~•CAPÍTULO NÃO REVISADO•~
Pov. 3° Pessoa
Kodomo, uma ilha de duas faces.
Para os piratas, era um paraíso, um lugar onde mulheres os serviam e lhe tratavam como verdadeiros reis. Elas os entretiam de diversas formas, seja dançando, cantando, ou atividades mais intimas. Mas para as moradoras, não passava de um inferno. As mulheres eram forçadas a trabalhar para entreter os homens, e em trocam ganhavam um lar e comida. No entanto, as mulheres que desobedeciam, ou tentavam fugir daquela ilha, eram punidas severamente pela governanta. E depois desapareciam sem deixar vestígios. Todas as moradoras vivam com medo, pois qualquer deslize poderiam lhe dar um destino pior que a morte.
Mas nem mesmo esses contos poderiam desencorajar Nirine.
Um conjunto de garrafas quebrando e gritos eufóricos alertou uma garota. Nirine olhou pra trás, com as sobrancelhas franzidas enquanto sentia os músculos de seu corpo se tenciona. Observando a sombra de um grupo de bêbados caminhando no corredor, a gente de seus dormitório. Uma parede fina de papel de seda era a única coisa que dividia a menina, hospede da casa de “entretenimento”, das garras sujas dos homens bêbados com intenções perversas.
Assim que o som das gargalhadas e as sombras foram desaparecendo, Nirine relaxou suavemente e voltou a se concentrar em sua única missão: escapar da ilha de Kodomo.
Por anos ela esteve presa naquele lugar e presenciou coisas que não conseguiria deixar sua mente tão cedo, e depois de muito tempo montando um plano, ela finalmente vai executa-lo.
—Ei, tudo pronto?
Mas, claro, ela não iria conseguir sair de lá sem ajuda. Nirine olhou pra a segunda porta de seu quarto e fechou a sua bolsa antes de coloca-la nas costas e assentir para a mulher que havia aberto a porta. Aquela mulher era ninguém menos que uma das responsáveis por aquela casa: Akai Mayumi; apesar de ser a responsável pela casa, ela muitas vezes ajudou algumas garotas a fugirem daquele lugar sem deixar vestígios.
—As roupas serviram em você, isso é bom. – a rosada disse, olhando para as roupas de Nirine, que não era as de dançarinas como de costume, mas sim um conjunto de uma blusa folgada branca, um sobretudo com capuz por cima, uma calça marrom e botas pra fechar o conjunto. – Pelo menos com isso não vão achar que você é uma dançarina. – falou, antes de dar uma tragada em seu cigarro.
—Assim eu espero. – Nirine falou, seguindo a mais velha ao passar pela porta e fechando em seguida. Aquela segunda porta ligava a um corredor subterrâneo, cujo o destino era os bastidores dos milhares de palcos da casa. Assim, as dançarinas não precisariam ficar andando pelos corredores dos quarto de trabalho. – Pode repetir o plano novamente, só pra eu ter certeza que o tenho memorizado...
—Claro, querida!! – Mayumi disse. – Daqui a uns cinco minutos, todos se reunirão ao cais Norte; Isso também inclui a governanta e se ela estiver lá, a maioria dos guardas também estarão, ou seja, a vigia vai estar com menos guardas. É o momento perfeito pra você agir.– a rosada olhou em volta e ao ver que eram apenas as duas no corredor, ela puxou um castiçal de parede de aparência velha, e a parede ao lado dele estremeceu antes de ser dividida em duas, revelando uma passagem secreta. – Essa passagem é uma saída de emergência e meio que uma portas dos fundos. Vá para o Cais Sul. É o mais próximo daqui. Lá, tem um bote pronto te esperando para sair daqui. Recomendo que você reme até sair da zona de atracagem, antes de levantar a vela. – explicou.
Nirine olhou para o corredor, antes de encarar Mayumi.
—Mayumi... – ela chamou. – Eu queria fazer essa pergunta antes, mas... por que você está me ajudando? – questionou, o sorriso de Mayumi caiu pra um olhar em branco. – Tem tantas mulheres que poderiam ser ajudadas, mas por que eu?
Mayumi ficou em silencio por alguns segundos, antes de sorrir suavemente para a mais nova.
—Por que eu nunca vi tanta determinação em uma pessoa só. Infelizmente as outras mulheres não tem tanta força de vontade quanto você, Nirine. Tanto que elas acabaram aceitando o encanto da Luxuria que essa ilha tem. – Mayumi colocou a mão no ombro de Nirine, enquanto sorria suavemente. – Uma garota como você não merece ficar nesse inferno querida...
Nirine olhou para a mais velha surpresa. Apenas pelo olhar da rosada, Nirine sabia que suas palavras eram verdadeiras. De fato, Mayumi foi a única que se importou com a segurança de Nirine durante sua estadia na ilha, e agora, o fato de deixar ela aqui na ilha pareceu atingir Nirine.
—Mayumi... vem comigo. – Nirine agarrou a mão da mais velha e puxou-a suavemente em direção ao corredor, na esperança que ela aceitasse sair de lá.
—Desculpe Nirine, eu não posso. Tenho que proteger as outras jovens que virão pra cá futuramente. Além disso, uma velha como eu vai só te atrasar. – ela riu, tentando deixar o ar melancólico mais leve, porem não adiantou ao ver o lábio de Nirine tremer suavemente. Mayumi suspirou antes de puxar a mais nova para um abraço. – Ouça querida, eu vou ficar bem. E sei que você também vai ficar. Eu sinto que você vai participar de grandes aventuras. Então não se prenda a mim, vá e seja livre. – Ayumi limpou as lágrimas da mais nova, antes de empurra-la levemente para o corredor secreto.
—Tá bom... mas eu prometo que volto aqui e liberto todas vocês!! – Nirine disse, antes de sair correndo pelo corredor, ignorando a mochila batendo em suas costas ignorando as lágrimas escorrendo por suas bochechas...
[...]
Nuvens escuras cobriam o céu noturno, deixando as estradas completamente escuras, e com baixa visibilidade. Poucos guardas rondavam as ruas, afinal a maioria estava concentrada no cais Norte.
Era o momento perfeito para uma fuga…
Um barulho de garrafa de vidro caindo chamou a atenção de um dos guarda, ele caminhou em direção ao beco e o iluminou com uma lanterna e após não ver nenhuma alma viva, apenas caixas vazias e garrafas caidas, deduziu que era algum animal de rua, e voltou a sua patrulha. Ele também não notou uma figura se esgueirando pelos becos. Nirine, assim que percebeu que o guarda se afastou de seu esconderijo suspirou aliviada antes de sair de seu esconderijo, com o capuz levantado e seu cabelo escondido no capuz, tornando seu reconhecimento mais difícil.
A jovem se esgueirou próxima a borda da parede observando os dois guardas se afastando da rua, antes de sair de seu esconderijo. Usando as sombras das nuvens, Nirine se esgueirou pelas sombras e becos, evitando ao máximo os vigilantes, se escondendo nos becos, atrás de barris e pilha de caixotes.
Logo, a morena conseguiu avistar vários barcos atracados e soube exatamente onde estava, mas apenas para ter certeza, ela olhou para uma plaquinha que estava pendurada em um dos um poste. As letras esculpidas e pintadas trouxeram uma sensação de segurança pra ela.
“CAIS SUL”
Esperando o momento certo, ela rapidamente correu para o cais e olhou em volta, vários navios piratas estavam atracados, balançando lentamente com as ondas do mar, esperando para serem manuseados e zarpara para o alto-mar. No entanto, como ela era apenas uma pessoa, precisava de um bote, algo que não seria chamativo e fácil de manusear, e ali estava, no final do Cais, para os que passavam, parecia apenas um bote normal. Mas Nirine sabia que era um pequeno barco a vela, cujo mastro poderia ser abaixado.
Caminhando apressadamente pelo cais, Nirine jogou sua mochila no barco e subiu nele, antes de começar a desamarra-lo. Mas ao ver os brilhos das lanternas se aproximando do cais, fez com que ela parasse suas ações. Ela olhou em volta buscando algum esconderijo e ao encontrar um, ela agarrou sua mochila e correu em direção a ele. Ela se agachou atrás do banco do barco tampou sua boca, temendo que qualquer respiração muito alto poderia denunciar sua posição para quem estava se aproximando do bote.
—... Eu podia jurar que ouvi alguma coisa.
Eram os guardas.