I (Already) Love You

By ifavjhailey

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Hazel sempre teve uma paixรฃo secreta por Justin, um garoto que, apรณs um relacionamento desastroso, jurou nunc... More

01: Truth or lie?
02: Do you want to deny it?
03: Deja Vu
04: All bad
05: Do this more, Hazel Rhode.
06: Have you ever fallen in love?
07: You still attract me.
08: Madly and in every way.
09: Did you fall in love with me, Baldwin?
10: You're driving me crazy, Hazel Rhode!
11: Heart Beating.
12: I'm addicted to you, Hazel.
13: Let's call it opportunistic.
14: You saved me!
15: What do I mean to you, Hazel?
16: The not-so-anticipated ball.
17: Just stay close to me.
18: You don't deserve to be treated like this.
19: PS: I miss you.
20: It's never your fault, Hazel.
21: We dont have to completely distance ourselves, do we?
22: I'm here. Right here.
23: I didn't expect you to admit it.
24: That girl is mine.
25: She wasnt supposed to get in so deep.
26: Happy birthday, Hazel!
27: Then help.
28: They're scars.
29: No need to thank me, love.
31: I know you love me.
32: I don't want to lose you.
33: Be patient with me.
34: Don't forget you have me.
35: I want to be the best for you.
36: This old woman came straight from hell.

30: Don't worry, love, I'm all yours.

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By ifavjhailey

Às vezes acho que penso demais (acho que)

E começo a sentir ansiedade (ansie-)

Tinha horas que eu nem conseguia respirar (hmm)

Mas você nunca me abandonou (não, você nunca)

Eu tentei te assustar, te assustar pra longe

Te mostrei a porta, mas você me amou de qualquer maneira

Quando eu estava em pedaços, você era minha paz de espírito

Unstable - Justin Bieber, the KID LAROI

Hazel Rhode Baldwin

Ao ajustar a gargantilha de pérolas e rubis ao redor do meu pescoço, finalmente me senti pronta. Examinei meu reflexo no espelho, certificando-me de que tudo estava impecável. Depois que Justin saiu, aperfeiçoei alguns detalhes: intensifiquei a maquiagem, coloquei as pequenas presas de vampiro, as lentes de contato vermelhas - com grau, garantindo que minha visão não seria comprometida durante a noite - e, é claro, adicionei a gargantilha de pérolas, onde os rubis caíam como gotas de sangue.

Permaneci em frente ao espelho por mais alguns segundos, não examinando nada. Na verdade, eu estava me apreciando, e eu não estou tendo um caso de amor próprio agudo, apenas estou verdadeiramente inebriada com o resultado da fantasia completa, me sentindo sortuda por Justin me proporcionar a oportunidade de usar essa fantasia depois de ter uma experiência tão ruim no Halloween. Pensava no fato de Justin ter prestado tanta atenção em um simples comentário de Kendall sobre aquele dia, e com isso preparar uma festa inteira para que aquela situação pudesse ser reparada.

Apesar de eu saber que Justin esconde algo de mim e isso me preocupa até os fios de cabelo, aquela viagem estava sendo excepcional. Parece que cada segundo que passamos aqui tem algum significado especial, como se um sexto sentido me dissesse que essa viagem está sendo muito mais importante do que estou vendo. Justin e eu nos aproximamos mais do que nunca e eu estou sentindo que finalmente faço parte da sua vida, ou pelo menos começando a fazer, o conhecendo aos poucos, entendendo os seus dilemas, as preferências. Olhar para o que consegui conquistar tem me dado forças para ignorar o que ainda não consegui.

Ainda assim, sinto no meu coração a necessidade de saber o que ele tanto precisa me contar e não conta. Eu temo que seja uma notícia ruim, mesmo que ele tenha me assegurado que não era nada ruim. Pode não ser para ele e ser para mim, e quando penso assim, imediatamente cogito a chance de ele ter conhecido alguém que conseguiu acessar o seu coração com a facilidade que eu não fui capaz. É uma chance pequena. Como ele poderia se aproximar de alguém sem que ninguém soubesse? Mas não posso descartar, não é nulo. Para ser honesta, esse é um medo antigo. Desde o início do nosso relacionamento, eu temia que Justin encontrasse alguém que quebraria todas as suas barreiras sem nenhum esforço, a pessoa certa para ele, sem dramas.

- Minha nossa! - A voz do dito cujo soou vindo da porta, o que chamou a minha atenção para ele imediatamente. - Uau, você está incrível! - Seus olhos estavam vidrados em mim, ele me analisava lentamente de cima a baixo, parecendo absorver cada detalhe.

- Quer uma foto? - brinquei, fazendo-o olhar em meu rosto e sorrir.

- Olha... - aproximou-se de mim. - Se eu disser que não quero, vou estar mentindo. - Justin rodeou a minha cintura e as minhas mãos foram automaticamente para os seus ombros. - Você está linda demais, Hazel. - Deixei um sorriso tímido escapar enquanto Justin olhava para o meu rosto com atenção. - É justificável o AJ não te deixar usar essa fantasia. - Eu ri.

- Ah, é mesmo? Vai me proibir também? - Com um sorriso contido, Justin aproximou o seu rosto do meu.

- Eu nunca faria isso. - Seus olhos se prenderam nos meus enquanto ele parecia aproximar o seu rosto cada vez mais. - O que é bonito deve ser apreciado. - Eu sorri fracamente, me aproximando de seu rosto e deixando um selinho rápido em seus lábios. - Só um selinho? - questionou com uma insatisfação evidente.

- Não posso beijar por causa das presas. - Mostrei os dois dentes caninos. Justin me encarou como se eu tivesse destruído a sua vida, o que achei fofo.

- Vocês estão presos aí, porra? Saiam logo! - A voz abafada de Jaden soou do outro lado da porta do quarto, acompanhada de duas batidas fortes na madeira.

- Eles chegaram?! - questionei empolgada, ansiosa para ver as minhas amigas novamente. - Por que não me contou?! - Me afastei de Justin, caminhando com pressa até a porta. Justin murmurou algumas palavras inaudíveis. - O que disse?

- Nada não. - Olhei para ele curiosa, no entanto, optei por deixar de lado e ir ao encontro das minhas amigas.

Assim que abri a porta, me deparei com as minhas amigas em frente a ela, enquanto Devin e Jaden estavam atrás. Eu sorri instantaneamente, vendo que todas estavam fantasiadas.

- Oi! - As três disseram animadamente em uníssono. Nós quatro nos abraçamos com uma euforia típica.

- Vocês estão lindas! - declarei quando nos afastamos. - Amei as fantasias de vocês! - disse maravilhada.

Kendall se vestia de Lara Croft, com sua longa trança e um coldre. Justine era uma espécie de Rapunzel moderna, com a saia curtíssima e as longas tranças loiras. Já Kelia era uma espécie de fada, com suas roupas justas e curtas em um tom de laranja pastel. Elas estavam incrivelmente lindas! Devin parecia estar de Indiana Jones, o que combinava com a Kendall. Jaden parecia estar vestido de um personagem de anime, acho que o nome é Luffy, sei pois assistia com AJ quando éramos mais novos.

- Você também está, essa fantasia ficou melhor do que eu imaginava. - Kendall disse, analisando o meu look por completo.

- Realmente, não imaginava que ele fosse ficar assim!

Passamos mais alguns segundos falando sobre as nossas fantasias enquanto os meninos estavam em silêncio, bem, pelo menos até onde eu sei, mas pelo que eu podia notar pela minha visão periférica, os três nos observavam esperando o fim da conversa.

- Nós já entendemos que as fantasias de vocês são show de bola, agora vamos! - Justin interrompeu a conversa, colocando as mãos na minha cintura, me incentivando a andar.

- Não tão rápido, querido! - Kendall disse ficando à nossa frente, eu conseguia sentir a energia do olhar mortal que Justin direcionava a ela. - Isso é para você, meu anjo. - Ela disse, mostrando uma sacola de papel imensa, semelhante à que Justin me deu.

- O que é isso? - Ele questionou desconfiado.

- Sua fantasia! - Declarou com empolgação, eu sorri, animada com a ideia.

- Não vou usar fantasia.

- Vai acabar com o seu estilo misterioso? - Perguntou sem levar a sério.

- Eu apenas não quero mesmo - Respondeu com firmeza.

- Para de ser chato, é só uma fantasia. - Justine disse.

- Eu não vou usar.

- Vamos lá, Bieber, estão todos do nosso grupo usando - Argumentou Kelia.

- Além disso, eu paguei por essa fantasia. - Kendall salientou.

- Porque quis - Retrucou ele, arrancando um sorriso de mim.

- Você que organizou tudo isso, é só uma fantasia. - Jaden entrou na luta, mas Justin negou com a cabeça.

- Ela não vai te morder, não. Usa logo essa porra. - Devin disse um pouco mais alterado.

- Eu já disse que não vou! - Afirmou com firmeza, os cinco pares de olhos se direcionaram a mim, esperando que eu fizesse algo, até parece que Justin iria usar a fantasia só porque eu pedi, se ele não escutou nenhum deles não vai ser eu que ele vai escutar. Mas vou pedir, para pelo menos dizer que tentei.

- Justin... - Eu me virei para ele, recebendo a sua atenção imediatamente. - Que mal faria? Por favor. - Justin desviou o olhar parecendo incomodado, e então voltou a olhar para mim com seriedade. Eu devia ter ficado quieta!

- Tudo bem - Disse, parecendo ainda não gostar da ideia. A sua resposta me pegou de surpresa, na verdade não só a mim, pois todos reagiram de alguma maneira. - Você me paga. - Eu sorri enquanto ele pegava a sacola de papel.

- Pode cobrar. - A última coisa que ele fez antes de entrar foi sorrir para mim.

Assim que me virei para os meus amigos, todos me encaravam com expectativa, talvez esperassem que eu contasse sobre uma declaração romântica que Justin houvesse feito a mim, e assim anunciasse o nosso namoro, no entanto não havia muito para contar, além dos dois passos que demos com as conversas que tivemos ontem à noite e hoje à tarde, não vou dizer que não foram significativas, pois foram e muito, mas não eram o que eu queria. Esperei que neste final de semana Justin poderia finalmente se dar conta de eventuais sentimentos que ele nutrisse por mim, aparentemente nada disso aconteceu. Estamos mais próximos e eu já destaquei isso outras vezes, mas isso apenas significa que estamos andando aos poucos.

Contei os acontecimentos aos cinco curiosos que pareciam mais estar escutando uma grande fofoca do mundo dos famosos, eu não queria entrar em detalhes pois Justin compartilhou comigo pensamentos e sentimentos íntimos seus, e eu não deveria espalhá-los, mesmo que seja para nossos amigos. No entanto, expliquei a eles que conversamos sobre questões pessoais dele que o machucam atualmente; Jaden disse que ele confiou em mim para contar e isso era importante, mais do que eu poderia pensar. Todos pareciam mais confiantes do que eu, como se soubessem ou tivessem percebido algo que eu não.

O assunto se finalizou e logo começamos a ter conversas banais, esperando o tempo passar até que Justin ficasse pronto. No meio da conversa, escutamos um praguejar vindo de dentro do quarto, Justin parecia estar em uma guerra travada contra a sua fantasia e poderíamos ver claramente quem vencia. Kendall se prontificou a ajudá-lo quando ele reclamou de não ter ideia de como colocar um dos acessórios. Ela também disse que precisava conversar com ele, o que despertou a minha curiosidade e conseguiu prender a minha atenção por longos minutos, pensando sobre o que se tratava a conversa que ela queria ter com ele.

Realmente parecia que todos ao meu redor estavam sabendo de alguma coisa que eu não sabia e eles não estavam me contando. Justin claramente escondia algo, mas como todos os nossos amigos sabiam? Ele teria contado a todos eles? Por que não contou a mim? Deve ser importante e eu não saber está me deixando de cabelos em pé!

O som da porta sendo aberta chamou a minha atenção. Olhei para a porta, me deparando com Kendall saindo e logo atrás dela estava Justin.

- Temos a vampira, - Kendall apontou para mim - e o caçador de vampiros. - Ela aprontou para Justin, eu sorri abertamente enquanto avaliava a vestimenta dele.

O traje de Justin me lembrava brevemente um xerife antigo, com uma blusa de manga longa preta e, por cima dela, um colete de couro. O coldre em suas costas carregava armas falsas. Em seguida, havia um cinto com estacas de madeira que também pareciam falsas, uma calça preta e outro coldre com mais estacas de tamanhos diferentes e uma espada. Por fim, em seus pés, havia um par de coturnos. Como acessórios, um chapéu marrom escuro, um crucifixo médio de madeira e, em suas mãos, luvas sem dedos de couro. Ele estava lindo e a fantasia estava incrível, mas ainda parecia descontente por termos o obrigado a vestir.

Justin só começou a sorrir quando todos o elogiaram de alguma maneira, naquele tom descontraído e exagerado, incluindo Jaden dizendo que ele estava extremamente gostoso, o que não era uma mentira, mas parecia sorrir contra a sua vontade, apenas por achar graça nos elogios. Todos começaram a seguir em direção à festa, nos deixando para trás. Justin olhou para mim e sorriu fracamente, o que me fez retribuir da mesma maneira enquanto ambos nos aproximávamos um do outro.

- Você gostou? - Sorri, o encarando de cima a baixo.

- Você está lindo. - Um sorriso discretamente tímido surgiu em seus lábios, mostrando que meu elogio foi importante para ele. - Obrigada. - Fui sincera. - Eu sei que você não queria usar.

- Relaxa. - Ele colocou meu cabelo atrás da minha orelha. - Faço qualquer coisa por esse sorriso. - Sua fala aqueceu meu coração no mesmo momento, me arrancando um sorriso bobo.

Justin me deu um beijo não muito profundo por conta dos dentes falsos em minha boca. No entanto, foi longo, como se ele quisesse de qualquer forma algum contato.

- Vamos? - Ele sinalizou com a cabeça. Após nos separarmos, fiz que sim e então passamos a caminhar em direção à escada.

Durante o caminho até o andar debaixo, me deparei com o ambiente da festa: as luzes escuras e piscantes animando o ambiente, o mar de pessoas amontoado no cômodo da sala, a música eletrizante extremamente alta, mostrando que aquela festa parecia estar incrível. Eu conseguia notar a variação de cores mostrando que a grande maioria das pessoas ali usava uma fantasia. Eram poucas as que não usavam. O ambiente era semelhante a uma festa de Halloween, exceto por não ter nenhum elemento de terror na decoração ou nas fantasias.

Assim que descemos o último degrau, Justin segurou minha mão e cruzou nossos dedos. Imaginei que ele quisesse evitar se perder, já que ali estava lotado.

Todos fomos diretamente para a área das bebidas, chegamos lá com certa dificuldade por conta da quantidade de pessoas dançando durante o caminho. Ao chegarmos lá, Justin abriu uma garrafa de cerveja para ele e se dispôs a fazer um drink leve para mim. Quer dizer, eu pedi que fosse leve, se ele faria de fato é outra história. Algumas garotas da escola falaram comigo brevemente, me desejando felicitações ou elogiando minha fantasia. Às vezes, tínhamos alguns diálogos rápidos e elas me chamavam para alguma outra área da festa, mas eu sempre negava. Justin também conversou com alguns rapazes, porém, por algum motivo, ele parecia menos aberto a conversar, sempre dava respostas curtas e diretas, o que não chegava a ser estupidez, mas deixava claro que ele queria que o assunto acabasse rápido. Era contraditório, pois ele não parecia incomodado ou de mal humor.

- Aqui. - Justin avisou, me entregando um copo transparente. O líquido dentro era verde esbranquiçado. - Está fraco, eu prometo. - Sorri fracamente, prestes a tentar dar um gole, no entanto as presas me atrapalharam e a bebida escapou por meus lábios.

- Meu Deus! - Declarei, rindo junto a Justin, enquanto eu pegava um lenço para me limpar. - Que cena linda - declarei, caçoando de mim mesma, tentando me limpar.

- Você baba dormindo, isso não é nada.

- Eu não babo não! - Justin gargalhou.

- Aqui, um canudo. - Eu agradeci, desembrulhando e colocando no copo.

Dei o primeiro gole, esperando que a bebida estivesse forte, pois o meu conceito de fraco é diferente de Justin. Por outro lado, a bebida estava fraca, eu conseguia beber com facilidade.

- Gostou? - Pareceu verdadeiramente interessado na minha resposta.

- Gostei, quem diria que limão e abacaxi são uma boa mistura. - Justin sorriu.

- Rhode! - Justine me chamou de longe. - Vamos dançar! - Sinalizou com a mão para que eu fosse, todas já dançavam no meio da sala, junto ao restante da multidão. Ao vê-las, me empolguei com a ideia, por isso concordei com a cabeça.

- Vamos lá? - Me virei para Justin, ele sorriu fracamente.

- Agora eu não quero, mais tarde eu vou. - Sua expressão pareceu mudar enquanto meu sorriso se desfazia. - Não faz essa cara, fica um pouco com as meninas, depois comigo.

- Está doido para se livrar de mim, não é? - A frase saiu involuntariamente. Justin sorriu, colocando suas mãos na minha cintura, me puxando em sua direção.

- De jeito nenhum - declarou com firmeza. - Só acho que deveria passar um tempo com elas, eu preciso falar com os meus amigos. - Assenti com a cabeça, entendendo o seu ponto.

- Tudo bem. - Respondi de maneira descontraída, sentindo seu dedo polegar fazendo um leve carinho em minhas costas. - Então nos encontramos mais tarde.

- Não vai demorar muito. - Murmurei um "Ok" antes de lhe dar um selinho. Justin me soltou e deixou que eu fosse até às minhas amigas.

Não tardou até o efeito do álcool surgir em meu corpo, parecendo eletrizar cada célula de mim, me inundando com euforia. A batida da música me contagiou rapidamente, causando uma pulsação no meu coração, sincronizada com a música. Quando dei por mim, eu já dançava animadamente naquela sala. Minhas amigas ao meu redor, curtindo a música junto a mim, ouvindo as suas risadas contagiantes que me causavam mais vontade de rir. Meu corpo já estava quente e o calor me deixava suada, mas não era o suficiente para me fazer querer parar de dançar.

Eu me sentia leve, acreditava que tinha a liberdade de passar dias nessa mesma festa sem me preocupar com qualquer problema em casa. Em minha mente não havia nada, nenhum medo ou preocupação. Aquele momento estava perfeito, apenas queria que Justin estivesse ali, no entanto, isso não me impediu de continuar curtindo como se amanhã não fosse chegar. Parei algumas vezes para encher o meu copo novamente, a minha tolerância para bebidas pareceu ter aumentado naquela situação e eu não me preocupei nenhum pouco com o teor do álcool, nem mesmo escolhia as bebidas, apenas pegava qualquer garrafa que via pela frente. Eu já estava completamente bêbada. Entre risadas e brindes, a noite se desenrolava em uma sequência de momentos inesquecíveis.

Então, ele apareceu. Justin surgiu no meio da pista de dança, um sorriso se formou em meus lábios imediatamente, ele retribuiu enquanto eu caminhava até ele, peguei a sua mão e o puxei para a lista improvisada no meio da sala. E assim, sem dizer uma palavra, começamos a dançar juntos. Cada passo parecia natural, como se nossos movimentos estivessem conectados. Nossos corpos se moviam em perfeita sincronia, como se estivessem destinados a dançar juntos naquela noite. A música nos envolvia, e eu me sentia mais viva do que nunca, completamente imersa naquele momento mágico ao lado dele. Era como se o tempo tivesse parado, e só existíssemos nós dois, dançando e sorrindo.

O tempo com ele passou rápido, dançamos tantas músicas juntos que eu já havia perdido a conta. Meus olhos estiveram fechados o tempo todo, enquanto eu buscava absorver cada sensação proporcionada por Justin. Eu nem mesmo bebia, pois não sentia mais essa necessidade. A presença de Justin conseguia me embriagar completamente, os seus toques em meu corpo estavam mais ousados do que nunca. Na verdade, tudo em relação a Justin estava extremamente intenso. Cada vez que nossos olhares se cruzavam, ele parecia ser capaz de ver o profundo da minha alma. Ele me tocava com precisão e firmeza, parecia querer estar colado a mim de qualquer forma. Eu genuinamente cogitava a ideia de que nossos movimentos estavam diretamente ligados, pois não há explicação para a forma que nossos corpos se encaixavam o tempo todo.

Me virei, ficando de frente para ele. Justin segurou minha cintura no mesmo instante, enquanto eu ainda me movimentava de acordo com a música. Cruzei meus braços atrás de sua nuca, e assim ficamos. Meus olhos ainda estavam fechados, meu rosto próximo do dele, conseguia sentir a sua respiração se misturando com a minha.

- Nós podemos sair daqui? - pedi, abrindo os olhos, me deparando com Justin me observando com atenção. Ele apenas assentiu com a cabeça.

Justin segurou minha mão assim que nos afastamos, entrelaçou nossos dedos e assim me guiou até o lado de fora. Eu não havia ido para a área da piscina desde que chegamos na casa. Lá havia uma piscina enorme e uma Jacuzzi, ambos estavam lotados. Algumas pessoas se arriscavam a ir para o lago, mas não muitas; a água lá era mais fria e havia um grande risco de afogamento. Justin me levou até uma mureta na área da piscina. Era um pouco mais isolado e a música estava mais abafada. Eu me encostei no pequeno muro e então Justin ficou à minha frente, segurou minha cintura, enquanto minhas mãos ficaram em seu abdômen.

- Eu sinto que não valorizo o silêncio o suficiente - brinquei, fazendo Justin sorrir.

- Não aguento mais essa música alta. - Gargalhei olhando em seu rosto.

- Parece um idoso falando.

- Me tornei um idoso, totalmente caseiro.

- Ah, totalmente - ironizei, rindo junto a ele logo em seguida. - Eu não aguento mais essas lentes - reclamei enquanto massageava os meus olhos, tentando aplacar o incômodo.

- Quer tirar? Eu trouxe o estojo. - Olhei para Justin imediatamente, vendo o pequeno estojo de lentes em sua mão.

- Uau, você é perfeito! - Ele sorriu fracamente. - É sonhar demais você também ter trazido os meus óculos? - Perguntei esperançosa.

- Não. - Informou tirando o meu par de óculos do bolso de sua calça.

Sei que eles poderiam ter quebrado estando sem proteção no bolso de Justin, mas prefiro ignorar isso, pois sua atitude foi extremamente atenciosa e eu tenho plena certeza de que ele foi cuidadoso e fez de tudo para evitar que algo acontecesse com os meus óculos.

- Meu Deus! Obrigada! - Eu o abracei. - Eu vou ao banheiro para tirar, tudo bem? - Justin assentiu, afastando-se para que eu pudesse andar.

Tentei ser rápida indo ao banheiro, tirei as lentes e as substitui pelos meus óculos, aproveitei a oportunidade para tirar as presas, foi um pouco difícil, mas com muito esforço eu consegui, me sentindo aliviada por estar livre tanto das lentes quanto dos dentes falsos. Coloquei os meus óculos por fim, saindo do banheiro e tentando ser breve ao voltar para o lugar onde Justin e eu estávamos. Assim que me aproximei, notei que Justin conversava com alguns rapazes do time da escola, ele sorria abertamente, assim como os seus olhos brilhavam tão intensos como diamantes, ele ouvia atenciosamente o que seus colegas diziam, logo notei que ele brincava com o seu pingente, aquele que eu dei a ele. Ainda sorrindo, Justin percorreu o seu olhar pela festa, parecia estar me procurando, quando ele finalmente me encontrou, não desviou o olhar novamente, caminhei lentamente em sua direção, seus olhos estavam focados em mim, os rapazes pareceram se despedir, e então se afastaram de Justin.

- Melhor? - Perguntou quando me aproximei dele.

- Bem melhor - respondi com ênfase. - Pode guardar para mim? - Pedi lhe entregando o pequeno estojo de lentes de contato, Justin apenas respondeu um "claro" e então guardou no bolso da calça.

- Tirou os dentes também - comentou ao mesmo tempo que se aproximava de mim, ficando cada vez mais perto.

- Não aguentava mais ficar com eles.

- Isso é muito bom. - Ele usou a sua mão para colocar o meu cabelo atrás da minha orelha.

- Bom por quê? - Justin fez um carinho leve no meu rosto, se aproximando ainda mais.

- Agora eu posso te beijar. - Sorri minimamente antes de Justin se aproximar de mim, nossos lábios se tocaram suavemente, juntando-se por fim, iniciando um beijo carregado de desejo.

Justin parecia desesperado, segurando meu corpo contra o seu enquanto tomava meus lábios para si, como se fosse dono deles. O beijo era ardente, minhas mãos passeavam pelo seu cabelo, empurrando sua cabeça, em uma tentativa de aprofundar o beijo e assim aliviar minimamente o desejo que inundava o meu ser. Meu sangue fervia, aquecendo o meu corpo por completo, e a temperatura parecia subir cada vez mais à medida que as mãos de Justin viajavam pela minha cintura e costas, mas não ousavam tocar em locais mais proibidos, mesmo que eu não impedisse de tocá-los.

Por algum motivo, eu acreditava que Justin estava completamente disposto a transar comigo naquele momento; sua atitude denunciava isso. Eu não sentia o receio que ele mostrava geralmente, como se tivesse medo de encostar em mim e me quebrar. Ele parecia decidido; seus toques e beijos eram confiantes. Posso dizer que estava agressivo, mas não em um sentido intimidador. Minhas mãos trilharam o caminho até o seu abdômen, enquanto uma das suas segurava o meu rosto. Justin puxou a minha cabeça em uma tentativa de aprofundar o beijo; a sua pegada foi como combustível para a chama que já ardia dentro de mim. Partimos o beijo ofegantes, ansiando pelo momento em que poderíamos grudar nossos lábios outra vez, mas não antes de recuperarmos o nosso fôlego.

A noite se manteve dessa maneira por mais um tempo; nos perdíamos em conversas banais e rasas, mas gargalhávamos como duas hienas. Justin me fazia rir como eu nunca ri antes. Nossos lábios não ficavam separados por muito tempo; sempre voltávamos a nos beijar intensamente em algum momento. No entanto, a intensidade do desejo parecia estar diminuindo; não era mais uma chama alta onde não se pode chegar perto. Talvez eu estivesse mais acostumada com a sua presença de alguma maneira, ou então Justin se esforçava mais para não deixar transparecer seus desejos, talvez porque fosse tortuoso para nós dois. De qualquer forma, a festa estava agradável até agora; Justin e eu estávamos grudados e não surgiu ninguém para nos atrapalhar. O único problema era uma inquietação dentro do meu peito; tinha algo me incomodando e eu não sabia identificar o que era.

No momento, estávamos descansando um pouco. Justin bebia uma garrafa de cerveja enquanto eu observava a movimentação da festa. Mesmo cansada, a música ainda vibrava no meu corpo, e eu sentia a vontade de voltar a dançar crescendo. Queria que Justin me acompanhasse novamente, mas ele parecia nem mesmo querer estar mais aqui; sua expressão era de puro tédio e insatisfação. Por isso, nem mesmo sugeri que voltássemos a dançar, mas quem estava entrando no tédio era eu. Justin estava de costas para mim, entre as minhas pernas, apoiando-se no muro. Eu me inclinei para pousar o meu queixo em seu ombro.

- Vamos voltar a dançar? - pedi suavemente.

- Não estou muito afim. - Ele soou dengoso. - Eu estou com vontade de dormir, dançar é o oposto disso.

- Foi você que organizou essa festa, criatura. - retruquei, de maneira descontraída.

- Não sei para quê. - Eu sorri.

- Como assim? E eu? - Ele respirou fundo.

- Não me complica, Baldwin. - Gargalhei fraco, junto a ele, Justin virou o seu rosto, ficando próximo ao meu. - Você pode ir lá, depois nos encontramos de novo. - Justin olhou diretamente em meus olhos.

- Mas eu quero dançar com você.

- Posso fazer nada. - Voltei à minha postura, tentando ignorar a irritabilidade crescendo em mim.

Minhas emoções estavam alteradas por conta do álcool, isso significa que estou ficando brava com facilidade.

Tirei as minhas mãos dos ombros de Justin e as usei para me apoiar no muro.

- Talvez eu devesse encontrar outra pessoa para dançar comigo - murmurei com uma amargura e descontentamento que pareceram vir do profundo da minha alma. A fala foi baixa, acredito que Justin não tenha ouvido.

- Então vai. - Justin se afastou de mim, sua voz estava com mesmo tom descontente que o meu. Olhei em seu rosto, encontrando uma expressão dura. - Tenta achar alguém que vai te suportar. - meus lábios se entreabriram com surpresa.

- Uau. - Desci do muro e me aproximei dele. - Ficou o dia todo me paparicando, e agora quer me chamar de insuportável?

- Fiquei o dia inteiro te paparicando e agora você está agindo como uma mimada, como sempre.

- Começou! Ah! Eu não estou com paciência para isso. - Dei as costas para ele.

- Vai com Deus - debochou, o que fez com que eu ficasse ainda mais irritada.

- Quer saber? - Me virei para ele. - Procure outra idiota para servir de apoio emocional durante os seus dramas, Bieber! - Disparei enfurecida, Justin olhou para mim imediatamente. Não consegui entender a sua reação, acho que peguei pesado demais.

Meu peito pesou com as minhas próprias palavras; mesmo assim, não quis voltar atrás. Dei as costas a ele outra vez, agora caminhando firmemente para longe dele, enquanto tentava imaginar o que eu deveria fazer naquela noite dali em diante, pois sabia que com Justin eu não ficaria mais. Eu apenas queria beber mais até me esquecer dessa discussão, precisava distrair a minha mente e pensar em outra coisa. Talvez devesse fazer o que disse que faria, e encontrar outro garoto para ficar para passar o restante da festa. Ou eu iria para o quarto e lá ficaria até o dia seguinte, desejando que esses últimos segundos fossem apenas um pesadelo horrível.

Enchi o meu copo com a bebida mais forte que encontrei; foi um pouco difícil beber, mas consegui aguentar. Enquanto bebericava a bebida, busquei com o olhar por qualquer cara interessante que estivesse disponível naquela sala. Foi uma tarefa mais árdua do que eu conseguia imaginar; ninguém parecia ser bom o suficiente, não tanto quanto Justin. Ninguém era tão bonito ou tão charmoso. Mesmo que eu fosse ficar com ele por apenas algumas horas até a festa acabar, ninguém conseguia me atrair. Justin se tornou o meu padrão para homens há muito tempo; ele moldou o meu gosto e, graças a isso, por muito tempo só me interessei por homens que tivessem características semelhantes às dele. Porém agora, parece que apenas Justin consegue me atrair, e isso está me deixando ainda mais irritada.

Tudo o que eu quero para as próximas horas é esquecer que Justin existe, apagá-lo da minha mente, pelo menos até de manhã. Mas comparar qualquer rapaz que vejo a ele está dificultando um pouco o meu propósito. Não vou negar que quero que Justin venha até mim, que ele insista e se desculpe. Talvez esse tenha sido o motivo para eu ter agido da maneira que agi como ele, eu desejo que Justin me veja, quero que ele se esforce por mim, preciso que ele pense que está me perdendo para que assim ele me segure para não soltar mais, porém não aconteceu, Justin percebeu que eu estava soltando a sua mão, então ele simplesmente soltou a minha.

A raiva está tomando cada vez mais proporção em mim, Justin conseguiu me deixar genuinamente e profundamente irritada e a pior parte disso é que eu não consigo compreender o motivo para isso, estou enfurecida com ele e não faço a menor ideia do porquê, pelo menos não consigo encontrar razão o suficiente.

Continuei percorrendo o meu olhar pelo ambiente, quase desistindo de minha busca por uma distração, no entanto, meus olhos brilharam no momento em que vi Javier entrando pela porta. Meu coração se aqueceu assim que meus olhos bateram nele, não só feliz por reencontrá-lo, mas também por ter encontrado a maneira perfeita de chamar a atenção de Justin. Ele deixou claro que não gostou do Javier no dia em que se conheceram, arrisco dizer que se sentiu intimado, mesmo que minimamente, Javier também não pareceu simpatizar tanto com Justin, mas não posso julgá-lo, Justin é difícil de conhecer e de conviver. Respirei fundo e caminhei até Javier, ele parecia perdido em meio a tanta gente que ele mal conhecia, pareceu sorrir aliviado quando notou que eu me aproximava dele.

- Hazel! - exclamou animadamente, meus lábios se curvaram formando um sorriso alegre, apressei os meus passos para abraçá-lo.

- Javi! - Circulei o seu pescoço com os meus braços, ele fez o mesmo em minha cintura. - Que bom te ver! Mas o que faz aqui?

- Seu namorado me convidou - explicou ao nos separarmos. - Ele disse que você ia gostar que eu viesse.

- Ele disse? - Questionei, sentindo o meu coração pesar, pensando no fato de que apesar de Justin não gostar de Javier, o convidou para a festa apenas por saber que eu gostaria. - Quer dizer, ele não é meu namorado - corrigi ao lembrar do motivo de termos brigado.

- Vocês não namoram? - Questionou, evidentemente confuso.

- Nunca namoramos - acrescentei, respirando fundo em uma tentativa de colocar a minha cabeça de volta no lugar. - De qualquer forma, estou feliz que tenha vindo. - Voltei a sorrir. - Quer beber alguma coisa?

- Seria bom!

Segurei a sua mão para guiá-lo até a mesa onde estavam as bebidas, tentei não pensar muito no contato entre nossas mãos, especialmente quando só o que eu conseguia pensar é que não chegava perto de ser como Justin.

- O que quer beber? - Ele me olhou com curiosidade.

- Tem conhecimento sobre bebidas com essa idade, Hazel? - Eu sorri fracamente.

- Na verdade não, eu só queria parecer legal. - Nós dois rimos.

- Pode deixar que eu escolho. - Não demorou até que Ravi escolhesse uma garrafa. - Vai querer beber também? - Ele ofereceu a garrafa.

- Pode deixar que eu me sirvo - declarei educadamente, ele me entregou a garrafa.

- Fica tranquila, não vou te dopar. - Me limitei a entregar-lhe um sorriso amarelo, achei uma piada desnecessária se tratando de um assunto sério, mas não quis pesar o clima.

- AJ me treinou bem. - Foi a última coisa que disse antes de tomar um longo gole da bebida extremamente forte que Javier escolheu, quis tossir, mas consegui controlar.

- O AJ! A última vez que o vi foi na nossa formatura, como ele está?! - questionou animadamente.

- Bem. - Desviei o olhar. - Eu acho...

- Eu fiquei sabendo sobre o que aconteceu entre ele e o Justin, quer dizer, fiquei sabendo que teve uma briga e liguei os pontos quando vi vocês no parque.

- Foi uma fofoca e tanto. - Limpei a garganta, tomando mais um longo gole da minha bebida.

A semana após a briga de AJ com Justin foi um inferno, detesto pensar nela.

- Por falar em Justin... - Ele começou. - Estou feliz que vocês não estejam namorando. - Juntei as sobrancelhas.

- Feliz? Por quê?

- Assim eu posso te elogiar sem me sentir culpado. - Eu sorri, olhando para o seu rosto. - Você está linda, Hazel.

Minha mente imediatamente associou essa frase a Justin, parece que esse nome foi dado a mim por ele, ter outra pessoa me chamando de Hazel não tem a mesma graça.

- Obrigada! - Tentei soar sincera, recebendo um sorriso seu como resposta.

- Quer dançar comigo? - Ele convidou, erguendo sua mão para que eu pegasse.

- É claro! - Tentei soar empolgada, esperando que o álcool fizesse efeito e assim eu me sentisse animada para dançar.

(...)

Meu corpo já estava quente e eu sentia o suor em meu corpo, provavelmente eu já transpirava álcool de tanto beber. Tudo o que eu fiz nos últimos minutos foi beber muito e dançar junto a Javier. Nem imagino quanto tempo se passou, pode ter sido horas assim como pode ter sido minutos, mas eu finalmente me sentia leve novamente. Javier e eu não dançávamos colados, como fiz com Justin mais cedo, mas próximos demais, uma proximidade que não existiria se eu não estivesse sóbria. Com certeza, grande parte das minhas atitudes dessa noite não teriam acontecido se não houvesse influencia do álcool, tinha uma voz irritante dizendo que me arrependerei de tudo o que fiz nessa noite ao acordar, no entanto, eu não dava a mínima para ela.

Estava me sentindo bem, consegui me esquecer de tudo o que aconteceu entre mim e Justin nesta noite, finalmente o peso em meus ombros passou e eu conseguia voltar a sorrir genuinamente, conseguia curtir aquela festa sem me prender a nada. Era esse o propósito desde o início, os planos mudaram um pouco, mas o resultado foi o mesmo, e para mim isso é tudo o que importa. Confesso que vez ou outra eu tinha um acesso de raiva de Justin, sentia vontade de procurá-lo apenas para discutirmos, eu queria tanto brigar com ele por qualquer razão que fosse, mesmo que a razão fosse ele ter respirado o meu ar, queria apenas discutir com ele, gritar com ele, desabafar tudo de ruim que ele me faz sentir, deixar que ele saiba o quanto dói, desejando que ele entenda.

Outras vezes, eu desejava ir até ele e me desculpar, dizer a ele que sentia muito e que não estava me divertindo naquela festa da maneira que sei que me divertiria caso estivesse com ele. Eu queria tanto sentir o seu abraço, poder beijar ele, ou apenas ouvir a sua voz, eu estava sentindo a sua falta de uma maneira tão intensa que chegava a doer. Ele estava tão perto, nessa mesma casa, mas ao mesmo tempo era tão distante.

Eu não quero pensar em Justin! Javier está bem aqui ao meu lado, preciso deixar que ele me distraia. Virei o meu corpo, ficando de frente para ele, senti seus braços envolvendo minha cintura, aproximando-nos ainda mais um do outro. Continuamos nos movendo de acordo com a música, nossos corpos estavam colados e o calor que ele emitia conseguia intensificar ainda mais o clima entre nós, meus braços foram para os meus ombros, nossos rostos estavam próximos, e eu podia sentir sua respiração quente misturando-se com a minha. Fechei os olhos lentamente, deixando-me levar pelo momento.

Imaginava o que poderia estar por vir, mesmo assim decidi não interferir. Senti seu rosto se aproximando ainda mais do meu, e então os nossos lábios se tocando suavemente. O beijo começou lento, os lábios de Javier eram macios contra os meus. Ele tinha uma maneira delicada de me tocar, e por um momento, conseguiu tirar Justin de meus pensamentos. Eu me permiti mergulhar naquele beijo, tentando encontrar um refúgio temporário da confusão que Justin causava em minha mente. Enquanto nossos lábios se moviam juntos, tentei me perder na sensação do momento. Mas, apesar de ser bom, algo ainda estava faltando. Eu sabia que Javier estava fazendo o seu melhor, mas simplesmente não era a mesma coisa. Meu coração e corpo eram de Justin, só ele era capaz de me satisfazer. Eu precisava dele.

À medida que o beijo continuava, eu sabia que precisava parar. Não era justo com Javier continuar quando meus pensamentos estavam em outro lugar. Mas prolongue aquilo como se quisesse pedir desculpas a ele de alguma forma, o beijo estava longe de ser ruim, só não era o que eu queria, no final de tudo, será apenas uma lembrança fútil para nós dois, uma pessoa aleatória que beijamos em uma festa enquanto estávamos bêbados, nada relevante. Quando a falta de ar se intensificou, eu finalmente rompi o beijo, abrindo os olhos em seguida, Javier parecia desnorteado, me encarando com um olhar intenso. Eu reprimi os meus lábios, tentando aplacar a vergonha que eu estava sentindo.

- Nossa... - murmurou, um pouco ofegante. - Isso foi incrível.

Não consegui pensar em nada para responder, apenas desviei o olhar, me afastando de seu corpo.

- Eu... eu tenho que ir... - Avisei começando a caminhar.

- Hazel... - Ele chamou, parecendo não entender a minha atitude.

- Me desculpa. - Declarei me distanciando dele. - Eu preciso.

É o Justin que eu quero, então eu deveria procurar por ele.

Quando vi Justin pela última vez, foi quando nós dois estávamos lá fora na área da piscina, pensei inicialmente em procurá-lo lá, mas já fazia tempo desde que estivemos juntos, ele poderia ter entrado, então, decidi tentar localizá-lo no lado de dentro primeiro. Após procurar por alguns minutos e não encontrá-lo, decidi finalmente ir até o lado de fora, já tinha mandado mensagens para as minhas amigas, esperando que elas soubessem onde ele estava, mas nenhuma delas respondeu. Finalmente fui para o lado de fora, no entanto uma onda de receio me atingiu junto ao vento fresco, comecei a refletir sobre o que eu diria a ele, temendo que não importasse quais palavras eu escolhesse, Justin não me desculpasse.

E por que ele deveria? A raiva passou e só agora eu vejo as coisas com mais clareza, eu fui injusta com ele, mas não tiro totalmente a minha razão nessa história. A casa do lago seria um refúgio perfeito para nós dois. Justin me convidou, e eu fiquei tão animada. Eu estava torcendo para que esse fim de semana fosse o momento em que finalmente nos abriríamos um para o outro. Desde sexta-feira à noite, Justin e eu nos aproximamos de uma maneira nova, eu estava esperançosa, talvez ingenuamente esperançosa, de que ele finalmente confessasse seus sentimentos por mim.

E então hoje, desde a cachoeira ele tentou várias vezes começar uma conversa séria, mas sempre desviava do assunto. Eu podia sentir a impaciência começando a borbulhar dentro de mim, mas me forcei a ser paciente. Afinal, Justin tinha suas próprias batalhas internas, e eu queria ser o apoio que ele precisava. No entanto, a festa chegou, bebi mais do que deveria. E foi quando meus filtros se foram. Justin recusou meu convite para dançar, dizendo que estava cansado, e algo dentro de mim pareceu explodir e a raiva começou a emergir. A reação dele me deixou ainda mais alterada, e eu disse palavras que não deveria ter dito, vi a mágoa em seus olhos, a decepção, mas a raiva me cegou e eu ignorei.

Só agora eu vejo o quanto minha impaciência me dominou. Eu sabia que Justin tinha seus próprios demônios para enfrentar, e mesmo assim deixei minha frustração e impaciência tomarem conta de mim. Justin é tão reservado, tão fechado, e às vezes isso me enlouquece. Eu sei que ele tem muitas batalhas internas para lutar, mas às vezes, é como se estivesse gritando no vácuo, esperando por uma resposta que nunca vem. Eu deixei a minha revolta falar mais alto e sei que foi errado da minha parte. Eu o pressionei além do limite, e ele reagiu da única maneira que sabia, me afastou e se protegeu, depois de confiar a mim dores que ele não conta a qualquer um.

Meus olhos estavam marejados enquanto eu caminhava lentamente pela festa a procura de qualquer rosto conhecido, mesmo que não fosse necessariamente o de Justin. Caminhava lentamente enquanto meus olhos percorriam o ambiente a sua procura, até que encontrei Jaden, ele parecia sério e descontente, ao seu lado estava Kendall, com a mesma feição, no entanto, ela parecia mais irritada, respirei fundo e caminhei em direção a eles, tinha uma grande chance de Justin estar junto a eles, ou então de pelo menos que saibam sobre o seu paradeiro.

A resposta para a minha pergunta me foi dada de maneira cruel, dispensando palavras, sem precisar que eu perguntasse a ninguém, encontrei Justin quando ele se revelou sentado em um ponto que até então estava cego, ele beijava intensamente uma garota que eu nem conseguia reconhecer. Aquela cena conseguiu sugar todo o ar dos meus pulmões, mas meu corpo paralisou, não conseguia desviar o olhar, eu parecia querer me machucar assistindo a maneira como aqueles dois se atracavam, eu sentia a tensão entre eles a distância, Justin era feroz ao tomar os seus lábios, diferente de como é comigo, e ela o tocava com intimidade, oposto de como ele me deixa tocá-lo. Os dois pareciam prestes a desaparecerem em um quarto e terminarem o que estão começando em quatro paredes.

Meu coração doía como se tivesse sido arrancado do meu peito de forma violenta e tortuosa, me causava vertigem, um enjôo quase incontrolável. As palavras pareceram fugir da minha mente, tornou-se impossível para que eu descrevesse a intensidade da dor que eu sentia. Minhas lágrimas desceram sem que eu pudesse pensar em controlar, eu não queria chorar, não havia motivos para isso, Justin e eu nunca fomos exclusivos e isso era um fato, mas ainda sim, testemunhar aquilo de forma tão clara e explícita fez com que uma ficha caísse em minha mente, me mostrando uma verdade que sempre foi evidente, mas eu sempre me neguei a ver.

Jaden me notou ali no mesmo momento em que eu dei as costas e caminhei apressadamente em direção a parte interna da casa. Os sons pareciam completamente abafados, eu ouvia o meu nome, mas não conseguia pensar em parar, eu queria ir embora dali, apenas queria correr até me sentir segura. Mas aquela dor estava em mim, e eu poderia correr até o fim do mundo, jamais poderia fugir dela. Atravessei a multidão da sala usando todas as minhas forças restantes, sem nem pensar em pedir desculpas ou em ser educada. Ainda conseguia ouvir alguém me chamando, mas a voz desapareceu quando comecei a subir as escadas. Assim que entrei no quarto, me livrei dos meus saltos e me joguei na cama, completamente em prantos.

O meu coração estava pesado com o turbilhão de emoções que me consumiam violentamente sem permitir que eu digerisse tudo o que eu estava sentindo. Era um misto confuso de raiva, tristeza, decepção... eu mal conseguia identificar tudo o que se passava em meu peito. Não conseguia decidir o que sentir, pois nada parecia justo. Eu sentia raiva de Justin, e me odiava por isso pois sei que não tenho o direito de estar brava com ele. Não posso sentir raiva, não é justo, como posso sentir raiva de Justin quando tudo o que ele fez foi agir como um homem solteiro estando solteiro? Não há um compromisso entre nós dois, tudo o que temos é completamente casual e ele não têm a menor responsabilidade por meus sentimentos de anos atrás. Além disso, eu também beijei o Javier, fiz o mesmo que Justin, pois também sou solteira.

Também sentia uma tristeza profunda, por ver Justin nos braços de outra garota, e ainda sim não é justo, pois ele não me pertence. Talvez esse fosse o motivo da minha raiva, não quero estar solteira, não quero que ele esteja. Eu desejo profundamente um relacionamento sério e real com Justin, e sinto como se ansiasse por algo que parece estar fora do meu alcance. E imediatamente me sinto ainda mais decepcionada e frustrada, parece ser impossível me aproximar dele genuinamente. Como se tivesse um bloqueio, como se algo estivesse constantemente no meu caminho para me impedir de conseguir o que tanto quero. Eu anseio tanto ter o afeto de Justin, está se tornando uma obsessão irracional, como se faltasse um pedaço da minha vida que só pode ser preenchido quando finalmente ouvir que Justin me ama, e isso me deixa aterrorizada pois parece que isso nunca vai acontecer.

Está me matando e eu não consigo mais lidar com isso.

- Rhode, sou eu, o Jaden. - Sua voz surgiu suave do outro lado da porta, em seguida o som de duas batidas na madeira. - Você quer conversar?

Não respondi nada, não tinha forças para falar, eu apenas quis continuar chorando.

- Rho. - A voz de Kendall surgiu. - Estamos todos preocupados, só queremos ver se você está bem.

Mais uma vez eu não respondi.

- Acho melhor deixarmos ela sozinha. - Jaden sugeriu. - Ela parece querer isso agora. - Eles ficaram em silêncio por alguns segundos.

- Ah, finalmente chegou! - A voz descontente de Kendall se pronunciou. - Consertar essa merda agora! - Seja lá com quem ela falava, que provavelmente era o Justin, não respondeu.

Alguns segundos se passaram até que eu ouvisse duas batidas na porta.

- Hazel, abre a porta. - A voz de Justin estava suave e baixa, um pouco abafada por conta da música, meu choro se intensificou imediatamente. - Eu só quero conversar, por favor abra.

Respirei fundo, tentando controlar minhas emoções e acalmar os meus nervos, mas eu simplesmente não conseguia, já estava se tornando fisicamente doloroso segurar os soluços e chorar em silêncio.

- Eu tenho a chave, posso abrir a porta, vou entrar de qualquer jeito, mas prefiro que você me permita. - Não disse ou fiz nada apesar de Justin ter quase me convencido a abrir a porta.

Mesmo diante do meu estado, uma conversa entre nós dois era imprescindível, tinha que acontecer de um jeito ou de outro, mas não tinha certeza se queria que fosse agora.

- Hazel, por favor, vamos conversar. - Havia tanta súplica em sua voz, senti a sinceridade em suas palavras, ele parecia genuinamente querer resolver as coisas entre nós.

Diante disso, eu não consegui me conter, me levantei com uma certa dificuldade da cama, cada parte do meu corpo doía, eu não estava suportando. Caminhei em passos lentos até a porta, a destrancando e abrindo logo em seguida, Justin olhou para mim imediatamente, sua expressão pareceu cair aos poucos enquanto ele me observava. Limpei as minhas lágrimas e dei as costas a ele, caminhando de volta a cama, após me deitar novamente, ouvi a porta sendo fechada e trancada. Justin ficou em silêncio, se sentou na cama, e respirou fundo, ele não olhava para mim, e sim para as suas mãos. Eu acho que ele não sabia como agir, não sabia que palavras dizer ou que atitude tomar, e eu estava nesse mesmo estado, não fazia nada além de chorar.

- Me desculpa. - Justin murmurou, sua voz carregada de frustração.

- Desculpando-se outra vez, como sempre. - Respondi, mantendo minha voz fria.

- Mas desta vez eu não sei pelo que estou me desculpando. - Justin olhou para mim, suas sobrancelhas franzidas em confusão. - Eu ainda não entendi o que te deixou tão mal. - Desviei o olhar, sentindo o peso das palavras dele. - Não sei o que te deixou irritada, ou porque você falou comigo daquele jeito.

Respirei fundo e me levantei, sentando-me na beira da cama. O olhar de Justin seguia cada movimento meu enquanto eu me encostava na cabeceira, fitando minhas mãos. Tomei coragem para finalmente expressar o que estava em meu coração por todo esse tempo.

- Justin, eu tenho sido tão paciente com você. - Comecei, sem conseguir encará-lo. - Eu te perdoo todas as vezes em que você se desculpa, e até mesmo quando você sequer pede desculpas.

Uma lágrima traiçoeira escapou dos meus olhos. Tratei de limpa-la, mesmo sabendo que eu desabaria novamente em breve.

- Eu guardo tantas palavras que preciso dizer, mas me contenho porque sei que vão te machucar. Eu reprimi emoções porque tenho medo de que, se você perceber como me sinto, vai se afastar... - Minha voz falhou, um nó doloroso se formando na minha garganta. - Tenho tentado tanto, me esforçado mais do que consigo suportar, só para continuar fazendo parte da sua vida, mas você simplesmente me afasta. - As lágrimas finalmente rolaram, eu não conseguia mais segurá-las. - Eu exagerei, eu sei... Mas eu não aguento mais. - Encarei Justin, sua expressão me entregava sofrimento, mas não só isso, tinha algo mais que eu não entendia. - Não dá mais, simplesmente não funciona para mim. - Minha voz tremia enquanto a dor no meu peito se intensificava ainda mais.

Os soluços vieram logo em seguida, eu tentava limpar as lágrimas e me recompor.

- Eu... Não aguento mais sentir essa dor... Ela me consome há tanto tempo, está me destruindo... - Foi a última coisa que eu disse antes de desabar de uma vez, deixando o pranto me alcançar, eu queria me acalmar mas me sentia incapaz de fazer isso.

Estava tão insuportável.

Nenhuma palavra saiu pelos lábios de Justin, eu nem mesmo conseguia pensar na reação dele, tamanha dor que eu estava sentindo. Meus soluços eram altos e eu mal conseguia respirar, meu corpo doía por completo e eu sentia que estava desabando. Até que Justin me abraçou, seus braços me envolveram de maneira acolhedora, inicialmente minha reação foi tentar afastá-lo, resisti ao seu toque o empurrando levemente, mas Justin insistiu até que eu aceitasse, reconhecendo que só o que eu precisava naquele momento era de chorar em seus braços. Justin era o motivo da minha dor, logo ele também é a cura, e eu me agarrei a ele como se de fato fosse, escondendo o meu rosto em seu ombro enquanto o choro se intensificava ainda mais.

O apoio dele estava me consolando, ao mesmo tempo que me machucava, pois eu sabia que Justin só era capaz de me tranquilizar porque meus sentimentos por ele eram tão intensos ao ponto de o meu corpo reagir a ele dessa maneira, mas não ha motivos para que eu sinta paz, só o que acabou de acontecer foi eu me abrindo minimamente para ele, Justin não imagina a dimensão dos meus sentimentos, eu duvido que ele tenha realmente entendido o significado das minhas palavras. Nada se resolveu.

Apesar da dor no meu coração, meu corpo conseguiu relaxar aos poucos, não sei exatamente quando cai no sono, nem mesmo por quanto tempo eu dormi, mas o meu despertar foi difícil, sentia uma dor de cabeça intensa e latejante, me impedindo de abrir os meus olhos com facilidade, minha garganta estava seca e meu corpo estava pesado como se meus ossos fossem feitos de chumbo, cada parte estava doendo, a sola dos meus pés, minhas pernas, os joelhos, a coluna, as costelas, meus braços e o pescoço, sem esquecer é claro da ressaca infernal, que deveria estar ainda mais dolorida por conta do choro desenfreado.

Quando eu finalmente consegui abrir os olhos, notei que ainda estava escuro, me sentei na cama enquanto tentava absorver tudo o que havia acontecido, esperando as minhas memórias voltarem para mim; mas o meu cérebro parecia estar travado e eu não conseguia raciocinar nada. Demorei até me lembrar de Justin e como estávamos até eu dormir, ele estava grudado a mim e agora não havia sinal dele no quarto, também notei que a música da festa parecia ter desaparecido, acho que ela já acabou. Respirei fundo, me deparando com um odor de cigarro, a fonte parecia ser a varanda do quarto, imediatamente soube que Justin estava lá.

Eu quis me deitar e continuar dormindo, deixar essa história para de manhã, mas precisava encarar isso logo, precisava finalizar essa história de uma vez, antes que ela nos destruísse.

Me levantei da cama com muita dificuldade, sentindo a dor em meus pés se intensificar, mas ela pareceu aliviar a medida que eu caminhava. Justin entrou em meu campo de visão, ele estava sentado no chão, com uma garrafa de bebida ainda fechada ao seu lado, e um cigarro entre os seus lábios, ele parecia absorto em pensamentos profundos, observando a vista da varanda que era simples mas bonita, um amontoado de árvores que pareciam seguir até o horizonte, a luz grande e brilhante, acompanhada de poucas nuvens e algumas estrelas, entendia o motivo de ele tanto apreciar.

O vento batia fortemente contra nós, o que me fez abraçar o meu corpo e só então notar que eu já não usava mais o corset da fantasia, nem as meias ou o colar, tudo o que restava era a saia, eu vestia uma camiseta enorme, preta e de mangas longas, semelhante a que Justin usava na festa, quando percebi que agora ele usava uma outra camiseta da cor azul escuro, a memória vergonhosa do momento em que tirei o corset do meu corpo na força do ódio pois aquele aperto estava me causando dor, por conta disso, fiquei com os seios a mostra, Justin virou a cabeça para o outro lado e me deu a sua camiseta. Ele tirou o meu colar de mim e as meias, me deixou confortável na cama e disse que conversariamos mais tarde.

Bem, o mais tarde chegou.

Caminhei lentamente em direção a Justin, que pareceu demorar até notar a minha presença ali, seu olhar se direcionou a mim enquanto eu me aproximava dele.

- Está se sentindo melhor? - Questionou enquanto jogava o seu cigarro fora.

- Estou com dor. - Me sentei no chão, um pouco distante de Justin.

- Trouxe isso para você. - Justin se virou para o outro lado, pegando alguma coisa, ao se virar, revelou uma garrafa d'água, um prato com um sanduíche e uma cartela de remédio. - Você precisa se alimentar e hidratar. - Ele desviou o olhar assim que se encontrou com o meu. - A aspirina é para dor.

- Obrigada. - Justin apenas assistiu, voltando a observar a paisagem a sua frente.

Tomei o remédio e logo comecei a comer, ficamos em silêncio o tempo inteiro, e o clima parecia extremamente pesado, Justin estava a milhas de distância de mim, envolvido em seus próprios dilemas, nossos olhos se cruzavam as vezes, mas ele desviava quase imediatamente, parecia sentir medo, ou talvez vergonha, mas temos que fosse mágoa. Quando terminei de me alimentar, bebi a garrafa inteira de água, a dor pareceu se aliviar um pouco, me aproximei ligeiramente de Justin, esperando até que a conversa que eu sabia que aconteceria se iniciasse.

- Podemos falar agora - declarei, chamando atenção de Justin para mim.

- Realmente quer continuar insistindo? - Ele estava neutro, ao mesmo tempo que parecia frio, talvez decepcionado, não, ele estava cansado, exausto na verdade.

- Como assim?

- Tudo o que você disse, Hazel. - seu olhar voltou para a frente, seu tom de voz estava pesado agora. - Eu estou destruindo você. - Meu coração se apertou, ele parecia sentir dor ao dizer essas palavras.

- Não foi o que eu quis dizer. - Tentei concertar.

- Eu sei. - Ele olhou para mim brevemente. - Essa conclusão eu tirei sozinho. - Justin respirou fundo, e então ele agarrou a barra de duas mangas, como têm feito o dia todo desde a cachoeira. - Eu estou me destruindo, e levando você junto.

- Justin, eu... - Justin me interrompeu, o que foi bom, pois eu não conseguia pensar em nada para falar, naquele momento, Justin parecia sentir tanta dor que a minha preocupação tomou as minhas palavras.

- Quando eu estava lá embaixo, acabando com a festa, Jaden disse que eu não estava bem, que ele já percebeu isso há meses, e tem medo do que eu vou fazer se essa dor aumentar. - Ele respirou fundo. - Mas ela já aumentou. - A sua voz falhou, parecia embargada. - Eu sinto ela o tempo todo e... - Ele soluçou, desviando tentando esconder o seu rosto, mas eu já sabia que ele estava chorando. - Eu estou morrendo aos poucos e... Eu sinto que estou sempre a beira de um precipício, prestes a cair, na verdade... É como se eu já tivesse caindo, e a única pessoa que consegue me salvar é você. - Ele finalmente olhou para mim, seu rosto inundado de lágrimas, o meu rosto não estava diferente do seu.

Simplesmente não consegui segurar as lágrimas diante dessas revelações, meu coração se partiu quando imaginei que ele vive com isso dia e noite e não diz a ninguém, lida com tudo completamente sozinho, aguentando todos o julgando de alguma maneira, o cobrando.

Justin limpou o seu rosto e respirou fundo, desviando o seu olhar novamente.

- Quando eu estou com você, é o único momento em que eu sinto que estou vivendo... Você aparece e esse princípio some, eu me sinto seguro. - Seu olhar estava perdido na vista a sua frente, a qual eu tinha certeza que ele nem mesmo apreciava. - Você é a única pessoa que consegue me fazer bem, mas eu faço mal a você. - Aquilo pareceu ser difícil de ser dito. - E quando eu te machuco, eu morro mais um pouco... - Ele soluçou, voltando a chorar. - Não tem como... - Seu choro se intensificou. - Eu não tenho saída...

- Justin... - Eu me aproximei de seu corpo, o abraçando calorosamente, Justin correspondeu o abraço, me segurando com firmeza, parecendo se prender a mim como se estivesse agarrando sua última esperança.

O seu choro era intenso e barulhento, Justin gemia de tristeza e a a cada soluço eu me quebrava um pouco, tudo o que eu tentava fazer era conforta-lo, o abraçando com toda a força que eu tinha em meu corpo, acariciando o seu cabelo e sussurrando algumas palavras em seu ouvido, tentando mostrar a ele que eu me importava com a sua dor, mostrando que ele poderia chorar o quanto precisasse, sempre que necessário. Tentando convencê-lo de que o que disse na festa não passou de maldade, e que não era verdade. Justin parecia não chorar a tanto tempo, era como se ele estivesse desabafando dores de anos, seu aperto era tão forte que me causava dor, mas eu não ousei pedir que ele afrouxasse, porque se ele imaginasse que estava me machucando, em qualquer sentido, ele poderia desmoronar.

Os minutos se passaram tortuosos, Justin se acalmava lentamente de maneira quase imperceptível, mas era o suficiente para que eu me sentisse aliviada ao notar que já estava passando. No entanto, eu temia que voltasse, como aconteceu duas outras vezes, Justin se acalmava gradativamente, mas provavelmente a sua mente traiçoeira trazia alguma mágoa a tona e ele voltava aos prantos, tudo o que eu queria era que ele se sentisse melhor, e ficava planejando maneiras de que isso acontecesse, mas eu sabia que precisava deixá-lo desabafar, Justin já havia excedido o seu limite, e eu permitiria que ele se aliviasse até que o sol nascesse se preciso.

Eu faria qualquer coisa para que ele se sentisse melhor, Justin merecia paz e felicidade e estou disposta a tudo para que ele tenha. Mesmo que eu tenha que esperar mil anos, mesmo que eu tenha que ser paciente e compreensiva o tempo inteiro, ou que eu tenha que me esforçar o dobro para que ele não me afaste... Farei tudo, incluindo abrir mão dele, o que eu desejo do fundo do meu coração que nunca seja necessário.

- Está se sentindo melhor? - Questionei após Justin soltar o abraço e se afastar um pouco.

- Estou. - Sua voz estava rouca e baixa, ele realmente parecia melhor, mas as lágrimas em seu rosto ainda estavam presentes.

- Se quiser desabafar mais, tudo bem, não reprima nada. - Acariciei o seu rosto, com os meus polegares, enquanto nossas testas ainda estavam grudadas.

- Não, eu só quero ficar com você. - Avisou voltando a me abraçar, dessa vez com menos força.

Eu o acolhi novamente, Justin se deitou na curvatura do meu pescoço, e eu subi nele deixando-o entre as minhas pernas para ficar em uma posição mais confortável. Ele já nem chorava mais, acho que naquele momento ele apenas queria ficar em paz, e eu queria que ele ficasse, mas não ficaria com as coisas tão inacabadas da maneira que estão.

- Você não me faz mal - sussurrei, torcendo para que ele não estivesse dormindo, mas a dúvida ficou pois ele não reagiu. - Algumas atitudes suas me machucam sim, mas agora eu entendo que você só quer se proteger. - Ele respirou fundo.

- Eu me protejo te machucando. - Disse com pesar. - Não quero fazer isso com você.

- Me deixa entrar, Justin - sussurrei. - Então você protege a nós dois. - Justin levantou sua cabeça, juntando nossas testas logo em seguida.

- Eu só não quero que você se machuque. - Levei a minha mão ao seu rosto.

- Me tirar da sua vida vai me machucar mais do que você pode imaginar. - Afastei o meu rosto e abri os meus olhos. - Agora eu entendo tudo, não exatamente tudo, mas consigo compreender as suas atitudes, cada uma delas. - Ele olhou em meus olhos. - O seu medo de se machucar... - Seu olhar se abaixou. - Você sabia que não aguentaria se eu te machucasse, e me afastava porque tinha medo de se entregar e se decepcionar. - Fiz um carinho leve em seu rosto. - Olha para mim. - Ele fez o que eu pedi. - Eu te garanto que você não precisa ter medo de que eu te machuque.

- Você não pode me garantir isso.

- Eu posso, tenho uma prova. - Ele me olhou com curiosidade. - Eu já amo você, Justin. - Declarei em um surto de coragem. - Meu coração pertence a você há três anos. - Seu rosto se iluminou com surpresa, a boca entreaberta, como se ele estivesse em choque. - Esteve guardado para você. - Ele se afastou um pouco, e desviou o olhar, parecendo absorver as informações. - Ele é seu.

- Então, você... Puta merda! - Justin parecia ainda raciocinar sobre a minha admissão. - Significa que... Ah, meu Deus!

O nervosismo estava tomando conta de mim, a sua reação não foi definitiva, Justin não disse nada de útil.

- Hazel, eu passei o dia tentando te dizer que estou apaixonado por você. - Dessa vez eu fiquei surpresa, com os olhos levemente arregalados e o coração batendo tanto ao ponto de eu acreditar que até mesmo o Justin conseguia ouvir. - Eu desistia por que estava com medo de não ser recíproco. - Ele ainda parecia em choque. - Nem estaríamos aqui agora se eu tivesse dito.

- Você deveria ter dito! Espera... Apaixonado por mim quase engolindo aquela garota? - Um sorriso se formou em seu lábio, o primeiro desde que essa conversa começou, é tão bom vê-lo de volta.

- Ficou com ciúme? - Deixei um sorriso sem graça escapar. - Fica tranquila, amor, eu sou todo seu. - Eu sorri.

Justin me olhou atenciosamente, aproximando o seu rosto do meu, nesse momento eu já soube o que aconteceria a seguir. Uma expectativa crescia em meu peito à medida que o ar se intensificava entre nós, os seus olhos encararam os meus, como se pedisse permissão, como resposta, eu os fechei, mostrando a ele que eu estava completamente entregue. Senti os seus lábios macios roçarem nos meus, e então o toque de intensificou com ele finalmente juntando os nossos lábios. Eu finalmente posso descrever o beijo de Justin como "apaixonado", e de fato era: apaixonado e avassalador.

O beijo começou suavemente, iniciando-se devagar, como se quiséssemos aproveitar cada segundo daquele toque, Justin abraçou a minha cintura, enquanto as minhas mãos estavam entre os seus cabelos. O beijo se intensificou, evidenciando o nosso desejo mútuo, nossos movimentos eram sincronizados, nossas línguas se encaixavam perfeitamente, mais do que nunca. Não era apenas mais um beijo; era o nosso primeiro após assumirmos plenamente nossos sentimentos. Havia uma enorme diferença entre antes e agora, como se estivéssemos marcando um novo começo para nós dois. Eu sentia isso, e tenho certeza de que Justin também.

O tempo passou e a falta de ar surgiu, mas por um longo tempo, não foi o suficiente para que quiséssemos parar, mas quando se tornou insustentável, nós rompemos o contato, mesmo que não quiséssemos de maneira alguma. Nos separamos ofegantes, levamos alguns segundos para recuperar o fôlego.

- Eu não acredito que tive tanto medo de viver isso - lamentou, deixando uma trilha de beijos da minha bochecha até a o meu pescoço.

- Não pensa nisso agora. - Eu praticamente sussurrei enquanto aproveitava os toques dos seus lábios.

Justin parou com os beijos e olhou para mim.

- Preciso confessar uma coisa. - Olhei para ele com curiosidade.

- O que?

- Quando você me explicou o motivo para ter camisinhas em suas coisas, eu pensei que por eu estar apaixonado por você, então não há mais nada que me impeça de tirar a sua virgindade - declarou com cautela, ou pelo menos tentou. - Se você quiser. - Ele enfatizou olhando-me diretamente em meus olhos.

- É estranho pensar nisso agora. - Desviei o olhar. - Não parecia tão... Possível antes.

- Você não parece pronta. - voltei a olhar para os seus olhos.

- Eu acho que não estou. - Justin segurou a minha mão e levou até a boca, beijando os meus dedos.

- Eu não vou te pressionar a nada. - Sabia que ele estava sendo sincero, por isso, sorri fracamente.

- Eu sei.

- E eu não quero que você se pressione também, tudo bem? - Assenti com a cabeça, mostrando a ele que entendi perfeitamente.

Justin se aproximou, deixando um beijo no topo da minha testa, fechei os olhos, tentando aproveitar cada segundo daquilo.

- A gente pode ir dormir? - Questionei, sentindo o cansaço pesar em meu corpo, Justin sorriu.

- Vamos.

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