados Unidos? E a resposta para essa pergunta veio agora, em seus 30 e poucos anos.
Porque é nos Estados Unidos que se encontra gente doida o suficiente para servir de camuflagem para a sociedade.
A real é que como todo mundo usa fentanyl, todos estão chapados demais para ligar para um mulher jogando as coisas no chão e desaparecendo do nada. Ninguém em terra americana ligaria. Provavelmente pensariam que é o efeito da droga e seguiriam suas vidas.
Logo que Dory chegou em Manhattan, Nova York, ela seguiu a direção que levava para o clube noturno Smalls que era um lugar bem escondido, e como o nome já dizia, bem pequeno.
Ao entrar ela foi banhada por aquele forte odor de maconha, e depois a melodia blues chegou aos seus ouvidos. Aquele ambiente era o tipo que não fazia o tipo dela. Barulhento, cheio de gente e cheio de drogas.
Ela percorreu o corredor de pessoas até chegar na porta do banheiro perto do mini palco onde um cantor negro apresentava o clássico blue. Bem na porta do banheiro estava um homem jovem e alto, tão branco quanto a parede do estabelecimento, e provavelmente o único que não estava completamente chapado.
Dory se aproximou. Ela sentia nele a magia do tempo por algum motivo surreal. Talvez fosse a aparência cansada do rapaz que sugerisse isso.
Ele olhou para ela se desgrudou da parede.
-Maga?-ele perguntou inexpressivo.
-Sim.
O garoto sorriu.
-Por que quer entrar na sede?
Dory abriu o celular e mostrou as mensagens de seu pai.
-Meu pai, John Corderwin, foi preso recentemente. Eu vim apresentar a defesa dele.
O garoto a observou por um ou dois segundos antes de apontar para a cadeira do bar que parecia reservada exclusivamente para ele.
-Preciso fazer uma inspeção antes de te deixar entrar.
Era óbvio que o garoto não acreditava nela. Magos do tempo são especialistas em mentiras, diziam os sábios, e uma garota jovem soava para o porteiro da sociedade como uma oportunidade.
Dory tinha consciência desses fatos, mas se sentou na cadeira para a entrevista de qualquer forma.
-Vamos começar com o básico,-o garoto se senta diante dela com uma prancheta e uma caneta em mãos.-Qual foi a última vez que usou magia?
-Agora. Eu vim de alguns dias atrás.
O garoto clica duas vezes a caneta antes de anotar aquilo.
-Certo, hm...Qual sua especialidade?
Dory inclinou a cabeça tentando entender.
-O quê?
O garoto revira os olhos, dessa vez impaciente.
-Passado ou futuro? Em que níveis? Recente, profundo ou extra-profundo?
Dory não entendia nada daquilo.
-Eu...não sei.
-Ah, nesse caso vai ser passado recente,-o garoto clica a caneta três vezes e anota.-Bem, por que seu pai foi levado?
-É minha culpa,-ela responde, balançando os ombros.
O garoto cruza as pernas e apoia o queixo nas mãos.
-Sério? Me conte tudo!
Dory não sabia exatamente se ele estava ironizando ou se estava arranjando modos de flertar com ela. Sua paciência estava de pouco em pouco se esgotando e ela sentiu a vontade de pegar aquela prancheta e...
-Dory?-uma voz muito familia soou aos fundos.
Dory se virou imediatamente, sentindo seu coração pular com a possibilidade de ter Max no seu encalce.
-Dorothy!-era ele, sem dúvidas.
-Ah, meu Deus!-Dory exclamou baixinho e se levantou desesperada.
O porteiro da sociedade procurava a origem da voz no meio da multidão, confuso.
-Quem é ele?
Dory viu Max a alguns passos de distância, lutando para passar no meio de um grupo de caras bêbados. Tudo que ela pensava era como ele conseguiu localiza-la e como ele chegou até ali.
-Dory...
-Ei, vá se ferrar,cara!-uma mulher xingou quando Max a empurrou, fazendo com que sua bebida caísse em seu vestido.
Aquilo estava se tornando a especialidade dele aparentemente.
Quando Max estava a um metro de Dory, ela fez o impensável e o improvável: ela pulou no rapaz e lhe deu um beijo nos lábios.
Os eventos seguintes foram puro caos. O rapaz espantado com o beijo olhou perplexo para Dory, enquanto ela implorava para que ele abrisse o portão para a sede. Com um estralar de dedos, uma fenda foi aberta na parede do banheiro, o que provocou uma série de berros dos frequentadores do Smalls.
Dory olhou para Max que encarava furioso o porteiro, e aproveitou essa distração para entrar na fenda e sumir daquele espaço e daquele tempo.