Sem freio

By 03reginaAlcantara

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Catarina é filha única entre quatro irmãos, criada apenas pelo pai, abandonada pela mãe, era pra ser a prince... More

Catarina
Caminhos que se cruzam
Perseguição
À primeira vista
Ciúmes
Em meus pensamentos

Reencontro

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By 03reginaAlcantara

Em meio a multidão tento me desviar da atenção dos dois brutamontes que estão na área reservada, arrasto Math entre as pessoas aproveitando um momento de distração deles, vou até o balcão de bebidas e peço uma dose de whisky, quero ficar bêbada e perder um pouco a timidez, tomo em um gole só e sinto tudo queimar por dentro, Math me olha assustado como se nunca tivesse me visto e toma a dose que pedi pra ele também, vamos para o meio da boate e uma música dançante começa a tocar, em poucos minutos a bebida faz o efeito desejado e estou repetindo os passos de dança do meu amigo sem me preocupar com nada, mas sei que ainda estou sendo observada.
Braaaá escuto um estrondo e as pessoas começam a ir para a porta, mas o DJ para a música pra acalmar as pessoas e todos voltam a dançar quando uma mulher é arrastada por um segurança para fora da boate, The Black Eyed Peas - I Gotta Feeling começa a tocar, agarro a mão de Math e começo a pular feito uma maluca, o mundo gira e solto a mão do meu amigo, alguns minutos depois agarro sua mão novamente e o arrasto para a saída, ando entre as pessoas as afastando enquanto sinto que Matheus tropeça nos próprios pés.
- Math como sua mão está maior! - falo sem olha-lo e o puxo para fora da boate sentindo um alívio quando o ar puro da noite bate no meu rosto, encostamos no muro olho para a mão em que estou segurando e a primera coisa que percebo é que não é o Math, um Rolex prateado brilha à meia luz do poste nos deixando na semi escuridão entre o poste e um muro, ergo um pouco mais o olhar, braços longos e fortes, finalmente encaro os olhos escuros parte do seu rosto coberto pela sombra, cabelos lisos caídos sobre a testa, lábios carnudos, o nariz afilado perfeito, nem o melhor cirurgião plástico seria capaz de construir um nariz e uma boca tão perfeitos, abro a boca.
- Vo-você não é o Math.- ele me olha e esboça um sorriso meio embriagado.
- Não, não sou o math.- sua voz forte com leve sotaque estrangeiro me deixa com as pernas mais moles e seu olhar me põe mais quente que a cachaça que tomei.
- Me desculpe mas essa é minha única oportunidade... - puxo pelo colarinho e colo meus lábios aos seus, o pegando de surpresa, colo meu corpo ao seu, contra a parede do muro, seus lábios são suaves com uma mistura doce e picante, ele toma as rédeas, enlaça minha cintura com os braços, pede acesso à minha língua aumentando a intensidade do beijo quente e molhado ao mesmo tempo, uma das suas mãos sai da minha cintura e vai pra nuca sob meus cabelos espessos, sem perceber já estou contra o muro sentindo meu corpo pulsar de desejo enquanto ele encosta sua pelves na minha, sinto seu volume, seu cheiro, desejo.
- Preciso...- falo sem fôlego quando ele solta meus lábios - preciso de mais...- continuo, com o coração acelerado a respiração curta e os olhos fechados, com a mão ainda em minha nuca sob meus cabelos ele levanta meu queixo e distribui pequenos beijos, e preciso usar um pouquinho mais de força para me sustentar quando dá uma pequena mordida alí, gemo em desespero, me esfrego em sua ereção sob as calças, usando o muro como apoio ele tira a mão que está em minha cintura e segura uma das minhas coxas tendo mais acesso ao meu corpo, não aguento mais, começo a sentir leves pontadas no meu lugar mais íntimo, e aquele espaço entre minhas pernas pedindo mais, já havia beijado antes mas nenhum deles se compara ao que estou sentindo agora, ele toma minha boca novamente, intenso e possessivo, nossos corpos se esfregam.

- Catarina Freitas! - meu corpo quente como o inferno gela na mesma hora e o homem para o beijo.
"Droga, droga."
- Mas que merda.- falo baixinho quando ele é arrancado de perto de mim, o vejo caído no chão.
- Jorge! Você não pode fazer isso! - corro para ajudar o cara a se levantar.
- Não posso?! esse cara estava se aproveitando de você e eu não posso?! Meu irmão furioso parte pra cima do... Antônio Xavier?! Minha embriaguez indo embora no mesmo instante em que percebo quem eu estava me agarrando, não que eu não soubesse quando pus meus olhos nele, mas não tinha total noção da realidade.
- Ele não estava... Eu estava me aproveitando dele.- o olho e só então percebo que ele mal consegue se segurar em pé, ele sorri em meio a embriaguez e mesmo assim o homem é lindo de morrer, meu irmão me olha incrédulo.
- É... Ela, ela me arrastou... E..- ele simula um beijo fazendo bico com a boca. - mas ela é linda... Não resisti... - ele se olha. - eu sou homem porra. - meu irmão perde a paciência e tenta ir pra cima dele que encosta no muro novamente em busca de apoio.
- Aahrg o que eu faço com vocês heim?! Ele bagunça os cabelos.
- O que está acontecendo aqui? - a voz fria do Miguel nos interrompe, enquanto ele arrasta um Matheus totalmente bêbado.
- Esses... Esses... Ah merda! A Cat... Esse cara estava agarrando nossa irmã, se eu não chego a tempo... - ele bagunça os cabelos novamente. Miguel me olha em advertência e não falo uma única palavra, estou um pouquinho tonta, mas não sou burra.
- Eu não tenho culpa...- Antônio soluça. - eu estava indo embora, ela... Ela veio e... —
- Senhor Antônio, o que está acontecendo aqui? - três homens nos cercam, um deles saca uma arma ao dar um segundo olhar para o homem ao meu lado encostado no muro.
- Miguel tá tudo bem aí parceiro? - mais homens se aproximam, o que perguntou pelo meu irmão também saca uma arma e aponta para o que estava apontando para meu irmão.
- Guarda isso Sebastian, só estamos conversando. - mesmo com a voz enrolada Antônio ordena e é prontamente atendido.
- Só estamos conversando...- corto meu irmão indignada.
- Aaaaahhhh que merda! Não posso nem beijar ninguém em paz! Que porra!— ralho estressada como se tivesse toda razão do mundo.
- Beijar?! Vocês estavam... —meu irmão fica com o rosto completamente vermelho.
Saio pisando duro, morta de vergonha e raiva. Atravesso a pista que está sem movimento pelo horário tardio, pisando forte no chão como se ele tivesse culpa.
—Vou embora, vocês que se matem.  aponto o dedo do meio pra todos eles.
— CATARINA volta aqui AGORA! — minha raiva aumenta.
- Ahh Quer Saber, Vão Se Foder! - nunca havia gritado tanto com meus irmãos!
Os seguranças do Antônio o coloca no carro enquanto Jorge atravessa a rua correndo, corro na direção oposta mas não adianta muito, Jorge me joga em seus ombros me leva até o carro do Miguel e me coloca sem nenhuma delicadeza no banco do passageiro, Math só sabe rir, cantar e remexer no banco do carro.
— Nunca mais! Nunca mais eu deixo você sair de casa. -—meu sangue ferve de raiva.
—Você não é meu pai! — dessa vez eles exageraram, eu não estava fazendo nada demais... Então porque fica tão agitada só por lembrar? A voz da razão tenta me alertar.
—Hoje você ultrapassou todos os limites, e é bom ficar quietinha... - Jorge ralha, meu coração está acelerado, fervendo de raiva, meus olhos queimam e começam a lacrimejar, foi humilhante e ninguém da minha idade deveria passar pelo que passei, é normal para uma pessoa jovem como eu ter um namorado, sair com os amigos, cometer alguma loucura, mas eu não posso nem respirar, me sinto sufocada, lágrimas grossas escorrem pelo meu rosto enquanto o carro desliza pelas ruas da cidade e entra no condomínio de ruas tranquilas e casas silenciosas, vez ou outra algum cão late, Math já dormiu em meu colo, enquanto mexo em seus cabelos e de vez em quando limpo as lágrimas com as mãos, para não acorda-lo, o carro para em frente a sua casa.
— Math... Math — acordo suavemente meu amigo que se senta no banco.
—Chegamos? Oh amor porque está chorando? — ele limpa minhas lágrimas, agora mais lúcido.
— Nada não, depois nos falamos.— ele me abraça e faz um carinho em meus cabelos e sai do carro, assim que o carro para em frente à nossa casa desço feito um furacão sendo acompanhada por Jorge, Miguel arranca em alta velocidade assim que o portão de fecha. Amo meus irmãos, mas odeio que se intrometam na minha vida.
— Amanhã a gente conversa, papai precisa saber...— fecho a porta do quarto em sua cara, e escuto ele bufar.
Minha cabeça dá uma volta quando me jogo na cama, mas o álcool me faz apagar rapidamente.

— Bom dia...— minha cabeça falta explodir quando coloco um pouco de café na xícara de vidro.
Papai está sentado em seu habitual lugar, ele coloca uma fatia de pão francês dentro do copo cheio de café, sentando ao seu lado como sempre faço repetindo seus movimentos, dolorosamente devagar como se isso fosse impedir minha cabeça de doer ainda mais.
— Bom dia, minha querida. —Seus olhos claros parecem tristes e não faço a mínima ideia do porque.
— O senhor está triste por minha causa? Eu juro que não farei de novo. Me dói ainda mais, vê-lo tão desolado.
—Não beijarei mais ninguém, ficarei solteira pra sempre. —será que isso vai amenizar sua tristeza? Se for farei qualquer coisa, qualquer promessa.
—Do que você está falando... —ele ainda não sabe?! Ops!
—Conta pra ele, Catarina, conta o que você aprontou ontem bem debaixo do meu nariz.— Jorge senta ao meu lado como sempre fez, pega um pão e enche seu copo de café, coloca margarina no pão e enfia no café.
—Pai a Catarina ontem estava agarrada a um carinha atrás do muro, estavam tão colados que ninguém sabia quem era quem, a boca do cara parecia um desentupidor de pia, aargh. —Ele faz cara de nojo.
—Para com isso Jorge. —chuto sua canela, só então vejo um sorriso no rosto do papai.
— Tô melhor que você que não pega ninguém... — Jorge fica vermelho.
— Você acha que eu vou ficar com alguém na sua frente?! Você sempre dá um jeito de estragar tudo.
— mentira só estraguei com a Júlia porque ela não vale nada.
Meu irmão bagunça meu cabelo com as mãos cheias de manteiga, o que me faz ferver de raiva faço o mesmo.
— Ei crianças chega, hoje não estou de bom humor, Cat se arruma, vamos visitar o túmulo de sua avó.
Papai suspira triste mais uma vez, e me olha nos olhos.
— Seus olhos são iguais ao dela...— ah então é por isso que ele está triste, faz cinco anos que vovó morreu, papai e eu éramos seu xodó, sempre que eu ia visitar a vovó voltava com a camisa cheia de jabuticaba na época da fruta, cansei de cair do pé de goiaba, vovó tinha um sítio e eram as melhores férias quando íamos pra lá, me bate uma saudade e caímos num silêncio.
— Pensei que fossem iguais ao da mamãe, não me lembro dela... — tento mudar de assunto, porém, não escolho o melhor pra falar.
— Os olhos da sua mãe eram castanhos claros, mesclados com verde, diferentes dos seus.
O silêncio toma conta mais uma vez e assim que ficamos prontos partimos para uma viagem de duas horas até onde vovó foi enterrada.

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