CAPITÃO VANTE - Taekook

By sonojolie

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[Versão original] Kim Taehyung é um semideus que, castigado por seu irmão, tivera que nascer novamente, em um... More

IMPORTANTE.
Capítulo I - Vislumbre
Capítulo III - "Uau, Capitão Vante!"
A autora de Capitão Vante, Jubysban.
Capítulo IV - Uma visita inesperada.
Capítulo V - O irmão mais velho.

Capítulo II - Maçãs-do-amor!

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By sonojolie


ㅡ Do quê estão falando? - Sunoo questiona e me ergo do chão com dificuldade.

Tombo o pescoço para o lado, fazendo um barulho estalado ecoar. Provavelmente, as visões que tive há pouco aconteceram devido a queda. Bati a cabeça com muita força, então acho ser normal ter pensamentos aleatórios.

ㅡ Nada. - limpo minhas roupas com alguns tapinhas. ㅡ Bati a cabeça com muita força.

ㅡ Você está bem, Tae? - meu irmão se aproxima e segura meu rosto. ㅡ Está machucado?

ㅡ Estou bem.

Meus olhos encontram os de Jungkook que, com uma feição centrada, parece me analisar minuciosamente.

ㅡ O que fazia no telhado da minha casa?

ㅡ Estava limpando.

ㅡ Sem nenhum equipamento de segurança? - ri desacreditado e dou de ombros.

ㅡ Não preciso de coisas assim.

ㅡ Você quase morreu!

ㅡ Mas não morri. - retruco. ㅡ Bom, se me dão licença, preciso colocar telhas novas e concluir o meu trabalho.

Recolho meus materiais que acabaram caindo junto comigo e faço menção de sair, mas meu irmão me para.

ㅡ Tae, esse é o Jungkook, o meu novo professor de piano!

O olho de soslaio, sem muito interesse em me apresentar.

ㅡ Oi, Jungkook.

ㅡ Como alguém pode ficar ileso depois de cair dessa altura? - questiona, me pegando de surpresa.

É claro que uma queda como essa deixaria escoriações ou até mesmo fraturas em qualquer um, mas a minha resistência é incrível e isso deixa as pessoas assustadas, obviamente.

ㅡ Parece que tive muita sorte. - esboço um meio sorriso.

Um silêncio se instala e, embora ele não me questione outra vez, sei que não acredita muito em minhas palavras. Minha vida seria mais fácil se eu pudesse dizer que sou uma divindade e as pessoas acreditassem sem pestanejar, no entanto, devo me conter com a triste realidade de que me taxariam como louco, ao invés de confiarem no que digo.

É profundamente triste esconder quem sou todos os dias.

ㅡ Já que está tão bem, ajeite meu telhado o quanto antes. - cruza os braços e dou uma risadinha debochada.

ㅡ Eu disse que faria isso. Não ache que consertarei por ordens suas.

ㅡ Mas não é seu trabalho?

ㅡ Trabalho com limpeza, não com consertos. Mas farei isso, porque estou com vontade.

Giro a toalha suja em minhas mãos e subo a escada novamente, ignorando os dois. Os observo adentrar a casa depois de um tempo e tento focar apenas nos meus afazeres.

O trabalho demora mais que o esperado, afinal, os imprevistos me tomaram muito tempo.

Felizmente, meus professores anunciaram o início de nossas férias. Pretendo descansar e trabalhar algumas vezes na semana, apenas para não perder o costume. Talvez eu vá em uma ou duas festas, mas ainda é incerto.

Prefiro ficar em casa, assistindo um filme de enredo duvidoso ou tentando desenvolver alguma nova habilidade com meus poderes.

Depois de receber meu dinheiro pelos meus serviços, ando calmamente até minha casa. Sunoo saiu um pouco antes que eu, todo risonho e com as bochechas ruborizadas. Ele está mesmo apaixonado pelo professor de piano? Tenho dó do meu irmãozinho, pois Jungkook não parece nem um pouco interessado nele.

Que segredo aqueles dois estão compartilhando?

Não que isso seja da minha conta, mas algo me diz que devo ficar atento. Meus instintos costumam me alertar de modo sutil e eu não os deixo de lado. Jungkook parece ter boas intenções, mas há algo que me incomoda, que me deixa desconfiado.

Bom, talvez eu só esteja assustado pela cena que vi mais cedo, da visão que tive de Armot, então não posso pensar tanto nisso.

Ao cair da noite, vou ao mercado e compro algumas bebidas para o aniversário de Sunoo. Parece que o pirralho convidou meio mundo, então compro várias garrafas de cerveja, vodka e uísque.

ㅡ Tudo isso é para a festa do Nono? - uma voz surge ao meu lado enquanto passo minhas compras.

Meu coração quase para, pois eu sei muito bem à quem pertence essa voz. Sem coragem alguma para encará-lo, respiro fundo e o ignoro.

ㅡ Vai continuar me evitando, Taehyung?

Uma risada incrédula escapa dos meus lábios e passo a mão pelos fios acastanhados do meu cabelo. Pago pela mercadoria e saio do mercado à passadas largas. Reviro os olhos, notando que estou sendo seguido.

Irritado, me viro abruptamente.

ㅡ O que você quer, Yoongi? Quer rir da minha cara de novo, porra?

Percebo que minha voz saíra alta, quando algumas pessoas que passavam por nós, me encaram assustadas. Como sempre, não consigo conter minha raiva, quando me sinto em alerta.

Outrora, Yoongi prende um cigarro entre os dentes e o acende com rapidez. O cabelo platinado têm seus fios bagunçados pelo vento e isso me deixa ainda mais melancólico, pois, mesmo diante da minha irritação e rancor, ainda o acho o garoto mais lindo da face da terra.

Ele é o tipo de garoto que conquista sem qualquer esforço, mas que não vale um único real. Eu sempre soube que ele jamais me olharia de forma romântica ou que me trataria de forma especial, mas, por algum motivo ou por pura ilusão, eu escolhi tentar conquistá-lo.

Como era de se esperar, ele apenas se aproveitou disso. E eu? Bom, me tornei uma piada.

Eu poderia simplesmente usar meus poderes agora e empurrá-lo para longe, talvez para outra dimensão ou continente, mas estou ciente de que ele não é o único culpado. Como eu disse, eu sabia muito bem com quem estava lidando e, em parte, o erro foi meu por insistir.

ㅡ Eu gostaria de poder explicar o que aconteceu...

ㅡ É um pouco tarde para isso. - digo rancoroso e ele suspira.

ㅡ Escuta, eu não costumo me explicar, entendeu? Mas eu sinto que eu precisava falar com você-

ㅡ Vá se foder! - ralho, incorruptível.

Embora eu soubesse que algo aconteceria, não consigo simplesmente deixar de lado tudo o que aconteceu. Sendo um filho da puta ou não, ele não tinha o direito de me ridicularizar.

ㅡ Tae-

ㅡ Se você continuar me seguindo, eu vou te arrebentar! - ameaço, segurando minhas sacolas com força. ㅡ Me enche a paciência, para você ver uma coisa, imbecil!

Em passadas firmes e raivosas, ando pela calçada. O sangue ferve em minhas veias e o olho uma última vez, antes de dobrar a esquina. Yoongi parece assustado, ao mesmo tempo que esboça um sorriso ladino.

Esse idiota ainda ousa rir de mim?

ㅡ Que meu pai, o grande rei de Armot, lance um meteoro na sua cabeça, Min Yoongi. - clamo, parado na calçada. ㅡ E que o meu irmão, Kim Namjoon, o grande príncipe divino, arranque o seu cabelo e o condene a viver nas marmorras do nosso castelo. Você não sabe o quão sombrio é viver numa masmorra!

Pisco repetidas vezes, sentindo olhares curiosos voltados para mim. Tento conter o ímpeto de sair correndo, mas já é meio tarde para reverter a situação. As pessoas sentadas no ponto de ônibus me encaram incrédulas. Forço um sorriso e finjo naturalidade.

ㅡ Eu sou ator e estou treinando para uma peça...É um trecho do meu...texto...

Elas continuam me olhando como se eu fosse um louco, então me irrito.

ㅡ Quer saber? Acreditem se quiser! Meu pai realmente é um rei poderoso e meu irmão é um príncipe que pode destruir a terra inteira em um único estalar de dedos. E eu sou uma divindade também!

Uma senhora segura a mão de seu neto e o puxa para perto de si, protegendo-o de mim, provavelmente. Suspiro longamente e volto a caminhar, cabisbaixo. Sei que é melhor que não acreditem mesmo em minhas palavras, mas até quando terei que viver assim? Ainda que eu esteja feliz neste mundo, me sinto perdido, pois sei que não pertenço inteiramente à ele.

E, por um momento, eu me pergunto se não teria sido melhor eu ter perdido tudo de uma vez. Se vim para um lugar diferente, por quê preciso me lembrar da antiga vida, ou pior, para quê ter poderes, se não posso sequer usá-los livremente? Namjoon devia ter apagado minhas memórias e me tirado todas as habilidades divinas, para que eu pudesse ao menos ter uma vida humana normal.

ㅡ Taehyung? - alguém me chama e esboço um sorriso pequeno para o rapaz da banquinha de algodão-doce. ㅡ Você parece triste hoje. Aconteceu algo?

ㅡ Não aconteceu nada, Félix...

Sei que meu timbre soara distante e que esse rapaz que parece me conhecer mais do que consigo imaginar, jamais acreditará nisso. Félix, com seu cabelo vermelho como as maçãs-do-amor expostas em sua banquinha, é um amigo de longa data, talvez um dos únicos que tenho.

Quando nos mudamos para essa cidade, ele nos ajudou a encontrar uma boa casa e sempre demonstrou ser uma pessoa de bom coração. Todo esse cuidado e carinho nos aproximou naturalmente e eu sou grato por tê-lo em minha vida e por poder dizer que somos amigos.

ㅡ Sei que isso não é verdade, mas também não irei te forçar a dizer. - estende um algodão em minha direção e me dirijo até ele. ㅡ Não se esqueça de me pagar no final de semana. Você me deve setenta maçãs e cento e dois algodões-doce!

Arregalo os olhos, desacreditado.

ㅡ Tudo isso? - quase grito. ㅡ Isso é impossível, Félix!

ㅡ Não mesmo. - desdenha. ㅡ Foi o Sunoo. Todos os dias, quando passa por aqui, compra coisas comigo e me pede para colocar no seu nome.

Respiro fundo.

Aquele pirralho!

ㅡ Aish, aquele moleque! Se ele vir aqui de novo, não venda nada para ele, tá? - imponho.

ㅡ Você que manda, meu patrão! - Félix faz uma continência e sorri.

Me despeço e, depois de dar mais alguns passos, travo em meu lugar. É estranho, mas não posso evitar de sentir um arrepio assim que encaro a cerca baixa e o jardim adiante. É a casa do Jungkook.

Não consigo evitar de me recordar da visão que tive ao cair do telhado. Ainda que seja difícil acreditar, nada daquilo pareceu irreal, era como se eu realmente houvesse sido transportado para Armot por milésimos de segundos.

Dou de ombros e decido continuar, no entanto, algo chama minha atenção; Ao longe, posso ver três homens parados próximo ao portão. Franzo o cenho, assim que avisto Jungkook se aproximando deles enquanto segura uma mochila aparentemente pesada.

Estreito os olhos e dou alguns passos de modo cauteloso. Apesar do som disperso, consigo ouví-los com clareza.

ㅡ Trouxe mesmo a grana? - um dos homens pergunta, já puxando a mochila das mãos do moreno.

ㅡ Está tudo aí, como eu prometi. Agora, vocês podem me deixar em paz!? - reconheço a voz de Jungkook. Ele parece firme em seu timbre, mas, com minhas habilidades, consigo notar um pouco de receio escondido em sua voz.

ㅡ Soube que alguém descobriu o seu segredo. Quem foi? Não podemos correr riscos, então nos conte quem foi e daremos um jeito de calar essa pessoa.

Meu corpo congela.

ㅡ Cara, está tudo certo! - ele dá de ombros. ㅡ Essa pessoa não vai comentar nada com ninguém, então podem ficar tranquilos, 'tá legal? Não precisam ser tão radicais.

Jungkook está tenso e eu posso sentir isso à quilômetros.

ㅡ Não podemos correr riscos, Jungkook. - um deles diz e leva a mão ao cós da própria calça. Meu corpo enrijece e cerro os punhos. ㅡ Você já fez a sua parte e precisamos...pôr um fim em tudo, entende? Diga o nome da pessoa, para acabarmos com ela depois de matar você.

Arregalo os olhos.

Jungkook dá um passo para trás e tropeça na grama. Dois dos homens se aproximam para segurá-lo e o terceiro tira uma arma do cós. O objeto mortal reluz sob a lua e mal consigo raciocinar direito.

Solto as sacolas com as bebidas em uma velocidade anormal. O barulho dos vidros se quebrando no chão, antecedem o estrondo de três pessoas sendo arremessadas contra o muro em um único empurrão. As garrafas rolam na calçada e uma bala perdida, resultado do gatilho apertado em meio o movimento abrupto, se direciona ao céu.

Num ímpeto de desespero e tomado pelo medo, encaro minhas mãos trêmulas, as mesmas que jogaram os três homens para longe. Meu coração bate afoitamente dentro do peito e a adrenalina percorre minhas veias.

O tempo para ao meu redor.

Num raio pequeno, mas notável, tudo congela, num feitio divino de alguém que não é deste mundo.

Meu cabelo se movimenta em câmera lenta, ao que me viro vagarosamente para encarar os olhos escuros e chamativos do garoto.

Pisco, aturdido e tragado pela incredulidade, no instante em que noto o ôfego alheio. O peito subindo e descendo com rapidez com efeito da respiração descompassada.

Jungkook deveria estar respirando lentamente, de modo imperceptível, pois parar o tempo também inclui afetar as pessoas e seus movimentos.

Mas, estranhamente, ele está bem aqui, diante de mim, intocado pelos meus poderes divinos, enquanto devolve o meu olhar de modo intenso e desestabilizante.

Próximo capítulo muito em breve!

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