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–Agora com o culpado preso, declaro a investigação encerrada.
–O que ?! Não!
Ainda com o lugar de pernas pro ar, Loki chamou os envolvidos com a investigação dos policiais corruptos e dos meninos perdidos para uma reunião de última hora.
E o que Kate estava temendo aconteceu, ele fez o que sempre fazia com casos que atrapalhavam seus interesses, arquivou tudo e fingiu que nada aconteceu.
–Ainda precisamos saber quem mandou ele fazer isso, e os meninos perdidos, eles…
–Sinto muito, garota Bishop, Morbius não está disposto a falar mais nada.
A forma com que o homem à sua frente se mantinha calmo e leve, estava irritando Kate. Ele não aparentava ter nenhuma preocupação e um ar de superioridade rondava ele por completo, e a maneira como ele chamou Kate só comprova isso.
Olhando para os lados, ela viu que todos daquela sala estavam aparentemente cogitando na ideia de aceitar tudo aquilo sem mais nem menos, e isso só piorou a raiva crescente de Kate.
–Boa sorte para conseguir finalizar, sem mais pistas e informações, creio que será difícil.
Kate encarou Loki por alguns segundos, o homem pareceu calmo e não desviou o olhar em momento algum.
–Estão liberados.
Antes que todos saíssem, Kate tenta mais uma vez chamar a atenção, se levantando e indo até a porta, não deixando ninguém passar por ela.
–Loki nós conseguimos novas evidências, temos mais chances de ganhar dessa vez, por favor não faça isso.
–Evidências essas que vocês não tinham um mandato para consegui-las, creio eu.
Ele sabia.
Loki de alguma forma já sabia que elas foram no prédio comercial.
E talvez seja esse o motivo de estar acontecendo tudo isso.
Kate iria falar mais uma vez, ela estava disposta a falar o tanto que fosse possível se fosse pra conseguir avançar no seu caso.
Mas ela parou quando sentiu mãos discretas em seu ombro.
Olhos verdes acompanhados por uma cabeleira ruiva, acalmaram um pouco os seus nervos, Natasha negou com a cabeça levemente e Kate aceitou a ideia de ficar calada.
Mas assim que o homem passou por Kate, deixando ela e as meninas sozinhas na sala, Kate viu que mais ninguém conseguia lhe olhar nos olhos além de Natasha.
–O que vamos fazer?
O olhar rápido que Yelena trocou com a irmã não passou despercebido por Kate, mas ela não teve tempo de perguntar o que foi aquilo, pois Yelena passou por ela, esbarrando no seu braço.
–Natasha?
–Eu vou atrás dela.
Assim que a ruiva mais velha saiu, Kate conseguiu ver o primeiro olhar que Maria lhe lançou desde que essa reunião teria sido começada. Mas logo, os olhos escuros da ruiva já estavam sendo direcionados mais uma vez para as próprias mãos.
–Maria
–Kate eu não posso.
Antes mesmo de Kate completar sua frase, Maria já lhe interrompe, tentando passar por Kate para sair da sala. Mas a morena foi mais rápida em agarrar o pulso da amiga.
–Por favor Maria, não me deixe sozinha.
Depois de abrir e fechar a boca várias vezes na tentativa de encontrar a coisa certa a se falar, Maria puxa sua própria mão para desvencilhar-se do aperto de Kate, e então volta sua atenção pra mão.
–Não posso, Kate, você viu o que ele fez com pessoas que não ficam do lado dele.
–Você vai desistir só porque ele não está do nosso lado?
Foi então que Maria lhe olhou, mas seus olhos estavam repletos de raiva, ou era medo?
–Nem todo mundo aqui nasceu em berço de ouro, Kate.
As mãos de Maria estavam fechadas, e o tom de pele avermelhado, mostrava a força que Maria fazia ali.
–Minha avó está doente e eu preciso desse emprego mais agora do que nunca.
–Maria eu não sabia, eu…
Um longo suspiro depois, Kate tentou fazer o que mais gostava, ajudar.
–Eu posso ajudar, pago o melhor médico da cidade, tratamento, qualquer coisa que vocês precisarem.
–Eu sei que você pode, Kate, mas não temos mais o que fazer.
Mas nem sempre, a ajuda era possível.
–Só não quero passar os últimos dias da vida dela, atrás de uma grade.
A única coisa que Kate podia fazer agora, era acalentar sua amiga. Então ela abriu os braços e agarrou Maria em um abraço quente e cheio de carinho.
–Me desculpe, Kate, ela é tudo que eu tenho.
A ruiva falava entre soluços, apertando a gola da camisa de Kate, na tentativa de aliviar o que estava sentindo.
–Tudo bem, vamos dar um jeito.
(...)
–Kate, temos que fazer alguma coisa, ele não pode simplesmente arquivar tudo e atrapalhar o nosso caso.
Cassie estava desacreditada. Ela não havia participado da reunião pois era responsável por vários casos ao mesmo tempo, apenas na parte de pesquisas e softwares, então, é como se ela não estivesse realmente dentro.
–É claro que eu vou fazer alguma coisa, mas aparentemente, eu estou sozinha… E tá tudo bem, não quero envolver mais ninguém nisso.
–Não senhora, han han.
Cassie sai de sua cadeiras de rodinhas e vai até Kate que se mantinha sentada na mesa no centro da sala. (Cassie não quis tirá-la de lá apenas porque ela não parecia muito bem.)
–Eu não vou deixar você sozinha nisso, sem chances.
–Cassie, ele pode prender você
–Eu já me sinto bastante presa aqui nessa sala.
Kate olhou para a amiga que tinha suas mãos fazendo um carinho circular no joelho da morena. Cassie tinha uma voz leve e Kate sabe que era ela tentando acalmar o monstro que começará a acordar dentro de si.
–E também não posso deixar toda a diversão com você, isso não é justo, você já é privilegiada demais com todo esse dinheiro.
Rindo enquanto nega com a cabeça e segura uma mãos da amiga, Kate fala sem olhar pra Cassie.
–Cassie, não precisa fazer isso, você já cuida demais de mim.
–Eu sei, você me paga depois.
Dando de ombros, a loira volta a dar sua atenção para o seu computador depois de sentar na cadeira de rodinhas. Kate olha pra Cassie com uma sobrancelha levantada.
–Com o que exatamente?
Confusa, Kate escuta as rodinhas girarem rapidamente em sua direção, ela vê o brilho nos olhos de Cassie, parecia uma criança que acabará de ver um vendedor de algodão-doce.
–Me deixe dar uma olhada na Sininho, faz muito tempo desde a última vez que a vi.
Kate quase sentiu ciúmes, quase. Como sua melhor amiga teria coragem de lhe trocar pra passar um tempo com uma inteligência artificial?
Depois de semicerrar os olhos profundamente, por alguns segundos pra sua amiga, Kate aceitou a forma de pagamento.
–Ok, você sabe onde encontrá-la. A senha de entrada da garagem ainda é a mesma.
Cassie deu pulinhos animados, assim que a morena a sua frente deu o primeiro balançar de cabeça, confirmando tudo.
–Eu mal posso esperar pra fazer atualizações.
–E eu mal posso esperar pra dar um jeito naquele branquelo. Se eu pego ele, eu
Observando Kate fazer golpes no ar, Cassie revira os olhos.
–Você precisa ser discreta, tudo ficou ainda mais perigoso agora que ele entrou no lugar de Clint.
–Eu sou bastante discreta, ok?
–Claro que sim, Britney Kerson.
Kate não achou graça nenhuma nisso, nem ao menos entendeu porque Cassie tinha uma voz tão alegre.
–Mas sério, Kate, ele pode fazer muito mais do que só prender você.
–Do que você tá falando?
–Foram eles que mandaram matar a Hill, Kate.
A lembrança da morte de Maria Hill veio de uma vez para Kate, fazendo seu peito doer e a raiva aumentar. Loki definitivamente não vai conseguir atrapalhar esse caso, não enquanto Kate ainda estiver viva.
Mas ela também não pode se deixar levar pela raiva, isso basicamente lhe entregaria de bandeja para o inimigo.
Kate precisa ser mais esperta do que eles agora.
–Tenho que ser discreta.
–Foi o que eu disse.
–Ele não pode saber que eu não desisti do caso.
–Você é esperta.
Uma ideia veio em sua mente, como se uma chavinha tivesse sido virada em sua cabeça.
–Cassie, você ainda tem aquelas microcâmeras que programamos?
–Aquelas que levam a imagem direto pra sua lente de aumento?
–Sim.
–Eu devo ter uma ou duas em algum lugar aqui.
Procurando nas gavetas e em caixas antigas cheias de poeira, Cassie finalmente parece achar, uma caixinha que deveria ser do tamanho do polegar de Kate.
–Aqui, achei uma, a segunda deve tá em outro lugar.
–Tudo bem, já serve.
Abrindo a pequena caixa, Kate vê aquela câmera quase invisível. Ao tocá-la, a câmera gruda na ponta do dedo da morena, para tirá-la dali, era necessário apenas mais um toque.
–Serve pra que exatamente?
Respirando fundo, Kate sabe que a amiga não iria gostar do seu plano, mas ele era necessário, agora.
–Você consegue ver as imagens na sua tela?
–Sim.
A morena afirma com a cabeça, e então vai até a porta.
–Acompanhe tudo, e não se preocupe, eu sei o que eu estou fazendo.
(...)
–Já está redecorando?
Kate falou, tentando fugir do próprio nervosismo, assim que passou pela porta da sala que um dia foi de Clint.
–O seu padrinho não tinha um bom gosto, garota.
Infelizmente, Kate não consegue discordar daquilo.
–Ele sequer deixou sua marca na própria sala.
–É, ele nunca foi muito bom com isso.
Kate estava indo na direção onde um dia a máquina de café de Clint estava, agora, um grande recipiente de cristal cheio do que a garota julga ser água saborizada pelas várias rodelas de limão e folhas de hortelã que rodeiam o cristal.
Percebendo não ser o seu café, Kate dá meia volta, escondendo a não aprovação pela escolha tão “antiquada”.
–Eu falei várias vezes, Clint, o seu problema é o branding. Mas ele me respondia “Não, o meu problema é você.”
A menina se senta na nova poltrona de couro branco presente no meio da sala, enquanto imitava a voz de Clint.
–Mas a gente sabe que era o branding. Ah, olha! Você vai jogar isso fora também?
Kate fala, pegando com uma mão, um pequeno gavião que balançava a sua enorme cabeça com o vento.
Olhando para o objeto e para Kate com tédio, Loki deu de ombros.
Kate foi rápida em esconder a câmera lá.
–Vamos logo, Bishop, me diga o que você quer.
A menina parou para olhar para o homem na sua frente e então semicerrou os olhos, fixando-os em Loki por alguns segundos. Até que ela arrumou a postura e colocou os cotovelos na mesa.
–Você sabe o que eu quero, Loki, e você sabe o que eu sei.
Pela primeira vez, Kate achou ter visto o homem fraquejar, por segundos que seja, mas Kate tem certeza que viu os lábios dele se direcionando pra baixo.
–Do que está falando, Bishop?
–Estou falando que se você não me der o que eu quero, você não vai mais ter o que ganhou hoje.
A faixada de pessoa séria e brava de Kate quase caiu quando o homem riu bem na sua frente, depois que ela falou a frase mais legal que veio em sua cabeça.
–O que te faz tão confiante, Bishop?
Kate abriu e fechou a boca várias vezes tentando responder o homem, mas ele não lhe deu tempo, logo voltou a falar com aquele ar de superioridade.
–De início eu achei que era por Clint, mas não, acredite eu verifiquei, ele nunca te beneficiou de maneira alguma.
Depois de colocar o cabelo para trás, Loki se acomodou em sua poltrona nova de couro branco.
–O que me leva a acreditar que é por Derek Bishop. E tenho que admitir, vocês se parecem muito nesse quesito.
Percebendo quando o olhar de Loki muda de direção, Kate acompanha encontrando um porta retrato em cima da mesa, que estava virado para o lado do homem. Até que ele não está mais.
Encontrando uma foto antiga de Loki, seu pai, e uma mulher na qual Kate não conhece, usando roupas de oficiais, enquanto parecem comemorar algo.
–Você supostamente sabe de muita coisa, Bishop, devo admitir.
Levando a atenção da garota novamente pra si, Loki possuía um sorriso fraco nos lábios.
–Mas será que sabe de tudo?
Ao perceber o que o homem estava insinuando, Kate sente uma pontada no peito. Ela não podia demonstrar fraqueza agora, estava quase conseguindo o que queria, então tentou controlar sua respiração e cravou as unhas em sua palma da mão.
–Eu não acredito em você.
–Criança…
–Não!
Kate se levantou da poltrona e colocou as duas mãos na mesa, impedindo que o homem mais velho continuasse o que estava falando.
Então, depois de mais uma batalha silenciosa nos olhares dos dois, Kate tira as mãos da mesa, então leva uma até o bolso. Loki teve seu corpo rígido depois disso, percebendo isso, Kate não pode deixar de falar.
–Calma, eu não sou covarde, Delegado.
Tirando seu distintivo do bolso, a menina coloca-o em cima da mesa, logo após, a sua arma que estava no coldre em sua cintura.
–Eu me afasto da delegacia de polícia, sede principal de Nova York.
Ela viu o olhar de Loki mudar, Kate quase sorriu por isso.
–Não pense que isso irá te ajudar em alguma coisa, Bishop.
–Ajudar em que, Delegado?
Ela encarou o homem que apenas ficou calado.
–Os meus motivos são pessoais, meu advogado irá cuidar da papelada.
–Você não vai ter proteção alguma.
Kate não conseguiu conter o sorriso de lado dessa vez.
–Proteção para que exatamente?
Loki não respondeu, apenas respirou fundo.
–Está se comprometendo, delegado. Eu sou apenas uma jovem rica que quer aproveitar as regalias.
–Já parou pra se perguntar de onde veio tanto dinheiro?
Agora foi a vez de Kate ficar calada. Não querendo mais prolongar essa conversa, Kate dá meia volta e sai da sala.
(...)
O caminho pra casa foi silencioso. Ela preferiu pedir um carro por aplicativo do que ir andando dessa vez, sua cabeça estava cheia e aquilo poderia lhe trazer problemas.
Ao chegar na portaria do seu prédio, ela ao menos respondeu o boa tarde seu seu porteiro, por nenhum motivo em especial, a não ser os seus ouvidos obstruídos pelos pensamentos que gritavam.
Não, meu pai não pode tá envolvido nisso.
No elevador, Kate ignorou o seu telefone tremendo em seu bolso. Depois que saiu da sala de Loki, Kate não falou mais com ninguém, mas sabe que Cassie já sabia de tudo.
A menina só não estava preparada pra falar com a amiga depois dela ter visto toda a conversa. O fato de que seu pai pode sim está envolvido em tudo isso ainda não lhe caiu bem. Se foi um truque do homem mais velho e novo delegado, Kate não sabe, ela só sabe que ele acertou em cheio.
Quando a porta do elevador abriu, Kate tirou seu sobretudo e colocou em cima da mesa, que ficava no centro da sala com a escada.
Ela respirou fundo e deixou um pouco daquela agonia que se instalava em seu peito sair.
–Mãe?
Mas a breve calmaria só durou até lembrar da sua discussão com Eleanor. No momento, Kate se sentia agoniada com aquilo que se mexia em todo o seu corpo, não era bom, era sufocante. Então ela não conseguia distinguir se queria ou não que sua mãe estivesse ali ainda.
–Tem alguém aí?
Quando a única resposta que teve foi o tilintar das patas de Lucky no chão de madeira vindo em sua direção, um sorriso fraco escapou da menina, e ela se agachou de frente ao seu melhor amigo, fazendo um carinho em suas orelhas.
Mas a verdade era que nem o seu melhor amigo estava conseguindo afastar aquela sensação de solidão que não parava de crescer.
O seu sonho de carreira sempre foi ter um caso importante nas mãos, e esse definitivamente era um caso importante. Mas ela não imaginaria nunca na vida que isso lhe traria tanta dor. Ela não pode acreditar que estava chegando no limite, mas a partir do momento em que o trabalho se misturou com os problemas familiares, chegou bem perto.
Deixando uma peça de roupa em cada cômodo da casa. Kate se joga no sofá mais próximo, apenas de meias, sua calça jeans e um top roxo de academia.
Ela sente o pelo de Lucky em seu corpo e então começa a fazer movimentos circulares em sua barriga.
E aqui estou eu mais uma vez, fingindo estar tudo bem.
Mas nunca parece ser suficiente.
Porque não era verdade.
Estava tudo tão silencioso. Não a sua casa, não a sua mente, mas todo o resto. Ela estava sozinha, sem sua mãe, sem suas amigas.
Com tempo suficiente para pensar e isso era um problema, principalmente agora que a pessoa que lhe segurava nesse lugar pode não ser quem ela achava que era.
–Você não conheceu ele, Lucky, mas tenho certeza que concordaria comigo, ele não é mal.
Kate suspirou na tentativa de diluir os sentimentos.
–Eu só queria encontrar alguma coisa que me desse essa certeza mais uma vez.
Quando Loki perguntou pra Kate de onde veio tanto dinheiro, ela não sabia responder. A história de sua mãe sempre foi uma incógnita, mas a família de seu pai sempre foi cheia de oficiais e fazia sentido o dinheiro vir de lá, certo?
A empresa que agora era de sua mãe, veio direto da bisavó de Kate, vó de seu pai.
Mas quem garante que em toda a vida profissional de seu pai foi totalmente dentro das leis?
Kate se sente culpada so em pensar na possibilidade de seu pai está envolvido nisso tudo, mas se sente mais culpada ainda em excluir essa possibilidade só porque o homem era seu pai…
–Se alguma coisa me mostrasse a verdade… ou… ou alguém!
Procurando pelo seu telefone, Kate se xinga mentalmente por não ter lembrado disso, que tipo de afilhada ela seria?
–Alô, Clint?
O homem precisava conversar agora, assim como ela. E ele conhecia seu pai desde sempre, pelo que ela sabe, então ele deve ter boas respostas para as perguntas de Kate.
“Não, desculpe Kate, ele não quer falar com você agora.”
A voz de Laura soou em seus ouvidos, fazendo o corpo de Kate cair mais uma vez no sofá e toda esperança foi também.
–Ele tá bem?
“Um pouco, ele já esperava, mas eu sei que ele está com raiva.”
–Eu também estou… Você pode dizer pra ele que eu liguei?
“Claro, ele vai ficar sabendo.”
–Diga também que eu não desisti… E que definitivamente eu ainda vou falar com ele nem que eu tenha que dirigir até aí.
Laura riu do outro lado da linha, percebendo a semelhança entre a garota no telefone, e o homem que fingia não escutar a ligação, do outro lado da cozinha.
“Estamos cientes disso.”
–Obrigada, Laura.
“Boa sorte, Kate.”
Jogando o seu telefone entra as almofadas, Kate suspira mais uma vez e vai embusca do pelo macio de Lucky. Aquilo sendo a única coisa no momento que lhe garantia uma certa calmaria ( E talvez os remédios em sua corrente sanguínea, mas isso não vem ao caso.)
–Então é isso, Lucky… Somos só eu e vo…
Sua frase foi interrompida pelo interfone. Depois de deixá-lo tocar por alguns segundos, Kate se arrasta do sofá percebendo que seja lá quem fosse, não iria embora.
–Oi?... Mas eu não… hum… ok, pode deixar subir.
Ela olha pra Lucky que estava sentado a sua frente, virando a cabeça para o lado na espera de uma resposta.
–Pizza? Você pediu pizza?
O cachorro latiu ao escutar o nome da sua comida favorita. Kate quase acreditou na possibilidade de seu cachorro ter pedido pizza, mas ela lembrou que ele não tem polegares.
–Será que tem alguma possibilidade dessa pizza está envenenada? Tipo, eu sou meio foragida agora…
Kate falava com Lucky enquanto andava pela casa, na procura de sua própria blusa, ela não pode abrir a porta sem uma.
–Foragida… Isso é legal, né?
Achando sua blusa, Kate coloca ela e se volta para o cachorro que estava sentado na frente do elevador, esperando sua pizza.
–Menos a parte da pizza envenenada, isso não parece legal.
Foi quando a porta do elevador se abriu, e duas caixas de pizza atrapalhava a visão de quem estava a segurando. Com as mãos no bolso, Kate semicerrou os olhos e virou a cabeça, igual Lucky.
–Espero que essas pizzas não estejam envenenadas, elas tem um cheiro bom.
Foi quando uma risada rouca de quem fuma a mais de quatro anos, saiu de trás das caixas de pizza.
O peito de Kate pulou de uma forma boa dessa vez.
–Essa seria uma péssima forma de morrer, Kate Bishop.
E quando as caixas saíram da visão de Kate, As vozes de sua cabeça se calaram. O ambiente não estava mais tão silencioso pois Kate começou a escutar o seu próprio coração bater em seu peito. Ela espera diverdade que Yelena não conseguisse escutar isso.
–A sua casa é bem maior que a minha, você ainda me julgou por morar sozinha.
A loira entrou, e foi até a mesa onde o sobretudo de Kate ainda estava.
–Que bagunça, Kate Bishop, que bagunça.
A loira pegou o sobretudo e colocou no gancho para casacos que ficava bem ao lado da mesa ( que vergonha, Kate.).
–Lucky, oi!
Ignorando a voz fofa de de Yelena enquanto falava com seu cachorro, alegando que as duas pizzas eram para ele, Kate finalmente conseguiu falar.
–O que você tá fazendo aqui?
Se afastando de Lucky, e indo até onde uma meia de Kate se encontrava, Yelena se volta pra morena com aquilo na ponta dos dedos.
–O caso não vai se resolver sozinho, você é muito desorganizada, Kate, muito desorganizada!
O biquinho nos lábios de Yelena, e aquelas sobrancelhas franzidas quase fizeram Kate ignorar a sensação de alívio por não se sentir mais sozinha.
–Onde está os talheres?
Alguém veio salvar Kate da sua própria cabeça.