Ao entrar na sala, eu e Oliver sentamos em nossos devidos lugares. E então o professor de química chega.
-Bom dia turma! Então, hoje iremos fazer uma experiência. Solução aquosa de ácido clorídrico e de hidróxido de amônio em um béquer. E esse trabalho vale nota e vai ser feito em trio. Vocês tem 2 minutos para organizar as equipes.
Oliver do outro lado da sala, me chama em alta voz.
-Pandora! Eu, você e quem mais?
-Não sei. -Digo meio pensativa.
Tem uma novata na nossa sala, ela está aqui a uma semana, e até hoje ninguém foi falar com ela. Eu levanto do meu lugar e me aproximo da novata, que está do outro lado da sala e na última mesa.
-Oi, tudo bem? -Digo tentando ser carismática.
-O-oi. -Ela diz com falha na voz.
-Não precisa ter vergonha ok?
-Ok!
-Então, qual é o seu nome?
-Kamy. E o seu?
-Me chamo Pandora. Você não quer fazer parte do meu grupo não?
-Do trabalho de química?
-Sim.
-Ah claro, muito obrigada. -Ela agradece com um leve sorriso no rosto. Eu devolvo o sorriso e sigo em direção ao Oliver.
-Eu, você e a Kamy.
-Quem é Kamy?
-A novata.
-Ok!
Já se passaram os 2 minutos, e o professor nos leva até o laboratório. Eu e Oliver esperamos Kamy sair da sala, e então, vamos nós três até o laboratório.
Chegando lá, nós três sentamos em uma mesa perto da saída. Os outros alunos vão chegando e se sentando até o professor começar a falar.
-Oi Kamy! -Oliver diz com um sorriso no rosto. Kamy devolve o sorriso.
-Oi!
-Kamy, nós vamos nos conhecer e vamos virar melhores amigas ok? Por favor, não tente se enturmar com esse povo da escola, eles não prestam. -Digo, e nós três começamos a rir, Kamy confirma com a cabeça.
-Ok! -Kamy diz, ainda rindo.
-Mais tarde a gente podia ir tomar um sorvete, sei lá. -Oliver sugere.
-Ah claro. O que acha Kamy?
-Pode ser, eu topo.
O professor começa a falar e a explicar sobre uma reação química que fizemos na aula passada.
-Nessa reação, o magnésio em estado sólido reage com o gás oxigênio, formando o óxido de magnésio, uma substância no estado sólido. E hoje iremos usar ácido clorídrico e hidróxido de amônio. -Explica o professor, demonstrando cansaço.
*Brayor on...
No hospital, Brayor se senta esperando que alguém a chame. Ela levanta impaciente e vai até a recepcionista.
-Que horas eu vou poder ver minha mãe? -Ela diz, demonstrando impaciência e raiva.
-Daqui a alguns minutos, tente se acalmar. -A recepcionista diz bem calma.
Brayor olha para ela com olhar sarcástico, e volta a se sentar.
Passam mais de 20 minutos, e nada. Brayor se estressa novamente, e vai até a recepcionista.
-Mas que droga de hospital é esse, onde eu não posso sequer visitar a minha mãe? Não sei se você sabe, mas ela está morrendo e ela não tem muito tempo. Eu não mereço ficar esperando só porque vocês querem, e nem essas pessoas que estão aqui. Então eu vou até a minha mãe, vocês autorizando ou não. Obrigada. -Brayor diz em voz alta.
Brayor vai correndo em direção ao quarto de sua mãe, e uns dois guardas vão atrás dela pedindo para ela esperar. Mas ela segue em frente.
Ela sobe as escadas, e corre, um dos seguraças a alcança e a segura. Ela tenta se soltar mas não consegue, o segurança é muito forte.
-Me solta, eu preciso ver minha mãe.
-Se você ficar quieta e prometer que não vai correr, eu te solto.
-Eu prometo. -Ela diz com certa ironia na voz.
Assim que o segurança a solta, ela realmente fica quieta. Ela avista o médico de sua mãe, o Dr. Freddy. Ela vai até ele.
-Freddy, e minha mãe? Ela está bem? -Ela diz com a voz ofegante.
-Vamos conversar no meu escritório.
-O que aconteceu? Ela morreu? É isso? Me fala logo. -Ela grita.
-Vamos conversar...
-Não. -Ela o interrompe. -Me fala aqui mesmo.
Freddy olha nos olhos de Brayor.
-Sinto muito Brayor, eu fiz de tudo, eu juro que fiz, mas ela não resistiu.
Brayor fica parada, olhando para o chão, e tentando entender o porque disso ter acontecido. Ela se encosta na parede e vai se abaixando até se sentar no chão. Ela se encolhe e abraça suas pernas e começa a chorar. Freddy se abaixa e dá um leve abraço em Brayor.
-Vem, levanta daí.
Brayor continua chorando e não diz nada.
-Brayor?
-Me deixa em paz Freddy.
-Está bem. Mas se precisar, procure.
Freddy se levanta para ir embora, e Brayor o chama.
-Freddy!
-Sim?
-Eu posso ver minha mãe?
-Claro...
Brayor se levanta e vai até o quarto onde sua mãe está. Ela entra, olha para sua mãe, ela se aproxima do corpo, sua mãe está pálida. Brayor começa a chorar mais ainda. Ela abraça o corpo de sua mãe e começa a lamentar tudo que ela não fez pela sua mãe. Ela entra em desespero e começa a dar tapas em seu próprio rosto e a puxar seu cabelo. Freddy vai até ela e segura seus braços. Ele pede pra ela parar e lhe dá um abraço, falando para ela se acalmar.
-Brayor, a culpa não é sua.
-Eu deveria ter feito mais por ela, eu deveria ter ouvido mais ela, eu deveria ter ficado mais tempo com ela, ter cuidado dela.
-Eu sinto muito Brayor. Você quer ligar para alguém?
-Não dá.
-Por quê?
-As únicas pessoas que eu tenho, estão na escola agora.
*Pandora on...
-Finalmente a aula de química acabou. -Digo.
-É, mas ainda temos a manhã inteira de aula. -Diz Oliver.
Nós três fomos para a sala da aula de matemática. Nos sentamos em nosso devidos lugares e a aula começa. Passa alguns minutos de aula e a diretora vai pessoalmente até a sala me chamar.
-Pandora Schmidt.
-Sim senhora.
-Me acompanhe até a minha sala, sua amiga Brayor está no telefone.
De repente, uma onda de preocupação invadiu meu coração. Brayor estava no hospital com a mãe dela. Deve ter acontecido algo, se não, ela não teria ligado no meio da aula. Eu me levanto, olho para Oliver, e vou com a diretora.
Chegando na sala dela, ela me entrega o telefone.
-Brayor?
-Pan-Pandora. -Ela diz falhando a voz, ela estava chorando.
-O que aconteceu? -Digo temendo que algo ruim tenha acontecido com a mãe dela.
-Minha mãe, ela...ela morreu. -Ela diz pausadamente.
-Nossa Brayor, eu...sinto muito, de verdade. Não sei o que dizer. -Digo demonstrando tristeza na voz. Eu realmente estava me sentindo mal com isso.
-Não precisa dizer nada. Você pode vir aqui me buscar?
Eu tiro o telefone do ouvido e pergunto para a diretora se posso ir buscá-la. Ela deixa.
-Daqui a pouco estou aí.
-Obrigada, muito obrigada.
Fui correndo para a sala, já entrei direto na minha mesa arrumando a minha mochila. Oliver se levanta preocupado e vai na minha direção.
-O que aconteceu, Pandora?
-A mãe da Brayor morreu. Estou indo buscá-la no hospital.
-Meu Deus. -Oliver diz. Ele parece indignado. -Eu também vou. Quando meu irmão morreu ela foi a única que me acolheu.
-Então vamos, rápido.
Olho para a professora, ela parece um pouco confusa. Mas volta a escrever no quadro. Eu gosto dela. Oliver já está pronto, e então vamos correndo para o estacionamento da faculdade.
-Vamos no meu carro Pan, eu dirijo.
Entramos no carro, ele dá a partida, e vamos até o hospital.
-Pan, qual hospital ela está?
-Afagöes.
Depois de alguns minutos chegamos ao hospital. Eu entrei correndo e Oliver veio atrás de mim. Cheguei na recepcionista e perguntei onde Brayor estava. Mas ela não soube me responder. Então falei sobre a mulher que morreu com leucemia, mas eu não sabia o nome dela, mas Oliver sabia.
-Anna. Anna Wördy.
A recepcionista procurou no computador e nos disse o quarto onde ela estava.
-Quarto 202, terceiro andar.
-Obrigada. -Eu digo, e vou até o quarto apressadamente. Oliver logo atrás de mim.
Chegando lá, eu encontro Brayor sentada no chão, virada para a parede. Eu a chamo e ela não tem nenhuma reação. Então eu me aproximo, coloco a mão em seu ombro.
-Brayor, você está bem?
Ela se levanta e olha bem nos meus olhos. Eu vejo que os olhos dela estão inchados de tanto chorar. Ela não diz nada e simplesmente me abraça. Oliver estava na porta, apenas observando. Mas ele se aproxima, encosta a mão no braço de Brayor, ela olha para ele, eles se abraçam. Percebo que Oliver também começa a chorar, e a pedir desculpas a Brayor.
Um médico entra no quarto e se dirige até mim.
-Olá! Sou o Dr. Freddy. -Ele sorri, e eu devolvo o sorriso, e o cumprimento pegando em suas mãos.
-Meu nome é Pandora. E esse é o Oliver.
-Ele é seu namorado? -O médico pergunta. E rapidamente, Oliver e Brayor olham para mim.
-N-não, ele é meu amigo. -Digo falhando a voz e com um frio na barriga muito perturbante.
Depois de alguns minutos, todos vamos até a recepção. Eu miro o olhar na Brayor e ela está péssima, odeio vê-la assim. Brayor fica um bom tempo conversando com o Dr. Freddy. E em seguida, ela nos chama para ir embora.
Entramos no carro, e Oliver leva Brayor até a sua casa. Chegando lá, ela começa a falar com a gente de cabeça baixa.
-O velório da mamãe vai ser amanhã. E eu queria que vocês fossem.
-Claro. -Eu e Oliver dissemos em uníssono.
-Não vou preparar nada, afinal, não temos ninguém aqui. É só para honrarmos a memória dela. Agora se não se importarem, gostaria de ficar um pouco sozinha.
-Não se preocupe. Se precisar de mim, me liga ok? -Digo.
-Ok!
-Me liga também Brayor. Só não fique isolada. A gente te ama. -Diz Oliver tentando animar a Brayor.
-Também amo vocês. -Ela dá um leve sorriso. -Tchau gente, obrigada por tudo.
-Que isso Brayor. -Digo. E em seguida lhe dou um abraço, Oliver também a abraça. E então, eu e Oliver entramos no carro. Ele dá a partida e depois de um curto tempo, ele quebra o silêncio.
-Pandora?
-Diga.
-Você sabe que eu te amo né?
-Também te amo. -Dou um leve sorriso.
-Então, tipo, a gente, nós... -Ele dá uma pausa e continua. -Eu queria ter algo mais sério com você.
Eu não disse nada, mas sabia que ele queria ouvir algo, mas eu não sabia o que dizer.
Ele para o carro em frente o shopping, e eu fico meio sem entender. Ele desce do carro, dá a volta e abre a minha porta. Ele pega na minha mão e eu desço do carro. Assim que eu desço, ele fecha a porta e pega nas minhas duas mãos, ele olha profundamente pra mim, e eu me perco em seus olhos castanhos quase mel. Fico hipnotizada com tamanha beleza. Seus cabelos negros e curtos, ele estava com uma espécie de topete meio bagunçado que eu realmente amo. E então, ele finalmente diz algo.
-Pandora, eu sei que aqui não parece muito romântico, está fazendo frio, não está muito confortável, mas eu não aguento esperar. -Ele começa a demonstrar ansiedade. E seus olhos enchem de lágrimas.
-O que foi Oliver? -Pergunto, realmente preocupada.
-Pandora, você aceita ser minha namorada? -Ele continua me olhando nos olhos. Na hora eu fiquei meio paralisada, mas depois, eu me recuperei.
-Cla-claro Oliver. -Minha voz falha. -Sim, sim, sim e sim. -Eu solto as mãos dele, e lhe dou um forte abraço. Eu estava com os meus braços em volta de seu pescoço, e ele me abraçava pela cintura. E então eu olhei para ele e lhe dei um beijo. Esse foi o beijo mais apaixonado da minha vida. O melhor beijo. Com o melhor cara. Ou melhor, com o cara da minha vida. Finalmente, Oliver é oficialmente meu namorado.