we have not touched the stars...

By misteryoflovv

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Ramiro lembra com riqueza de detalhes tudo que aconteceu na noite em que viu Kelvin pela primeira vez. More

you wanted to touch his hands and lips and this means your life is over anyway
we're shooting the scene where I swallow your heart
i made this place for you. a place for you to love me.
i want to tell you this story without having to confess anything
i've been rereading your history
you wanted to be in love and he happened to get in the way

PRÓLOGO

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By misteryoflovv


Oi :)

Essa história é levemente inspirada na série White Collar.

Eu não tenho nenhum conhecimento profundo sobre arte ou sobre a polícia - além de saber que ela precisa acabar.

O Kelvin e o Ramiro são meus,sim!






SEIS ANOS ATRÁS 

Ramiro lembra com riqueza de detalhes tudo que aconteceu na noite em que viu Kelvin pela primeira vez.

Ele lembra de chegar atrasado e lembra exatamente do caso que o fez ficar mais tempo no trabalho. Lembra do terno marrom que usava. Lembra de avistar seus amigos assim que chegou,na costumeira mesa ao fundo do bar. Lembra de ouvir Nando cantar Estrela e pensar que gostava tanto dessa música,apesar de não a ouvir a algum tempo. 

Lembra de estranhar o rosto franzido de Luana,que encostada no balcão,parecia dar um sermão em um menino mais baixo e mais jovem que ela. Ele tinha certeza de nunca ter visto aquele menino antes porque lembra também de pensar que nunca viu uma calça emoldurar uma bunda tão bem. Ou de ver uma blusa transparente marcar tanto uma cintura bem feita.

Ele lembra de pensar que talvez aquela fosse a primeira vez que Luana não estivesse com um sorriso largo no rosto e lembra de vê-la dando um beijo carinhoso na testa do rapaz. Lembra de quando ela o avistou e disse “Ramiro! Seus amigos já chegaram faz tempo! Eu espero que essa empresa de segurança esteja te pagando bem por todas essas horas extras.” A equipe que frequentava o Naitendei junto com ele achava meio ridículo essa invenção de empresa de segurança,mas Ramiro insistiu que não era seguro para eles que frequentadores do bar que não conheciam tão bem soubessem que eram um grupo de inteligência da polícia. Além disso,poderia atrapalhar qualquer investigação que um deles tivesse que fazer disfarçado.

Mas aquela era a única mentira entre eles e os funcionários do bar. Ramiro genuinamente gostava da dona,Luana - uma mulher tão elegante que já houve piada entre eles se ali não era um lugar para lavagem de dinheiro,uma vez que duvidavam muito que o estabelecimento pagasse os luxos da amiga. Mas ele conhecia e tinha carinho também por Rodrigo,marido de Luana e famoso advogado,então eles apenas deduziam que todas as mordomias vinham do bolso do homem.

Eles se divertiam também em conversas até tarde da noite com “as primas”,como eram apelidadas as funcionárias que ali trabalhavam. E os petiscos de Zeza foi o que os levou ali em primeiro lugar.

Naquela noite,Ramiro se lembra também - e acha que isso é algo que nunca vai esquecer - do sorriso bonito de Kelvin quando Luana disse “Esse é meu cliente preferido,Ramiro. Ramiro,esse é meu irmãozinho postiço,Kelvin.” E ele lembra,e gosta tanto até hoje,de como o sotaque de Kelvin faz com que a primeira sílaba de seu nome soe tão aberta.

Quando os três se direcionaram à mesa de seus amigos,ele lembra de perceber de imediato o livro que Kelvin pegou da bancada. Era “Crush” do Richard Siken,o adolescente lgbt ainda enrustido que Ramiro era tinha certa obsessão em uma cópia surrada que a filha de seu patrão o tinha doado. E foi daí,talvez,sua perdição.

Ele lembra com perfeição dos olhares espantados de seus amigos,ainda que generosamente tentassem não encarar tanto. Ramiro admitia que poderia ser um tanto estóico,mas as piadinhas recorrentes em que os amigos duvidavam se ele sequer havia beijado alguém na vida já eram um pouco exageradas.

O agente era reservado,sim,mas vinha com uma história que ele raramente partilhava. Por isso,entendia o estranhamento do grupo de vê-lo tão abertamente flertando de volta com o garoto mais novo. Inicialmente,ele até tentou manter a postura e se enganar dizendo que eram só os interesses em comum sobre filmes,livros e arte ou só como era impossível não ser simpático com uma pessoa tão gentil. Mas no fim da noite,quando beijava Kelvin encostado ao balcão do bar,ele poderia admitir - pelo menos para si mesmo - que já estava um pouquinho apaixonado.

Quando Ramiro volta pra casa e não consegue dormir nem contando carneirinhos,ele faz uma lista mental de tudo que sabe sobre Kelvin:

A tatuagem “1971”,que ele passou horas e horas beijando,era sobre alguém ou algo importante e muito pessoal porque Kelvin desconversou assim que Ramiro perguntou sobre.

Kelvin era muito culto. Ele sabia detalhes e informações sobre arte que só alguém muito interessado ou com muito acesso a esse mundo saberia.

Ele próprio era um artista. Ramiro ouviu a voz linda do rapaz cantarolando algumas músicas junto com Nando,e,em determinado momento,também viu Kelvin rabiscar uma mulher em um guardanapo com a caneta de Luana.

Ele iria para Itália naquele dia mesmo. Provavelmente já estava no avião.


Foi por isso que eles se despediram,com o dia já amanhecendo Kelvin relutou em dizer que teria que ir embora. Repetiu tantas vezes que queria ficar com Ramiro,que ele quase perguntou se não daria tempo de fazer uma mala rápida e fugir pra Europa com o rapaz. Agora mesmo,ele estava se perguntando se não poderia tirar alguns dias de férias pra passar um tempo em um país desconhecido,que tinha uma língua que ele não falava,com um rapaz que ele conheceu há 12 horas. Nunca poderiam acusar Ramiro de não ser um romântico.

Acontece que as férias e a viagem foram interrompidas por um toque de celular,e ao atender,a voz raivosa de seu chefe já anunciava catástrofe.

- Algum filho da puta roubou o quadro ‘Os Retirantes’ do MASP e deixou uma cópia perfeita no lugar - Sem rodeios. Direito ao assunto. Pedro era chefe de Ramiro desde que ele entrou na Divisão de Crimes de Colarinho Branco e era o homem que ele mais admirava na vida.

- Diretamente do MASP? - O agente perguntou,confuso. Apesar de ter trabalhado em tantos casos de roubo e falsificação,era raro que acontecessem de dentro de um museu. -  Mas isso é impossível

- Impossível não é,porra,se eu tô te falando que aconteceu. - Bom,Pedro era íntegro,competente e basicamente um pai pra Ramiro. Ele nunca disse que o homem era delicado. - Vem pra cá agora,a gente precisa de todo mundo aqui.”


Ramiro se dirigiu a Central o mais rápido que pode, após uma ducha rápida e o com o trânsito calmo de domingo,ele conseguiu chegar em menos de meia hora e se deparou com o caos completo. Superiores e superiores de seus superiores em completo estado de descrença de como um homem sozinho,sem arrombar ou machucar ninguém,conseguiu entrar com um quadro falso,colocar no lugar do original e levá-lo embora sem que nenhum dos profissionais ou artifícios de segurança do museu conseguissem captá-lo.

- Ramiro! - a voz afobada de Petra se sobressaiu em meio ao barulho - Ainda bem que você chegou. É preciso alguém centrado pra analisar essas imagens. Tá todo mundo criando um milhão de teorias improváveis de como esse filho da puta fez isso. 

- Imagens? A gente tem registro dele,então? Pra que esse escarcéu todo,se assim é tão mais fácil pegar o cara? - O cacheado perguntou,confuso.

- É uma foto borrada de uma semana atrás de um rapaz que foi e voltou três vezes ao museu no mesmo dia. Suspeitam que pode ser ele,mas honestamente,a única imagem clara é da nuca dele,não dá pra identificar ninguém assim.


Óbvio. Óbvio que não dá pra identificar ninguém assim. Nenhum agente seria capaz.

Exceto Ramiro.

Porque no segundo que Petra mostrou as imagens da câmera de segurança pra Ramiro,o mundo dele ficou estático. Ele conhecia muito bem e muito de perto aquela nuca.

Ele tinha beijado e esfregado o rosto ali na noite anterior.

Ele foi dormir e acordou pensando naquele maldito “1971” tatuado na pele do filho da puta.

O filho da puta era Kelvin.


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