Mais Que Horríveis.

By apollovaleska

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EM PRODUÇÃO / EM REVISÃO ᯓ ROMANCE. Dark Fanfiction | Alta Fantasia | Thriller de Mistério | Young Adult. ──... More

MAIS QUE HORRÍVEIS.
DEDICADÓRIA.
── ACT I
Epígrafe.
Prólogo.
Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 5.5
Capítulo 6
── ACT II
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capitulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 14.
Capítulo 14.5.
Capítulo 15.
Capítulo 15.5.

Capítulo 13.

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By apollovaleska

INVASÃO NO CASTELO
— 13 —

Mallory abriu lentamente os olhos, que logo se encheram de surpresa ao notar onde estava. Á frente dela se estendia um dos longos corredores do Castelo Real, um espaço que outrora exibia grandiosidade e opulência, mas que agora parecia envolto em sombras e mistério. Os candelabros de cristal pendurados no teto lançavam uma luz fraca e vacilante, criando padrões de sombra nas paredes adornadas com tapeçarias desbotadas.

— "Eu escolhi a minha primeira proclamação oficial--" — uma voz masculina ecoou pelo longo corredor.

— Alguém está aí? — Mallory questionou confusa, começando a caminhar.

— "Essa é a nossa única chance de nos provarmos aos nossos pais!" — uma voz feminina agora falou, e Mallory logo a reconheceu.

— Mãe?! — perguntou, ainda mais confusa avançando o passo.

— "Qual é meu nome?! UMA!" — um conjunto de vozes gritou, e a loira olhou ao redor perdida, mas ainda sem abrandar o passo, seguindo pelo corredor que parecia interminável.

— "Eu quero ser perigosa!" — a voz jovial de Audrey berrou, por entre as paredes do corredor.

Mallory sem saber mais o que fazer, olhou para trás buscando uma porta ou algo que indicasse como ela havia chegado ali, apenas dando de caras com um corredor sem fim.

— "Não fique no passado, ou vai perder o futuro." — proclamou a voz da falecida Fada Madrinha, e Mallory logo voltou a olhar para frente.

Com passos determinados a garota começou a correr pelo corredor que parecia se expandir a cada passo que dava, como uma maratona sem fim.

— "Você é 'A Cobra'..." — a voz de Cal disse quase que num sussurro.

— "SAI DA MINHA CABEÇA!" — a voz de Audra berrou, e um vento forte atingiu Mallory a derrubando.

Assim que a loira voltou a se erguer, ela não se encontrava mais na sua antiga casa. Agora ao seu redor estava numa floresta, o céu pintado de vermelho, enquanto várias cinzas voavam pelo ar.

— "Nós perdemos..." — Evelyn disse, desacreditada — "Chernabog venceu."

— Evelyn?! — a Bertha questionou ansiosa.

Mallory olhou em direção á voz familiar de sua amiga, e viu finalmente alguém. Em desespero ela correu até ela. Assim que a alcançou, Evelyn desapareceu, o céu subitamente ficou novamente azul, e a antiga floresta foi substituída por um simples bosque com um rio passando por ele, enquanto várias pessoas se reuniam ao redor.

— "Que comece os jogos vorazes!" — um garoto anunciou do topo de um pequeno monte, abanando uma bandeira vermelha.

A Bertha o encarou curiosa, e com passos lentos foi em sua direção, porém subitamente acabou caindo no rio. Assim que conseguiu retornar a superfície, notou que o antigo bosque havia desaparecido, dando lugar a um ambiente desértico e queimado. Há sua frente, ela viu ela mesma deitada no chão chamuscado, encarando o céu novamente vermelho de Auradon sem esperança.

— "É a Carmax." — Mallory disse — "É tudo a Carmax."

Antes que pudesse se aproximar de sua versão de si própria, um grito feminino estridente tomou conta de seus ouvidos causando a Bertha gritar de dor, e fechar seus olhos enquanto tampava os ouvidos. Assim que os voltou a abrir, notou que estava em uma catedral, um garoto de cabelos castanhos e olhos verdes a fitando com ódio.

"O nome é Malleus, querida." — o jovem proclamou.

Os olhos do garoto logo ficaram negros, e o ambiente á sua volta evaporou em uma energia negra, fazendo Mallory cair para um abismo de escuridão.

— "Diga olá ao avô por mim." — uma voz pediu, ecoando pelo escuro.

Mallory então caiu sob a muralha de um castelo, que parecia estar se desmoronando. A Bertha se levantou aflita, e logo olhou para a frente, onde notou um ser mascarado com um capacete de chifres, empunhando uma espada e se aproximando dela.

— "Você precisa de um professor!" — o ser gritou apontando a espada a ela — "Eu posso te ensinar a magia das trevas!"

Antes que ele pudesse se aproximar mais, o chão abaixo de Mallory novamente se quebrou, e a loira agora caiu deitada em uma sala de pedra. Esculturas se estendiam pelo lugar glamoroso, guiando a um trono onde o antigo vilão, Breu, estava sentado.

— "Criança patética, você acha que pode o fazer mudar de lado?" — o vilão questionou, dando uma risada irónica — "Eu vejo a mente dele, eu vejo cada pensamento dele! Eu não posso ser traído, eu não posso ser derrotado. Eu vejo ele levantando a espada para te matar... E agora, com um golpe final, ELE MATA SEU VERDADEIRO INIMIGO!" — berrou, o ódio escorrendo na sua voz.

Mallory desesperada se virou para trás, logo vendo uma espada vindo em sua direção, tão rápido que nem conseguiu notar quem a carregava. A Bertha fechou os olhos em desespero, mas não sentiu nada. Assim que os abriu, se viu num lugar completamente diferente: uma sala luxuosa a cercava enquanto estava encostada a uma janela quebrada, encarando o ser mascarado que havia visto na muralha do castelo.

— "Ele te persegue porque Ele viu no que você se tornaria quando o derrotou na primeira vez. Você não tem apenas poder, você tem o poder Dele. Você é uma--" — antes que pudesse terminar, um vento forte invadiu a sala arremessando Mallory pela janela.

Mallory novamente caindo, acabou por aterrar em uma gruta sombria com várias runas desconhecidas desenhadas pela parede. Vozes de milhares de criaturas ecoavam pela pequena caverna, até que uma em particular se destacou.

— "E com o golpe de sua espada os demônios estão de volta. OS HERÓIS ESTÃO MORTOS!" — o ser diabólico gritou, sua voz de origem desconhecida, ecoando por toda a caverna.

A Bertha deu alguns passos para trás assustada e desnorteada, batendo contra uma grande parede de gelo atrás de si.

— "Não tenha medo de quem você é..." — ouviu agora a sua própria voz ecoar, no recém silêncio da gruta.

Mallory se virou lentamente contra a parede de gelo, numa tentativa de encontrar o seu próprio reflexo, mas o resultado foi longe disso. Diante dela, a parede refletia a figura sombria e alta do maior vilão que já existiu no lugar dela mesma.

— Chernabog... — a loira sussurrou em choque, lágrimas se acumulando em seus olhos.

— CHERNABOG! — Mallory berrou, se levantando da cama, e assustando Evelyn e Harvey que a observavam numa cadeira.

— Calma garota... — Evelyn disse, se recompondo — O quê diabos você tava sonhando?

A de cabelos roxos encarou os dois, enquando tentava assimilar toda a situação e o seu sonho se dissipava em sua memória.

— Você tá bem? — Harvey questionou, preocupado.

— Sim... Eu acho. — retrucou, se sentando na cama — O quê diabos aconteceu? Eu só lembro de estar na festa louca da Audra e depois simplesmente tudo ficou escuro.

— Você teve uma overdose e caiu na piscina do jardim... — Evelyn explicou, em um tom melancólico — Te encontramos uns minutos depois, e te levamos correndo pra cá. Por sorte a Ursa tinha algumas poções e conseguiu garantir que você sobrevivesse. Agradeça a ela.

— Eu irei. — respondeu, logo direcionando seu olhar a Harvey, que a olhava com um pouco de tristeza e decepção — O quê foi?

— Nada. — o Hook respondeu, dando um sorriso forçado — Apenas estou feliz que você está bem.

Mallory deu um sorriso forçado de volta, e logo se levantou da cama, se espreguiçando.

— Conseguimos alguma coisa a cerca dos guardas e de como vamos invadir o castelo pelo menos?

— Creio que sim, mas ainda não tenho certeza. Ursa que falar com a gente daqui um tempo no salão, espero que seja boas notícias. — Evelyn respondeu, pousando a mão sobre o ombro de sua amiga.

Entretanto, no salão de jantar do Castelo Bargain, Audra estava sentada numa das cadeiras, vestindo um grande moletom vermelho que se mimitizava com seus cabelos ruivos bagunçados, enquanto usava uns óculos de sol. Os restantes de seus aliados estavam na mesa, todos com um ar cansado, exceto por Lanna.

— Festa louca ontem não é? — Celeste começou a falar tentando animar seus amigos ressacados — Nem me lembro de nada.

— Me lembro da minha prima quase morrendo e arruinando tudo. — Hayden disse, se encostando na cadeira com um ar desleixado — Estava quase me redimindo com a Diana e essa louca tinha que ter uma overdose bem na hora.

— Você voltou com ela? — Lanna perguntou confusa.

— Sei lá. — o garoto retrucou sem interesse, passando a mão por seus cabelos compridos.

— E como anda seu romance com o garoto espiritual? — Celeste questionou a Lanna com um tom provocativo.

— Sei lá. — a Bell respondeu, imitando a resposta de Hayden.

— Pelo amor de Deus, essa conversa está matando meus últimos resquícios de sanidade. — Audra falou ajeitando seus cabelos bagunçados.

— É, não vamos falar de você arrastando a Carla para sabe se lá onde no início da festa. — Celeste provocou, rindo.

— Pensei que não se lembrasse de nada. — Audra retrucou, seus olhos a fitando com ódio através dos óculos escuros, e o sorriso de Celeste desapareceu — De qualquer maneira, foi bom dar uma relaxada não acham?

— Não. — os 3 responderam em uníssono.

Audra, em reposta, apenas se contentou em dar um suspiro cansado, fitando o teto luxuoso do salão enquanto as memórias da última noite passavam pela sua cabeça. As memórias com Carla. Seu beijo, seu toque, seu gosto, tudo tinha ficado marcado em Audra como uma cicatriz eterna. O doce sabor amargo de começar a viver o primeiro amor.

Enquanto isso, no Fish and Chips, Carla estava em uma das mesas olhando para Cal com um sorriso de orelha a orelha, enquanto se lembrava de seus momentos com Audra.

— Não tivemos oportunidade de conversar devido a toda a situação da Mallory, — o DeVil disse, tentando decifrar o sorriso de Carla — mas vai, me conta o que aconteceu.

— Então... — Carla se ajeitou na cadeira — Eu, Audra... — a DeVil fez um sinal com a cabeça e os olhos de Cal se arregalaram.

— Você é louca... — Cal riu, jogando sua cabeça para trás — Você gostou?

— Sim, mas não no sentido habitual... — Carla fez uma careta — Não foi só carnal, pelo menos não para mim. — ela encarou a mesa por alguns segundos, pensamentos percorrendo sua mente — Você acredita nisso de beijo de amor verdadeiro?

— A Aurora acordou de um coma com um. — Cal respondeu, sem hesitação — Então sim, é real... — o garoto deu uma pausa, refletindo sobre o tema que tanto o fascinava — Amor, o sentimento mais forte e devastador que existe. Pessoas morrem, matam, constroem castelos, destroem reinos, envenenam maçãs, tudo em nome do amor. Amor por outro, amor por si mesmo, amor por uma ideia... É o único sentimento capaz de quebrar uma maldição, não importa o quão intensa seja.

— E como você sabe quando sente ele? — Carla questionou ainda mais confusa.

— Creio que só na hora. — Cal deu de ombros — Espera a Audra entrar num coma e beije-a, se ela acordar já sabe. — deu uma risada.

— Acho que vai ter que ser assim mesmo. — a DeVil respondeu, sem esperança de desvendar seus sentimentos.

— É, mas antes de você começar se precipitar pergunte a si mesma: se você caísse no sono eterno, o beijo dela te acordaria? — Cal arqueeou as sombrancelhas, e a expressão de Carla enrijeceu.

Antes que a conversa pudesse continuar, Mallory junto de Harvey e Evelyn saíram de um dos quartos, e logo Carla saiu correndo em direção a ela, a abraçando forte, enquanto os outros V'aks observavam de longe.

— Você tá bem?! — perguntou, sua voz ofegante pela preocupação.

— Sim, sim. — Mallory deu um sorriso tranquilizante — Estou viva, estou bem, estou sã. — riu.

— Não me dá mais esse susto, garota! — Carla deu um soco leve no ombro de Mallory e riu também.

Ursa então surgiu das profundezas do salão, logo indo para o centro, uma expressão triunfante dominando seu rosto.

— Ainda bem que está viva, Mallory. — falou, dando um sorriso genuíno — Atenção a todos! — gritou, e logo todos os olhares saíram de Mallory e se dirigiram a ela — Felizmente, mesmo com o dia caótico de ontem, conseguimos descobrir uma maneira de invadir o castelo e recuperar as jóias para reerguermos a ponte e derrotarmos Rei de Chifres!

Todos deram um grito de vitória, e o sorriso no rosto de Ursa aumentou.

— Invadiremos o castelo á noite, mais precisamente pelas traseiras, visto que é a área menos vigiada por guardas. O lugar mais provável de Audra ter escondido as jóias é em seu próprio quarto, mas não vamos hesitar em procurar nos quartos dos companheiros dela também. — Ursa explicou, em um tom triunfante.

— E quem vai invadir o castelo? — Cal perguntou curioso.

— Ótima pergunta, senhor DeVil! — Ursa respondeu com ironia — Annie e Lorelei, — ela direcionou o olhar ás duas garotas — as recém ladras mais famosas da Ilha, essa missão é com vocês. Desde que vocês, crianças de Auradon, chegaram aqui, vocês as duas têm sido as melhores para roubar mantimentos e armas para nós, então, essa tarefa é com vocês.

— Finalmente um papel importante. — Annie sussurrou sorridente para Lorelei, dando uma cotovelada na amiga.

— Estaremos todos nas redondezas, caso algo dê errado, mas conto com o vosso talento. — Ursa informou, já se afastando.

— Eu quero ir! — Mallory gritou, e Ursa se virou para ela surpresa.

— Você claramente não tá em condições de ir para essa missão, você acabou de ter uma overdose... — retrucou em um tom preocupado.

— É tudo minha culpa essa situação ter acontecido, eu quero consertar as coisas. — a Bertha respondeu firme — Além de que, Celeste é uma mestre nos venenos, Hayden tem a magia do Hades, Lanna a magia das fadas misturado com algo estranhamente sombrio, e Audra tem a Força Fênix. — ela olhou para Annie e Lorelei — Nenhum de nós aqui tem propriamente poderes, além de mim! Se elas forem pegas, é o fim para elas.

Ursa ponderou por alguns segundos, olhando para os restantes V'aks com uma expressão preocupada enquanto ponderava sua escolha. De fato, as habilidades dela mesma com poções, não se comparavam aos recém poderes de Mallory, e nenhum dos outros V'aks possuía algo páreo para Audra e seu time. Era uma morte anunciada.

— Tudo bem. — respondeu subitamente — Você tá dentro. — Ursa se virou, logo se dirigindo a seus aposentos — Estão dispensados.

Mallory deu um sorriso alegre, logo olhando para Evelyn que também sorria orgulhosamente para a amiga.

Algumas horas depois, já ao por do sol, os passos aflitos de Lanna se dirigiam á loja da Cassandra Gothel, enquanto uma determinação surreal invadia o corpo da fada. Ela havia passado quase um ano em luto pelo seu antigo amor, um luto suficientemente forte a ponto dela fazer um pacto com Chernabog, porém ao notar todos se beijando na festa de Audra uma solidão a invadiu, e ela só conseguia pensar numa pessoa que ela gostaria de ter passado aqueles momentos.

— Lanna! — Gothan disse sorridente, assim que a loira abriu a porta — Como foi a festa da Audra?

— Foi interessante. — respondeu rindo, tentando esquecer o fato que a festa originalmente seria um massacre, e logo se aproximou dele, apenas a mesa do caixa os separando — E o quê você fez? — perguntou, um sorriso genuíno preenchendo seus lábios.

— Arrumei as coisas da loja, e depois fui para casa dormir. — o Gothel deu de ombros — Nada demais... Senti sua falta essa noite, espero que hoje você venha aqui estudar a magia como tínhamos combinado.

— Claro, claro. — Lanna disse, fitando os olhos do garoto profundamente, e Gothan arqueeou as sombrancelhas, confuso.

— O quê foi? Tenho alguma coisa na cara? — perguntou, dando uma risada sem graça enquanto passava a mão pelo seu rosto, suas bochechas corando.

Lanna continuou encarando o garoto por alguns segundos, mas logo o segurou pela camiseta branca que estava usando, e o puxou para um beijo. Os olhos de Gothan se arregalaram de surpresa, mas logo ele os fechou, aproveitando momento.

Assim que o beijo terminou, Lanna ainda o fitava, a respiração dos dois já ofegante. A fada ultrapassou a mesa do caixa e logo se aproximou de Gothan ainda mais, o encurralando contra a parede de madeira decrépita da loja.

— Vamos ter que adiar essa aula de magia, não é? — perguntou sorridente.

— Definitivamente. — a Bell respondeu, o beijando novamente, com ainda mais intensidade.

Se chocando contra alguns artigos esotéricos, mas sem quebrar o beijo, os dois foram até os fundos da loja, logo entrando no armazém e fechando a porta atrás deles.

Algumas horas depois, ao cair da noite, Mallory, Lorelei e Annie se esgueiravam pelo terreno do Castelo Bargain, mantendo-se nas sombras para evitar serem detectadas. A noite envolvia tudo em uma penumbra misteriosa, e a única luz provinha das poucas janelas iluminadas do castelo.

As três avançavam com cuidado, os olhos atentos a qualquer movimento. Mallory liderava o grupo, seus sentidos aguçados pela adrenalina. Lorelei e Annie seguiam de perto, trocando olhares rápidos e cúmplices. Rapidamente chegaram aos fundos do castelo, onde uma porta discreta se destacava na parede de pedra. Mallory se abaixou, examinando a fechadura.

— Espero que a Ursa tenha razão sobre isso ser a entrada menos vigiada... — sussurrou Annie, olhando ao redor.

— Eu confio nela. — respondeu Mallory, retirando um pequeno kit de ferramentas do bolso e começando a trabalhar na fechadura.

Depois de alguns momentos tensos, a porta fez um clique suave e se abriu lentamente. Mallory sorriu, satisfeita com seu trabalho, e as três entraram no castelo, fechando a porta atrás de si.

O interior do castelo era silencioso, apenas os passos de guardas distantes ecoando pelos corredores. As paredes de pedra eram preenchidas com quadros antigos e armaduras empoeiradas. As tochas nas paredes lançavam sombras sinistras pelos corredores, que pareciam seguir os passos das invasoras.

No exterior, os restantes V'aks aguardavam ansiosamente, prontos para intervir caso algo desse errado. Estavam atentos a qualquer sinal de problema, preparados para proteger suas amigas e garantir que as jóias fossem recuperadas com sucesso.

— Siga-me... — sussurrou Mallory, conduzindo as outras pelo labirinto de corredores. Elas avançaram com cuidado, evitando os locais mais iluminados e qualquer possível patrulha.

Finalmente, chegaram a uma grande porta dupla que dava para o salão principal do castelo. Mallory fez sinal para que parassem.

— As jóias devem estar em uma sala próxima... — ela murmurou — Fiquem atentas!

Lorelei assentiu, segurando firmemente a adaga que trazia consigo.

— Estamos prontas.

Com um último olhar para suas companheiras, Mallory empurrou a porta, abrindo-a o suficiente para espiar dentro. O salão estava vazio, mas as velas acesas sugeriam que alguém estivera ali recentemente. As três se moveram rapidamente para dentro, seguindo por um corredor lateral que levava a uma escadaria estreita.

Subiram os degraus em silêncio, até chegarem a um patamar que levava a uma grande sala decorada com artefactos luxuosos e prateleiras cheias de livros antigos. No centro, sobre um pedestal, brilhavam as jóias da primogenitura.

— Ali estão... — sussurrou Annie, os olhos arregalados de emoção.

— E nós pensando que Audra as guardaria no seu quarto... — Lorelei riu — Ela nunca iria guardar de uma forma tão simples uma conquista tão grande.

Mallory se aproximou cautelosamente do pedestal, sentindo o peso da responsabilidade em seus ombros.

— Vamos pegá-las e sair daqui antes que alguém perceba — disse ela, estendendo a mão para as jóias, e as entregando a Annie que colocou-as em sua bolsa.

Quando Mallory, Lorelei e Annie se viraram para sair da sala, seus corações dispararam ao ver Audra esperando por elas na porta. Audra segurava uma espada em mãos, seus olhos brilhando com determinação e fúria.

— Vocês realmente pensaram que poderiam entrar aqui e roubar as jóias sem que eu soubesse? — perguntou, a voz baixa e ameaçadora.

Mallory deu um passo à frente, colocando-se entre Audra e as outras duas.

— Lorelei, Annie, corram! — ela ordenou, ainda fitando a Rose.

Lorelei e Annie hesitaram por um momento, mas sabiam que Mallory estava certa. Elas se viraram e começaram a correr pelo corredor, mas foram interceptadas mais à frente por Lanna e Celeste, que também seguravam espadas, bloqueando seu caminho.

— Vocês não vão a lugar nenhum! — disse Lanna, seu olhar fixo e resoluto.

Enquanto isso, Mallory e Audra se encaravam no corredor estreito.

— Você realmente achou que poderia entrar aqui e pegar essas jóias sem que eu soubesse? — Audra repetiu, dando um passo à frente.

— Eu sabia que você descobriria, — respondeu Mallory, pegando uma espada que estava pendurada na parede — mas eu tinha que tentar. Você não entende o que está em jogo.

— Eu entendo perfeitamente! — retrucou Audra, levantando a espada. — E é por isso que não vou deixar você sair daqui com elas!

Sem mais palavras, Mallory e Audra começaram a lutar freneticamente. O som do metal se chocando ecoava pelo salão, as faíscas voando a cada golpe. Ambas lutavam com uma ferocidade inigualável, cada movimento cheio de precisão e força.

— Por que está fazendo isso, Audra?! — Mallory perguntou, tentando ganhar tempo enquanto bloqueava um golpe.

— Eu sou a Fênix! — Audra respondeu, seu olhar intenso — E se Auradon se reerguer novamente todo meu reinado terá sido em vão e eu ficarei presa por uma eternidade. Não vou permitir que isso aconteça, mesmo que signifique lutar contra aqueles que uma vez chamei de amigos!

Mallory inesperadamente sentiu um aperto no coração, mas não podia deixar que a emoção a distraísse.

— E eu estou tentando salvar todos nós! — disse ela, contra-atacando com um movimento rápido que Audra mal conseguiu bloquear.

A batalha continuava, cada uma tentando ganhar vantagem sobre a outra. O corredor parecia se fechar ao redor delas, o tempo se esticando enquanto lutavam. Cada golpe, cada bloqueio, era um esforço desesperado para prevalecer.

No outro lado do corredor, Lorelei e Annie estavam cercadas por Lanna e Celeste, suas espadas prontas para qualquer movimento.

— Vocês não precisam fazer isso... — Lorelei disse, tentando negociar.

— Não temos escolha. — Celeste respondeu, os olhos frios — Essa é a vossa vida agora, se acostumem com ela.

Do outro lado, Mallory e Audra continuavam sua batalha intensa. Ambas estavam cansadas, mas nenhum sinal de desistência era visível.

— Isso não tem que terminar assim! — a Bertha berrou, suas palavras ofegantes.

— Mas vai. — Audra retrucou, preparando-se para o próximo ataque.

As espadas se chocaram novamente, o som metálico reverberando pelas paredes do castelo. Na outra extremidade, Lorelei e Annie se viraram rapidamente, as espadas prontas, enquanto Lanna e Celeste avançavam na direção oposta da luta de Audra e Mallory. O ar estava tenso, carregado de eletricidade, e o som distante das espadas de Audra e Mallory se chocando ecoava pelos corredores de pedra.

— Você realmente acha que pode nos deter? — Lorelei perguntou, encarando Lanna com um olhar desafiador — Nós vamos reerguer a ponte, Auradon voltará, e vocês vão pagar pelos vossos crimes.

— É triste que ache isso. — Lanna respondeu, sua voz firme, enquanto seus olhos ficavam negros. Ela avançou, sua espada cortando o ar com precisão.

Lorelei bloqueou o golpe com habilidade, suas espadas tilintando ao colidir. Annie e Celeste começaram a circular, observando uma à outra com atenção antes de também iniciarem sua batalha. Annie deu o primeiro passo, avançando com uma série de golpes rápidos que Celeste bloqueou com destreza.

— Não precisa ser assim! — Annie suplicou, entre os golpes — Podemos resolver isso de outra maneira.

— Você escolheu seu caminho... — Celeste rebateu, contra-atacando com uma força que fez Annie recuar alguns passos — Agora, vamos ver se consegue lidar com as consequências.

Enquanto Lorelei e Lanna se envolviam numa dança mortal de espadas, Annie e Celeste se moviam de forma igualmente intensa, suas espadas cruzando em rápidos movimentos. O corredor era estreito, forçando-as a lutar em proximidade, seus rostos refletindo a determinação e o medo de falhar.

— Isso não vai acabar bem para ninguém! — gritou Lorelei, tentando fazer Lanna hesitar.

— Nunca acaba. — Lanna retrucou, suas palavras carregadas de amargura enquanto se lembrava da morte de seu amado Sly, mas sem hesitar no ataque.

As espadas continuavam a colidir, cada golpe ecoando pelos corredores sombrios. A luz fraca das tochas nas paredes lançava sombras alongadas sobre os combatentes, criando uma cena quase surreal de violência e emoção contida.

Lorelei deu um salto para trás, evitando um golpe de Lanna que quase a atingiu.

— Não é tarde demais para mudar de ideia... — disse ela, tentando recuperar o fôlego.

— Para alguns de nós é. — respondeu Lanna, avançando novamente com raiva.

Lorelei podia se referir ás jóias, mas para Lanna tinha um significado totalmente diferente. Era a culpa que ela sentia de ter traído seu falecido amor com outro. De ter deitado todo o esforço para o trazer de volta pro lixo. A fúria a guiava, a paixão a alimentava, e a tristeza a dominava. Gothan, os V'aks, era tudo uma distração de seu verdadeiro propósito.

Annie e Celeste estavam igualmente envolvidas em sua própria luta, suas respirações pesadas e movimentos rápidos.

— Eu não quero machucar você! — Annie berrou, bloqueando um ataque, se relembrando dos momentos que teve com Celeste quando estavam em Auradon.

— Então desista! — retrucou Celeste, pressionando ainda mais.

Mas Annie não podia desistir. Ela sabia o que estava em jogo e a importância da missão deles. Com um movimento rápido, ela conseguiu desarmar Celeste, a arremessando para o chão. Lanna encarou surpresa a queda da amiga, e aproveitando que a fada havia baixado a guarda, sem hesitar, Lorelei cravou a espada na barriga da loira.

Lanna soltou um grito de dor, seus olhos arregalados de surpresa e sofrimento. Ela cambaleou para trás, a mão instintivamente indo até a ferida enquanto sentia o sangue escorrer entre seus dedos. A dor era intensa, quase insuportável.

— Lanna! — Celeste gritou horrorizada, se levantando.

Lanna caiu de joelhos, sua espada caindo de suas mãos tremendo. Ela olhou para Lorelei, a expressão de choque e dor em seu rosto. Lorelei hesitou, o conflito interno evidente em seus olhos.

— Eu... eu não tinha escolha... — Lorelei disse, a voz quebrando

Lanna caiu no chão, a visão começando a escurecer. Cada respiração era uma luta, e ela podia sentir a vida se esvaindo lentamente de seu corpo.

— Não-- — murmurou, antes de desmaiar, a mão caindo ao lado de seu corpo ensanguentado.

Celeste correu até Lanna, deixando sua espada para trás e caindo de joelhos ao lado de sua amiga ferida.

— Lanna, aguente firme! — gritou desesperada, tentando estancar o sangramento com as mãos trêmulas.

Lorelei recuou, a espada ainda na mão, os olhos fixos na figura caída de Lanna. A realidade do que havia feito a atingiu com força total, e ela sentiu uma onda de culpa e arrependimento.

— Eu não queria... eu não queria isso... — disse, quase para si mesma.

— Anda! — Annie largou sua espada, e segurou na mão de Lorelei a puxando para longe de ambas as garotas — Temos que ir buscar a Mallory e dar o fora daqui!

No corredor ao lado, a batalha entre Mallory e Audra continuava, ambas tentando ganhar a vantagem. As espadas brilhavam à luz das tochas, enquanto cada movimento era calculado e preciso. A tensão no ar era palpável, cada segundo passando parecia uma eternidade. Mallory, com uma combinação de habilidade e sorte, conseguiu desarmar Audra, fazendo sua espada voar pelo corredor.

Audra, sem hesitar, ergueu a mão e um raio de fogo irrompeu de seus dedos, alimentado pela Força Fênix. Mallory, reagindo rapidamente, largou sua espada e lançou um raio de magia, que encontrou o fogo no meio do caminho. As duas energias colidiram no ar, criando um brilho laranja e verde intenso e um som ensurdecedor.

— Audra, por que está fazendo isso? — a Bertha gritou, a voz tensa pelo esforço de manter o raio de magia.

— Você nunca entenderia, Mallory! — respondeu Audra, os olhos brilhando com a intensidade alaranjada da Força Fênix — Este poder é maior do que qualquer um de nós. É meu destino comandar ou destruir.

— Destino? — Mallory replicou, sua voz cheia de incredulidade e raiva — Isso não é destino, é loucura! Não precisa ser assim. Ainda há tempo para mudar.

Audra hesitou por um momento, a força do seu ataque diminuindo ligeiramente.

— Eu... não tenho escolha... — disse ela, a voz tremendo com um vislumbre de dúvida.

— Você sempre tem uma escolha, Audra! — Mallory disse, aproveitando a abertura para intensificar seu próprio ataque — Poder não é tudo. Nós éramos amigos, uma família, antes de tudo que você fez. Não pode abandonar isso por um poder que só traz destruição!

Audra mordeu o lábio, os olhos piscando com confusão e conflito interno.

— Mallory, eu... — murmurou, mas logo foi interrompida por uma voz masculina.

— Prima! — Hayden gritou da outra extremidade do corredor, um sorriso cruel em seu rosto — Você está bem? — perguntou, sua voz baixa e cheia de sarcasmo, enquanto Mallory virava a cabeça para o encarar.

Antes que a Bertha pudesse responder, sentiu um aumento repentino na força do ataque de Audra. O raio de fogo da Força Fênix rugia com nova intensidade. Audra aproveitara a distração de Mallory para aumentar a força de seu ataque.

— Eu convoco o FOGO DO ABISMO! — Hayden berrou, estendendo sua mão e lançando um raio de fogo azul, que cruzou o salão em direção a Mallory.

A Bertha estendeu sua outra mão, lançando um raio de magia e bloqueando o de Hayden rapidamente. Agora, com os braços estendidos em direções opostas, ela estava no centro de um turbilhão de energias conflitantes. Seus músculos tremiam com o esforço, o suor escorria pelo rosto.

Annie e Lorelei entretanto, rapidamente encontraram Mallory, e seus olhos se arregalaram em horror ao ver a de cabelos roxos lutar desesperadamente contra os raios de fogo de Audra e Hayden.

— Mallory! — Annie gritou, se aproximando da de cabelos roxos.

— VÃO! — Mallory protestou, sem fôlego, ainda bloqueando os raios — Fujam! Levem as jóias e saiam daqui!

Annie e Lorelei trocaram olhares angustiados, relutantes em deixar Mallory para trás, mas sabendo que era a única chance de escaparem vivas. Com o coração pesado, elas viraram as costas e correram para longe da batalha. Enquanto fugiam, o som dos raios mágicos e dos gritos de Mallory ecoavam pelo corredor, deixando para trás uma sensação de desamparo e tristeza.

Ao saírem apressadas do castelo, Annie e Lorelei se deparam com os outros V'aks reunidos do lado de fora, prontos para intervir na batalha iminente. Sem perder tempo, elas correm na direção de seus companheiros, o coração pesado pela decisão difícil que tiveram que tomar.

— Onde está Mallory?! — Evelyn se aproximou delas, os olhos arregalados de preocupação, assim que notou a ausência da amiga.

— Ela ficou para trás. — Lorelei respirou fundo, tentando conter a emoção — Tivemos que fugir com as jóias, mas ela está lutando contra Audra e Hayden. Não podemos voltar agora.

— O quê?! — Harvey perguntou em choque, também se aproximando.

Evelyn cobriu a boca com a mão, aterrorizada pela ideia de deixar sua melhor amiga para trás.

— Não podemos simplesmente deixá-la lá! Temos que fazer algo! — protestou, irritada.

— Ei... — Carla se aproximou, colocando a mão no ombro de sua amiga — Não há nada que possamos fazer? — questionou, olhando para Annie e Lorelei com uma expressão melancólica.

— Vamos ter que encontrar uma maneira de ajudá-la depois. — Annie assegurou, e Ursa concordou.

— Exatamente. — Ursa falou firme — Agora vamos embora daqui o mais rápido possível!

Relutantemente, Evelyn concordou, sabendo que não havia tempo a perder. Com um último olhar preocupado na direção do castelo, o grupo partiu, deixando para trás a batalha que ainda ecoava nos corredores do imponente Castelo Bargain.

Nos castelo, Mallory já sem energia, caiu de joelhos, exausta e sentindo cada fibra de seu ser gritar de dor. Audra se aproximou dela, seus olhos ainda alaranjados, com expressão triunfal em seu rosto, enquanto observava a Bertha se ajoelhar perante ela por uma segunda vez.

— Mallory... — Audra disse, sua voz carregada de arrogância— É ilusão achar que você pode me vencer.

Mallory olhou para Audra, seus olhos pesados com exaustão, mas emitindo um resquício de brilho verde.

— Talvez... — ela murmurou, lutando para manter-se consciente — Mas saiba... que mesmo depois disso tudo... você nunca vai ser... — Mallory agarrou no rosto de Audra, o aproximando do dela — uma rainha.

Com suas palavras finais saindo em um murmúrio fraco, Mallory perdeu a batalha contra a escuridão que ameaçava envolvê-la, seu corpo logo caindo inconsciente no chão de madeira do corredor. Audra continuou a fitando com um turbilhão de emoções,enquanto as últimas palavras de Mallory ecoavam na sua cabeça: "Você nunca vai ser uma rainha."

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