A Trombeta de Gabriel

By RaposinhasnoArtico

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"'Todos os homens merecem o céu!', aqui, este é o lema dos anjos; mas, quando a Trombeta de Gabriel cai do cé... More

Avisos
Citação
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Anything Goes

Capítulo 11

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By RaposinhasnoArtico

Onde Charlie retorna ao bar para reencontrar a cantora que o atraíra e, de pronto, conhecê-la.


Determinado a conseguir o que planejava, Charlie retornou ao bar — traçando o caminho de volta a partir da casa do Médium —; Ícaro penando para alcançá-lo.

Por mais que o amigo se adiantasse, Charlie se movia muito rápido, dando passadas bastante grandiosas.

Junto às expectativas de Charlie, a alva da manhã começava a chegar à cidade, revelando o que antes estivera escondido aos olhos deles.

As ruas por onde passavam eram repletas de ladeiras, vielas e alamedas. Os trilhos, da noite anterior, cortavam o asfalto em alguns pontos; já em outros, carros e ônibus transitavam.

Andando, mesmo que um pouco perdidos; não tardaram em encontrarem o bar, onde, numa plaquinha de metal, pregada no muro de tijolos, puderam ler o nome da rua em que se encontravam: Larkin St.

Cruzado o beco e a entrada do bar Saint. Louis, Charlie não se abateu ao vê-lo deserto. Os únicos que tinham restado eram os funcionário, que erguiam as cadeiras para o alto das mesas e se preparavam para fechá-lo.

Charlie, determinado, prosseguiu até o interior. Próximo ao palco, ele esperava reencontrar a mulher que conseguira enfeitiçá-lo aquela noite. Qualquer coisa, um número de telefone, endereço ou nome conseguido, o bastaria.

Uma garçonete — de bandeja de prata nas mãos e usando uniforme — se aproximou ao notar os dois visitantes. Parecia muito com a que oferecera charutos a Rogers.

— Posso ajudá-los?

Os dois homens viraram para a mulher morena. As correntes, com efeito, estavam funcionando!

— Estou procurando uma moça que cantou aqui na noite anterior, não me lembro de seu nome, mas tem cabelos cacheados e usava um vestido vermelho como um rubi. — Charlie, sorriu simpático para a garçonete, tratando do assunto como uma trivialidade.

— Encerramos o serviço aqui, mas podem descer para o restaurante e perguntar no caixa.

A funcionária apontou uma porta estreita e que nenhum dos dois tinha visto da primeira vez que pisaram ali; aliás, o lugar era bastante diferente sem o apinhado de gente quando aberto.

— Ah, perfeito! Muito obrigado — agradeceu Charlie, contentíssimo.

Ele imediatamente avançou para a porta, com Ícaro pulando em seus calcanhares.

— Não me diga que vai realmente insistir nisso.

— Não fomos até aquele velho à toa meu caro. — Charlie, parou na soleira da porta e procurou, com os olhos, a cantora ou o caixa.

O restaurante ligado ao bar era pequeno e retangular. Uma mesa grande de bufê ficava no centro, enquanto as mesas concentravam-se nas laterais, próximas das paredes revestidas com um papel de parede verde, decoradas por quadros e folhetos. Uma grande vitrine dava vista para uma rua movimentada por carros e pessoas. O caixa ficava num canto.

Uma pequena fila se formava de frente ao balcão comprido de madeira, e no começo da fileira, estava nada mais nada menos, que a mulher de vermelho.

Ali que o olhar de Charlie parou e, satisfeito, meteu-se no restaurante, pulando os dois degraus da porta.

Como a mulher conversava com o homem do caixa, Charlie teve de se embrenhar na fila, esperando o melhor momento para abordá-la.

Ícaro, acanhado, torcia a boina nas mãos ao acompanhá-lo em sua espera.

Apesar de tudo, ninguém parecia interessado em olhá-los. Eram apenas mais dois homens normais na fila de um caixa, e a única preocupação de Charlie, era não perder a moça de vista.

Ela conversava com um homem — de terno branco e cabelos loiros —, parecia o mesmo que anunciara, com sua voz potente, a apresentação da cantora e, parando de cantarolar, disse a ela:

— Olhe quem está aqui, a pedra preciosa que adornou mais uma noite!

— Que nada, nem foi minha melhor noite, eu...

— Deixe de modéstia, você cantou formidavelmente Srta. L'Amour, como sempre, não esperaria por menos.

— Obrigada. Escute, queria te pedir um favor...

— Não fale nada, não fale. Veio renovar o seu contrato? Tem feito um maravilhoso trabalho, não poderia deixá-la ir tão fácil.

— Não; não! Eu vim saber se posso receber um adiantamento, àquele que conversei com você antes de...

— Oh, sim! É claro. — O homem, abaixou-se atrás do balcão e, tendo retirado algo de dentro de uma gaveta, depositou-o na superfície de madeira.

Charlie, precisou se inclinar para ver do que se tratava. Era um círculo fino; de ouro vagabundo; do tamanho da palma de uma mão, e com uma faixa azul prendendo-o.

— Espere, não era isto que estava no contrato, deve haver um mal entendido — a mulher avisou, pegando a medalha pelo círculo dourado.

Só após conferir anotações de um caderninho no balcão, que o homem de terno deu-a atenção.

— Com uma voz dessa só poderia ganhar uma medalha de primeiro lugar meu rubi.

— Vocês anunciaram dinheiro e comida, isto não me serve de nada agora e é uma urgência, não precisa ser necessariamente o dinheiro, só a comida está de bom tamanho.

— Ah, estou compreendendo minha querida.

— Então, vai me deixar levar?

— Estive notando que parecia meio tensa.

— De jeito nenhum, é apenas...

— Se você quer comer docinho, pode me esperar na saída às... — e arregaçando uma das mangas do terno, o homem conferiu um relógio de pulso — 11 da noite. Conheço um lugar excelente, e depois você poderia mostrar em particular um pouco mais da sua oratória, pode arranjar coisa melhor que um adiantamento, hã! O que me diz?

Um sorriso — de dentes bastante brancos e alinhados — se abriu no rosto do homem convencido; apoiado ao balcão.

Charlie, não viu a expressão da mulher, pois ela estava de costas; mas, o corpo dela inclinou-se um pouco para trás, antes de responder:

— Agradeço pela proposta querido, mas preferiria comer no lixo. Adeus.

A medalha bamboleou no balcão quando a mulher a largou e, afastando-se, ela saiu da fila; os cachos batendo furiosos em seus ombros.

Ela tem personalidade — Charlie sussurrou para Ícaro ao vê-la passar por eles. Ele já iria sair da fila e segui-la, quando a mulher parou de repente.

Com meio caminho andado até saída, a cantora encarou a mesa de bufê, depois o caixa com o canto dos olhos.

O homem de terno conversava com outra mulher como se nada houvesse o abatido e saiu apressado de trás do balcão, indo até a porta que dava ao bar; buscando por alguma coisa que tinha de entregá-la e que não interessava em nada a Charlie.

Atraída pela mesa, a mulher aproximou-se e começou a observar o que estava servido. Era o momento ideia para Charlie.

Fique aqui, e observe enquanto o mestre entra em ação — ele pediu a Ícaro, e caminhou até à mesa arrumando os cabelos, sacudidos pela correria da manhã.

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