Droga! Dormi demais.
Me levanto correndo direto pro banheiro.
So espero que as senhoras lá não informem a diretora sobre o meu atraso.
Faço minha higiene matinal correndo, visto a primeira roupa que encontro, dou uma arrumada no meu cabelo, coloco um perfume e saio do quarto.
Assim que entro no refeitório percebo algo estranho, as pessoas estão olhando pra mim e sussurrando, outras rindo... não gosto disso.
Alguma coisa aconteceu, e não é boa não.
Vou ate a cozinha e visto meu avental.
- Está atrasada!
- Me desculpe, dormi demais.
Ela revira os olhos e vai embora.
Me posiciono no local e entrego a bandeja com comida pras pessoas.
- Belas tetas.- um cara pra quem entrego a bandeja fala baixo pra mim e sorri malicioso.
- Quê que você disse?
Duas moças a trás dele dão risada.
Olho discretamente pra minha blusa pra ver se esta tudo certo, e não vejo nada de errado.
Meu Deus o que está acontecendo?
Continuo servindo pras pessoas nesse ambiente estranho mesmo, depois de mais algum tempo eles me liberam mas dessa vez eu como na cozinha mesmo.
Não sei o que houve mas o clima está muito estranho e não me sinto confortável pra ficar no salão do refeitório.
Depois que o sinal toca o povo começa a sair e então sobra pra mim arrumar tudo.
Depois que termino devolvo o avental e saio.
Por acaso olho pra um grupo de pessoas e elas parecem estar falando de mim enquanto olham algum papel.
"Mas é uma p*ta mesmo"
Aproximo até o grupo.
- Desculpa, o que disse?
- Se afasta, nojenta.
A menina fala.
- Vamos Larissa, não perde tempo com essa daí.
Elas saem andando.
Não sei o que está acontecendo, mas estou ficando cada vez mais assustada.
Ouço gente murmurando e parece estar vindo dos cacifos, vou até la e quase caio com o que vejo.
Um monte de foto minha de roupa íntima colada em vários lugares do cacifo, na parede e no chão.
Lágrimas surgem, e uma dor forte surge em meu peito.
Falta de ar, tremor, tudo ao mesmo tempo.
Saio correndo, não sei nem de onde veio essas fotos.
Não lembro delas e nem de como tiraram.
Assim que entro no meu quarto, pego no kit de primeiros socorros e vou até o banheiro.
Pego em tudo que é remédio.
Eu tentei, eu aguentei, é demais, pra mim chega.
Papai, mamãe... amo vocês.
POV Diego
Ontem eu ia contar pra Renata sobre as fotos que tirei e mandei pro Tomás, ia explicar tudo o que acontece entre o Tomás e eu.
Mas confesso que hoje não tive coragem de tomar o café na área comum só pra não ter que contar pra ela.
Mas dane-se, eu vou contar.
Eu fiz merda, eu vou arcar com as consequências.
Chego na área comum e percebo uma movimentação estranha.
Caminho mais um pouco e meu mundo desaba com o que vejo.
Cheguei tarde demais.
As fotos dela estão espalhadas por todo o canto.
Renata.
Preciso achar a Renata.
Olho por todos os lados e não vejo ela em lugar algum.
Vou até o quarto dela e bato na porta.
- Renata?
Apenas silêncio.
-Renata, está ai?- silêncio novamente.- Renata por favor, fale algo se estiver ai.
Não adianta.
Tento a sorte e giro a maçaneta.
Está aberta.
Abro a porta devagar e pro meu espanto não tem ninguém no quarto.
- Renata?
A luz do banheiro está acesa e a porta semi aberta.
- Ta aí Lyn?
Caminho devagar e assim que abro a porta entro em desespero.
Um monte de remédio espalhado no chão e a Renata desmaiada.
- Renata? Renata, acorda.- dou alguns tapinhas em seu rosto mas é em vão.
Carrego-a em meu colo.
Tomara que ainda dê tempo.
Com ela no colo é um pouco difícil de correr mas eu vou o mais rápido que posso.
Finalmente chego na enfermaria.
- Doutora.
Assim que ela me nota vem correndo até nós.
- Meu Deus, o que aconteceu?
Ela me ajuda a deitar a Renata na cama.
- Eu não sei, cheguei no quarto dela e achei ela desmaiada e um monte de remédio jogado no chão.
- Ela precisa ir pro hospital, urgente.
Ela fala e liga pra ambulância.
- Eles já estão chegando, você ja fez muito. Agora vai pra aula.
- Não, eu vou com você e minha aula é só a tarde.
A doutora revira os olhos.
- Tudo bem.
POV Tomás
A neguinha realmente mereceu, ninguém jamais entenderia a alegria que estou sentindo nesse momento.
Com certeza esse definitivamente é seu fim, ela nunca mais terá espaço para a popularidade e vai continuar sendo a fracassada que sempre foi.
- Tomás!- a voz da professora Eva ecoa em minha mente e então me lembro que estou na aula.
- Sim profi.
- Está prestando atenção na aula?
- Mas é claro profi.
- Então poderia por gentileza dizer sobre o que você entendeu?
Ixi ferrou.
Tento pensar em alguma desculpa mas do nada alguém abre a porta com tudo chamando a atenção de todo.
Leonardo?
- Quê isso garoto?- a professora fala.- Estamos no meio da aula.
Ele ignora completamente a professoa e caminha em... minha direção?
Do nada sou surpreendido por um soco, mais um e mais um.
- Por sua culpa a vida da Renata ta em risco!
Mais soco até que finalmente algumas pessoas conseguem tirar ele de cima de mim.
- Me larga seus bando de fudido, eu vou matar esse cara.
- Levem ele pra diretoria, por favor.- a professora ordena e os colegas tentam levar ele mas ele resiste.
- Eu não vou antes de acabar com a raça desse infeliz.
Ele tenta se soltar mas agora mais gente segura ele e finalmente conseguem tirar ele da sala.
- Tomás.- a voz do Júnior chama minha atenção.- Ta sangrando.
Aliso meu nariz e olho pro dedo, realmente estou sangrando.
Foi tudo tão repentino que deu nem tempo de me defender.
Que papo foi aquele? Entendi nada.
- O que houve com o Leo? E que história é esse da vida da Renata estar em risco?- Renato pergunta.
- Estão despensados, sem aulas por hoje. E Tomás vá pra enfermaria.- a professora fala, pega nas suas coisas e sai.
POV Renata
Abro meus olhos devagar e por conta da luz volto a fechar, mas depois de alguns segundos abro novamente vendo então o Diego sentando numa cadeira ao lado.
- Renata?- ele larga o livro e vem até mim.- Graças a Deus Renata, você acordou.
Ele sorri.
Olho ao redor e percebo que estou em um hospital.
Agora me lembro.
Aff onde que eu estava com a cabeça, ia jogar fora minha vida por umas simples imagens.
- Fica ai, eu vou chamar a enfermeira.- ele sai.
Tento me ajeitar na cama mas não consigo, estou muito fraca.
A porta se abre e então entra o Diego e uma mulher que presumo que seja a enfermeira.
- Ah olha só quem acordou.- ela fala sorrindo e vem até mim.
- Como está se sentindo, Renata?
Abro a boca pra falar, mas não consigo.
- Meio fraca não é?- ela pergunta e sorri.- Não consegue falar, eu ja esperava. Mas isso é temporário, não precisa entrar em desespero.
Ela faz carinho em meu rosto.
- Ela vai ficar bem?- Diego pergunta.
- Ela já está bem, só precisa se recuperar o que não leva mais que algumas horas.
Ela mexe em algumas coisinhas e finalmente sai.
Diego puxa sua cadeira pra perto de mim e senta.
- É tudo minha culpa.- lágrimas surgem em seus olhos.- Me desculpe, me desculpe, me desculpe.
Eu fico sem entender e apenas olho pra ele.
Não sei sobre o que ele está falando mas realmente parece abatido com o assunto.
- Tudo porque eu tinha medo que ele arruinasse meu casamento. Você quase morreu, tudo porque fui um egoísta e por ter medo de arcar com as consequências de meus atos.
- Do que... está falando?- finalmente consigo falar, mesmo que em sussuro.
- Eu que tirei fotos suas e mandei pro Tomás.- ele olha pra baixo.- Na vez que te chamei pra sair, era tudo combinado.
- Mas... porquê?- eu não entendo.
- Eu só me aproximei de você porquê recebi uma ordem do Tomás, e era conseguir fotos íntimas suass e mandar pra ele. Na época ele me falou que você era sozinha e que seria fácil de me aproximar.
- E ele realmente tinha razão, quando eu percebi o quão injustiçada você era eu fiquei ruim, mas eu tinha que fazer. Pelo menos era o que eu achava na época.
- Mas hoje eu percebo o quão burro eu fui, tudo porque eu tinha medo dele contar aquilo pra minha mulher.
Lágrimas surgem em meus olhos.
Porquê não existe pelo menos uma pessoa verdadeira comigo?
- Quando você melhorar eu te conto com detalhes sobre tudo, mas agora eu vou consertar isso.
Ele limpa as lágrimas em meu rosto, beija minha testa e se levanta.
- O Leonardo daqui a pouco chega.
Ele sai.