Entre Linhas

By softlyachaga

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Estrela do maior clube do Brasil e com uma carreira em ascensão, a jovem ponteira Luiza Martins vê o seu futu... More

Prólogo
Conversas de corredor
Noite de terça
Vinhos & Ana Carolina
As melhores da loirinha
Projeções
Bastante em Comum
Sinais
Lei do mínimo esforço
Aposta promissora ou vergonha da família?
Paz? Paz
Manchete, sorvete, cochichos no escurinho do ônibus
Castiçais e caixas para desempacotar
Passarinho
Como vou falar mal de você se a gente se beijar?
O que quer dizer com "dona da ex"?
Dimarco
GOLDEN MEDAL

Primeiro apito

548 54 22
By softlyachaga

Ei, obrigada por todos que leem essa história. Espero que gostem desse capítulo, VOTEM E COMENTEM! Isso me ajuda a continuar escrevendo.

Boa leitura.

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Quando Luiza acordou naquela manhã de quarta-feira, seu pai já tinha saído para trabalhar no escritório de advocacia. Ele era contador, os números sempre foram a sua linguagem favorita e por isso, no começo da carreira da filha, Alberto tornou-se estatístico de um time mineiro que Luiza participou na base. Teve que aprender as regras do esporte, além de estudar a matemática de desempenho de cada pequena atleta enquanto ainda trabalhava para sustentar as filhas. Na primeira peneira no Minas Tênis Clube que Luiza fez, o homem tinha uma planilha organizada com todas as porcentagens de aproveitamento separadas por fundamentos e aquilo impressionou a comissão técnica. Luiza passou na primeira oportunidade e Alberto abandonou a breve carreira de estatístico, já que o clube alviceleste tinha uma gama de profissionais que cuidariam da carreira de sua filha.

Passados quase seis meses da lesão, Alberto começava a retomar a rotina que tinha, mas Luiza sabia que o homem pararia a própria vida novamente para cuidar dela se fosse preciso. A ponteira suspirou, demorando mais um pouco na cama.

Era uma quarta de outubro e a temporada começaria em algumas horas, mas não para ela.

Depois de tomar um café da manhã rápido, Luiza saiu apressada de casa. Pediu um carro por aplicativo até o consultório da doutora Paula, sua psicóloga. Ela não sentia que tinham avançado muito, mas evitava faltar as consultas e aprendeu a suportar o ambiente. Paula era paciente como uma boa profissional e, mesmo com as poucas palavras da atleta, conseguia decifrar Luiza sessão por sessão, como se montasse um quebra-cabeça de muitas peças com a história dela. Descobriu que a perda da mãe deixara um vazio na vida da atleta que Luiza não se deu conta, pois acreditava que tinha preenchido com o vôlei. Uma quase desconhecida parecia saber mais sobre ela do que a própria e isso era assustador.

Não demorou para chegar na rua da Bahia de mototáxi. O motorista tinha uma direção ofensiva demais para as ruas tranquilas de Belo Horizonte, mas Luiza estava com pressa e preferiu não pedir que desacelerasse. Entregou o capacete, sorriu em agradecimento antes de atravessar a rua para a outra calçada. Assim que a viu se aproximar, Bianca ajustou a alça da mochila no ombro e subiu no ônibus parado em frente ao Minas Tênis Clube. Elas partiriam para o primeiro jogo da temporada pelo Campeonato Mineiro Walewska Oliveira de Vôlei contra o Mackenzie Companhia do Terno, o time mineiro vizinho de alguns quarteirões.

— Já queimaram a bandeira branca?- Kisy perguntou, seguindo os olhares de Luiza que procuravam Bianca pelas janelas do ônibus.

— Uai, não teve bandeira branca nenhuma.- desconversou sobre a tentativa de trégua entre elas, dando de ombros. Não queria admitir, mas ser ignorava por Bianca era incômodo, causava uma sensação de estranheza procurar os olhos azuis e não encontrar.— A gente foi tomar um sorvete e ela ficou brava com alguma coisa que eu falei.

Kisy arqueou uma das sobrancelhas. Era esperta e conhecia Luiza há anos, por isso sabia do potencial da amiga de provocar danos quando estava vulnerável.

— Tenta pegar leve com a menina, Lu. Eu sei que não deve estar sendo fácil pra você, mas a temporada vai começar e precisamos dela por enquanto.

A ponteira inclinou a cabeça para o lado, observando o rosto de uma de suas melhores amigas e ponderou mentalmente o conselho.

— Eu ' tranquila, Kisy.- ela mentiu, cruzando os braços abaixo dos seios. O uniforme da comissão técnica estava maior em seu corpo por ter sido emprestado por um dos membros, já que Luiza não tinha confirmado se iria ao jogo e decidiu de última hora. Ela suspirou antes de continuar.— Nem queria me aproximar dela.

— Ela se importa.- a oposta disse pensativa, fitando a entrada do ônibus, sem olhar Luiza.— Não sei o porquê, nem como ela continua tentando depois de só ganhar esporro e toco seu.

Não era preciso ouvir todas as conversas ou estar na presença das duas ponteiras para compreender a relação delas. Luiza era impulsiva, voraz, tão tempestuosa quanto uma chuva torrencial de verão. Já Bianca tinha uma serenidade de espírito, uma bonança no jeito que encarava a vida. Para qualquer um que olhasse de fora veria que eram perfeitamente opostas.

— Talvez eu tenha pegado pesado com ela.- confessou num murmuro e Kisy só escutou porque estava ao seu lado.

— Provocaçãozinha ou pesado mesmo?- a oposta assistia a comissão técnica carregar o ônibus com todos os equipamentos de aquecimento e fisioterapia. Não queria pressionar Luiza a contar o que não se sentia confortável ainda, por isso evitava olhá-la, mesmo estando curiosa para saber de tudo.

— Pesado de verdade.- respondeu, baixinho, envergonhada.

Na quinta, Luiza achou que Bianca tinha exagerado em ficar chateada pelo o que ela falou. Na sexta, tentou se aproximar depois do treino, mas a carioca já tinha ido embora. No sábado, elas trocaram olhares intensos na fisioterapia, mas nenhuma das duas disse nada. No domingo, não se viram e Martins percebeu que tinha errado. Segunda e terça, Bianca ignorou Luiza e seus olhos cor de âmbar.

— Assim não tem como te defender, irmã.- lamentou Kisy, oferecendo seu olhar generoso e um afago no ombro da mais baixa.— Ela já entrou, vai lá e tenta conversar de boa, igual gente.

As palavras de Kisy suavizaram o clima pesado e Luiza empurrou o seu ombro, respondendo a provocação da mais velha. A paulista era sua confidente de anos, juntas passaram por problemas profissionais e pessoais, como quando a oposta sofreu ataques racistas em suas redes sociais e a ponteira ficou com o seu celular e encaminhou todos os comentários para os advogados do clube ou quando Luiza teve um ataque de pânico no dia do aniversário da morte de sua mãe e Kisy passou a noite fazendo cafuné no seu cabelo. Junto com Rebeca e Júlia, as quatro eram o suporte uma da outra, o lugar seguro para descansar quando o mundo era cruel demais.

Inconscientemente, Luiza demorou a entrar no ônibus, esperou todas as outras jogadoras se acomodarem nas poltronas, com exceção de Macris e Gattaz, que haviam sido as últimas a chegarem na rua da Bahia. Forjou uma desculpa qualquer para justificar a vagareza e não admitir que estava nervosa, que temia a reação de Bianca depois de dias sem trocarem uma única palavra. Cruzou um olhar com Kisy enquanto caminhava até as últimas fileiras do veículo e leu os lábios da oposta silabando "vai logo" quando passou por ela.

— Posso sentar aqui?

A pergunta saiu baixa e rápida demais, escancarando a vergonha que sentia de tê-la feita. Bianca tremeu em surpresa e espanto quando seus olhos pousaram em Luiza, não sabia se ela iria ao jogo, menos ainda que pediria para sentar ao seu lado.

— Por que?- devolveu, ajeitando a postura ao descolar os ombros do encosto do banco.

— Quero conversar.- falou, depois de alguns segundos em silêncio.

A tensão era tangível entre elas. Ter as orbes azuis queimando o rosto alvo era meio intimidante - e até ameaçador -, parecia que estava sendo decifrada, despida. Luiza cruzou os braços na altura dos seios, apoiando o peso do corpo em uma das pernas, buscando uma posição menos desconfortável para estar.

— Não sei se quero papo contigo, não.- ela desviou o olhar, passando a encarar o estofado do assento da frente.

Bianca tinha mágoa na voz, muito diferente das outras vezes que Luiza também tinha falado ou feito o que não deveria e ela continuava sendo gentil com a mais nova. Era diferente dessa vez.

— Vim em paz.- tentou de novo, lançando os braços para o ar, desfazendo a postura impassível e atraindo a atenção da carioca novamente.— ' vai entrar em quadra daqui a pouco, não pode entrar brigada comigo.

— Por que?- Bianca perguntou apenas para saber onde ela chegaria com aquela conversa.

— Porque não, uai.- o argumento sem justificativa racional fez a outra ponteira rir pelo nariz, incrédula. Luiza abaixou os ombros e olhou para o teto do ônibus, tão irritada com as palavras que estavam presas na sua mente e não desciam para os lábios que se sentia aflita.— O time tem que estar unido.

— Não importa, né?- Bianca abriu um sorriso de lado, mas não era o mesmo sorriso que Luiza gostava de ver quando aparecia. Não que não fosse bonito, entretanto carregava vislumbres de deboche e tristeza.— A minha família pode me ajudar na repercussão negativa depois do jogo se eu jogar mal.

— Bianca...- e mais uma vez ela tentou, sendo interrompida em seguida.

— Me deixa sozinha, Luiza.- o pedido foi feito olhando nos olhos dela, nas íris cor de mel que a intrigavam desde o primeiro dia que chegou ao clube mineiro. Ela não cederia mais uma vez, não era justo que aceitasse ser atacada rotineiramente pela mais nova e continuasse fingindo que não machucava.— Preciso me concentrar pro jogo.

[...]

Amarelo e preto. Gritos na arquibancada. Bolas flutuando. Câmeras. Hino Nacional. Olhos cor de mel.

Bianca sentiu o peito comprimir e o ar faltar quando observou os torcedores que começavam a lotar o ginásio do Mackenzie. Normalmente, controlava a ansiedade com alguma música que gostava e com exercícios de respiração, mas nada parecia acalmar o seu corpo. Celulares fotografavam e filmavam seus movimentos a cada momento enquanto aquecia, era notório a mobilização das pessoas pelo melhor ângulo da neta do Bernardinho e nova promessa do Minas Tênis Clube.

— O Mackenzie Companhia do Terno recebe, pela primeira rodada do Campeonato Mineiro Walewska Oliveira temporada 2024, o time do Gerdau Minas.- o narrador in loco anunciou para os presentes.

Os gritos intensificam e o nervosismo de Bianca também. Ela limpou o suor das mãos no pano do short-saia, depois esfregou os manguitos brancos que cobriam os braços parcialmente nas laterais dos quadris em um dos seus rituais nos jogos. Um apito soou indicando o fim do aquecimento e as atletas saíram de quadra. As jogadoras do Minas fizeram uma roda enquanto a arbitragem era nomeada, trocaram um abraço coletivo antes do narrador começar a apresentar as escalações dos dois times, iniciando pelo visitante.

— [...] Kisy, Bianca Rezende...

A capitã Carol Gattaz deu um empurrãozinho no ombro de Bianca, trazendo-a para a realidade. A carioca puxou todo o ar que seus pulmões poderiam armazenar até inflarem o suficiente para ser incômodo e soltou consciente, com lentidão. Quando levantou a cabeça para entrar em quadra, no seu campo de visão a alguns metros de distância, seus olhos encontraram os olhos de Luiza por um instante.

— Bom jogo.- silabou para que a ponteira lesse os seus lábios, em seguida abriu o sorriso mais bonito que Bianca já tinha visto.

O primeiro apito reverberou, dando início à temporada.

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COMO ESTAMOS?

Odeiam menos a Luiza? ((sou coração molinho com ela, qualquer coisa já tô "tá tudo bem, vida, você não quis errar. o ser humano é falho mesmo"

Apostas de quem vai vencer o Campeonato Mineiro Walewska Oliveira? (não aceitaremos palpites do time de Uberlândia

Não ia postar hoje, mas a lista da VNL me deixou animada. O que acharam dos nomes?

SE O MINAS FOR CAMPEÃO DA SUPERLIGA DOMINGO, FAÇO UMA MINIMARATONA COM UNS 2 CAPÍTULOS DE UMA VEZ!!!!!

Até logo.

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𝐋𝐮𝐠𝐚𝐫𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐟𝐞𝐢𝐭𝐨 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐜𝐢𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐯𝐨𝐜𝐞𝐬. 💗