As Canções Que Você Fez Pra M...

By _divina_maravilhosa

2K 140 243

- Meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer - era a voz dela, inconfundível - M... More

1. Pode me chamar de Gal
2. O que é o amor pra você?
4. Ipanema
5. Nada além disso
6. É esse o seu problema
7. Sol negro
8. Eladissequemeama
9. Pedido de casamento
10. Maria Bethânia

3. Palavras no corpo

180 17 14
By _divina_maravilhosa


Nota da autora

Oiii queridos, voltei!!!
Comecei a escrever essa estória porque senti uma vontade gigantesca de ler algo das mães do mpb e vi que não tinha quase nada (inacreditável). Sou apaixonada nelas e pretendo continuar e finalizar. É bom saber que tem gente acompanhando comigo, então comentem muito e me cobrem att tá. Fiquem com o capítulo, um beijo.

___________________________________

POV GAL

- Oi, bom dia, eu imaginei que sua cabeça acordaria explodindo de dor, então tomei a liberdade de te fazer um café e tem remédio, caso queira - Bethânia se dirigiu a mim e eu não lembro em que momento eu vim parar na cama dela ontem à noite, mas foi aqui onde acordei. Nota mental: perguntar o que eu tô fazendo aqui.

- Obrigada - agradeci. Ela é tão cuidadosa, zelosa, essa mulher parece não existir.

- Hoje é o seu primeiro dia de estúdio e você precisa tá cem porcento - ela pareceu notar minha confusão e se prontificou em explicar - De tão bêbada, ontem, você acabou pegando no sono e eu não quis te acordar, deixei você dormindo aí mesmo e fui pro seu quarto.

- Você não existe, obrigada de novo. Vai ser difícil encarar um dia de gravação. A gente exagerou ontem à noite - ela me olhou com o rosto repleto de incredulidade, então tratei de me corrigir - eu, particularmente, exagerei ontem à noite.

- Ei não tem problema a vida tem que se viver mesmo. É preciso ter paixão pela vida. Só não tome um porre antes de um dia importante, certo? - Bethânia parece ser tão vivida, tem resposta pra tudo.

- Eu admiro isso em você, sabia? - admiti.

- o quê? - ela perguntou.

- A sua vontade de viver. Você nunca tá atoa, está sempre fazendo parte de alguma coisa, vivenciando os melhores momentos, em qualquer hora do dia que seja. É bonito demais.

- Olha, aprecio a forma como me vê, mas vou te decepcionar um pouquinho em dizer que muito pelo contrário, eu adoro ficar atoa - ela falou e soltou uma risada tão gostosa em seguida, que me contagiou também.

- E por algum acaso você quer ficar atoa enquanto a gente grava o disco? Vai ser bom ter você lá - aproveitei a brecha para garantir que Bethânia fosse conosco.

- Eu já estava a fim de ir mesmo, imagine agora que eu tenho um convite formal. Pode ter certeza que vou amar estar lá do seu lado e de Caetano.

- Que bom - me surpreendi com o quanto fiquei feliz com sua resposta.

♪ ♪ ♪


- Acho que nunca vi tantos fios na minha vida. Agora eu entendo o molejo dos artistas no palco, na verdade é eles fugindo dos cabos espalhados por tudo quanto é lado.

- É mais ou menos por aí - o que parecia ser o nosso produtor me respondeu amigável - Olha, vocês podem se dirigir para a cabine e ir testando os microfones, para que eu regule daqui, tudo certo?

E assim fizemos.

POV BETHÂNIA

O dia era pra ser de trabalho e gravações, no entanto comigo e Gil também no estúdio, podemos dizer que atrapalhamos mais do que qualquer outra coisa. Cantamos nossas músicas preferidas, como se uma banda fossemos. Um puxava um som e o outro dava corda, continuando de onde pararam.
Eu, Caê, Gal, Gil.
Assim o dia se passou e os dois não haviam gravado nem uma única faixa.

Ao entardecer, nos demos conta de que precisávamos deixar espaço para o que realmente importava, então eu e Gil saímos da cabide, deixando apenas os dois lá.

Agora que estava atoa, como diria Gal, procurei uma maneira de me divertir. Acendi um cigarro e procurei uma cerveja pela sala do estúdio, o que foi uma decepção, só tinha uísque a disposição. Bom, quem não tem cão caça com gato. Me servi um copo.

Estava vagando no mundo da lua quando escuto Caê me chamando.

- Maninha, gracinha precisa de uma voz de base para conseguir fazer a terça em cima, eu nao posso já que vou direcionar ela aqui de fora, na mesa, você pode entrar lá?

- Mas que pergunta, é óbvio - assenti já entrando na cabine e fechando a porta, para garantir o isolamento acústico. E lá estávamos nós de novo, eu, ela e o silêncio absoluto. Eu diria que Gal nem reparou quando eu entrei, estava tão concentrada, virada para a parede de espumas. Dava pra ver o quanto ela estava focada, como se estivesse repassando cada detalhe, métrica e nota por nota que iria colocar nas palavras que cantasse.

Quando finalmente se virou pude ver que ela carregava certo nervosismo.

- Tudo bem aí? - perguntei.

- Tudo. É só que... - pareceu formular o que iria diria - Você já imaginou? ter milhões de fãs, mudar a vida das pessoas no cotidiano. Pensa só, pra gente é apenas dois minutos de gravação, já pra eles, são versos de interpretações infinitas, tatuagens, palavras no corpo, ou músicas da vida. Pessoas se casando com sua canção, com uma melodia simples que você criou num quarto escuro numa segunda-feira cinza, ou músicas alegres que você grava em um domingo festivo de samba. Quando penso nisso eu tenho tanta certeza de que é isso que eu quero pra minha vida, mas ao mesmo tempo, me deixa tensa toda essa responsabilidade.

- Eu penso nisso todo santo dia, não tem um só dia em que eu não pense, Gal - ela pareceu ler minha mente, então só tive o trabalho de concordar.

- É mágico, não é?

- Oh se é - fui tomada pela memória de quando tive a certeza de que queria ser intérprete para o resto da vida - Eu já tive a chance de provar o gostinho dos palcos uma vez. Substitui a Nara no teatro, em Opinião, e foi uma sensação ensurdecedora dentro de mim, parece que o sentimento quer escapulir de você de tão forte que é. Quando vi toda aquela gente vidrada no que eu tinha para transmitir, foi uma satisfação inesquecível, você vai adorar.

- Eu não vejo a hora - falou com os olhos brilhando.

- Mas me faça uma só jura, que quando você for a maior cantora desse país não vai se esquecer de mim - fiz questão de a olhar nos olhos para que visse que o que eu dizia era verdade e não da boca pra fora. Ela me olhou e logo desviou, focando a visão no microne à sua frente.

- Claro que não vou esquecer, você vai está do meu lado cantando comigo, no mesmo palco, sob a mesma luz, sendo assistida pela mesma audiência, essa que vai estar lotada, mas ainda assim vai ser como se estivessemos a sós lá, só eu e você - levantou a visão novamente.

- Eu tenho certeza que sim - sustentamos o olhar dessa vez. Ela parecia ser um imã e eu o metal.

- Ok meninas, podemos? - O produtor se pronunciou e ainda bem que o fez, porque eu já tinha esquecido que tinha um papel a cumprir aqui a não ser admirá-la.

Quando começamos a cantar tudo que Gracinha havia acabado de dizer se personificou e ganhou vida. De repente, parecia que mais ninguém ali importava, que o meu único foco era cantar pra ela. Conforme a música passava fomos nos soltando, não só os cabelos, como também os movimentos. Dançavamos, Rodopiavamos, os braços livres, como se quiséssemos cortar o vento. E quando invertemos os microfones como costumam fazer com taças, uma onda de eletricidade percorreu todo o meu corpo. Meu corpo reagia à proximidade dela.

Assim que acabamos, a abracei forte, precisava tocá-la.

- Sentir que o seu corpo está tão quente quanto o meu é um alívio - Gal me falou ao do ouvido, ainda colada a mim. A eletricidade estava de volta.

- Eu estou muitas coisas agora, aliviada não é uma delas - nem eu sei o que pretendia com as palavras que proferi.

- Não? - pareceu não entender o que eu quis dizer.

- Deixa pra lá, esquece o que eu disse - não tive coragem de confessar de que maneira eu queria ser aliviada por ela.

♪ ♪ ♪

POV GAL

A produção do álbum está decolando. Tivemos vários avanços no dia de hoje, trabalhamos alguma músicas e todas de tirar o fôlego. A canção finalizada de hoje foi domingo, um minuto e meio de som, forte e sútil, curta para dar o gostinho de quero mais, caetano abre, eu entro em seguida, depois ele volta e somos os dois dividindo voz.

- O álbum deveria levar esse nome, domingo, é o carro chefe do disco - estava conversando com Caê na varanda, quando ele entrou no assunto.

- Talvez devesse. Eu não diria que é o carro chefe, mas é um bom nome. Acho que o conteúdo importa mais do que o título - argumentei e realmente não tinha tanta importância para mim.

- O nome é como a porta de entrada baby, o primeiro contato do público com a gente. Vê só você, g a l, percebe, tem impacto, tem brilho, tem rítmo. Maria das Graças é um nome terno, já Gal Costa pode ser o que você quiser, ou melhor, quem você quiser. Gal foge do normal, Gal é fatal, é divinal ou infernal, você decide, esse é o barato.

- Quanto a isso eu não sei, mas se eu sei de uma coisa, é que se tu não existisse eu seria capaz de te inventar, só para não ter de viver sem ti.

- Eu é que não vivo sem você! - Caetano me deu um selinho demorado demonstrando carinho - E então, domingo?

- Domingo - concordei - Temos uma faixa homônima.

Caetano começou a cantarolar, repetindo sons de lara-lara, de repente.

- Quê que é isso?

- isso' dá uma música sabia, olha só seu nome é gal, poesia pura - virou para as pessoas que estavam mais afastadas no jardim e gritou - O NOME DELA É GAL GENTE - já elas olharam para ele com cara de desentendidas.

- Ih pirou de vez. Ignorem, é caso perdido.

- Falando em caso... - Caetano me olhou sapeca.

- Lá vem, que foi? desembucha.

- Você e maninha mais cedo, na cabine, o que foi aquilo? Não ache que não reparei, o jeito que se olham, os abraços demorados, o que tá rolando? - ele perguntou com um sorriso de orelha a orelha como se soubesse de tudo.

- Ai, bichinho eu não sei - suspirei - Bethânia é encantadora. Ela me faz sentir coisas estranhas aqui - apontei para a barriga.

- Sabe o nome disso? - ele esperou para vê se eu tentaria advinhar, por fim completou - Tesão.

- Que nada, não é isso. Ao menos não só isso.

- SUA SEM VERGONHA, TÁ MESMO DE OLHO NA MINHA IRMÃ!

- FALA BAIXO! - falei alto rangendo os dentes - Quer que todos ouçam.

- É até bom, vai que ela toma uma atitude de uma vez.

- Você não vai falar nem um piu dessa conversa pra ela, promete? - precisava garantir que as coisas não saíssem de seu curso natural.

- hum, não sei não - virou para o lado. Claramente ele falaria.

- Prometeeee? - o encarei com o olhar sério.

- Tá, tá, eu prometo, não precisa ficar bravinha - ufaaaa.

Continue Reading

You'll Also Like

1.8M 110K 91
Pra ela o pai da sua filha era um estranho... até um certo dia
My Luna By Malu

Fanfiction

259K 22.5K 28
Ela: A nerd ômega considerada frágil e fraca Ele: Um Alfa lúpus, além de ser o valentão mais gato e cobiçado da escola Ele sempre fez bullying com el...
1.4K 201 15
Madeline Clemont é a "it girl" da Saint George International School (SGIS), um internato suíço conhecido por seus altos preços e inúmeras atividades...
2.4M 229K 86
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.